Pela Liderança durante a 114ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal; e outro assunto.

Autor
Cássio Cunha Lima (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cássio Rodrigues da Cunha Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Críticas ao Governo Federal; e outro assunto.
GOVERNO FEDERAL:
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
Aparteantes
Aécio Neves, Gladson Cameli, Paulo Bauer, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 08/07/2015 - Página 190
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANIVERSARIO DE MORTE, RONALDO CUNHA LIMA, EX SENADOR, PAI, ORADOR.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ENFASE, GESTÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, CRISE, ECONOMIA NACIONAL.
  • DEFESA, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), INEXISTENCIA, VERDADE, CAMPANHA ELEITORAL, UTILIZAÇÃO, PROPINA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, saudações a todos aqueles que estão nas galerias neste instante.

            Em primeiro lugar, trago uma nota de emoção e de saudade com o registro do terceiro ano da morte do meu pai, ex-Senador, Governador, Deputado Federal, Vereador, Prefeito, também Deputado Estadual, Ronaldo Cunha Lima, que durante toda a sua vida pública sempre se portou com ética, decência, coragem e dignidade.

            E foi com o meu pai, ao lado da minha mãe, dona Glória, que os meus passos foram conduzidos desde criança. Com eles aprendi os valores da decência, da ética, da coragem, da firmeza e, sobretudo, da coerência, para que se possa, em momentos graves como este, fazer o bom combate.

            O Brasil vive uma crise grave, uma crise que tem desdobramentos em vários pontos. Há crise na economia, o País em recessão, aumento do desemprego, diminuição do poder de compra do trabalhador, aumento exorbitante da conta de energia e da conta de luz das pessoas, aumento do combustível, taxa de juros na estratosfera, desequilíbrio nas contas públicas.

            E, naturalmente, toda essa crise não foi criada nem provocada pelos trabalhadores, muito menos pelos empresários.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - A crise tem como único responsável a irresponsabilidade do Governo Federal.

            Além da crise econômica, vivemos uma crise ética sem precedentes. Nunca se viram tantos escândalos de corrupção, de malversação de dinheiro público, como estamos assistindo com as investigações realizadas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal. E muitas delas com condenações na Justiça, inclusive pela Suprema Corte do País, como é conhecido de todos, no episódio do mensalão.

            Além da crise econômica, da crise ética, nós temos um Governo fragilizado por tudo que aconteceu nos últimos anos, mas principalmente pelos episódios vividos na campanha eleitoral.

            A Presidente da República, Dilma Rousseff, do PT, amarga a pior avaliação que um Presidente da República já obteve na redemocratização do Brasil.

            As últimas pesquisas apontam que a Presidente Dilma Rousseff, do PT, tem uma avaliação pior do que o ex-Presidente Collor, do que o ex-Presidente Sarney, nos momentos mais difíceis daqueles mandatários.

            E por que razão todo esse enorme desgaste? Pelos problemas que são habituais e comuns a qualquer governo? Pelas dificuldades momentâneas de uma conjuntura? Pelos obstáculos de uma determinada circunstância? Não. Não é por razões habituais que a Presidente tem tamanha rejeição. Mais do que rejeição, ela tem experimentado a revolta do povo brasileiro, que se sente logrado, que se sente enganado por tudo o que foi dito durante a campanha eleitoral e pelo que se viu praticar pelo Governo da Presidente Dilma Rousseff, do PT, logo após as eleições.

            Tudo ou praticamente tudo que, nos debates, na propaganda eleitoral do rádio e da televisão, a Presidente Dilma Rousseff, do PT, dizia que Aécio Neves faria, se fosse eleito, ela está fazendo. Uma expressão ficou notabilizada: um adágio popular que foi usado pela Presidente da República, que disse que não mexeria no direito do trabalhador nem que a vaca tossisse.

            Como se não bastassem todas as medidas até aqui praticadas, nesse início de segundo mandato, que já tem cheiro de fim de governo, e como se não bastassem todas as medidas adotadas, agora vem o Governo e mexe no abono do trabalhador brasileiro que ganha até dois salários mínimos. Era só o que faltava. É muita perversidade. E o brasileiro agora tem que ter a sorte de nascer em determinado mês, ter a felicidade de escolher o signo do zodíaco de forma adequada, porque, senão, não receberá o seu abono salarial.

            É o escândalo na Petrobras. E a Petrobras e seus funcionários não podem, de forma nenhuma, ser confundidos com essa quadrilha que vem assaltando a maior empresa brasileira, uma verdadeira quadrilha que ali se instalou, porque, como bem disse o Senador Aécio Neves, ele não perdeu a eleição para um partido político, mas perdeu, sim, para uma organização criminosa...

(Manifestação da galeria.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Uma organização criminosa que ocupou o Estado brasileiro, que assalta a Petrobras, que desmantelou os fundos de pensão. Só no Postalis, rombo de mais de R$5 bilhões. Semana passada, nova operação da Polícia Federal, agora na Casa da Moeda. Como se não bastasse tudo o que já aconteceu no mensalão, no petrolão, agora escândalo também na Casa da Moeda. É o Banco do Brasil vendendo dólares falsos! A que ponto nós chegamos?

            E eu tenho ocupado esta tribuna com firmeza, com coragem, com a determinação e a altivez que o momento exige, para mostrar que o Governo da Presidente Dilma Rousseff, do PT, vai responder pelos crimes que cometeu. Nenhum outro Presidente enfrentou tantas demandas na Justiça como acontece agora. Posso me referir às representações que já foram apresentadas, no Ministério Público Federal, pelo crime de extorsão; pelas pedaladas fiscais, que estão sendo julgadas também pelo Tribunal de Contas da União; e, além das pedaladas fiscais, que está sob análise e julgamento do Tribunal de Contas da União, temos gastos fora da autorização Legislativa de mais de R$10 bilhões, que consta no voto do Relator, Ministro Nardes. É isto mesmo: a Presidente, ao arrepio da lei, descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, gastou mais de R$10 bilhões do Orçamento Público Nacional. São as ações que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral. E é em torno dessas ações que eu tenho defendido novas eleições no Brasil para Presidente da República.

            E o Governo vem com discurso de golpe. Golpe é o que o Governo da Presidente Dilma Rousseff, do PT, praticou contra o povo brasileiro, esse é o verdadeiro golpe! As denúncias que estão sendo apresentadas são gravíssimas.

            E no próximo dia 14, o Sr. Ricardo Pessoa, Senador Paulo Bauer, delator da Lava Jato, prestará o seu depoimento no Tribunal Superior Eleitoral. E se confirmado for que dinheiro roubado da Petrobras, do povo brasileiro, foi transferido, através de caixa dois, ou mesmo, através de supostas doações ilegais ao Partido dos Trabalhadores, o TSE não poderá se transformar em uma lavanderia. O TSE não pode ser transformado em uma lavanderia.

            E tenho certeza que o julgamento, pelo rigor que o TSE vem adotando, em relação a prefeitos, em relação a governadores, que já foram, pelo Tribunal Eleitoral, punidos... A lei é para todos. A lei não pode ser para uns e não para outros.

            A legislação eleitoral brasileira é extremamente rigorosa, severa. E o que aconteceu, na última campanha, é muito grave.

            Nós estamos defendendo, sim, a realização de novas eleições, para respeitar o art. 1º da nossa Constituição, que garante que todo poder emana do povo, e fazer a concertação que o Brasil precisa para sair desta crise, para enfrentar as graves dificuldades do momento.

            Porque só pela via democrática da eleição é que nós teremos a legitimidade de constituição de um novo governo. As novas eleições para o parlamentarismo estão como o voto de desconfiança do gabinete do parlamentarismo. Como não temos um sistema parlamentarista, porque se tivéssemos o Governo já teria caído, e teria caído de podre, vamos para a via legal, institucional, constitucional e democrática, que é a realização de novas eleições.

            Portanto, não venham falar de golpe, não venham falar de golpe, como o Governo tem se organizado.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Sr. Presidente, eu peço que o senhor garanta a minha palavra. A galeria é bem-vinda, faz parte, mas é expresso o Regimento do Senado, em relação à não manifestação.

            Respeito as manifestações dos petistas, dos que têm cumplicidade com todo esse esquema de corrupção que o Brasil tem; cada um tem sua escolha, cada uma faz sua escolha.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Não há que se falar em golpe.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Os que querem ser cúmplices e apoiar tudo isso têm o direito democrático. E se estão com medo, vamos para as urnas.

            Vamos passar a limpo este Brasil. Eleição viciada, eleição manipulada, eleição ganha com fraude, eleição ganha com abuso de poder político, com abuso de poder econômico, e o TSE terá, sim, essa responsabilidade.

            Há meses que ocupo esta tribuna, falo para jornais, para sites, para emissoras de rádio, transmitindo, com clareza, firmeza e coragem o meu pensamento.

            O Líder do PT na Câmara, José Guimarães, aquele mesmo do dinheiro na cueca, disse que eu não tinha moral para falar em novas eleições porque fui cassado pelo TSE. Exatamente por ter sido cassado que tenho moral.

            Não fui cassado por corrupção, não fui cassado por corrupção, não fui cassado por roubo, não fui cassado por malversação de dinheiro público. O Tribunal Superior Eleitoral, com todo o rigor, entendeu que um programa social que nós tínhamos no Governo do Estado, semelhante ao Bolsa Família, teria interferido no resultado eleição e que, por essa razão, eu teria que perder meu mandato.

            Não fui cassado por corrupção, não tive minhas contas de campanha rejeitadas. Extremamente dura e rigorosa tem sido a conduta e o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral em relação a prefeitos e governadores.

            E exatamente por ter sido alvo de um julgamento extremamente rigoroso e - continuarei dizendo - equivocado do Tribunal Superior Eleitoral, que eu tenho moral, sim, para falar em novas eleições, para apontar as graves denúncias que ocorrem no Brasil hoje. E não vão nos intimidar, não nos intimidarão, sob hipótese nenhuma.

            A estratégia do Governo é tentar intimidar as instituições, é tentar intimidar os seus julgadores para evitar que a lei seja cumprida. E a lei tem que ser cumprida para todos: tanto para o Presidente da República como para o mais humilde trabalhador brasileiro.

            É muito grave, é gravíssimo o que está acontecendo no País, e continuarei fazendo o bom combate, continuarei lutando para que nós possamos ter...

(Manifestação da galeria.)

(Soa a campainha.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Podem vaiar, não há problema.

            Não vão me calar com vaias, porque não falo por mim.

(Soa a campainha.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Eu falo por milhões de brasileiros que querem mudança, que querem transformação, que querem ética, que não aceitam a roubalheira, que repudiam a corrupção e que desejam ter a oportunidade de ter devolvida às suas mãos a soberania do voto. Por isso que tenho pregado por novas eleições. É a única saída institucional e democrática que o País tem para que, devolvendo ao povo, através da soberania do voto, o direito de escolher um novo governo, porque esse mal começou e já acabou. Acabou porque está caindo de podre. Acabou porque enganou o povo brasileiro. Acabou porque mentiu para as pessoas. Acabou porque trouxe de volta a inflação, que é maior perversidade que se pode fazer contra o trabalhador brasileiro. Quebrou o Estado. Quebrou o Brasil a ponto de o Governo não ter mais condições, hoje, de pagar o abono salarial dos trabalhadores. Essa medida recente em relação a abono salarial é o retrato final de um Governo incompetente, perverso e que quebrou o País para ganhar a eleição a todo custo e a qualquer preço. Essa é a realidade.

(Manifestação da galeria.)

(Soa a campainha.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) -A petezada não se conforma, vai morrer vaiando. Vocês vaiam aqui dentro porque aqui há espaço para receber essas vaias, mesmo com a frouxidão da Presidência, que não cumpre o Regimento - sim, desculpe a expressão, mas o Regimento está sendo descumprido aqui de forma absoluta, com a sua visão cândida -, então os petistas podem vir para cá vaiar, porque vocês serão vaiados nas ruas do Brasil, como estão sendo.

(Manifestação da galeria.)

(Soa a campainha.)

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Podem vir vaiar...

            O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu queria informar...

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - ... porque vocês continuarão sendo vaiados nas ruas do Brasil.

            Golpe, eu insisto, é o que o Governo da Presidente Dilma Rousseff fez com o povo brasileiro. Vamos fortalecer as instituições. Não vamos nos intimidar. Não vamos recuar. Não vamos nos acovardar. Não vamos nos dobrar diante deste Governo perdulário, corrupto, incompetente, que trás tanto infelicidade ao povo brasileiro.

(Manifestação da galeria.)

            O Sr. Gladson Cameli (Bloco Apoio Governo/PP - AC) - Senador Cássio. Senador Cássio Cunha Lima, um aparte, por gentileza.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Senador Cameli, com prazer.

            O Sr. Gladson Cameli (Bloco Apoio Governo/PP - AC) - Sr. Presidente e Senador Cássio Cunha Lima, nós pedimos, um tempo atrás, que se abrissem as galerias para o pessoal entrar, por estarem vazias, e os membros do Ministério Público estavam aqui querendo fazer uma reivindicação.

(Manifestação na galeria.)

            O Sr. Gladson Cameli (Bloco Apoio Governo/PP - AC) - Nós pedimos, solicitamos à segurança que abrissem as galerias. Ao mesmo tempo, isso não lhes dá o direito de vaiar. E digo isto porque sou um dos responsáveis por esse fato, Senador Cássio Cunha Lima. Nós temos que respeitar o orador na tribuna do Senado. Aqui é uma Casa democrática.

(Manifestação na galeria.)

            O Sr. Gladson Cameli (Bloco Apoio Governo/PP - AC) - Então, eu queria reiterar à Presidência desta Casa que eu solicitei, visto que as galerias estavam vazias há duas horas, que adentrassem os funcionários do Ministério Público da União para fazerem suas reivindicações. Agora, não podemos atrapalhar o Senador que está na tribuna do Senado Federal discursando, externando o que sente. Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. Bloco União e Força/PTB - PI) - Senador Cássio, um minutinho.

            Acolhendo a observação do Senador Cássio Cunha Lima, eu me permitiria ler para os senhores e senhoras na galeria o art. 184, Da Assistência às Sessões, do Regimento Interno desta Casa.

            O artigo diz o seguinte:

É permitido a qualquer pessoa assistir às sessões públicas do lugar que lhe for reservado [esse que está reservado para todos vocês, em atendimento a um pleito do Senador Gladson Cameli], desde que se encontre desarmada e se conserve em silêncio, sem qualquer sinal de aplauso ou de reprovação ao que nela se passar.

            Portanto, os senhores e as senhoras estão se havendo nesta Casa, contrariando o Regimento dela. Ou seja, se persistirem dessa forma, seremos obrigados a cumprir o que dita o Regimento da Casa e pedir para os senhores desocuparem os assentos que estão ocupando neste instante. Não quero fazer isso.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - São todos muito bem-vindos, aplaudindo ou vaiando. Apenas, nós estamos fazendo um debate sério, grave, de um momento extremamente importante do Brasil, e o Regimento da Casa deve ser cumprido, porque quem descumpre Regimento descumpre lei, descumpre Constituição. É a partir do descumprimento de um simples Regimento que fica o exemplo, e é no mau exemplo, como vem acontecendo com o Governo do PT, que o Brasil vive toda essa infelicidade.

            O Sr. Aécio Neves (Bloco Oposição/PSDB - MG) - V. Exª me dá um aparte, nosso Líder Cássio?

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Concedo, com muito prazer, Senador Aécio Neves.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Sr. Presidente; Sr. Presidente, e o tempo? Ainda há gente para falar, está há meia hora já, já passou do tempo.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Eu concedo o aparte ao Senador Aécio Neves.

            O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. Bloco União e Força/PTB - PI) - Só uma informação ao Governador Valdir Raupp. O plenário estava vazio, Senador Raupp; então, a partir de agora, nós vamos limitar o tempo.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Não faz nem meia hora que V. Exª chegou ao plenário, Senador Raupp. Tenha um pouco de paciência.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO. Fora do microfone.) - Eu estava acompanhando pela TV no meu gabinete.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Sim, mas quem estava aqui testemunhou que o Senador Paim estava na tribuna para segurar o quórum, eu disse que me inscrevia para manter o quórum, o Senador Paim está aqui para testemunhar.

            Vou ouvir o Senador Aécio, vou ouvir o Senador Paulo Bauer, que me pediu um aparte, e depois concluo o meu pronunciamento.

            O Sr. Aécio Neves (Bloco Oposição/PSDB - MG) - Todos terão oportunidade, Senador Raupp, que também sempre traz intervenções importantes neste plenário e terá a oportunidade de se manifestar. Eu serei bastante breve, Senador Cássio, mas não posso deixar, de alguma forma, de trazer aqui um sentimento que não é da oposição brasileira, não é apenas dos Srs. Senadores ou dos Srs. Deputados que já vêm se manifestando desde o início desta manhã; acho que é um certo sentimento de perplexidade de uma parcela importante da sociedade brasileira, que acorda hoje e vê, nos principais jornais do Brasil, lideranças do Partido dos Trabalhadores que, em vez de se esmerarem em justificar as denúncias que ocorrem, por exemplo, junto ao Tribunal de Contas da União, dando conta de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, ou em vez de se apressarem em ouvir, por exemplo, os depoimentos que o Tribunal Superior Eleitoral se prepara para fazer em relação à utilização de dinheiro ilícito na campanha eleitoral, fazem um discurso quase que uníssono de que a oposição é golpista, de que a oposição planeja um golpe no País. Meu Deus! O que fez a oposição no último domingo, na sua convenção democrática, alegre, uma festa de convergência daqueles que não concordam com aquilo que vem acontecendo no Brasil e vêm denunciando, há muito e muito tempo, os desmandos, seja na economia, seja na Petrobras, enfim, em todas as áreas de responsabilidade do Governo? O que nós dissemos - V. Exª, inclusive, com um belo pronunciamento na convenção - e tantos outros de nós é que nós devemos, no Brasil de hoje, preservar as nossas instituições. Vamos permitir que o Tribunal de Contas cumpra com a sua função constitucional. Ele pode tanto aprovar, quanto reprovar as contas da Presidente da República. Não há um julgamento feito ainda, até porque houve a abertura de um tempo maior para que a Presidente possa se defender. Por outro lado, os outros tribunais, como o Tribunal Superior Eleitoral, estão ali também cumprindo com o seu papel, e cabe à oposição ser guardiã das nossas instituições, para que não aconteça aquilo que querem alguns membros do Partido Trabalhadores: submeter essas instituições, pilares fundamentais da democracia, à conveniência do governo de plantão. Quero dizer que me surpreendi muito com declarações hoje, no jornal O Globo, de Parlamentares do PT que disseram, em síntese, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o seguinte: “Que história é essa de a Polícia Federal ter essa autonomia? A Polícia Federal tem que se curvar ao poder constituído, ao poder que teve votos!” Meu Deus! Que País é esse que essas lideranças querem construir, em que uma Polícia Federal, depois que há uma eleição, não investigue aqueles que estão no poder e os amigos do poder, independentemente de terem cometido crimes? Investiga-se quem? A oposição. Não, as instituições não são de um governo. Eu quis dizer isso várias vezes durante a campanha eleitoral e parece que não fui compreendido. Essas instituições pertencem ao Estado democrático, são uma conquista de todos nós, porque os governos, Sr. Presidente, Senador Paulo Bauer, os governos vêm e vão. Daqui a pouco - não importa se é em 2018, quando for -, esse governo vai passar. Mas as nossas instituições não podem ser solapadas, constrangidas, manietadas, como buscam fazer algumas lideranças do PT, certamente surpreendidas, algumas, outras nem tanto, pelo volume das acusações que todo dia chegam em relação à má conduta de dirigentes desse Governo. No último domingo, com o apoio de V. Exª - e aqui, de público, agradeço aos inúmeros Senadores que lá estiveram -, fui eleito, mais uma vez, presidente do PSDB, o maior Partido de oposição do Brasil. Cumpriremos com o nosso papel, com serenidade, com responsabilidade, mas também com absoluta coragem. Aqueles que acham que podem constranger as instituições que defendem, no Brasil, o Estado de direito encontrarão no PSDB - e, tenho certeza, em outros Partidos da oposição - uma oposição clara e dura. Se existe golpe, é daqueles que não respeitam o legítimo e pleno funcionamento dessas instituições, que, repito, não são patrimônio de um partido, muito menos de um governo, são da sociedade brasileira. Por isso, cumprimento V. Exª. Estamos prontos para travar aqui neste plenário o debate, no mais alto nível, sobre todos os temas, em especial os da economia, que vem levando a desemprego recorde no País, inflação fora de controle e crescimento negativo da nossa economia. E a obra, o conjunto dessa obra é de responsabilidade exclusiva do Governo do PT e da Senhora Presidente da República. Muito obrigado, Senador Cássio.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Agradeço, Senador Aécio, o aparte de V. Exª, que incorporo ao meu pronunciamento.

            Para finalizar, Sr. Presidente, escuto o Senador Paulo Bauer. Após o aparte do Senador Paulo Bauer, vou concluir o meu pronunciamento, para que o Senador Valdir Raupp possa ocupar a tribuna.

            O Sr. Paulo Bauer (Bloco Oposição/PSDB - SC) - Senador Cássio Cunha Lima, V. Exª, como Líder da nossa Bancada, faz um brilhante pronunciamento nesta tarde. Aborda todos os problemas que o Brasil está enfrentando, cita, sem nenhuma dificuldade - porque os fatos estão aí postos publicamente pela imprensa, pelos órgãos policiais, pelo Judiciário em todas as suas esferas -, todas as mazelas do Governo do PT, todas as irregularidades do Governo do PT. O curioso, Senador Cássio Cunha Lima, é que, há 2 ou 3 anos, o que se ouvia nesta Casa e o que ouvíamos dos Parlamentares do PT era sempre uma comparação entre o que o PT faz e o que se fez no governo Fernando Henrique. Eles sempre diziam que eram melhores do que o governo Fernando Henrique nesta e naquela condição. Passados mais de 12 anos, nós já não vemos as ações do Governo do PT produzirem resultados como eles imaginavam que pudessem produzir. E, por isso, aliado a problemas de corrupção, aliado a problemas de má gestão e, principalmente, de utilização indevida de recursos em momentos eleitorais, obviamente, eles já não podem mais culpar outros dos seus equívocos e das irregularidades que os cercam; então, resolvem eleger a oposição, como aqui bem citou o Senador Aécio, como sendo alguém que está praticando um crime contra a Pátria. Nós, não! Nós, da oposição, sempre estivemos aqui, na mesma postura e na mesma linha, ajudando o Brasil, fazendo oposição para ajudar o Brasil. Agora, se eles erraram, eles que assumam a sua responsabilidade, que respondam pelos seus erros e assumam as consequências deles! Ontem, nesta mesma tribuna, eu disse que confio na Justiça Eleitoral, que é capaz de cassar vereadores, prefeitos e governadores. Por isso mesmo, se irregularidades existiram na eleição da Presidente da República, elas devem ser sanadas e resolvidas com novas eleições; senão não tem como respeitarmos a lei e a Justiça no País.

            O SR. CÁSSIO CUNHA LIMA (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Agradeço igualmente, Senador Paulo Bauer, pelo seu aparte, que, da mesma forma, incorporo ao meu pronunciamento.

            Concluo, Sr. Presidente, agradecendo a tolerância do tempo, e relembro, neste instante, que hoje faz três anos da morte do meu pai, Ronaldo Cunha Lima. Em respeito à memória dele, continuarei lutando, com coragem, firmeza, altivez e determinação, por um Brasil e por uma Paraíba melhores. Tenham certeza disso.

(Soa a campainha.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/07/2015 - Página 190