O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço ao Presidente Wilder, que no próximo domingo comemorará o aniversário. E aproveito para, desde já, parabenizá-lo, mas estarei na festa, se Deus quiser.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo com muita alegria esta tribuna para reafirmar notícia publicada na edição, desta terça-feira, do jornal Folha de S.Paulo, dando conta de que o Brasil vai investir mais de US$50 milhões para aumentar sua participação na produção de pescado.

            O peixe escolhido pelo Governo brasileiro para expandir sua presença no mercado global, por meio do Ministério da Pesca, é a tilápia, espécie originária do Rio Nilo e apontada no texto bíblico como o peixe que Jesus multiplicou, perto do Mar da Galileia.

            O projeto do Ministro da Pesca, Helder Barbalho, faz-se necessário em razão de fato concreto: o brasileiro consome pouco pescado, uma média de 10 quilos por ano, abaixo dos 12 quilos recomendados pela Organização Mundial da Saúde e quase metade menos que a média global, estimada em 19 quilos por pessoa.

            A expectativa de incremento na produção de pescado se dá pela empresa Tilabras, holding formada a partir da associação entre a Axial - empresa brasileira controlada pela família Landolt, pertencente à fundação Sandoz - e a Regal Springs - empresa americana, a maior e mais eficiente produtora de tilápias do mundo. A parceira decidiu investir em projetos no Brasil, mais especificamente em Selvíria, no meu Estado, o meu querido Mato Grosso do Sul.

            Projeto dessa natureza somente foi possível graças ao empenho do Governo Federal, que procurou sete Estados para ajudar a destravar o licenciamento ambiental da atividade, com o compromisso das empresas provarem que não poluirão as águas com excesso de ração, dejetos e animais mortos, com a preocupação de impedir que esse resistente peixe, que hoje está presente em quase todo o País, se espalhe pela Amazônia, onde a criação é proibida.

            É enorme minha satisfação por Mato Grosso do Sul ter sido escolhido, pois oferece todas as condições para o êxito dessa iniciativa, inclusive por ser um grande produtor de soja, principal insumo da ração que chega a representar 70% na planilha de custos.

            O início das atividades da Tilabras está previsto para 2016 e deverá atingir o seu regime em 2021, com previsão de produção de 100 mil toneladas/ano de tilápias, 32 mil toneladas/ano de filés e um faturamento anual de R$1 bilhão, alcançado no mercado interno e com exportações para Estados Unidos, Comunidade Europeia, Japão, Mercosul e China.

            Com operação verticalizada, os investimentos da empresa preveem:

            1) Uma incubadora com capacidade de produção de 15 milhões de alevinos/mês em dois anos, com desenvolvimento de linhagens próprias;

            2) Fazenda de engorda com licença de 600 hectares de espelho d'água no Rio Paraná, em Selvíria, Mato Grosso do Sul, com capacidade de produzir 100 mil toneladas/ano em cinco anos com início das atividades previstas para 2017. A empresa deverá requerer à União concessão para explorar a superfície fluvial pelo período de 20 anos, renovada por igual período;

            3) Frigorífico e fábrica de farinha de peixe, com quatro módulos e capacidade de abate de 25 mil toneladas/ano, em dois turnos, chegando a 100 mil toneladas/ano no quinto ano, além da capacidade de produção de 32 mil toneladas de filé de tilápia/ano e 25 mil toneladas de farinha e óleo de peixe;

            4) Fábrica de ração composta por quatro módulos de capacidade de 40 mil toneladas/ano, em dois turnos, chegando no quinto ano a sua capacidade a 160 mil toneladas/ano, com incubadora, engorda, frigorífico, fábrica de farinha de peixes e fábrica de rações;

            Geração de empregos, que, ao final do projeto, representará a contratação de aproximadamente 1.850 funcionários diretos com a geração de outros 3 mil empregos indiretos na região.

            São US$51 milhões investidos nessa primeira etapa e, dentro de sete meses, 20 milhões de filhotes de peixe, pesando 30 gramas, serão transferidos para gaiolas de aço flutuante no Rio Paraná. Seis meses depois, com quase 1kg, será comercializado o primeiro lote do maior investimento feito no País na produção de peixes em cativeiro.

            Estão no Brasil as maiores reservas de água doce do mundo, o clima quente favorece a engorda dos peixes e, associado a isso, cresce o consumo global de pescado, o que nos dá expectativa favorável, pois, como líder na exportação de carne bovina e de frango, podemos buscar melhorar nossa posição no mercado de pescados, assim como aumentar o consumo per capita interno.

            Esse projeto é de valor inestimável para Mato Grosso do Sul e para o País. Cumprimento o Ministro da Pesca, Helder Barbalho, por todo o esforço que tem feito para que esse e outros projetos no setor sejam colocados em prática. É mais uma alternativa de renda para o Município, com geração de emprego, desenvolvimento socioeconômico e riqueza para o nosso Estado e para o Brasil.

            Sr. Presidente, Selvíria é um Município pequeno na região do Bolsão, próximo a Três Lagoas. Esse investimento representará para Selvíria e para a região - não tenho a menor dúvida - um entusiasmo muito grande. Além dos empregos e da renda, servirá para que Selvíria mostre ao País que lá nós temos condições de fazer de Selvíria, assim como da região, um grande mercado de pescado para abastecer o mercado interno e de nosso País.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.