Pronunciamento de Ana Amélia em 15/06/2015
Pela Liderança durante a 97ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores..
- Autor
- Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
- Nome completo: Ana Amélia de Lemos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores..
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/06/2015 - Página 14
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, HOMENAGEM POSTUMA, ALOYSIO CAMPOS DA PAZ, MEDICO, FUNDADOR, ENTIDADE, ELOGIO, FUNCIONAMENTO, HOSPITAL, GESTÃO, TRATAMENTO, RECUPERAÇÃO, PACIENTE.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente desta sessão, caro amigo, Senador Cristovam Buarque, caras autoridades, que respeitamos muito, que compõem a Mesa, perdoem-me vir de lá para cá ou daqui para lá. Todos são igualmente importantes.
Mas me permitam, até por tudo o que fez pelo SARAH, pelo que fez por esta Casa e pela política brasileira, saudar o meu querido ex-Presidente José Sarney, que teve com a fundação da Rede SARAH e que cuida da Rede com tanto carinho, uma atenção especialíssima, como teve com a lei citada há pouco pelo Senador Wellington Fagundes, a lei que beneficia as pessoas portadoras de deficiência.
Queria saudar o Ministro Sepúlveda Pertence; a senhora viúva do nosso homenageado desta manhã, Aloysio Campos da Paz; o meu querido Ministro Átila Álvares da Silva; o Senador Wellington Fagundes; e, evidentemente, essa grande guerreira, essa mulher de coragem, essa mulher dedicada, com o exercício, eu diria, de um sacerdócio para a missão, a querida Drª Lúcia Willadino Braga, a Drª Lucinha, para todos que convivem com a senhora aqui em Brasília
Eu estou aqui para - farei um pronunciamento muito breve, porque estou disfônica -, em nome dos pacientes do meu Estado, o Rio Grande do Sul, e das suas famílias, dizer muito obrigada ao SARAH. Ao SARAH, na pessoa da Drª Lúcia. Ao SARAH, em nome dos médicos, dos ortopedistas, de todos os traumatologistas, das enfermeiras, dos atendentes, dos assistentes sociais, de todo o corpo clínico que faz a grandeza dessa instituição, que é um patrimônio brasileiro.
Estou aqui apenas, então, para agradecer, associando-me às homenagens, e para cumprimentar o Senador Cristovam Buarque, pela iniciativa oportuna que teve de solicitar esta homenagem à instituição Senador Wellington. Como disse V. Exª, ela tem muito compromisso.
A primeira vez em que entrei no SARAH, a primeira vez, foi para visitar um menino que foi vítima de um acidente com arma de fogo, um tiro, um menino de 12 anos, da cidade de Cachoeira do Sul. Ele levou um tiro acidental e ficou tetraplégico. Não mexia nada. Estava lá, deitado, e eu fui lá, visitar. Desde essa ocasião,já são passados mais de 20 anos, 25, talvez 30 anos. Quando eu cheguei lá, tive que passar pelo lava-pés, branco, branco, literalmente branco. Poderíamos pegar aquele tapete de passar os pés e lavar as mãos. Quando eu entrei ali, vi o atendimento na recepção, a igualdade, a organização, a disciplina. Fui atendida exemplarmente. Ninguém sabia quem eu era. Eu não era política, era uma jornalista, e o jornalista tem obrigação de observar tudo que é canto, tudo que é detalhe. Observei a enfermeira cuidar do paciente, fazendo exercícios com aquela criança. A mãe, ali perto, zelando. A mãe, muito impressionada, disse-me: “jornalista Ana Amélia, aqui eles querem saber se o meu filho está contente, se nós estamos contentes. Eles pesquisam tudo. Aqui, o paciente é o que conta, o paciente é o que vale. Não é a corporação médica, não é a corporação dos enfermeiros. Não é! É o paciente que conta. Nós é que avaliamos se estamos ou não satisfeitos." Foi o que o Senador Wellington falou aqui antes de mim. Mandei um bilhetinho para o Dr. Aloysio, há uns 30 anos, dizendo o seguinte: "Dr. Aloysio, acabo de visitar o SARAH e falo como contribuinte. Eu gostaria que o imposto que eu pago fosse sempre aplicado dessa forma, que todas as instituições de saúde pública do nosso País fossem como o SARAH.”
Seria tão bom! Teríamos tanto orgulho!
Eu sei que muitos médicos, em situações adversas, fazem o máximo em situações difíceis, mas o SARAH é um exemplo de organização, de empenho, de compromisso com os recursos públicos que entram na instituição.
Nesta homenagem, a que me associo em nome dos pacientes, lembro que, neste final de semana, dez pessoas morreram no trânsito no meu Estado e que essa estatística cada vez mais trágica fez com que o Dr. Aloysio, nos anos 60, para tratar as pessoas que não morrem, mas que ficam com sequelas violentas, reabilitasse pacientes vítimas do trânsito. E hoje vemos que essa visão incrível de Aloysio Campos da Paz é uma necessidade.
Hoje, vemos que, no SARAH - que tratamos com carinho, não é a Rede SARAH, é o SARAH, simplesmente -, a evoluída Dinamarca, a Suécia, a Suíça, a Alemanha vêm aqui fazer doutorado, acompanhamento, estágio de especialista nessa instituição. Também por isso, é um patrimônio em favor de cada um dos centros hospitalares da Rede SARAH, situados nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.
Quase a metade, 49,4%, dos milhões de atendimentos que o SARAH faz por ano é por causa de acidentes de trânsito, e outros mais de 20%, devido à violência urbana.
O atendimento do SARAH é, portanto, um legado, constituído com base no comprometimento com a humanização do atendimento aos pacientes, aquilo que mostrei daquela mãe que estava muito confortada ao ver a forma como o filho de 12 anos era tratado.
Graças a este projeto grandioso do Dr. Aloysio Campos da Paz, muitos brasileiros que vivem hoje em Brasília, como eu, em São Luís, capital do Maranhão, em Salvador, em Belo Horizonte, em Fortaleza, no Rio de Janeiro, em Macapá, em Belém e em outros Estados podem contar com o profissionalismo exemplar e a atenção dessa rede que cresce e se moderniza a todo momento.
O meu Estado, o Rio Grande do Sul, como eu disse, tentou, pelo esforço da sua Bancada no Congresso Nacional, dispor de uma das unidades desta respeitadíssima instituição no Brasil e fora dele. Também por isso, o Estado, que sempre desejou acolher uma das unidades dessa renomada rede de saúde, se ressente pela ausência de Aloysio Campos da Paz, mas também se alegra, porque ela, a Drª Lúcia, é gaúcha. Isso é o que nos conforta.
Hoje, com a ajuda e o apoio de inúmeros profissionais, ela dá continuidade a essa missão.
Essa unidade, se tivesse sido viabilizada, atenderia a uma demanda de toda a Região Sul, não só de Porto Alegre ou do Rio Grande, mas de Santa Catarina e, também, do Paraná.
Eu lamento, Presidente Sarney e caros Senadores Cristovam, Wellington e Edison Lobão e o Senador aqui de Brasília também, que, às vezes, disputas políticas acabam comprometendo projetos da maior relevância que são de interesse coletivo. Isso é o mais triste nesse processo. Os pacientes e a sociedade não merecem isso. Então, eu lamento profundamente que eventuais divergências políticas possam ter influenciado e impedido que nós tivéssemos essa rede lá no Rio Grande do Sul.
Com o foco na neurociência, importantíssima ferramenta do conhecimento no processo de recuperação dos movimentos, a Drª Lúcia ajuda a tocar esse exemplo de empreendedorismo focado na saúde e na qualidade, em Brasília, onde estão muitos dos pacientes gaúchos que se tratam, ou em qualquer outro espaço dessa rede.
Persiste, assim, o mesmo espírito de dedicação, sacerdócio, inovação e profissionalismo de Aloysio Campos da Paz.
A Drª Lúcia - talvez vocês saibam ou talvez não saibam - recusou uma oferta milionária, pois, quando se fala nos Emirados Árabes, fala-se em muitos recursos. Eu conheço, Drª Lúcia, Dubai, os Emirados Árabes, e vejo quantos médicos brasileiros estão lá trabalhando, e trabalhando muito bem. Pois ela recusou uma oferta milionária do Catar para se mudar para os Emirados e lá trabalhar, mas ela preferiu ficar aqui e escolheu a realização profissional e a devoção à saúde, como fez seu mestre, seu grande mestre, seu grande líder, Aloysio Campos da Paz, no início de sua carreira.
Por essas questões, é fácil explicar por que, em qualquer lugar que se vá, o SARAH é uma referência. Famosos, como o músico Herbert Vianna, o escritor Jorge Amado ou Millôr Fernandes, já experimentaram o tratamento dessa rede tão conhecida, também acessível a todos, a todos os anônimos e às pessoas comuns que lá chegam, com a mesma dedicação, com o mesmo empenho, como se tão importantes quantas essas figuras fossem. Vi as imagens da Drª Lucinha carregando, na cadeira de rodas, Herbert Vianna, quando sofreu aquele acidente do avião. E ela, da mesma forma, cuidava de pessoas que ninguém sabe: João da Silva, José, João, qualquer pessoa.
Penso, por isso, que essa responsabilidade focada na saúde pública deve continuar servindo de referência para o setor público brasileiro, para todos nós. Outras áreas da saúde também podem e precisam se desenvolver com elevados padrões de qualidade no atendimento e no diagnóstico. Podemos, sim, ter uma saúde de Primeiro Mundo, desde que exista exatamente isso que vemos no SARAH - na figura do Dr. Aloysio, que foi seu fundador, e na figura dessa querida e combativa guerreira Lúcia Braga.