Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa com o desenvolvimento das investigações na "Operação Lava Jato".

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Expectativa com o desenvolvimento das investigações na "Operação Lava Jato".
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2015 - Página 535
Assunto
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • EXPECTATIVA, CONTINUAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, HIPOTESE, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ENFASE, POSSIBILIDADE, PARTICIPAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Oposição/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Reguffe, não precisarei usar todo o tempo que me cabe.

            Quero, novamente, parabenizá-lo pelo projeto. Isso vai dar a todos os brasileiros uma noção da situação em que se encontra a saúde do nosso País, por falta de vontade política do Governo Federal de aumentar os recursos para a saúde - o que aqui já discutimos há bastante tempo - e diminuir os seus custeios, as despesas. São R$495 bilhões por ano só para custeio da máquina administrativa do Governo brasileiro.

            Venho hoje, Senador Reguffe, Srªs e Srs. Senadores, fazer um pronunciamento a respeito da última fase da Operação da Lava Jato, da 14ª fase da Lava Jato.

            A nova fase da Operação Lava Jato pôs Luiz Inácio Lula da Silva no centro das atenções e na mira da Justiça. Bastou a Polícia Federal prender dois dos mais poderosos empreiteiros do País, e de ligações muito próximas com o ex-Presidente da República, para que o petista pusesse em marcha uma estratégia para sair do fogo cruzado.

            Lula sabe que é o alvo da vez e age.

            A prisão dos Presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, ocorrida na sexta-feira, suscitou a interpretação de que as investigações do Ministério Público escalaram mais alguns degraus e se aproximam do topo da cadeia alimentar. Estaria, pois, perto de chegar a quem, de fato, mandava em todo o esquema.

            No próprio entorno de Lula passou a circular a sensação de que ele - abro aspas - “seria o próximo alvo” - fecho aspas - dos juízes que investigam a roubalheira nas estatais, tendo a hoje combalida Petrobras no epicentro dos desvios bilionários.

            Quem mais se beneficiou do esquema foi o ex-Presidente, tanto na sua gestão quanto na de sua pupila, tanto no Governo quanto fora dele. Bastou o foco criminal virar-se contra ele para Lula ensaiar, desde o fim da semana passada, um movimento para tentar mudar a direção das atenções.

            Primeiro, num encontro com religiosos, e, depois, numa palestra pública, o ex-Presidente tenta, agora, transformar a discussão sobre o enfraquecimento do PT no centro do debate. Para Lula, o PT está - abro aspas - “no volume morto, está velho e pensa só em cargos” - fecho aspas.

            É bem diferente do que ele dizia há apenas duas semanas a seus liderados reunidos durante o congresso nacional do Partido em Salvador - abro aspas: “O PT continua vivo, bem vivo” - fecho aspas. Resta evidente que, com a mudança de foco, Lula busca sair da alça de mira.

            Como é que, há duas semanas, se referia ao Partido dos Trabalhadores como estando bem vivo e fortalecido, que continuava vivo, e agora, ele se refere ao Partido dos Trabalhadores como estando no volume morto - tanto o Partido, quanto ele próprio e a Presidente -, estando velho, e só pensando em cargos?

            Esse “pensa só em cargos”, Senador Reguffe, é o aparelhamento que o PT faz da máquina pública. Isso nós já sabemos há 12 anos - há 12 anos! -, mas agora é o ex-Presidente Lula, a liderança maior do PT, que diz de própria voz que o seu Partido só pensa em cargos. Ou seja, ele realmente aparelhou o Estado brasileiro, o que nos levou a esta situação em que nos encontramos agora, que leva os brasileiros a passarem por uma crise que é econômica, sim, é financeira, sim, é de empregos, sim, mas é principalmente uma crise ética que assola o nosso País.

            Fato é que interessa menos discutir o esfacelamento do PT no momento em que o Partido é o que mais perde filiados e atrai a menor parcela de simpatizantes em décadas. O que importa agora é esclarecer a participação do ex-Presidente e líder-mor petista no esquema criminoso que assaltou o País nos últimos anos. Interessa menos se a crítica de Lula incomoda Dilma ou desnuda fragilidades de seu Governo. Para perceber o óbvio, a população não precisa de tradutores. A reprovação à atual gestão e a consciência das agruras do dia a dia são latentes na maioria dos brasileiros. Só não enxerga a crise atual quem não quer, e a crise moral atingiu frontalmente a economia, cujos indicadores macro estão aí a expor a fragilidade de um Governo sem direção: a alta de juros, de inflação e desemprego, tendo na outra ponta queda do PIB, e sem perspectiva no curto prazo.

            Lula pode querer debater seu Partido com seus filiados, mas antes precisará explicar-se a juízes, investigadores e à sociedade brasileira, tanto mais fique comprovado que o esquema que pôs o Estado a serviço de seu projeto político foi arquitetado por ele desde o mensalão.

            A hora agora é de prestar contas com a Justiça e não de esticar o PT no divã, para o que sobrará tempo suficiente quando o Partido estiver apeado do poder.

            Que o número 1 petista apareça, com toda a sua verve que lhe é peculiar, para esclarecer para o PT e para o povo brasileiro o que fazia o Brahma para as grandes construtoras do Brasil. Isto, aos telespectadores da TV Senado e aos ouvintes da Rádio Senado, é o petista número 1, o líder maior do Partido dos Trabalhadores, que tem de vir esclarecer a todos os brasileiros e para o próprio PT o que fazia o Brahma para as grandes construtoras do Brasil.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2015 - Página 535