O SR. DOUGLAS CINTRA (Bloco União e Força/PTB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, senhores e senhoras, cidadãos brasileiros, a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, convida-nos a refletir sobre o impacto da atividade humana na vida e na paisagem do Planeta e a responsabilidade que nos cabe no sentido de cuidar desse patrimônio não apenas para as presentes gerações, mas sobretudo para os nossos descendentes.

            O que vamos legar para os nossos filhos e netos? Uma imagem de devastação e desolação ou um ambiente de integração, de convivência harmoniosa e fértil entre as diversas formas de vida vegetal e animal? A esperança, que nunca devemos abandonar, nos leva a dizer sim à segunda opção, mas, infelizmente, o que a realidade, em toda parte e a cada momento, nos mostra são tristes exemplos da primeira.

            A intervenção humana não raro se processa com a finalidade de explorar ao máximo e no menor tempo possível os recursos da natureza, como se não houvesse amanhã. Os maiores prejudicados, é claro, somos todos nós, seres humanos.

            Há vários anos, assistimos à natureza dar o troco e cobrar suas dívidas sob a forma de mudanças climáticas radicais, inundações, secas e catástrofes de todo o tipo, que castigam milhões e milhões de pessoas ao redor do Globo. Agora mesmo, isso se manifesta em generalizadas e periódicas crises hídricas, as secas com as quais nós, nordestinos, convivemos há séculos e que agora atingem outras regiões do nosso País.

            Srª Presidente, a magnitude e a seriedade da questão ambiental são importantes demais para permanecer restritas às preocupações dos governantes e dos órgãos públicos. Não, minhas senhoras e meus senhores, a tarefa cabe ao conjunto da sociedade: empresários, agricultores, consumidores, meios de comunicação, organizações e associações, enfim, cidadãos em geral. Todos precisamos, repito, assumir integralmente a questão ambiental.

            Ora, é impossível combater esse bom, indispensável e inadiável combate ignorando os dados da problemática a ser enfrentada e solucionada. A educação, a informação e a comunicação desempenham papel fundamental nesse processo em que mais e mais pessoas se conscientizem de que fazemos parte do meio ambiente, de que devemos ser agentes de preservação ambiental e não seres à parte dos ecossistemas.

            Parece-me que o plano local da vida comunitária é o espaço por excelência desse processo de tomada de consciência de um número cada vez maior de pessoas, a começar pelas crianças e pelos jovens, portadores do amanhã.

            Tenho a honra e a satisfação de comprovar o vigor dessa afirmativa participando das ações do Grupo Sabiá da Mata, nome pelo qual é mais conhecido o Centro de Educação e Preservação Ambiental do Município de Bonito, comandado pelo dedicado amigo Zenóbio.

            O grupo promove a educação ambiental, planeja e executa projetos que contribuem para melhorar a qualidade de vida rural e urbana, preservando a flora e a fauna de Bonito e Municípios vizinhos.

            Localizado no interior pernambucano, próximo da minha dinâmica e empreendedora Caruaru, na área de transição entre a Zona da Mata e o Agreste Setentrional, Bonito se beneficia das características dos biomas da floresta e da savana e é área de rica beleza e abundantes recursos naturais, como foi registrado no belo e relevante livro Bonito, Pernambuco, História & Ecologia, obra coletiva de especialistas respeitados, organizada e ilustrada pelo competente fotojornalista ambiental Kleber de Burgos, cuja introdução tive o privilégio de assinar.

            Conforme registro naquele texto, os primeiros visitantes encontraram uma paisagem totalmente diferente da que hoje vemos, de vez que atualmente se mantêm apenas 7,3% da faixa de Floresta Atlântica, que outrora se estendeu do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

            A exiguidade da área remanescente evidencia a importância e a urgência de preservá-la, para que esse legado possa chegar às gerações futuras.

            Faço referência a esse trabalho apenas com o intuito de realçar minha convicção de que gestos concretos são cada vez mais necessários para o desenvolvimento da consciência ecológica no seio da cidadania.

            É com essa esperança, Srª Presidente, que conclamo todos os colegas desta Casa para desenvolver uma ampla reflexão, que ilumine nossa atuação parlamentar e nossa produção legislativa, em sintonia com os valores e princípios de preservação e desenvolvimento humano sustentável, comemorados neste Dia Mundial do Meio Ambiente.

            Srª Presidente, tenho certeza de que o Estado do Paraná e outros Estados das Regiões Sul e Sudeste nunca tiveram, obviamente, a dificuldade de água que tivemos no Nordeste. Durante muito tempo, durante séculos, aprendemos a trabalhar com pouca água, mas sabemos que precisamos aprender muito mais, sabemos que precisamos aprender não só a guardar mais a água da chuva, mas, sobretudo, utilizá-la de forma sustentável, para que nossa produtividade possa crescer ainda mais.

            Com isso, esperamos que nesta Casa possamos contribuir para que cada vez mais ações aconteçam no desenvolvimento da agricultura, do meio ambiente e da população brasileira.

            A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Muito bem, Senador Douglas.

            De fato, o meu Estado, o Estado do Paraná, é pródigo em água. Tanto é que somos um dos maiores fornecedores de energia com base hídrica do País. Nunca sentimos a restrição que o Nordeste brasileiro sente, mas quero dizer a V. Exª que, de alguns anos para cá, em algumas regiões do nosso Estado, a situação de seca vem acontecendo de forma continuada. Isso nos dá o alerta de que nós precisamos analisar e ver o que está acontecendo com a situação climática do Brasil, para que possamos intervir e evitar crises maiores.

            Mas eu queria dizer a V. Exª que, enquanto eu estava na Casa Civil, acompanhei um programa junto com a Presidenta. Acompanhei, ajudei a Presidenta a estruturar, junto com os demais ministros, um programa de enfrentamento à seca grave que nós tivemos nos últimos anos, que atingiu muito o Nordeste, atingiu o Estado de V. Exª. E os Estados nos ajudaram muito na elaboração desse programa, que resolvia questões emergenciais, como caminhão-pipa; provia as famílias de um recurso para não saírem da região; mas também atingia questões estruturais, como perfuração de poços de grande quantidade de água e obras estruturais do PAC que nós temos lá, como transposição do São Francisco e outras obras. E pude acompanhar o quanto se evoluiu nesse enfrentamento, que foi, lá atrás, um compromisso muito grande do Presidente Lula, uma pessoa que é do Estado de V. Exª, sofreu na pele a seca, as dificuldades no Nordeste.

            Então, não tenho dúvidas de que esse apoio e a perseverança de vocês no Nordeste, o trabalho, a fé em que as coisas podem melhorar e investir estão fazendo a transformação da Região. Sei que ainda há dificuldades, mas queria parabenizar V. Exª, primeiro, pelo discurso e, segundo, pelo trabalho que desenvolve para fazer frente a essa situação que, de fato, é um desafio muito grande para o desenvolvimento da economia e o desenvolvimento social.

            O SR. DOUGLAS CINTRA (Bloco União e Força/PTB - PE) - Para encerrar minhas palavras, Senadora, eu quero comunicar também que já marquei uma audiência com o Ministro da Integração para que possamos ampliar a área de atuação da Sudene, em função dessa crise hídrica. Na verdade, a crise está sendo avaliada pela menor incidência de chuvas nas cidades nordestinas, mas, em função da diminuição de chuvas, algumas cidades que antes não eram consideradas do Semiárido precisam ter os mesmos benefícios que levamos para a região do Semiárido.

            Ou seja, cada atitude, cada trabalho vem para que possamos dar ao nordestino a oportunidade de produzir e ser, cada vez mais, um cidadão com todos os seus direitos em plenitude.

            Muito obrigado, Presidente.