Pronunciamento de Fernando Collor em 01/07/2015
Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas à Procuradoria-Geral da República por suposto vazamento seletivo de informações da "Operação Lava Jato"e à revista Veja pela publicação destas informações.
- Autor
- Fernando Collor (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/AL)
- Nome completo: Fernando Affonso Collor de Mello
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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MINISTERIO PUBLICO:
- Críticas à Procuradoria-Geral da República por suposto vazamento seletivo de informações da "Operação Lava Jato"e à revista Veja pela publicação destas informações.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/07/2015 - Página 204
- Assunto
- Outros > MINISTERIO PUBLICO
- Indexação
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- CRITICA, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, MOTIVO, HIPOTESE, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÃO SIGILOSA, OPERAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), PUBLICAÇÃO, INFORMAÇÕES, PERIODICO, VEJA.
O SR. FERNANDO COLLOR (Bloco União e Força/PTB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Blairo Maggi; Srªs Senadoras; Srs. Senadores, na última segunda-feira, vim à tribuna para discorrer sobre os 25 anos do início de meu Governo como Presidente da República, dando ênfase às principais realizações durante os dois anos e meio em que tive a honra de estar à frente do Executivo Federal.
Na oportunidade, ressaltei também a postura e a determinação que sempre procuro ter e que sempre espero ter diante dos novos obstáculos que hoje se apresentam em minha trajetória política. Repito que minha luta é solitária, porém altiva e diligente. Repito que nada arrefecerá minha missão de sempre mostrar a face oculta de personagens e fatos que estão por trás dessa sórdida e continuada intenção de, mais uma vez, tentar denegrir minha imagem e minha honra.
Pois bem, Sr. Presidente, o que vemos de novo? Personagens e fatos se repetem. Grupelho do Ministério Público se mistura com os bandidos do folheto semanal Veja. É o mesmo cenário, o mesmo modus operandi, os mesmos atores, as mesmas instituições, as mesmas mentiras e, como sempre, o mesmo alvo.
Por isso, antecipo e alerto aos herdeiros do gangster Roberto Civita que haverão de arcar com nova indenização, maior do que aquela que já me foi paga, que, no caso, foi de R$1,5 milhão - diga-se que ainda devem uma parte -, pelas calúnias e difamações a mim dirigidas. Novamente haverão de pagar pelas calúnias, reiteradas e publicadas na edição desta última Veja, agora falando sobre a minha pessoa, dizendo de um tal “meu grupo”. Eu pergunto: “Que grupo?” Vem aí uma grande mentira, porque não pertenço a nenhum aludido grupo. Foi uma criação covarde, por não terem podido citar diretamente o meu nome, por absoluta ausência de fundamento.
Pois bem, segundo o folhetim Veja, esse tal “meu grupo” recebeu R$20 milhões do delator Ricardo Pessoa, mais uma mastodôntica mentira no que se refere à minha pessoa. Novamente os bandidos da Veja, em conluio com o Ministério Público, haverão de tomar prejuízo pelas pútridas matérias inventadas de forma compartilhada entre o delator e o grupelho do Sr. Janot.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que chama a atenção em toda essa brutal armação e que muitos fingem não enxergar é a repetição, é esse contumaz conluio firmado entre setores do Ministério Público sob o comando de Janot e o folhetim Veja.
Afinal, por que mais uma vez somente a Veja tem acesso aos vazamentos promovidos por Janot? Por que somente ela? Nenhum outro veículo se referiu aos depoimentos do empreiteiro investigado, a não ser replicando, repetindo a fétida matéria de Veja. Por que, enfim, esse folheto se presta tão servilmente de retrocanal para expelir a bílis do Procurador-Geral? Será que o Sr. Janot e seu grupelho discriminam ou têm algum preconceito com os demais veículos de comunicação? Ou será que ele aplica a seletividade também em relação aos meios? Até onde, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vai esse merecido casamento tão pulhador? Por que vazam seletiva e criminalmente? Por que insistem no embuste? Por quê?
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, alguns questionam, não entendendo a minha insistência em denunciar as mazelas infiltradas nessa relação cavilosa entre o grupelho do Ministério Público e parte dos grandes meios. A todos respondo o que sempre digo: não temo por nada, tenho minha consciência limpa, estou sereno para superar os obstáculos, aguerrido para lutar, como sempre fiz, até as últimas das últimas das últimas consequências.
A minha trincheira, de um lado está no campo político, e a minha resposta se dá nas urnas; de outro, a trincheira se volta para o campo jurídico, e minha resposta se dá nos tribunais. Meu propósito é e sempre será cumprir minha missão política, meu dever público, mas também desnudar as infectas entranhas das reprováveis práticas de obtenção das delações compartilhadas. Sim, porque não há mais dúvida de que as referidas delações são compostas pelo que falam os delatores e pelo que interessa ao grupelho do Sr. Janot adicionar a elas, de modo a formar algo com a falsa aparência de algo inteligível. Mas, não lograrão êxito, porque o fruto dessa associação bandida é um monstrengo estéril, que não procria e que, portanto, não convence aqueles com um mínimo de discernimento.
Ao final, estejam todos certos, a verdade prevalecerá, e a narrativa histórica haverá de ser revisada e reescrita. Reitero minha inocência, reitero minha retidão.
Era o que tinha a dizer por enquanto, Sr. Presidente.