Pela Liderança durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do pioneirismo de Cuba em eliminar a transmissão de HIV e sífilis da mãe para o filho; e outro assunto.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Registro do pioneirismo de Cuba em eliminar a transmissão de HIV e sífilis da mãe para o filho; e outro assunto.
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2015 - Página 203
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • REGISTRO, RECONHECIMENTO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, PIONEIRO, ELIMINAÇÃO, TRANSMISSÃO, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), SIFILIS, MÃE, DESTINATARIO, FILHO, COMENTARIO, CONTRIBUIÇÃO, SAUDE, AMBITO, MUNDO.
  • ELOGIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), MOTIVO, CRIAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO, CAMPANHA, PROMOÇÃO, IGUALDADE, HOMEM, MULHER, AMBITO, MUNDO, COMENTARIO, CONTRIBUIÇÃO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, POLITICA, TRABALHO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras.

            Sr. Presidente, eu venho à tribuna neste dia para tratar de dois assuntos que dizem respeito à sociedade brasileira, que dizem respeito à população do mundo, sobretudo às mulheres. Primeiro, eu quero destacar o fato de que Cuba foi reconhecida pelas Nações Unidas como o primeiro país a eliminar, Senador Collor - V. Exª não sabe da alegria com que eu trago essa notícia -, a transmissão de HIV (aids) de mãe para filho. Esse é um dado fundamental, um comunicado que foi feito à imprensa pela Organização Mundial da Saúde, um comunicado que diz que hoje... Ou foi dia 30 de junho, ontem, portanto. No dia de ontem, foi o primeiro país do mundo a receber a validação pela Organização Mundial de Saúde de que eliminou a transferência mãe e filho de HIV e sífilis.

             “A eliminação da transmissão de um vírus é uma das maiores conquistas possíveis na saúde pública”, disse Margaret Chan, Diretora-Geral da Organização Mundial de Saúde. Aí eu abro aspas. Disse ainda Margaret Chan: “Esse é um passo importante na nossa longa luta contra o HIV e doenças sexualmente transmissíveis e um passo importante para uma vitória de uma geração livre da aids”, acrescentou. “Esta é uma celebração para Cuba e uma celebração para as crianças e famílias em todos os lugares. Isso mostra que o fim da epidemia de aids é possível e esperamos que Cuba seja o primeiro de muitos países” que vêm buscar a validação, que eles tenham concluído suas epidemias entre as crianças, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo da Unaids.

            Senador Humberto, nós - V. Exª, eu, assim como alguns Deputados Federais -, que acompanhamos o Ministro Chioro num congresso internacional sobre saúde pública realizado recentemente em Cuba, para nós, essa é uma alegria muito grande, porque nós percebemos que, apesar de todas as dificuldades econômicas, políticas que o país enfrenta, nunca eles abandonaram os seus desafios de seguir construindo uma sociedade onde a população seja absoluta prioridade e nunca deixaram de perseguir avanços importantes, sobretudo na área da saúde - em todas as áreas sociais, mas a área da saúde é uma área a que eles têm um apreço fenomenal, Sr. Presidente. E os indicadores da saúde pública em Cuba retratam exatamente esse grande esforço de uma população sofrida, de uma população pobre, de uma população que sofreu e está em vias de pôr fim a um embargo econômico, que não foi o país que sofreu, mas a própria população.

            Depois de 50 anos de um embargo e de muitas dificuldades, um país pequeno como Cuba, sem ter uma economia radiante, sem ser grande produtor de quase que nada, tem a grande geração de renda a partir da venda dos serviços, e serviços a partir da formação da população.

            Recentemente, foi um grupo de Senadores e Deputados a uma reunião do Parlatino, em Cuba, e eles voltaram um pouco surpresos pelo fato de que os serviços é uma das maiores fontes de renda de Cuba. Que serviços seriam esses? Serviços de profissionais, de médicos cubanos que atuam em vários países do mundo, de professores - Caetano, vocês companheiros da FUC que aqui estão - que atuam em vários países do mundo.

            É fato que muitos profissionais - engenheiros, médicos, odontólogos - não conseguem em Cuba trabalhar em suas profissões, buscam no mercado internacional, juntamente com o Estado de Cuba, e assim levam divisas para o país, mas aqueles que ficam em Cuba - a gente percebe -, motoristas de táxi, garçons, garçonetes, são todos pessoas que têm nível superior. E nós aqui, no Brasil, um país dessa grandeza e riqueza que é a nossa Nação, ainda buscamos um número mais expressivo na escolaridade e na formação da nossa gente.

            Portanto, Sr. Presidente, eu tenho aqui um longo pronunciamento a respeito desse fato, e digo: é importante para Cuba, mas é importante para todo o mundo, porque há um esforço global, no âmbito das Nações Unidas e no âmbito da Organização Mundial de Saúde, para cessar e impedir a transmissão entre mãe e filhos de HIV e de aids, que é algo terrível. E Cuba ser o primeiro país do mundo a alcançar esse feito é algo que merece, de nossa parte, um registro e, muito mais do que isso, uma saudação ao governo e ao povo cubano, porque, a cada ano, Sr. Presidente, cerca de 1,4 milhão de mulheres vivem com HIV e engravidam no mundo. Se a doença não for tratada, as crianças que nascerão terão chance entre 15% e 45% de serem contaminadas, tanto pelo vírus do HIV como pela sífilis. Então, esse risco reduzido a menos de 1% com o uso de antirretrovirais, com o uso de medicamentos, é algo que vem sendo buscado no mundo inteiro.

            E Cuba, essa pequena ilha, Sr. Presidente, é o primeiro país que alcança esse feito. Espero que, após Cuba, venham várias outras nações do mundo, inclusive nós.

            Mas, Sr. Presidente, outro assunto que me traz a esta tribuna - eu disse que falaria sobre duas questões relativas às mulheres - trata do movimento e da campanha desenvolvida pela ONU Mulheres, que é denominada HeForShe. He for she, expressão, na língua inglesa, que significa eles por elas. O movimento ElesPorElas, HeForShe, de solidariedade das Nações Unidas, da ONU Mulheres, pela igualdade de gênero, foi lançado em setembro de 2014, durante a Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

            Criado pela ONU Mulheres, a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, o movimento é um esforço global para envolver homens e meninos na remoção de barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir o seu potencial e ajudar homens e mulheres a modelaram juntos essa nova sociedade, essa sociedade onde a mulher não seja mais vítima de qualquer forma de discriminação.

            O alcance da igualdade de gênero requer uma abordagem inclusiva que reconheça o papel fundamental dos homens e meninos como parceiros dos direitos das mulheres e detentores de necessidades próprias, baseadas na obtenção desse equilíbrio.

            O movimento HeForShe, ElesPorElas, convoca homens e meninos como parceiros igualitários na elaboração e implementação de uma visão comum da igualdade de gênero, o que deverá beneficiar a humanidade. Nenhum país do mundo alcançou igualdade entre mulheres e homens, nem entre meninos e meninas. E as violações aos direitos das mulheres e meninas ainda são um ultraje.

            Por isso, temos que aproveitar as lições aprendidas e a certeza de que a igualdade a favor das mulheres leva ao progresso de todas e de todos. “Temos que avançar com determinação e coragem”, disse Phumzile Mlambo-Ngcuka, que é a Diretora Executiva da ONU Mulheres. Desde o seu lançamento, centenas de milhares de homens de todo o mundo, incluindo chefes de Estado e celebridades globais de todas as esferas, vêm assumindo um compromisso com a igualdade de gênero.

            Há alguns dias, eu li uma importante matéria, em um dos jornais de nosso País, dando conta de que o canal de televisão GNT e os jornalistas Marcelo Tas e Astrid Fontenelle estavam envolvidos e já tinham se disposto a desenvolver essa campanha no Brasil através do canal GNT.

            Nada mais é a campanha HeForShe - ElesPorElas - do que a luta contra a discriminação desenvolvida não só por mulheres, mas por homens também, Senador Collor de Mello, porque temos dito que é a luta pelo empoderamento das mulheres, a luta contra a violência que as mulheres sofrem, a luta contra as diferenças que a sociedade ainda impõem às mulheres. E muitos são os exemplos. Um deles está no mundo do trabalho, em que as mulheres têm um maior nível de escolaridade que os homens, mas ganham ainda quase 30% menos do que os homens e ocupam os cargos mais precarizados, Sr. Presidente.

            Então, há muito tempo, a gente vem dizendo que essa é uma luta que deve ser tratada não só por mulheres, mas por homens também, mesmo porque o machismo e a discriminação não partem somente dos homens. Muitas vezes, é a própria mulher, por uma carga cultural, uma formação cultural, sem ter uma convicção plena...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ... que acaba abraçando ideias e posicionamentos que são preconceituosos e discriminatórios em relação à mulher.

            A gente diz que existem diferenças entre homens e mulheres, diferenças naturais. Agora, nenhuma que justifique, por exemplo, que a mulher ainda ganhe menos no mercado de trabalho, que a mulher ainda não tenha espaço na representação política.

            Então, essa campanha mundial HeForShe - ElesPorElas -, eu não tenho dúvida nenhuma de que nos ajudará muito nessa nova etapa e nesse novo momento da luta das mulheres por uma sociedade mais justa, por uma sociedade mais igualitária, em que todas as mulheres estejam livres dos preconceitos e da discriminação.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2015 - Página 203