Discurso durante a 97ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2015 - Página 9
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, HOMENAGEM POSTUMA, ALOYSIO CAMPOS DA PAZ, MEDICO, FUNDADOR, ENTIDADE, ELOGIO, ATENDIMENTO, ENFERMEIRO, ENFASE, GESTÃO, HOSPITAL, TRATAMENTO, RECUPERAÇÃO, PACIENTE.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, primeiro, quero parabenizar V. Exª, Senador Cristovam, que sempre, nesta Casa, tem tido essa luz diferente. Depois quero falar do Senador Sarney, quero falar de todos.

            V. Exª foi muito feliz em ser o signatário desta sessão especial que hoje faz uma homenagem tão justa a um segmento da sociedade que passa, talvez, por uma das maiores crises deste País. Mas quero, antes, cumprimentar todos que compõem esta Mesa.

            Presidente Sarney, é uma honra enorme tê-lo aqui, compondo esta Mesa, é uma honra enorme para este País, para esta Nação.

            Eu lamento chegar Senador aqui, recente, e não encontrá-lo nesta Casa, porque sem nenhuma dúvida é uma fonte permanente, e esse privilégio é só do Senado Lobão; é um privilégio poder estar convivendo e bebendo da água da sua sabedoria, um homem que atravessou os momentos mais difíceis da política e da democracia. E Deus escolhe, há pessoas que são predestinadas, e o Senador Sarney, o Presidente Sarney é essa figura, um homem que tem mais de cinquenta anos ocupando cargos relevantes dentro da República brasileira, fez a transição democrática e tem selado contribuições que talvez somente Rui Barbosa tivesse tamanha competência para declinar aqui os valores democráticos e a importância da sua presença na democracia.

            Que Deus lhe dê muitos anos de vida ainda, porque o Brasil precisa sempre da sua presença, do seu conselho, da sua sapiência e da sua inteligência. Cadê as palmas para Sarney, ele não merece? (Palmas.)

            Essa é a vida dele; a vida inteira nesse sentido.

            Quero saudar também a Presidente do SARAH, a Srª Lúcia. Parabéns Lúcia!

            Quero saudar aqui o Ministro Carlos Átila, que é do Conselho; quero saudar o Ministro Sepúlveda Pertence, também ali uma presença importante; a viúva, Srª Elsita Coelho Campos da Paz e as demais autoridades.

            Quero saudar os Senadores presentes, o Senador Lobão, o Senador Wellington, que estão aqui neste momento. Quero aqui saudar também os familiares do Dr. Aloysio: Aloysio Campos Neto, que é filho; Isabella Campos, filha, que foi citada; Priscilla Campos, que também é filha; Maíra Campos da Paz, que é neta; Manoella, que é neta; Valeska, que é nora, e todo o corpo, presente aqui, que faz o SARAH acontecer.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, público presente, eu hoje me sinto, de certa forma, privilegiado de estar aqui na tribuna do Senado nesta tão justa homenagem. A minha mãe era indígena e empregada doméstica. Como ela era indígena, ela herdou dos pajés, que são aqueles médicos que não são médicos das comunidades indígenas, que acumularam ao longo do tempo uma sabedoria enorme...

            Agora nós tivemos o privilégio de aprovar nesta Casa a questão da biodiversidade, em que a gente vai valorizar esses conhecimentos. Ela, no final de sua vida, fazia da casa uma casa de oração, uma casa de distribuição de conhecimento. Diariamente, havia uma fila enorme de pessoas que iam ali pegar uma oração, um chá, um conselho. A saúde, sem nenhuma dúvida... Tudo é importante na vida do ser humano, a vida é o maior bem que Deus nos deu, mas a saúde é o carro-chefe dessa pujança, dessa vitalidade e da razão de viver. Então, fiz aqui uma singela lembrança da importância do Sarah na vida da humanidade, na vida brasileira, na vida das pessoas do nosso País.

            Coloco aqui, Sr. Presidente, que, quando a gente conversa sobre saúde pública no Brasil, logo a gente escuta: não presta, não funciona, não atende, nada acontece. Esse é o sentimento popular, mediano para mais do que mediano, é o primeiro sentimento que a gente tem, infelizmente, de um quadro generalizado, digamos assim, de todo o País. Mas, quando se fala do SARAH, a coisa é diferente, a história é outra, é o passo para o céu, é o passo da esperança, é o passo para restabelecer a saúde.

            Sou do Estado de Roraima, um Estado muito distante. Ali vejo uma peregrinação permanente de pessoas. Quando vou ao hospital, estive agora neste final de semana lá - na cidade, acontece muito acidente de carro, há muita moto, e os jovens são extremamente prejudicados -, e todos diziam: Senador, quero ir para o SARAH. Parecia que eu era o presidente do SARAH e que eu tinha um avião direto para o SARAH para trazê-los, pela credibilidade, pelo trabalho sério que é desenvolvido.

            Quero também aqui, no meio do meu discurso, saudar a nossa Senadora Ana Amélia, do Rio Grande do Sul, que está aqui presente.

            Portanto, sem nenhuma dúvida, o Dr. Aloysio Campos da Paz... Campos, como dizem os poetas - O Senador Hélio também aqui presente -, e o Senador Sarney deve gostar muito disso, campos é paz, é liberdade, é isso.

            E Paz? Teria nome melhor? Teria um nome melhor? Então, são as predestinações. Deus escolhe os Dele: aos grandes homens, às grandes mulheres os grandes desafios. Sem nenhuma dúvida, ao Dr. Aloysio coube esse grande desafio, esse grande modelo, esse grande exemplo que foi lutar pela qualidade que hoje temos na saúde do SARAH.

            Falando em qualidade, um bom atendimento, excelente atendimento, soluções para a saúde são a marca da Rede SARAH de Hospitais. A homenagem que fazemos hoje a essa instituição e a seu fundador, o Dr. Aloysio, é muito pequena, diante dos enormes serviços prestados por ambos ao Brasil.

            A Rede SARAH teve sua semente lançada com a criação da sociedade civil de utilidade pública Pioneiras Sociais, em 1956. Portanto, 60 anos. Em 21 de abril de 1960, o Centro de Reabilitação SARAH Kubitschek foi implantado pelas Pioneiras Sociais em Brasília, com inauguração realizada pelo Presidente da República, Juscelino Kubitschek.

            No ano de 1968, o Dr. Aloysio Campos da Paz Jr. tornou-se o Diretor do Centro de Reabilitação, iniciando um modelo revolucionário de gestão hospitalar pública no Brasil. Em 1980, sob seu comando, é fundada a Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação. Em 1993, a segunda unidade da Rede é inaugurada - e aí os Senadores Sarney e Lobão devem ficar muito felizes -, em São Luís, no Maranhão, para a felicidade do seu povo.

            Em 16 anos, sete outras unidades surgiram em capitais brasileiras: Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Macapá, Salvador, e Rio de Janeiro.

            Hoje, a Rede SARAH é referência mundial em reabilitação neurológica. Financiada com recursos da União, atendeu em 2014 mais de 1,5 milhão de pacientes por ano, 68% dos quais das classes C, D e E. Olha que importância, exatamente para aqueles que não têm como meter a mão no bolso e bancar o seu tratamento. E aí está esse hospital da mais alta qualidade, com os melhores profissionais, com o melhor desempenho, atendendo exatamente a classe mais necessitada do povo brasileiro. Mais de 98% das pessoas estão satisfeitas com o atendimento recebido.

            Ah, se a política fosse assim, não é? Estivesse com 98% de aprovação! Que sigamos esse caminho; que a política também siga esse caminho de buscar essa aprovação como a do SARAH. Agora, para acontecer isso, o político não pode roubar, não pode ser corrupto, tem que trabalhar para o povo e servir o povo, porque esta é a Campanha da Fraternidade hoje da Igreja Católica: servir. A política é para servir, e não para ser servida. Como o SARAH serve, tem uma aprovação dessa, que merece o aplauso de vocês agora, de 98%. (Palmas.)

            Entre esses pacientes satisfeitos, Sr. Presidente, Cristovam, encontramos inúmeros roraimenses, da minha terra amada, que são encaminhados a essa unidade, aqui em Brasília, da Rede, e também para o Maranhão, muitos vão para lá, porque hoje, graças a Deus, Roraima é dividida entre o povo maranhense e o povo roraimense, não é, Presidente Sarney? Então, sempre há um atendimento humanizado e de excelente qualidade. Aliás, por esta razão, um dos objetivos do mandato é levar para Boa Vista uma unidade do SARAH. Se Deus me abençoar e se der tudo certo, nós vamos colocar lá, sim.

            Senhoras e senhores, é impossível desassociar a Rede SARAH do seu fundador. O Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior fez da medicina mais do que uma profissão, um sacerdócio. Dedicou-se de corpo e alma a preservar e melhorar a vida de seus pacientes; focou todos os seus esforços em tratar os doentes não apenas como doentes, mas sobretudo com o coração recheado de humanidade.

            Reabilitar um paciente, para o Dr. Aloysio, envolvia enxergar a pessoa como um todo, como alguém que tem crenças, experiências e laços afetivos, e não só uma incapacidade física; era vê-la, antes de tudo, como um ser humano cheio de potencial e cheio de vida e devolvê-lo na plenitude da sua capacidade física.

            O viés humanista forma a base do trabalho da Rede SARAH, que tem entre seus princípios "trabalhar para que cada pessoa seja tratada com base em seu potencial e não nas suas dificuldades"; "transformar cada pessoa em agente da própria da saúde" e "viver para a saúde e não sobreviver da doença".

            Sonhador e realizador que era, o Dr. Aloysio teve a suprema habilidade de ser mentor de outros sonhadores, para levar adiante seu trabalho; sonhadores liderados desde 1994 pela Drª Lúcia - que está ali, cheia de graça, de alegria, por estar vendo esse grande reconhecimento -, neurocientista de renome internacional.

            Sr. Presidente Cristovam, perdemos um grande brasileiro no início deste ano, capaz de honrar adequadamente um homem, como foi o Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior.

            Por essa razão, encerro minha fala com uma frase que ele costumava dizer e que resume, a um só tempo, o seu humanismo e o senso de justiça:

            "Não admito chá de erva-doce para o pobre e tomografia computadorizada para o rico."

            Esse é o homem do povo que fez o Hospital SARAH à sua cara.

            Obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2015 - Página 9