Pela Liderança durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Partido dos Trabalhadores e às suas estratégias de campanha.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao Partido dos Trabalhadores e às suas estratégias de campanha.
POLITICA SOCIAL:
Aparteantes
Aécio Neves.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2015 - Página 683
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > POLITICA SOCIAL
Indexação
  • CRITICA, ESTRATEGIA, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, CONDUTA, SECRETARIO, COMUNICAÇÕES, PARTIDO POLITICO, MOTIVO, INTERFERENCIA, PROPAGANDA, OBJETIVO, CONTENÇÃO, POPULAÇÃO, DISCORDANCIA, GOVERNO, APREENSÃO, REFERENCIA, INEXISTENCIA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, CORTE, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS.
  • CRITICA, CONDUTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, DISCURSO, ASSUNTO, FOMENTO, SEPARAÇÃO, POPULAÇÃO, REFERENCIA, CLASSE SOCIAL.

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nós hoje assistimos a mais uma das peripécias do ex-Tesoureiro do PT e atual Secretário de Comunicação do Governo. A mídia toda noticiou como foi que ele interferiu na campanha publicitária do Governo.

            Ele, ao fazer uma entrevista com o repórter do Jornal O Globo, alega que não podia fazer uma campanha como se fosse uma campanha de governo, para aprovar a sua tese, que seria “Campanha de Paz”, porque a legislação impõe que a campanha seja uma campanha utilitária.

            E, com isso, ele havia, então, sensibilizado o Presidente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para que fizessem uma campanha de paz que tinha o objetivo de poder conter esse processo, que está, hoje, muito aflorado junto à sociedade brasileira, de uma reação contrária ao PT com o que ocorreu com o ex-ministro Padilha, com o ex-ministro Mantega e, também, há poucos dias, com o Prefeito de São Paulo, Haddad.

            Ora, o que eu quero levar ao conhecimento de todos é que nós sempre discutimos, na Câmara, e, agora, no Senado, esse assunto. O PT sempre se beneficiou de uma estratégia que nunca foi uma estratégia de quem tem a postura que busca governabilidade, e muito menos de uma postura de estadista, que seja de cada vez mais harmonizar o seu País e a sua população. Pelo contrário, o PT, durante toda a sua trajetória, trabalhou no viés de alimentar a discórdia e fomentar o enfrentamento entre negros e brancos, pobres e ricos, calungas e índios contra produtores. Ele sempre trabalhou exatamente exercitando esse lado, que foi de tentar implantar o ódio e a violência.

            Nós, médicos, sofremos isso. Nós fomos duramente crucificados no País quando a Presidente não tinha como explicar o caos na saúde, a situação catastrófica por que passava a população brasileira, diante de uma falta de apoio completa ao atendimento na área da saúde. Ela buscou o seu projeto de poder financiar os tiranetes cubanos, repassando mais de R$2,4 milhões e trazendo para o Brasil 14 mil cubanos, que receberam míseros R$2 mil por mês para, aqui, sobreviverem, sendo expostos a um trabalho sem a menor condição de liberdade, muito menos de poder transitar no nosso País, e o Brasil sendo conivente com a prática cubana.

            Isso é para mostrar o clima com que esse Governo sempre trabalhou, ou seja, jogando a população, naquele momento, contra os médicos; jogando os índios contra os produtores; jogando os mais humildes contra as pessoas que conseguiram vencer na vida; a ponto de o ex-Presidente Lula chegar no interior de Pernambuco e, ao fazer o seu discurso, dizer: “Olha, sabem por que eles não gostam de mim? E por que eu estou dando condições para que qualquer funcionária, amanhã, possa utilizar o mesmo perfume daquela pessoa que é a sua patroa.”

            Veja bem a que ponto nós chegamos de assistir um Presidente da República dizer isso, em um comício, no interior de Pernambuco. E não parou aí. Ele disse: “Olha, se a sociedade brasileira se atrever a ir para as ruas, para fazer um movimento contrário à Presidente da República, pedindo o impeachment ou o Fora Dilma, eu vou convocar o exército do Stédile.”

            Veja, ele sempre trabalhou assim: “Nós contra eles, e eles contra nós!” Essa sempre foi a estratégia do Governo do PT. E, agora, ele está colhendo.

            Nós alertamos para isso, nós cansamos de dizer que o Brasil e o brasileiro não têm essa cultura; não têm essa maneira de se comportar. Mas, hoje, os petistas estão totalmente ilhados, encurralados: não podem, hoje, fazer uma viagem, porque, ao entrar em um avião, são cobrados; ao entrar em um restaurante, em um teatro, um cinema... Enfim, a sociedade não está suportando mais essa situação a que foi vitimada, durante todos esses anos, porque houve sempre essa estratégia de trabalhar e de se beneficiar, jogando segmentos da sociedade uns contra os outros, e, hoje, o PT colhe aquilo que plantou.

            E qual é a gravidade disso? É que o Governo também utiliza a improvisação de colocar, na Secretaria de Comunicação do Governo Federal, o tesoureiro da campanha da Presidente Dilma. E tesoureiro de PT já é pródigo em escândalos. Imagine, além da situação toda que amanhã será diagnosticada com a sua presença na campanha da Presidente Dilma, assistirmos agora a ele querer utilizar a estruturado Governo, a verba de toda a Secretaria de Comunicação, para criar uma campanha de paz, para absolver os petistas, por estar existindo um clima contra o PT no Brasil. Quer dizer, é aquilo que a Constituição brasileira cobra de todo gestor: que haja o processo da imparcialidade, da utilidade pública, e ele quer...

            Senador Aécio Neves.

            O Sr. Aécio Neves (Bloco Oposição/PSDB - MG) - V. Exª me permite um aparte, ilustre Senador Ronaldo Caiado?

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - Concedo a V. Exª um aparte.

            O Sr. Aécio Neves (Bloco Oposição/PSDB - MG) - V. Exª traz um tema hoje ao plenário do Senado que é recorrente no Brasil inteiro. O Brasil, que trabalha, que se esforça, que pensa, hoje discute por que chegamos a essa situação de absoluto colapso na economia, uma crise moral sem precedentes na História do Brasil, e que derivam, ambas, para uma aguda crise social. Essa é a verdade, inclusive com a inibição de inúmeros dos programas que foram alavancados no processo eleitoral, no ano eleitoral, e que agora perdem a sua força. Na verdade, Senador Caiado, e, mais uma vez, eu o cumprimento pela propriedade das suas explanações, se nós analisarmos na História, na literatura política, mesmo na nossa região, América Latina, vamos ver que todos aqueles governos com forte viés populista - e no Brasil nós temos um -, quando se fragilizam, apelam exatamente para essa velha divisão, entre divisão de classes, divisão entre regiões. Se nós analisarmos o que acontece hoje na Venezuela, o que já aconteceu em outros países da nossa região, mesmo na Argentina, vamos ver sempre esse discurso do apelo: “Nós contra eles!” E são exatamente aqueles que os governos populistas - e no Brasil não é diferente - dizem defender, aqueles que mais sofrem, aqueles que pagam o pedaço mais agudo, mais forte dessa conta que hoje é apresentada ao conjunto da sociedade brasileira. Estão aí direitos trabalhistas suprimidos, está aí a inflação de alimentos já acima de dois dígitos há mais de dois anos, está aí o desemprego avançando em todas as regiões do Brasil e a inibição do investimento em praticamente todos os setores da nossa economia. E V. Exª toca num ponto extremamente importante, porque é outro caminho corriqueiramente utilizado por esse tipo de governo: manipular as verbas de comunicação. De alguma forma se opor e cercear a liberdade de alguns veículos e estimular alguns outros nem sempre de forma legal a retratarem, a de alguma forma externarem aquelas que são as posições deste governo. O Brasil acompanha agora, Senador Ronaldo Caiado, entre perplexo e indignado, aquela que foi, essa, sim, a mais maldita das heranças que um governo já passou para outro. O Governo da Presidente Dilma deixa para a Presidente Dilma essa perversa herança, porque, repito, além das crises aqui já nominadas no campo econômico, que acabam cobrando da classe trabalhadora brasileira uma enorme contribuição, além da crise moral e também da crise social, a qual me referi, o Brasil vive uma gravíssima crise de confiança. E, sem o restabelecimento da confiança e um Governo que antes de começar parece que já terminou, infelizmente as dificuldades serão enormes. Estaremos aqui, como V. Exª tem feito, ao longo de todos esses meses do seu mandato, vigilantes, atentos, para denunciar desvios, para cobrar providências, mas, também, como V. Exª tem feito, para apontarmos caminhos que permitam a reconciliação do Brasil com a esperança. Um país de um povo que não tem esperança terá, certamente, muito maiores dificuldades para construir o seu futuro. Queira Deus que nos estejamos aqui em condições de apresentar novos caminhos para os brasileiros, Senador Caiado!

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - Eu agradeço, Senador Aécio Neves, e incluo também no meu pronunciamento o aparte de V. Exª, que foi extremamente esclarecedor sem dúvida alguma.

            E eu estava concluindo sobre aquilo que assim determina o art. 37 da Constituição, que exige da Administração Pública obediência aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. E é exatamente contra este artigo da Constituição que o atual Secretário da Comunicação, Sr. Edinho, agiu, ao induzir entidades, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, a caminharem por uma campanha que é de interesse do Partido do PT, e não tem nada de utilidade pública.

            E, em relação aos fatos seguintes, que aqui também foram colocados pelo Senador Aécio Neves, e não quero repeti-los, estamos assistindo a esse desencanto, à quebra da credibilidade hoje, diante de uma situação em que as pessoas mais fragilizadas estão sentindo o resultado do populismo. Hoje, 22%, principalmente das pessoas que recebem até R$1,6 mil como salário mínimo estão inadimplentes nas parcelas do Programa Minha Casa Minha Vida. E estamos assistindo também ao desemprego da grande maioria hoje da população, nessa faixa; assistimos, no mês de abril, a mais de 100 mil desempregados, ou seja, a lotação do Maracanã e do Maracanãzinho.

            O que aconteceu no mês de março? Ainda não temos esses números. Provavelmente, a projeção, cada vez mais ascendente, do desemprego e a preocupação com ele hoje batem à porta de todos os brasileiros. Por quê? Porque o Governo não teve a responsabilidade e, muito menos, o compromisso de fazer uma política econômica que pudesse dar continuidade a um projeto de melhoria na qualidade de vida. Ele o fez com o objetivo único de ganhar as eleições. Não fez com o sentimento de resgatar a condição de ter um gesto de solidariedade com os mais pobres e com os mais humildes, mas de usá-los, como massa de manobra, num processo de campanha eleitoral.

            Hoje qual é a alternativa que o Governo dá a essas pessoas mais carentes para poderem pagar os seus carnês com que adquiriram o seu carro, a sua geladeira, que não têm o dinheiro para pagar a conta de luz, que não têm o dinheiro para pagar a parcela da sua casa? Qual é a alternativa que o Governo dá? A alternativa foi cortar os direitos trabalhistas dizendo que há excessos. Essa foi a palavra que o PT usou para poder cortar direitos trabalhistas. Depois ele disse, nas suas medidas provisórias, que, no entanto, não há excessos para emprestar ao BNDES, com juros subsidiados, e, muito menos, continuar com uma fonte também de empréstimos privilegiados a alguns cartéis.

            Mas, olha, eu acredito que, neste momento, ao que nós estamos assistindo é um quadro, sim, de desesperança no País. Sabem por quê? Porque é aquilo que nós aprendemos: muitas vezes, vale muito mais o médico que dá o remédio do que o próprio remédio. A mão do médico é a credibilidade. Ao que nós assistimos hoje é que a Presidente da República e a Presidência da República vivem um momento de vácuo, de ausência.

            Nós não sabemos e não assistimos mais à Presidente da República. Por isso, é que ela já viu que não tem mais uma interlocução com a população brasileira, ela não consegue mais falar com o povo. E o povo não recebe, não acolhe, não ouve sequer as suas ideias, pela indignação de que foi traído e de que foi enganado no período eleitoral.

            Com isso, o que estamos sugerindo à Presidente, e várias vezes aqui falamos isso, é que realmente ela tenha a atitude republicana de dizer, diante de um quadro como esse - em que, a cada dia que passa, vemos a anestesia, a total apatia do mercado, o aumento do desemprego -, nesta hora, ela deveria ter um gesto maior, um gesto que mostrasse ao Brasil...

(Soa a campainha.)

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ... que ela tem maior compromisso com o País do que com seu próprio mandato. E seria, sem dúvida alguma, o momento de anunciar a renúncia e convocar novas eleições para o País. Aí sim!

            Assistimos hoje à mídia noticiar que, por muito menos, o Presidente da FIFA, ao ser denunciado, numa corrupção que girou em torno de US$150 milhões... E isso perto dos desvios e da corrupção que ocorreram no Brasil é algo insignificante, é trocado, porque só da Petrobras foram R$88 bilhões, e não abrimos ainda o BNDES, fundos de pensão, Eletrobras. Enfim, este valor que fez com que o Presidente da FIFA renunciasse mostrou que,...

(Interrupção do som.)

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ... nos países onde a justiça é (Fora do microfone.) rápida e eficaz, essas pessoas não se sustentam no poder.

            A corrupção na Petrobras não ocorreu apenas com funcionários de quinto escalão, nem muito menos apenas com empreiteiras. Ocorreu, sim, na estrutura de comando de governo. Por que aqueles políticos que decidiam não estão incluídos diretamente neste momento da denúncia? Se estivéssemos em qualquer outro país do mundo, já teríamos novas eleições convocadas, como estamos assistindo, no caso específico da FIFA: uma denúncia, sete pessoas presas, já está aí a renúncia do atual Presidente.

            O que esperamos no Brasil é exatamente isso, que possamos dar o bom exemplo e possamos retornar ao povo brasileiro a esperança de poder ver um governo que, ao se instalar, possa ter credibilidade para governar, que possa repassar - e nós sabemos, sim - o remédio amargo neste momento, mas todos estarão juntos, de cabeça erguida, dizendo, em alto e bom som, que vamos recuperar o País e vamos levantar e resgatar a dignidade da prática política nessa Nação.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado pelo tempo que V. Exª me concedeu a mais, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2015 - Página 683