Discurso durante a 113ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com o atual cenário econômico brasileiro, com destaque para a necessidade de estímulo à produtividade empresarial.

Autor
Ataídes Oliveira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: Ataídes de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Preocupação com o atual cenário econômico brasileiro, com destaque para a necessidade de estímulo à produtividade empresarial.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira.
Publicação
Publicação no DSF de 07/07/2015 - Página 394
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, AUMENTO, INFLAÇÃO, JUROS, RECESSÃO, APREENSÃO, TAXA, DESEMPREGO, APRESENTAÇÃO, HIPOTESE, SOLUÇÃO, CRISE, FOMENTO, PRODUTIVIDADE.

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Senador Aloysio, eu gostaria de ir na mesma linha com que V. Exª concluiu a sua fala aqui hoje.

            Para o Governo do PT, a oposição tem como filosofia “quanto pior, melhor”. Não é o sentimento da oposição, nunca foi o sentimento da oposição! V. Exª colocou que é um produtor rural; eu sou empresário, como tantos outros na Casa. Se a Presidente Dilma tivesse a humildade para chamar, não só o PSDB, os partidos para conversar e falar: “Olha, o que nós podemos fazer neste momento para consertar a nossa economia?”, eu não tenho dúvida de que político do calibre de V. Exª, Senador Aloysio, por quem tenho o maior respeito e admiração, imediatamente, se colocaria à disposição da Presidente Dilma para conversar. Mas eu não acredito que ela venha a fazer isso. O orgulho da Presidente Dilma não permite que ela chegue a esse ponto.

            Hoje, aqui, Senador, Sr. Presidente, eu vim só para fazer um breve relato sobre o cenário econômico do nosso País. E quero ratificar as palavras de ontem do estadista Fernando Henrique: “Perder popularidade, todo governo perde”.

            Eu sou um chegante na política. Ontem, eu aprendi isso com ele lá. Todo mundo perde. Há altos e baixos. Na nossa vida, a gente ganha e perde; isso é normal. Agora, eu também me lembro de que, lá na roça, quando menino, meu pai dizia: “Meu filho, a coisa mais valiosa que você tem é o seu nome; o dia em que você perder o seu nome, você perdeu tudo”. E este Governo perdeu a credibilidade, ele perdeu a confiabilidade.

            Então, para restituir, para resgatar o crescimento da nossa economia, resgatar a ética - e o Lula, certa vez, disse que era impossível fazer política com ética, não sei se V. Exª se lembra disso, mas é possível, sim, fazer política com ética - assim é muito difícil.

            Eu quero fazer um breve relato sobre o cenário econômico de hoje deste País. Inflação. Veio a inflação. Tem que ter competência. Não tem competência, elevam-se as taxas de juros. Uma das maiores taxas de juros, hoje, do mundo, está aqui no Brasil: 13.75%. E, pelo jeito, ela vai se alavancar, lamentavelmente. Esse é o único remédio usado por este Governo? Sim.

            Resultado desse aumento da taxa de juros: recessão. Tira-se do mercado o poder de compra do consumidor. Evidentemente, cai o consumo. Com a queda do consumo, as indústrias brasileiras não produzem, não investem, porque, se produzirem, não haverá consumidor. É o caso hoje da nossa indústria automobilística, por exemplo. Mas não são só esses produtos duráveis, não. Nós estamos falando aqui, agora, do próprio alimento. Então, cai o consumo, a indústria não produz, o Governo não tem credibilidade, não há investimento, aí, então, vem o desemprego.

            Eu estou preocupado, Senador Aloysio, Presidente, com o desemprego no Brasil. Eu fiz uma pesquisa. Esse desemprego, nesse método utilizado pelo Governo, essa PNAD contínua, hoje está batendo os 9%. Na verdade, é totalmente errática essa metodologia de cálculo desse desemprego. Hoje, esse desemprego, eu acredito que ele esteja acima dos 20%!

            Quando você pega o jovem de 18 a 24 anos que não está trabalhando e não tem emprego, quando você pega os “nem-nem” dos 17 aos 19 anos, que representam mais de 16,9% - são mais de 11 milhões de “nem-nem” -, mais de 9 milhões estão no seguro-desemprego. E quem está com carteira assinada, procurou emprego e, durante os 30 dias, não conseguiu, ele sai na pesquisa como? Desalentado, e não desempregado.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - Ele sai do mercado de trabalho.

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO) - Ele sai do mercado de trabalho.

            Então, lamentavelmente, o nosso desemprego hoje... E mais: essa metodologia é feita nas seis regiões metropolitanas onde nós temos indústrias, onde há emprego. Se vier para o Norte, parte do Nordeste e Centro-Oeste, aí sim, o desemprego ultrapassa os 20%. Aí está a minha preocupação com tudo isso.

            Concedo-lhe aparte, com todo o prazer, Senador Aloysio.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - Senador Ataídes, essa é uma exposição muito didática, muito clara e, infelizmente, muito realista do que está acontecendo. A economia funciona como um circuito, as peças encaixam-se umas nas outras e, quando se desencaixam, desencaixa o conjunto. Agora, o desemprego, infelizmente, é uma estratégia deste Governo, é a única estratégia que sobra - em uma política econômica cujas margens de manobra foram sendo drasticamente reduzidas, e são reduzidas cada vez mais -, é a única estratégia, eu dizia, para tentar diminuir a inflação; é de exatamente diminuir a procura, diminuir o poder de compra das pessoas. Então, eu penso que o desemprego, o aumento do desemprego é a pedra de toque da política anti-inflacionária do atual Governo; é o único caminho que lhe resta para diminuir a inflação, esperando que depois a economia possa retomar.

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO) - Obrigado, Senador Aloysio. Mas nós temos uma saída, nós temos um outro remédio sem ser a elevação da taxa de juros. E aí vem, depois do desemprego, esse pai de família que acordar de manhã, olhar no espelho e perceber que ele não tem aonde ir, que tem filho para dar comida, para levar para à escola, aí, sim, nós estamos correndo risco, porque aí vem a criminalidade; ela está no fio da linha, a criminalidade. E o nosso sistema de segurança neste País está caótico.

            Senador Aloysio, nós tivemos uma perda de poupança somente neste ano de 38 bilhões e pouco. Neste mês agora, último, de junho, nós tivemos uma perda de 6 bilhões e pouco na caderneta de poupança. Nós já temos uma poupança pequena para o País, que representa algo em torno de 13% do PIB, e se essa caderneta de poupança continuar nessa queda, eu não sei o que vai acontecer.

            E eu digo mais, eu fiz uma pesquisa para ver aonde é que esse pequeno poupador está levando esse dinheiro, esses 38 bilhões. Eles estão levando para as suas necessidades prioritárias, eles estão levando é para pagar o ônibus, pagar escola, pagar comida, energia elétrica, gasolina.

            Então, esse dinheiro  não vai voltar para a poupança. Ele não voltando para a poupança, acontece o que está acontecendo hoje no mercado imobiliário. O mercado imobiliário não está em crise; ele parou, ele acabou.

(Soa a campainha.)

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO) - Falo isso porque eu sou incorporador, parou a construção civil. Isso é lamentável!

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - E as empresas que atuam especialmente nessa área do Minha Casa, Minha Vida estão acumulando hoje já um crédito, junto ao Governo, de mais de R$2 bilhões e não sabem quando é que vão receber. Então, você tem empresas quebrando, empresas médias, empresas importantes demitindo parte substancial do seu quadro gerencial, equipes que, depois, você tem uma dificuldade enorme para recompor. É uma situação realmente muito grave, porque uma coisa vai mexendo com outra. Um fator que ocorre em determinado setor da economia acaba impactando outro. É um círculo vicioso, uma roda nefasta.

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO) - Senador, no mês de abril, no mês de maio e no mês de junho, o Governo não pagou essas construtoras.  Essa dívida, permita-me fazer essa correção, já chega a R$3.3 bilhões. Agora a Caixa Econômica não pode continuar mais pagando. Aí foi outro crime eleitoral, porque ela usou Minha Casa, Minha Vida e todos esses programas para ganhar a eleição, para roubar a eleição, e o povo brasileiro hoje sabe disso.

            Agora, para encerrar, Sr. Presidente, existe a solução, porque criticar Senador Aloysio, é muito fácil. Quando V. Exª saiu desta tribuna e disse: “Se nos chamassem para conversar, nós poderíamos achar uma saída para o nosso País”, porque nós não queremos o pior. Existe uma solução e tenho absoluta certeza de que essa solução funciona. Em dezembro de 2007, os Estados Unidos tinham uma taxa de juros de 4,25% ao ano. Em janeiro de 2008, acontece aquela bolha e vem aquela crise tremenda. O governo americano, então, chamou imediatamente os empresários e disse pra eles o seguinte: “Protecionismo de mercado, não, mas vocês façam negócio. Produzam, produzam.” E eles disseram: “Com essa taxa de juros, não”. O governo disse: “Não, ela não vai permanecer.”

            Final de 2008, a taxa de juros estava 0,50.

            Então, a solução para sair dessa crise é produzir. Só que o Governo está sem credibilidade, mas ele tem que urgentemente chamar os nossos empresários, sentar com os nossos empresários e falar: “Olha, vem cá, nós temos que produzir neste País, nós temos que voltar a crescer a nossa economia. Estamos aí com um PIB previsto de menos 2% num mundo que vai crescer 3%. Venham cá empresas. Eu preciso de vocês. Vocês têm que continuar produzindo”.

            Agora, os nossos empresários estão desmotivados, não acreditam mais nesse Governo. Passou da hora de esse Governo chamar os nossos empresários para uma conversa.

            Então, eu vejo que a solução é a produtividade. Nós temos que produzir. E aqui, neste Senado Federal, nós temos vários empresários. E nós temos que produzir. Esta é a solução que vejo para este País.

            Outra coisa interessante, Senador Aloysio, nós temos 144 estatais neste País. Não sei se o senhor tem esse número. São 144 estatais, 144 estatais.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - E 39 Ministérios.

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO) - Não vou me esquecer, e 26.000 cargos comissionados. E os Estados Unidos, com 300 milhões de americanos, têm seis mil e poucos cargos comissionados. Ou seja, é uma coisa que a gente não consegue entender.

            Então, eu vejo que a solução para este País é a produtividade.

            E vejo também, Sr. Presidente, que na situação hoje dessas 144 estatais - e aqui eu estou falando como um Senador e não pelo meu querido Partido, o PSDB - este Governo não tem competência para administrar as três áreas prioritárias...

(Soa a campainha.)

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO) - ... que são saúde, segurança e educação. Ele não tem. Que Pátria educadora, que bomba é esta? Tirando dinheiro da educação, da saúde? O que este Governo tem que fazer? Tem que vender ativos. Não é o PSDB que está dizendo aqui, não. É o Senador Ataídes que está dizendo. Este Governo não tem competência para administrar estas três áreas.

            Vai administrar a Caixa Econômica Federal? Vai administrar a Petrobras? Não, eles não têm condições. Essas estatais, esses ativos têm que ser alienados, têm que ser vendidos.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/07/2015 - Página 394