Discurso durante a 97ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2015 - Página 11
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, HOMENAGEM POSTUMA, ALOYSIO CAMPOS DA PAZ, MEDICO, FUNDADOR, ENTIDADE, ELOGIO, FUNCIONAMENTO, HOSPITAL, GESTÃO, TRATAMENTO, RECUPERAÇÃO, PACIENTE.

            O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e autor deste requerimento, que, com certeza, enobrece cada dia mais esta Casa. Quero aqui saudar o Senador Cristovam Buarque, com ele também o nosso Presidente José Sarney, o nosso companheiro, o Senador Hélio José e também o Senador Telmário Mota, que foi um dos subscritores deste requerimento.

            Quero aqui saudar, em nome de toda a Rede SARAH Kubitschek, a Srª Lúcia Willadino Braga, que mostra toda a sua simpatia, mas com certeza também toda a sua dedicação frente a essa instituição.

            Quero também cumprimentar o Presidente do Conselho de Administração da Associação das Pioneiras Sociais, o Presidente do Tribunal de Contas da União de 1992 a 1993, o Sr. Carlos Átila Álvares da Silva.

            Também quero cumprimentar aqui o Sr. Ministro Sepúlveda Pertence - quem foi rei sempre é majestade. E quero também cumprimentar a viúva do médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, a Srª Elsita Lorlai Coelho Campos da Paz. E, em seu nome, gostaria de saudar também toda a sua família, todos os seus companheiros, todas as pessoas mais próximas, que conviveram tanto com o Dr. Aloysio.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, e todos aqueles que nos acompanham neste momento pela TV, pelo rádio, Agência Senado e também pelo site desta Casa e pelas redes sociais, quero aqui desejar um bom dia a todos os brasileiros que estão tendo oportunidade de estar assistindo a uma das sessões solenes mais merecidas já acontecidas aqui nesta Casa.

            "Viver para a saúde e não sobreviver da doença." Esse é um dos princípios estabelecidos pela Rede SARAH Kubitschek e que seguramente resume uma das mais notáveis gestões da saúde pública no Brasil, capaz de competir com as grandes unidades de saúde de todo o mundo.

            Hoje, eu me congratulo com todos os gestores, funcionários e colaboradores pela competente atuação do Centro de Reabilitação SARAH Kubitschek, que completou 55 anos este ano.

            Juntamente com a própria capital, a Fundação das Pioneiras Sociais criou esse moderno complexo de saúde, inspirado na visão do estadista Juscelino Kubitschek.

            Quero também me congratular com todas as pessoas e todos os familiares dos que já receberam atendimento e demonstraram apreço pelos profissionais que ali atuam, coerentes e sintonizados pelos princípios humanitários do inesquecível Dr. Aloysio Campos da Paz.

            Essa referência mundial, constituída pela Rede de Reabilitação do SARAH, tem se notabilizado pela sua dimensão humanista. Ali, a pessoa, em vez de ser paciente, é o sujeito da ação. Da recepção gentil, passando pela agilidade do atendimento, o que bem retrata a sua organização, até o carinho e a atenção ao paciente na hora de ser atendido, tudo é dimensionado, pensado e feito de forma a que nos transporta, sim, a imaginar que é possível fazer atendimento em saúde pública com qualidade e respeito ao cidadão.

            Ao contrário de outras visões hospitalares, cada um é visto pelo seu potencial, e não pelas suas dificuldades. Presenciamos esse modelo, gerenciado de forma tão eficiente pela Associação das Pioneiras Sociais, um grande serviço que é prestado à construção da nossa sociedade ao projetar uma visão positiva sobre quem é acometido por alguma incapacidade, ajudando a combater o preconceito contra aqueles que sofrem algum tipo de limitação.

            Na semana passada, diga-se de passagem, aqui, neste plenário, o Senado aprovou a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, agora em fase de sanção pela Presidente Dilma Rousseff. Com mais de cem artigos, esse Estatuto representa um passo gigantesco para resgatar uma das maiores dívidas sociais da nossa Nação.

            Quero aqui, inclusive, aproveitar esta oportunidade e felicitar todos os personagens que atuaram para a construção desta lei: o trabalho do Senador Paulo Paim, Presidente da Comissão de Direitos Humanos deste Senado, autor desse projeto; também a determinação da Deputada Mara Gabrilli, trabalhadora intensa dessa causa, na Câmara dos Deputados; e também o Senador Romário, que não mediu esforços para a aprovação desta matéria.

            E tive a felicidade de, como Deputado Federal, trabalhar naquela Casa e também aqui aprovar essa lei, que, com certeza, é um avanço muito grande, representa respeito a todos aqueles que merecem ter mais acessibilidade, merecem o respeito daqueles que, no dia a dia, não têm nenhuma limitação e que, às vezes, não compreendem, no cotidiano, no sinal de trânsito, na passagem de pedestre, a necessidade da ajuda ao próximo.

            Isso nos dá uma certeza: o Brasil caminha seguramente para a construção da tão sonhada sociedade justa e fraterna.

            Tais valores de respeito, por sinal, estão consolidados no já reconhecido mundialmente Método SARAH de Reabilitação, em que a participação da família e de todo o contexto envolvente são considerados fundamentais.

            Imaginem se esse não é o sonho de qualquer processo de recuperação da saúde: valorizar o que existe, e não o que falta para melhorar!

            Eu não poderia deixar de lembrar o quanto a inovação, a pesquisa e o valor da troca de experiências são incentivados na Rede SARAH. Somente com esse contínuo estimulo à criatividade - dos indivíduos e dos grupos -, é possível gerar tanta inovação a serviço do ser humano.

            O SARAH é, Sr. Presidente, uma das mais respeitadas e admiradas instituições médicas não somente do Brasil, mas de todo o mundo! Não são poucos os pacientes que a Rede SARAH recebe do exterior para serem tratados aqui, em nosso País, com tecnologia de ponta.

            Essa rede é, sem dúvida, uma das instituições que aumentam o nosso orgulho de ser brasileiro. É a prova inquestionável de que se pode fazer Medicina pública e de qualidade em nosso País, com absoluta seriedade, aprumo tecnológico e, sobretudo, uma fundamental dose de humanismo.

            São mais de 50 anos, nobres Colegas, provando que o Brasil tem tudo para ser um centro de desenvolvimento tecnológico e humano em diversos setores.

            E cada pessoa que lá foi tratada, cada vida que foi resgatada por meio do profissionalismo humanitário que consagrou a Rede SARAH fortalece a nossa crença no Brasil e em sua gente batalhadora.

            É claro que essa tradição mantida por seus dirigentes e colaboradores tem uma raiz das mais sólidas, nascida da semente plantada pelo Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, ainda em 1968, quando ali começou a atuar e a difundir sua experiência como diretor da instituição.

            Dou aqui meu testemunho: tive o prazer de ser atendido pelo Dr. Aloysio e posso testemunhar que o Brasil perdeu um ser, um profissional, um pai de família de imensurável competência. E digo a todos: em janeiro deste ano, ficamos órfãos de tamanha dedicação ao próximo.

            O Dr. Aloysio Campos da Paz, além de tantas qualidades, era um entusiasta da recuperação humana. Como eu já disse uma vez, ele sempre acreditou no potencial de melhora de cada paciente e no trabalho zeloso de cada um dos seus funcionários. Dedicou-se de corpo e alma a essa experiência de resgate da funcionalidade motora, da neurorreabilitação, enfim, da própria dignidade das pessoas afetadas por alguma deficiência nessas áreas.

            Tenho para mim que ele refletia sua honrada e laboriosa história de vida em cada um dos seus pacientes, visto que chegou a Brasília convicto de que poderia ampliar seus horizontes, fazer ainda mais por si e pelos seus semelhantes, aceitando, assim, oito anos após a inauguração do Centro de Reabilitação SARAH Kubitschek, o posto de diretor da instituição. Assim, na condição de diretor, já vislumbrava a possibilidade de o SARAH se transformar num verdadeiro e imponente hospital. Tudo isso fruto do conhecimento adquirido em seu doutorado na universidade inglesa de Oxford e do sonho de uma saúde humanizada em nosso País.

            Não há dúvida de que, por tudo o que fez pelo Brasil e por milhares de brasileiros e brasileiras, o Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior é um nome digno de constar no Panteão Nacional. O legado de sua obra para a Medicina pública de nosso País o torna um eterno credor da nossa gratidão e da nossa mais sincera e honesta reverência. É um daqueles vultos da nossa história que não se apagam, e nunca se apagarão. Está indelevelmente inserido na memória afetiva nacional. O culto à sua existência nos irmana e nos torna mais brasileiros.

            Nossa homenagem a esse pioneiro se aplica não apenas a sua capacidade de pesquisa e invenção na área de saúde, mas também à inovação administrativa trazida ao cenário público brasileiro. Primeiro, o esforço para construir esse grande centro de reabilitação para atender ao Centro-Oeste, mas que, na verdade, atende a pessoas de todo o País e de todo o mundo, como já disse. Em seguida, a capacidade de gerar afinidades, parcerias e, claro, admiração pelo seu trabalho. Não faltou, felizmente, o reconhecimento dos poderes públicos às suas iniciativas.

            Aqui, quero me referir ao Presidente Sarney. Sei que foi sempre defensor e também companheiro particular do Dr. Campos da Paz.

            Em 1991, foi criada a figura do contrato de gestão, segundo o qual podemos ter um serviço integralmente público, mantido por recursos públicos, mas sem algumas das amarras de um órgão da administração direta. Graças à fiscalização do Tribunal de Contas da União, assegura-se que todos os princípios da Administração Pública sejam cumpridos com a eficiência e a eficácia de uma gestão autônoma. Um sinal claro disso pode ser visto pelo fato de que 98,3% das pessoas atendidas pela Rede SARAH classificaram-no como ótimo ou bom. Pois bem, na Rede SARAH, das 336.400 consultas previstas, foram realizadas 368.346, ou seja, superou em quase 10% a previsão inicial do ano passado.

            Sendo o Brasil uma Nação em que, infelizmente, os procedimentos altamente complexos ainda não se estendem a toda a população, a Rede SARAH pode se orgulhar de ter tido, em 2014, 48% dos seus usuários entre as pessoas com renda familiar média de até cinco salários mínimos. Ou seja, 20% daqueles que ganham até sete salários mínimos. Aquela experiência pioneira, de 1960, graças à tenacidade do Dr. Campos da Paz, foi se ramificando não apenas pelos diversos Estados brasileiros, mas também para outros países.

            Aqui mesmo, em Brasília, além do Centro de Reabilitação do Setor Hospitalar, dispomos do Centro Internacional de Neurociências no Lago Norte.

            A expansão dessa experiência em reabilitação levou à instalação de outras unidades, sendo a primeira em São Luís (MA), seguida da unidade de Salvador (BA). Depois, vieram as de Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP) e Belém (PA). Para o restante do mundo, graças ao intenso fluxo de profissionais estrangeiros em seus centros de pesquisa e à participação dos brasileiros em eventos internacionais, temos conseguido projetar a imagem brasileira nessa área tão delicada da saúde.

            Não obstante esse largo compromisso com a recuperação, com o atendimento humanizado e respeitoso, a visão de futuro fica patenteada nas atividades educativas do SARAH. No ano passado, cem mil crianças e jovens assistiram às palestras sobre prevenção de acidentes.

            Por fim, eu não poderia deixar de abordar a dimensão da beleza, presente em tudo o que faz a Rede SARAH, cujo sinal mais explícito está no Teatro Sarah, um dos lugares mais comoventes já vistos. Seja qual for a condição da pessoa, ela pode assistir a espetáculos teatrais ou musicais e usufruir da emoção que essas artes proporcionam. Em outros tempos, o próprio Coral do Senado Federal foi ali encantar os internos e suas famílias com músicas natalinas.

            Em 1991, foi criada a figura do contrato de gestão, segundo o qual podemos ter um serviço integralmente público, mantido por recursos públicos, mas sem algumas das amarras de um órgão da administração direta.

            Graças à fiscalização do Tribunal de Contas da União, assegura-se que todos os princípios da administração pública sejam cumpridos, com a eficiência e a eficácia de uma gestão autônoma. Um sinal claro disso pode ser visto pelo fato de que 98,3% das pessoas atendidas pela Rede Sarah classificaram esse serviço como bom ou ótimo.

            Pois bem, na Rede Sarah, das 336.400 consultas previstas, foram realizadas 368.346, ou seja, superou em quase 10% a previsão inicial do ano passado.

            Sendo o Brasil uma nação em que, infelizmente, os procedimentos altamente complexos ainda não se estendem a toda a população, a Rede Sarah pode se orgulhar de ter tido, em 2014, 48% de seus usuários entre as pessoas com renda familiar média de até cinco salários mínimos e 20% daquelas que ganham até sete salários mínimos.

            Aquela experiência pioneira, de 1960, graças à tenacidade do Dr. Campos da Paz, foi se ramificando não apenas pelos diversos Estados brasileiros como também para outros países.

            Aqui mesmo em Brasília, além do Centro de Reabilitação do Setor Hospitalar, dispomos do Centro Internacional de Neurociências no Lago Norte.

            A expansão dessa experiência em reabilitação levou à instalação de outras unidades, sendo a primeira em São Luís (MA), seguida da unidade de Salvador (BA). Depois, vieram as de Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP) e Belém (PA).

            Para o restante do mundo, graças ao intenso fluxo de profissionais estrangeiros em seus centros de pesquisa e à participação dos brasileiros em eventos internacionais, temos conseguido projetar a imagem brasileira nessa área tão delicada da saúde.

            Não obstante esse largo compromisso com a recuperação, com o atendimento humanizado e respeitoso, a visão de futuro fica patenteada nas atividades educativas do Sarah. No ano passado, cem mil crianças e jovens assistiram às palestras sobre prevenção de acidentes.

            Por fim, não poderia deixar de abordar a dimensão da beleza presente em tudo o que faz a Rede Sarah, cujo sinal mais explícito está no Teatro Sarah, um dos lugares mais comoventes já vistos. Seja qual for a condição da pessoa, ela pode assistir a espetáculos teatrais ou musicais e usufruir da emoção que essas artes proporcionam.

            Seria um pecado, por fim, deixar de falar no brilhante e promissor legado deixado pelo Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior. A respeitada jornalista Tereza Cruvinel, que implantou a Empresa Brasil de Comunicação, conta que, em 1977, uma jovem estudante de Psicologia tocava flauta para os pacientes no jardim do SARAH. Lúcia Willadino Braga queria contribuir de qualquer forma que fosse com aquele bonito trabalho que assistia. Hoje, após graduada e reconhecidamente uma das melhores neuropsicólogas do mundo, a Drª Lúcia Braga ficou com o responsável, porém gratificante, legado do Dr. Aloysio. E o futuro do hospital não poderia estar melhor amparado. Junto aos seus profissionais brilhantes, e agora como diretora-executiva da Rede SARAH, Lúcia é internacionalmente conhecida por suas pesquisas em neurociências e mapeamento de funções cerebrais. Aprendeu com o Dr. Aloysio a não aceitar o chamado descaso hospitalar. Absorveu como poucas pessoas da área a gentileza com o próximo e a dedicação exclusiva dos funcionários do centro, base de sustentação da política de atendimento humanitário do SARAH e característica inegável de quem fundou e trabalhou nos hospitais da Rede há tantos anos.

            À Drª Lúcia Willadino Braga, a todo o corpo dirigente e aos profissionais da Rede SARAH, deixo aqui o meu apreço e a minha gratidão, em nome de todos os brasileiros que já precisaram dos seus serviços e que têm sido atendidos com o mais sublime dos sentimentos: o amor.

            Parabéns a todos os dirigentes, médicos, funcionários e pacientes, que resgatam, dia após dia, a esperança de um País e um mundo mais harmônico e solidário, onde todas as pessoas exercem o direito absoluto e inalienável à vida plena de viver para a saúde, e não sobreviver da doença.

            Parabéns, Hospital SARAH! E obrigado, Dr. Aloysio Campos da Paz. Todos nós, pacientes ou não, somos tributários da sua fé à vida.

            Ainda quero saudar a Srª Elzita Coelho Campos da Paz e toda a sua família, porque vocês e nós também temos a certeza de que o Dr. Paz está lá, em paz, no lugar que é reservado às pessoas de bem deste mundo.

            Com certeza, Deus soube guardar o espaço para ele. E a senhora e sua família, com certeza, devem ter o maior orgulho de podermos estar aqui, reverenciando uma alma e, acima de tudo, um ser humano. Todos nós o reverenciamos.

            Muito obrigado.

            Felicidades! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2015 - Página 11