Discurso durante a 112ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do governo da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Donizeti Nogueira (PT - Partido dos Trabalhadores/TO)
Nome completo: Divino Donizeti Borges Nogueira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa do governo da Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2015 - Página 266
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, CRITICA, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO, MOTIVO, CORRUPÇÃO, VENDA, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), INFLAÇÃO, GOVERNO, ANTERIORIDADE, DEFESA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRIAÇÃO, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL, BENEFICIO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, RUSSIA, INDIA, CHINA, AFRICA DO SUL, POLITICA, INTEGRAÇÃO, AMERICA DO SUL, INCLUSÃO SOCIAL, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.

            O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO.) - Senador José Medeiros.

            O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Que também é um incansável defensor da regularização fundiária e das pessoas que vivem no campo.

            O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Senador José Medeiros, que preside esta Mesa; Senador Hélio José; senhores e senhoras; telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, o mundo passa por uma crise profunda desde 2008. Os grandes países do mundo, os países do G7, à exceção da China, todos passaram por uma crise violenta.

            Berço do capitalismo mundial hoje, os Estados Unidos da América chegaram a estatizar empresas privadas, para garantir que a quebradeira fosse menor.

            Desde 2008, o mundo vem passando por uma crise, uma crise difícil. Vejamos agora o que está acontecendo na Grécia, em Portugal, na Espanha, e em outros países. Os Estados Unidos, que haviam previsto um crescimento de 3,1%, tiveram o crescimento rebaixado para 2,5% pelo Banco Mundial, pelo FMI, é verdade. E o próprio governo já chega a falar num crescimento de apenas 1,7%. Em anos anteriores, tiveram crescimento menor ou nenhum crescimento.

            E hoje é reconhecido que, aqui no Brasil, estamos passando por uma crise que exige seus ajustes. Mas a maior crise que vivemos hoje aqui não é a crise econômica, é a crise do desespero dos partidos de oposição, do medo de que, se chegar a 2018, eles vão perder novamente a eleição. E vêm aqui os Senadores da oposição, muito hábeis, tenho que reconhecer, falar da quebradeira, falar da roubalheira.

            Quero lembrar alguns episódios do governo desses Senadores: a máfia dos fiscais, em São Paulo; o rombo das ambulâncias; o rombo da Sudam; o rombo do Banco Marka de 1,8 bilhão; o rombo do Banestado de 42 bilhões; o rombo dos vampiros de 2,4 bilhões; o mensalão do DEM, de 4 bilhões; o mensalão mineiro, também de alguns bilhões. E falar do escândalo do trensalão, em São Paulo, que o Ministério Público disse que o desvio chega a 30% de superfaturamento, e desvio de recursos para construir o metrô.

            Eu não quero fugir da responsabilidade deste Governo, do qual eu faço parte, porque eu sou do Partido da Presidenta e porque estou Senador aqui pelo Partido dos Trabalhadores. Existem dificuldades e erros foram cometidos por algumas pessoas, mas eu também não posso aceitar é que aqueles que sucatearam o Brasil, que arrombaram o Brasil, entregaram a Vale do Rio Doce por 3,8 bilhões, uma riqueza do povo brasileiro que valia, na época, 98 bilhões e foi dada de graça para  alguns amigos; beneficiaram amigos, pelo vazamento de informação privilegiada, por ocasião do Proer; e as privatizações - a privataria tucana, que é rombo e mais rombo em relação à privatização.

            Então, com todo o respeito que devemos ter com o povo brasileiro, precisamos parar de mentir! Esses Senadores são da oposição responsável por quebradeira no País. Quando o Presidente Lula assumiu o governo, a inflação era de 12,7%, o dólar estava batendo na casa dos R$4, o risco Brasil era acima de três mil pontos e as reservas cambiais eram praticamente nulas.

            Então, brasileiras e brasileiros, há uma grande questão em jogo: não é tirar uma Presidente da República, é estraçalhar a economia brasileira - que não está estraçalhada, é mentira! -, para favorecer interesses internacionais que não são os interesses nacionais. A quem interessa que a integração latino-americana não seja feita, em virtude do fortalecimento de um polo econômico no mundo, principalmente na América do Sul? A quem interessa que o BRICS não se consolide? Que não se consolide o banco do BRICS? Não é ao Brasil.

            Mas trabalhar pela derrota do Brasil, para quebrar o Brasil é trabalhar pelo fim da integração latino-americana, porque essas pessoas defendiam a Alca, não era a Unasul, não era o Mercosul. E a Alca era contra os interesses nacionais.

            O fortalecimento de um novo polo econômico no mundo a partir desse grupo de países chamado BRICs, que certamente passará a receber outros associados, contrapõe interesses da América do Norte. E é preciso inviabilizar o Brasil.

            Esses que vêm aqui alardear o caos estão a serviço do capital internacional, a serviço dos interesses que não são nacionais. Não venham me falar aqui de roubalheira, porque são favorecidos pela roubalheira neste País há muitos anos. No governo que governaram compraram a reeleição, mas hoje acusam, mentem em muitos aspectos.

            Quero, Senador José Medeiros, terminar a minha fala com um breve texto que está aqui.

            Quando vejo os Senadores da oposição falando aqui sobre a crise, pregando o pessimismo, fico a pensar que a oposição brasileira precisa ouvir as vozes que vêm do exterior, dos mecanismos internacionais, do próprio presidente da América do Norte, para perder, como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues, o complexo de vira-lata.

            Esta semana, em visita da Presidenta Dilma aos Estados Unidos, quando um instrumento da comunicação, um veículo de comunicação tentava reduzir o Brasil a uma potência regional, o Presidente Barack Obama disse textualmente que o Brasil não é uma potencial regional, ele é uma potência mundial, global e importante para a correlação de forças no mundo, importante para viabilizar grandes tarefas que a humanidade tem para resolver nesse processo com relação ao combate à degradação ambiental, à melhoria das condições climáticas. .

            Estranham-me algumas coisas. Há uma coisa que meu pai me ensinou: macaco, quando quer colocar rabo em outros, senta-se no próprio rabo e esconde, para poder dizer que o outro tem. Tem gente, há pessoas que pegam os seus defeitos, as suas incompetências e querem transferir para as outras. É isso que eu vejo muitas vezes aqui no Senado por parte de alguns Senadores da oposição.

            Nós temos aqui Senadores da oposição de qualidade, como o Senador José Medeiros, que vem aqui trazer uma crítica à questão da regularização fundiária, com a qual partilho. Está devagar. Sabe-se nesse momento que já se construiu um mecanismo para melhorar essa situação, mas é muito lenta a questão da regularização fundiária. E nós temos debatido isso no âmbito da Comissão de Agricultura, como temos debatido com o Governo essa questão.

            Há Senadores como Cristovam Buarque, que faz ponderação muitas vezes equilibrada, ou todas as vezes equilibrada, mas outros, que não têm histórico de seriedade, de comprometimento com o País e com o povo brasileiro, vêm aqui mentir para o povo brasileiro textualmente, praticamente todos os dias.

            A diferença do Governo da Presidenta Dilma para o mundo está explícita agora, na ida aos Estados Unidos. Só para fazer um comparativo, quero lembrar aqui uma passagem do Governo do PSDB, quando Fernando Henrique era Presidente, numa reunião que aconteceu, em que ele, com o nhém-nhém-nhém dele, pediu que os países desenvolvidos criassem um sistema, algo parecido à CPMS, para poder socorrer o Brasil por causa da evasão de capitais. Sofreu uma bronca tremenda do Presidente Bill Clinton naquela época, dizendo que ele precisava era organizar o Governo, dizendo que ele precisava era trabalhar melhor, ter uma governança melhor, porque o País tinha potencialidade e podia resolver seus problemas.

            Não é isso que a Presidenta Dilma ouviu agora. Pelo contrário, ela recebeu um voto de confiança, porque tem competência e tem um governo preparado para isso, para superar as dificuldades no momento em que nós estamos vivendo, que é uma crise mundial. Não é uma crise localizada aqui.

            E nós não estamos falando de uma crise de um país irmão, como a Argentina, de 40 milhões de habitantes. Quando houve a crise da Argentina, o Brasil foi praticamente derrotado. Nós estamos falando de uma crise séria, mundial, a segunda crise da contemporaneidade, talvez maior do que a de 1929.

            Mas nós temos confiança nesse Governo, um Governo que vem dialogando com a sociedade. Ao contrário, o governo passado recebia os prefeitos aqui com cachorro, cavalo e polícia. O Governo atual recebe os prefeitos aqui na Capital da República com todos os seus Ministros à disposição para discutir os problemas. Esse é o Governo do diálogo.

            Por fim, há a questão da avaliação da pesquisa.

            Desde que o mundo é mundo, às vezes o povo é iludido e levado ao engano. Não foi assim entre Barrabás e Jesus Cristo? Pilatos submeteu ao povo, que, induzido por Caifás e seu sinédrio, foi iludido. Cristo foi crucificado e um criminoso foi libertado. Então, a opinião pública, muitas vezes, é conduzida e induzida ao erro. Isso desde que o mundo é mundo. E não estamos aqui para dizer que esse Governo não errou. Esse Governo tem erros. Só não erra quem não faz nada. Só erra uma vez, porque não fez. Mas quem está trabalhando está exposto ao erro.

            Então, com toda sinceridade, eu acredito no Brasil, eu acredito no povo brasileiro, eu acredito nesse Governo como caminho de saída para esse momento de dificuldade. Sabe por quê? Porque o Brasil está no curso de construir a emancipação do povo brasileiro. O ódio que existe contra PT, contra o Governo do PT tem um dado simples: hoje o filho do vaqueiro estuda na mesma universidade, Senador José Medeiros, que o filho do fazendeiro; hoje o filho do operário estuda na mesma universidade que o filho do dono da fábrica, vai para as melhores universidades do mundo, estudar junto com os filhos dos grandes industriais, dos grandes fazendeiros, dos grandes financistas, porque esse Governo tem investido na educação. Agora, não se corrige o crime cometido durante mais de 500 anos contra o povo brasileiro, da exclusão, da exploração, da enganação em apenas 12 anos. É um processo, é o processo que este Governo vem conduzindo no rumo de reparar os erros: reparar os erros com os afrodescendentes, reparar os erros com os pobres, cometidos por uma elite gananciosa, por uma elite perversa, que sempre trabalhou por seus interesses mesquinhos e não pelos interesses do povo brasileiro. Estão sediciosos para voltar ao governo, para continuar explorando o povo, para continuar enganando o povo, mas, certamente, o povo, com a sua sabedoria e com o andar esse processo dos ajustes, com as iniciativas tomadas pelo Governo, essa situação vai ser superada. E aqueles que sempre exploravam o povo, levavam o povo ao sacrifício, que impediam o povo brasileiro de buscar a sua emancipação...

(Soa a campainha.)

            O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - ... não retornarão a assumir o governo, porque não estão preparados para governar com inclusão social, com solidariedade e com desenvolvimento. Sempre estiveram preparados para governar o Brasil com o crescimento, a concentração de renda, o aumento da riqueza de alguns e o empobrecimento da maioria, ao contrário do que o Governo que eu defendo vem fazendo nesses 12 anos.

            Eu tenho lido jornais, tenho lido revistas, tenho lido sites e tenho lido muitas informações que chegam do exterior e aqui de dentro. E eu não tenho motivo para estar desesperado, não tenho motivo para temer. Só tenho motivo pra continuar acreditando...

            (Soa a campainha.)

            O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - ... para continuar trabalhando para que o Brasil continue trilhando o rumo do desenvolvimento com a inclusão social, com o crescimento e com a distribuição da renda.

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2015 - Página 266