Discurso durante a 104ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Responsabilização do Partido dos Trabalhadores pelos problemas estruturais existentes no País.

Autor
Ataídes Oliveira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: Ataídes de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Responsabilização do Partido dos Trabalhadores pelos problemas estruturais existentes no País.
Publicação
Publicação no DSF de 24/06/2015 - Página 361
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • REGISTRO, CRISE, ECONOMIA, CULPA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AUMENTO, DIVIDA INTERNA, DIVIDA EXTERNA, FOLHA DE PAGAMENTO, DEFICIT, BALANÇA COMERCIAL, AUSENCIA, RESPONSABILIDADE, GOVERNO, GASTOS PUBLICOS, PROGRAMA DE GOVERNO, FUNDO DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DE ENSINO SUPERIOR (FIES), PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TECNICO E EMPREGO (PRONATEC), SEGURO-DESEMPREGO, NECESSIDADE, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, TERCEIRIZAÇÃO, CONTRATAÇÃO, TRABALHADOR, ENFASE, CORRUPÇÃO, DECISÃO JUDICIAL, PRISÃO PREVENTIVA, PRESIDENTE, EMPRESA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO.

            O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Oposição/PSDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Wilder.

            No dia 28 de abril, eu vim a esta tribuna para dizer ao povo brasileiro que a culpa de todo esse desastre econômico, social e moral que nós estamos vivendo hoje no nosso País é exclusiva do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

            O ex-Presidente Lula hoje quer passar para a Presidente Dilma toda a culpa desse desastre. Mas ele perdeu uma grande oportunidade que Fernando Henrique Cardoso lhe deixou em 2003.

            Em 2003, Sr. Presidente, o Brasil, depois de 500 anos, tinha uma dívida bruta interna e externa que não chegava R$1 trilhão. Hoje, 13 anos depois, está batendo a casa dos R$5 trilhões a dívida pública bruta interna e externa do Brasil.

            A folha de pagamento, em janeiro de 2003, era algo em torno de R$62 bilhões. Hoje, essa folha de pagamento já ultrapassou a casa dos R$300 bilhões.

            A nossa balança externa nunca teve um rombo tão grande como o que nós estamos vivendo hoje, desde 1947. Temos um rombo, na nossa balança comercial, em torno US$140 bilhões.

            Ou seja, esse Governo do PT teve todas as oportunidades para fazer crescer a economia deste País, mas não o fez. O que fez foi saquear os cofres públicos, sem a mínima responsabilidade! Não tinha um plano de Governo, tinha um plano de poder! E estão aí as provas em 2014. Só pra se ter uma ideia, Sr. Presidente:

            - com o Fies, em 2013, foram gastos R$6,5 bilhões - eles falam R$7,5 bilhões, mas R$6,5 bilhões; em 2014, R$13,7 bilhões;

            - seguro-defeso, R$598 milhões em 2013; R$2,117 bilhões em 2014;

            - seguro- desemprego, Senador Ferraço: foram gastos, em 2013, R$22 bilhões; em 2014, R$32 bilhões;

            - com o Pronatec, esse programa extraordinário de formação da nossa mão de obra tão desqualificada lamentavelmente, gastaram-se R$15,4 bilhões.

            Ou seja, compraram as eleições em 2014. Só que compraram muito caro. Se pegarmos esses quatro dados que acabei de dizer aqui, o prejuízo com o Fies, que é algo em torno de R$37 bilhões, com o Pronatec, algo em torno de R$9 bilhões, mais os outros, ultrapassamos a casa dos R$50 bilhões. Isso é lamentável.

            E hoje está o Brasil neste cenário econômico em que vivemos: os empresários desmotivados, o desemprego em alta, a taxa de juros lá em cima, perda de poupança - já perdemos mais de R$32 bilhões, somente neste ano, na caderneta de poupança. E, depois desse desemprego, vem a criminalidade.

            Pois bem, Sr. Presidente, o Brasil enfrenta uma séria crise econômica, decorrente dos gastos descontrolados e dos investimentos equivocados feitos pelo Governo PT. Enfrentamos também uma crise política sem precedentes, em que, para se manter no Governo, a Presidente da República precisa terceirizar aos subordinados e auxiliares suas mais nobres atribuições constitucionais.

            Apesar desse cenário tenebroso, em que a economia não reage pela incapacidade do Governo, e o Governo não reage por causa da estagnação econômica, um fio de esperança parece indicar que, finalmente, podemos estar deixando no passado outra grave crise que existe, desde sempre, na República: a crise moral.

            Nos últimos meses, a Justiça - na pessoa do tão competente juiz Sérgio Moro - tem dado mostras de que a era da certeza da impunidade está se acabando. Na última sexta-feira, por ordem do juiz Moro, aconteceu algo que, até pouco tempo atrás, seria inimaginável: foram presos preventivamente os presidentes das maiores construtoras do Brasil, a Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez. Essas prisões demonstram para a população que não há ninguém à margem da lei, rico ou pobre, poderoso ou não.

            Essa constatação de que a Justiça pode atingir a todos causou terror e pânico no Governo do PT. Da Presidente Dilma ao mais inexpressivo Ministro, todos perceberam que não poderão contar com a cumplicidade do Poder Judiciário.

            O pânico generalizado no Governo e no PT só não é maior do que aquele que tomou conta do verdadeiro responsável pelos desastres em série que estamos vivendo: o ex-Presidente Lula.

            Sim, é preciso deixar claro quem era o verdadeiro, aspas, “número 1” do esquema, o “Brahma”. O Brasil hoje sabe quem é o Brahma, aquele que sempre mandou e desmandou desde que o PT chegou ao poder, criando as condições para que o Estado brasileiro fosse saqueado, incansavelmente, pelos companheiros.

            Se hoje, infelizmente, vivemos numa República que tem ladrões, malfeitores e corruptos de toda ordem no comando, isso se deve principalmente ao ex-Presidente Lula. Ele trouxe os corruptos para o poder, ele permitiu que o Estado brasileiro fosse assaltado, e ele se beneficiou dos esquemas sujos executados por seus companheiros.

            Mas essa farra começa a cobrar o seu preço. Lula hoje é um homem ameaçado, acuado, que dorme com medo de ser acordado pela Polícia Federal na porta da sua casa. Lula hoje tem medo de ser preso e tem pânico do juiz Sérgio Moro. Eu disse aqui, no dia 28 de abril, que os doutores do Ministério Público Federal e a Polícia Federal iriam convidar o ex-Presidente Lula qualquer dia para tomar um cafezinho. E parece que esse dia, Sr. Presidente, está muito próximo. E é bom mesmo que Lula tenha medo, porque os empreiteiros da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, presos, têm muito a dizer sobre os anos de PT no Governo.

            Segundo a revista Época, o mais poderoso dos empreiteiros, o Marcelo Odebrecht, filho do Sr. Emílio Odebrecht, mandou um recado para o ex-Presidente Lula e para a Presidente Dilma: ou eles atuam para “melar” a Operação Lava Jato e livrá-lo da cadeia, ou a República cairá. Também há um comentário na imprensa de que o Sr. Emílio Odebrecht disse: “Se o meu filho for preso, me arrume mais três celas: uma para mim, outra para o Lula e outra para a Dilma”. O pai dele deixou claro que, se o filho ficar preso, repito, serão necessárias outras duas celas, uma para a Presidente Dilma, outra para o Lula.

            O exagero, evidentemente, pode ser perdoado. Aconteça o que acontecer, a República permanecerá, porque ela é muito maior do que todos nós.

            O que cairá, na verdade, é o projeto hegemônico de poder do Lula e do PT, que se construiu sobre a lama e começa agora a afundar.

            Se Marcelo Odebrecht e os outros executivos presos seguirem os passos de Ricardo Pessoa, da UTC, e decidirem contar tudo o que sabem, não sobrará pedra sobre pedra no “lulopetismo”, porque eles conhecem, como ninguém, as engrenagens do poder na - abre aspas - "República dos Companheiros".

            Mas, ainda que os empreiteiros não queiram cooperar, o trabalho diligente da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça certamente conseguirá as provas necessárias para que seja condenado e preso o verdadeiro responsável por essa rapinagem institucionalizada no Brasil que tomou conta do Governo Federal, o ex-Presidente Lula.

            Mas, antes mesmo da condenação judicial, da qual nem mesmo seus mais fiéis seguidores duvidam, outra condenação importantíssima já aconteceu: a condenação política. E agora nós tivemos uma pesquisa em que “o cara”, “o todo-poderoso”, apresenta um índice muito baixo. Mas poderoso porque estava com um rio de dinheiro público na mão, ou seja, levou o nosso País a essa catástrofe econômica, com uma dívida bruta, repito, interna e externa, na ordem de R$5 trilhões.

            A população percebeu, Lula, que foi no seu Governo que os cofres públicos começaram a ser saqueados de forma sistemática, no intuito de perpetuar seu grupo no poder. Todos já sabem que foi no seu Governo que começou essa política desastrosa de se gastar mais do que se tem.

            Tenho dito sempre aqui, Sr. Presidente: gastaram demais, e pior, gastaram mal e depois empurraram a conta para os nossos trabalhadores. Está aí o aumento de impostos, está aí a história da correção da tabela do Imposto de Renda. Isto não é uma correção de tabela do Imposto de Renda. Isto é um aumento do Imposto de Renda das pessoas físicas, não é correção.

            Por isso mesmo, as pesquisas começaram a captar o sentimento claro da população brasileira de que tudo o que passamos hoje, Lula, é de sua inteira responsabilidade. Não adianta mudar as cores do PT, não adianta culpar a Dilma, não adianta sair do PT, porque acho que ele vai sair do PT e vai para outro partido. Não adianta. A sua condenação política já foi consagrada nas ruas. Você não escapará do Juiz Sérgio Moro. Não escapará, tenho certeza disso. Seu destino, como o dos outros petistas graúdos, será a Papuda.

            Mas, se, por uma obra do destino, você conseguir escapar da justiça, como escapou do mensalão e de tantos outros, sua condenação virá das urnas, com a rejeição do povo brasileiro ao projeto hegemônico de poder do PT.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/06/2015 - Página 361