Comunicação inadiável durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as consequências da crise econômica chinesa no Brasil, em especial no setor exportador do Rio Grande do Sul.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Preocupação com as consequências da crise econômica chinesa no Brasil, em especial no setor exportador do Rio Grande do Sul.
Aparteantes
Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2015 - Página 188
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • APREENSÃO, CRISE, ECONOMIA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, MOTIVO, INFLUENCIA, ECONOMIA NACIONAL, ENFASE, EXPORTAÇÃO, RIO GRANDE DO SUL (RS), COMENTARIO, IMPORTANCIA, PRODUÇÃO, CARNE, SOJA, BALANÇA COMERCIAL, DEFESA, NECESSIDADE, VIGILANCIA, INSTITUIÇÃO PUBLICA.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente, Senador Jorge Viana, colegas Senadores e Senadoras, a Senadora Vanessa acabou agora de descer da tribuna em que fez uma referência a essa reunião importante dos BRICS na Rússia.

            E hoje eu vi uma notícia, Senadora Vanessa, de que houve até um pedido de desculpas do governo russo, da área cerimonial e de protocolo, porque eles não se prepararam para fazer a tradução das reuniões para a língua portuguesa. Como eram os países que integram os BRICS, agora terão que ter, sim, porque se trata do Brasil, da Índia, da China, da Rússia e da África do Sul, exatamente. É compreensível. Não vamos com isso tirar o valor que teve a reunião e o peso que o Brasil tem nesse cenário.

            E aproveito até...

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senadora Ana, se V. Exª me permite, com a benevolência do nosso Presidente, eu tive a alegria de acompanhar o Presidente Renan na comitiva que instalou o Fórum Parlamentar dos BRICS, e lá não houve esse problema, porque a tradução era para todas as línguas, Senadora.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Foi muito bom.

            Isso aconteceu, é claro, também por ter sido no interior da Rússia. Então, é claro que, em Moscou, a capital, ou mesmo em São Petersburgo, as coisas são diferentes, mas é compreensível. Isso é apenas um detalhe nesse processo de integração, de se juntar os países que estão hoje numa posição estratégica, especialmente o caso da China.

            Aliás, nesta semana, a China foi alvo não só por conta desse encontro, mas por ter criado uma preocupação mundial, global, porque a China é o que se chama, Senador Cássio, de a fábrica do mundo. Então, um espirro na China é uma forte gripe ou até uma pneumonia em qualquer parte do mundo, inclusive na economia americana, que é a maior economia ocidental. Vejam só o impacto que tem.

            E aí eu faço uma analogia com as crises, porque estamos trabalhando com uma crise interna, e, daqui a pouco, vem uma bomba que foi, nas últimas três semanas, a queda violenta nas bolsas de valores, especialmente na de Xangai, que é o principal centro econômico e financeiro da China. Ora, uma crise econômica na China criaria um grande problema para o Brasil. Felizmente - e aí se louve a rapidez com que as autoridades chinesas trabalharam -, Senador Jorge Viana, hoje, de acordo com noticiário da Reuters, que é uma importante agência de notícias internacional, a bolsa de Xangai fechou em alta - não só a de Xangai, mas também da Ásia -, um dia depois das fortes quedas sofridas naquela região. Isso se deveu, basicamente, à decisão do governo chinês de vedar a venda das ações para conter a queda que já durava três semanas. O mercado vê alguns sinais positivos, mas, hoje, está longe de chamá-los de uma vitória para a equipe de resgate, já que mais da metade das empresas listadas não estão sendo negociadas no mercado, ou seja, uma grande preocupação continua no ar, mas, de qualquer modo, isso já se revelou eficaz, pelo menos no primeiro momento.

            Eu queria dizer que essa questão nos remete também a mantermos vigilância e cuidado sobre os riscos que qualquer turbulência na China representará. Eu falo especialmente do Rio Grande do Sul, um Estado que tem uma vocação exportadora. Para se ter uma ideia da importância do mercado da China, na última década, as exportações do Rio Grande do Sul para o mercado chinês, sobretudo de produtos agrícolas, cresceram 26,1% ao ano, acima da média nacional que foi de 23,8% ao ano. Desde 2004, o valor exportado pelo Rio Grande do Sul para a China, Senador Paulo Paim, disparou, alcançando mais de US$4,3 bilhões no ano passado. Isso é um valor apreciável para um Estado que precisa de desenvolvimento e geração de empregos. No Brasil, a alta foi sete vezes maior nesse mesmo período, totalizando mais de US$22,1 bilhões em exportação para a China. Isso reforça que a China é, atualmente, o principal parceiro comercial de nosso País.

            São receitas importantíssimas não só para meu Estado, mas também para a balança comercial do País que tem contado, dia a dia, com a especial e necessária contribuição do setor agropecuário brasileiro altamente competitivo. Graças à produção de soja e de carne, por exemplo, ainda é possível gerar renda e empregos em nosso País. Eu venho repetindo que, na prática, é o setor agrícola que não só vem dando contribuição, mas que é - inclusive lá no seu Acre, Senador Jorge Viana - a locomotiva da economia brasileira, mesmo em meio às crises política e econômica. Barreiras sanitárias que impediam o comércio estão sendo, aos poucos, superadas e precisam da efetiva intervenção do Poder Público e das instituições para se aumentarem a credibilidade e a confiança do Brasil internamente e, claro, no mercado comprador lá fora.

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - No fim de maio, por exemplo, o Governo brasileiro assinou com a China um acordo para pôr fim ao embargo no caso da importação de carne bovina. Desde dezembro de 2012, frigoríficos, inclusive do meu Estado, o Rio Grande do Sul, puderam aumentar as vendas para o mercado chinês com a habilitação de novas plantas. O Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, estima que, até o fim deste ano, o País poderá embarcar pelo menos 60 mil toneladas de carne, volume 253% superior ao exportado em 2012.

            O mercado chinês tem sido um aliado do Rio Grande do Sul e do Brasil. Por isso, a importância do fortalecimento das nossas relações e também da cooperação econômica cada vez maior. Nem sempre as crises dos mercados são passageiras...

(Interrupção do som.)

            A SRa ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Estou terminando. São as últimas frases (Fora do microfone.) deste modesto pronunciamento, Senador Jorge Viana.

            Nem sempre as crises dos mercados são passageiras, pois credibilidade e confiança não se conquistam da noite para o dia. A governança e a vigilância nas instituições públicas devem ser constantes. Só assim, teremos a segurança necessária para crescer, mesmo em tempos de crise.

            Eu queria também destacar o trabalho que a Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, vem fazendo em relação a insistir com os mercados importadores do Brasil no sentido da reabertura. Houve a visita da Presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, com, no caso específico da agropecuária, a reabertura da compra de carne bovina in natura, que é extremamente significativa e relevante. Então, nesses aspectos, não temos nenhum reparo a fazer, a não ser destacar que isso é realmente relevante.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2015 - Página 188