Discurso durante a 109ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de debates temáticos destinada a debater a participação da Petrobras na exploração do pré-sal.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
INDUSTRIA E COMERCIO:
  • Sessão de debates temáticos destinada a debater a participação da Petrobras na exploração do pré-sal.
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2015 - Página 63
Assunto
Outros > INDUSTRIA E COMERCIO
Indexação
  • CRITICA, PROJETO DE LEI, AUTORIA, JOSE SERRA, SENADOR, ASSUNTO, PROPOSTA, FLEXIBILIDADE, CONTRATO, PARTILHA, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, REGIÃO, PRE-SAL, ENFASE, POSSIBILIDADE, PREJUIZO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Sem revisão do orador.) - Presidente, Senador Lindbergh; Srªs Senadoras, Srs. Senadores, público presente, telespectadores da TV Senado, da Rádio Senado, quero saudar os nossos palestrantes que compõem a Mesa, os que já foram. Não tenho dúvida de que esta sessão temática findou contribuindo, substancialmente, para uma grande compreensão dessa proposta, dessas proposições.

            E aqui querer discutir a parte técnica, operacional, etc. é chover no molhado, porque acho que foi muito bem colocado pelas diversas pessoas que aqui se sucederam nesta tribuna. Mas há coisas que precisamos, naturalmente, destacar.

            Eu vi, por exemplo, o Senador Ferraço concluir o relatório dele. Ele entrou, de certa forma, tímido e saiu constrangido. Constrangido pelo dados, pelos acontecimentos. Eu vi naquela hora, Senador Ferraço, como as festas de Boi-Bumbá. O Boi-Bumbá, Senador Aziz, os vaqueiros, a festa... Eles passam dias fazendo eventos, comemorando, declarando amor àquele boi, que, no final, tem de morrer. Alguém tem de matá-lo. E o vaqueiro vem, chora, beija o boi e o mata. Eu imaginei isso no relatório do Senador Ferraço.

            O Senador Serra, sem nenhuma dúvida, também seguiu esse trilho, porque as sucessões de manifestações aqui deixaram isso de forma muito clara.

            Sabemos que o Chico Xavier fazia as psicografias do além, daqueles que partiram. E chegou às minhas mãos que, em 5 de maio de 1940, Monteiro Lobato fez uma carta ao Getúlio, falando do petróleo. Isso o levou à cadeia. E nós temos o Chico que o Brasil quer. Há o Chico Xavier, que fazia as psicografias. E chegou em minhas mãos uma carta entre Lobato e Getúlio Vargas sobre o Senado, sobre esse exato momento. A carta é muito grande, e, se formos lê-la toda, claro que vamos tomar um tempo. Mas é importante. A vida é assim: você leva nove meses para nascer, mas morre em fração de segundos.

            Como aqui o Senador Serra teve mais de 20 minutos para tentar matar a Petrobras, eu quero me dar o direito de ter mais tempo para salvar a Petrobras.

            Não vou entrar em toda a carta. Acho que vou dá-la como lida. Mas quero aqui falar sobre uma parte dela. Antes de citar essa parte, é claro que fizemos aqui uma proposição.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, venho a esta tribuna hoje defender a Petrobras. Uns poucos larápios assaltaram os cofres públicos dessa empresa. Outros, aproveitando o momento de fragilidade, querem vendê-la. Ora, se o paciente está doente, vamos matá-lo ou vamos curá-lo?

            Estão querendo matar a Petrobras, em vez de unirmos forças e salvar e curar a nossa maior empresa. Não estamos falando de qualquer empresa. A Petrobras é a maior empresa brasileira, ela é a 8º empresa responsável por tudo o que é produzido anualmente no Brasil, responsável por 98% de toda a gasolina.

            Sr. Presidente, esse assunto foi falado aqui várias vezes, e eu não quero repetir, para não ficar cansativo. Mas vir a esta Casa, num só dia, numa só sessão, pegar a maior empresa brasileira, que nos orgulha, e contar essa história de que a Petrobras está quebrada, de que a Petrobras não está aparelhada, de que a Petrobras não vai explorar o petróleo?

            Eu faço minhas as palavras do Senador Requião e, cada vez mais, eu bato palmas para Deus. Como Ele é sábio! E, como é superssábio, vai morrer sábio. As grandes conquistas do homem Ele bota no subsolo.

            Quantos países foram invadidos? Quantos governantes foram depostos pelo ouro e, hoje, pelo petróleo?

            Neste momento, a questão do petróleo avança, e eles vêm querendo descaracterizar a nossa Petrobras, que conseguiu encontrar, lá no fundo do mar, uma quantidade que aqui já foi extremamente explorada. Eles querem chegar com a facilidade de uma estrada construída, cujo bandeirante foi a Petrobras, e querem só aproveitar a pegada para levar a nossa riqueza.

            Então, sem nenhuma dúvida, acho que esta Casa reagiu - reagiu com amor, reagiu com responsabilidade, com brasilidade, com soberania. O petróleo é nosso, sim, e sabemos onde explorá-lo e onde colocá-lo. O Brasil precisa, mais do que nunca, Senador Requião, de explorar esse petróleo aí no pré-sal, porque isso é 13% do PIB brasileiro, é a de riqueza de que, neste momento, jamais poderemos abrir mão.

            Portanto, Sr. Presidente, vou dar as cartas como lidas, as duas, para fazer constar dos autos a minha proposição. E queria aqui fazer um apelo, um apelo ao Presidente Renan, aos Líderes partidários, a todos os Senadores e Senadoras. Não estou aqui jogando para a plateia, mas nove anos de espera dos servidores que estão aí...

(Manifestação da galeria.)

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - ... Esperando esse compromisso assumido? De hoje, eu acho que isso não pode passar!

(Manifestação da galeria.)

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Esta Casa tem a obrigação moral de responder a esses servidores. E nós vamos estar aqui, sim, Sr. Presidente, atentos.

(Manifestação da galeria.)

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - É mais do que justo.

            Então, Sr. Presidente, quero concluir a minha fala com um frágil cordel que fiz, Sr. Presidente, sentado ali vendo as coisas acontecerem. O cordel é mais ou menos assim:

O Serra, do asilo ao glamour

Foi Secretário, Prefeito, Ministro e Governador

Nesses cargos, ele se destacou

Mas, como Senador, virou um franco-atirador

Assustado pelas pressões, o pré-sal ele matou

O petróleo não é mais nosso

Aos estrangeiros ele o entregou

Mas o Serra se enganou

O povo brasileiro é maior do que qualquer um traidor

Viva o Brasil!

(Manifestação da galeria.)

 

DOCUMENTOS ENCAMINHADOS PELO SR. SENADOR TELMÁRIO MOTA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

Matérias referidas:

- “Lobato, Vargas e o Senado na hora decisiva do Pré-Sal”;

- Carta que motivou a prisão de Lobato e seu julgamento pelo TSN. São Paulo, 5 de maio de 1940.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2015 - Página 63