Comunicação inadiável durante a 98ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com o efeito, sobre Estados e Municípios, do ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Preocupação com o efeito, sobre Estados e Municípios, do ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2015 - Página 82
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, MARCIO LACERDA, PREFEITO, BELO HORIZONTE (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), PRESIDENTE, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, PREFEITO DE CAPITAL, ASSUNTO, PACTO FEDERATIVO, APREENSÃO, EFEITO, AJUSTE FISCAL, ESTADOS, MUNICIPIOS, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUSENCIA, REDUÇÃO, CORTE, GASTOS PUBLICOS.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente desta sessão, Senador Acir Gurgacz, caros colegas Senadores, que me olham surpresos com esta voz disfônica - é o momento de transição das estações, quando Brasília fica muito seca, ontem estava em 36% a umidade relativa do ar, é preciso ter saúde de ferro para suportar mudanças tão rápidas e bruscas -, caros telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, servidores desta Casa, o Senador Acir começou a sessão de hoje falando sobre um tema que me é muito caro, assim como ao Senado, que diz respeito ao Pacto Federativo. V. Exª mencionou também que o Relator, Senador Fernando Bezerra, terá a responsabilidade de, até quarta-feira, apresentar o relatório. O Senador Walter Pinheiro preside a Comissão Especial criada pelo Presidente Renan Calheiros, e não tenho dúvidas sobre o comprometimento dos senhores prefeitos.

            Na última quarta-feira, realizamos uma reunião em que estava presente o presidente da frente dos prefeitos das capitais, o Prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. Nessa reunião, recebemos uma pauta enxuta daquilo que é possível fazer. Nosso Relator tem todas as condições, porque foi, por várias vezes, Prefeito de Petrolina. E nessa matéria nós não podemos tergiversar, não podemos limitar aquela foto de praticamente todos os governadores, em uma cerimônia histórica, eu diria, assim como as marchas dos prefeitos, sem que a Casa da Federação, que é o Senado Federal, dê uma resposta minimamente adequada à expectativa que têm prefeitos e governadores a respeito do tema.

            Por isso estou muito tranquila, Senador Acir. V. Exª tocou aqui em pontos cruciais sobre a necessidade de viabilizar matérias que estão tramitando, sobretudo nesta Casa e também na Câmara, para que tenham prioridade absoluta sobre a pauta e sejam votadas. Matérias que não impliquem um desajuste maior do que o que já temos nas contas públicas. Não se trata aqui, em nenhum momento, de enfrentamento do Congresso com o Executivo. Esse, pelo menos, não é o meu posicionamento, não é o posicionamento dos Líderes que estão encarregados disso, como é o caso, acredito, do Senador Fernando Bezerra, do Senador Walter Pinheiro, da Senadora Simone Tebet e daqueles que estão, como a Senadora Lúcia Vânia, envolvidos nesse processo. Estou convencida de que essa é uma questão inadiável. E nós seremos cobrados, dura e justamente, pelo que houver de omissão nesse processo.

            Então, eu assino embaixo do seu discurso e assino embaixo também, Senador Acir, em relação às receitas das unidades federativas, porque a União pode, sim, tomar medidas de política econômica para resolver problemas conjunturais importantes, como foi o caso, por exemplo, de reduzir o IPI para automóveis ou para linha branca. É importante, mas não pode fazer isso com dinheiro dos Estados e Municípios. Não pode, Senador! Isso acaba reduzindo a receita. O Estado e o Município têm a Lei de Responsabilidade Fiscal a cumprir. E há consequência se um prefeito não cumprir: cadeia. Essa é a consequência, Senador.

            Eu sou favorável, como disse V. Exª. Nessa, não dá pra compartilhar. Uma das medidas mais inteligentes do Governo, porque tem o impacto social, que é a questão da desoneração da folha.

            No meu Estado, Rio Grande do Sul, há setores de alta empregabilidade de mão de obra: o setor calçadista, Senador, a construção civil, a área de serviços. E aí cria-se um benefício e se tira do outro. De que valeu aquilo? A insegurança jurídica, a mudança das regras do jogo a qualquer hora.

            E aqui veio o ajuste fiscal. Estou disposta a ajudar no que for possível, no limite do possível. Mas o que é um ajuste fiscal? Por que tem ajuste fiscal? Porque o Governo gastou demais e, agora, tem que acertar as contas. Esse é o resumo. E o que o Governo devia dizer para a sociedade? “Olha, nós temos um problema. Nossas contas estouraram. Agora, vamos ter que apertar o cinto.” Então, o Governo tem que ter dignidade, responsabilidade social, econômica, política e institucional: “Vamos fazer isso. Nós, Governo, vamos dar o exemplo, cortando na própria carne”. O Governo vai dar. Depois pede à sociedade, mas primeiro tem que fazer o dever de casa. E, até agora, nenhum sinal em relação a isso.

            Quer ver? Neste primeiro semestre, sabe quanto as despesas aumentaram comparativamente ao mesmo período do ano passado? Quase 40% - quase 40%!

            E vou apresentar um dadozinho aqui muito singelo. Olhem: só com gasto de material gráfico, o Governo gastou, no primeiro semestre do ano passado, R$7,2 milhões, neste, do ajuste, da dureza, do aperto, R$31,2 milhões, gente! Aí, não há como pedir o apoio do Congresso para qualquer coisa!

            No meu gabinete, eu procuro manter o uso daquela verba que temos à disposição para o exercício do mandato num gasto de 30%. Muda, aumenta a passagem aérea? Economiza-se em outra área - 30%. É difícil? É difícil, sim, mas tem que fazer. Eu não posso imaginar que o contribuinte tem que ser sempre punido e chamado a pagar essa conta.

            Então, só com gasto de material gráfico, só com gasto nessa rubrica, o aumento foi de 334%. Passou de R$7 milhões para R$31 milhões.

            Não há como, Senador Acir - V. Exª tem experiência empresarial, é um empreendedor -, fechar a conta! E o Governo podia...

            Se a conta fosse o contrário, dos R$7 bilhões baixar para R$5 bilhões, para R$4 bilhões, eu estaria aqui para aplaudir. Mas aumentar 334% em gastos com gráfica, sinceramente, não há condições de a gente aceitar isto. E o Governo continua insistindo como se nada acontecesse.

            Trinta e nove Ministérios; trinta e nove Ministérios, Senador Acir!

            Nos cartões corporativos, os gastos continuam aumentando. Diárias, passagens aéreas, tudo, tudo está aumentando. Não é possível chegar aqui e pedir sacrifícios a quem trabalha, aos trabalhadores.

            Esse ajuste provocado pelo desajuste das contas do Governo Federal está levando a uma situação de retraimento dos investimentos terrível do ponto de vista econômico - terrível!

            No meu Estado, o Rio Grande do Sul, a queda dos investimentos é estimada em 75%, em 2015 - 75%! Aqui, no Distrito Federal, do nosso querido amigo Rodrigo Rollemberg, 91%. Minas, 97% e assim por diante. O que é isso? É uma situação de contenção absoluta de dificuldades financeiras de Estados e Municípios. E os Estados é que são os ativadores. Aqui em Brasília, o Estado está trancado, amarrado em uma situação insustentável.

            Por isso, acredito sinceramente, Senador Fernando Bezerra, que não vamos solucionar todas as demandas federativas, mas vamos dar uma reposta mínima, a resposta real, realista para esses líderes municipalistas ou prefeitos municipais, para os próprios governos dos nossos Estados, porque esta é a nossa obrigação, o nosso dever. Estou convencida disso.

            Sinceramente, Presidente Dilma, há pouco a senhora ouviu um pedido, um apelo do Senador Paim sobre o fator previdenciário. Agora, eu faço um apelo: como Ministra, a senhora foi uma excelente economista, puxe o freio da gastança do Governo Federal; a senhora será aplaudida se fizer isso. E diga aos partidos que lhe dão apoio no Governo, que lhe dão apoio para tal governabilidade, que aí está também a sobrevivência deles. Esta é a forma didática de mostrar à sociedade brasileira de que lado nós estamos. Acredito que a senhora pode fazer isso.

            Obrigada, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2015 - Página 82