Pela Liderança durante a 98ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do fomento das exportações brasileiras, em especial para os Estados Unidos, como alternativa para superação da crise econômica.

Autor
Fernando Bezerra Coelho (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PE)
Nome completo: Fernando Bezerra de Souza Coelho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Defesa do fomento das exportações brasileiras, em especial para os Estados Unidos, como alternativa para superação da crise econômica.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2015 - Página 87
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • APREENSÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, DEFESA, NECESSIDADE, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, ENFASE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), MOTIVO, MELHORIA, ECONOMIA, CRIAÇÃO, EMPREGO, INVESTIMENTO, TECNOLOGIA, AERONAUTICA, ENERGIA SOLAR.

            O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, a equipe econômica da Presidenta Dilma Rousseff tem promovido, neste segundo mandato, uma série de ajustes na economia. Existem controvérsias quanto à intensidade, ao ritmo ou ainda quanto à melhor maneira de implementar as medidas, que, de fato, são amargas e impopulares.

            Não podemos, no entanto, olhar apenas para as dificuldades atuais, que são, penso eu, conjunturais e momentâneas. É preciso ver além desse período de dificuldades e perceber que, depois dessa tempestade, poderemos viver melhores dias. O Brasil, não tenho duvidas, retomará o caminho do crescimento econômico, mas, para isso, precisamos preparar o nosso País para explorar as oportunidades que se apresentam.

            Um dos caminhos mais promissores é dado pelo mercado internacional. Enquanto fraquejam o consumo e o investimento, enquanto o setor público corta gastos, o caminho da exportação permanece aberto. Trilhá-lo nos renderá diversos benefícios. Exportar, Sr. Presidente, cria empregos, induz investimentos, ajuda a equilibrar o balanço de pagamentos e a estabilizar o câmbio.

            É hora de fazer um esforço para dinamizar a corrente de comércio exterior, restituindo os resultados positivos da balança comercial, que vinham registrando resultados deficitários. Em 2014, atingimos o pior nível em 16 anos, com um déficit de US$3,9 bilhões quase US$4 bilhões! Este ano, no mês de maio, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$2,7 bilhões, o terceiro resultado positivo consecutivo de 2015.

            Nos últimos anos, de acordo com análise do Embaixador Rubens Barbosa, nossa política externa trouxe consequências deletérias para o comércio exterior, sobretudo por nos manter fora das cadeias produtivas de alto valor agregado, o que, por sua vez, resultou em empobrecimento de nossa pauta de comércio. No ano 2000, ela se compunha em quase 75% de produtos manufaturados e semimanufaturados. Hoje, as commodities e outros produtos primários representam cerca de metade das nossas exportações.

            Srªs e Srs. Senadores, uma forma de impulsionar o comércio exterior é escolher bem os parceiros estratégicos e um deles, por certo, são os Estados Unidos. Ao longo da História, as relações entre os dois grandes países americanos foram predominantemente cordiais e produtivas, embora, em certos momentos, tenha havido arrefecimento nas relações, resultando em uma semiparalisia na cooperação e no comércio bilateral. Foi o que se deu, infelizmente, a partir de 2013, após o episódio da espionagem feita pela agência de segurança americana.

            Porém, o cenário evoluiu, e as dificuldades começam a ser superadas. Afinal, os Estados Unidos compartilham conosco uma ampla gama de valores, provindos da mesma matriz civilizatória ocidental.

            Somos duas das grandes democracias do continente e participamos de importantes organismos internacionais, incluindo, é claro, a Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio, a Organização dos Estados Americanos, o G8+5 e o G20. No plano comercial, as trocas alcançaram em 2014 a expressiva cifra de US$62 bilhões. A intensidade das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos também se comprova pela existência de mais de trinta mecanismos de diálogo entre os governos dos dois países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, são abarcados, além do comércio e de investimentos, temas como energia, meio ambiente, educação, ciência, tecnologia e inovação, turismo, esportes, defesa, cooperação trilateral, igualdade de gênero e combate ao racismo. Cabe lembrar que os Estados Unidos são o maior parceiro do Brasil no âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras e suas instituições de ensino deverão receber milhares de estudantes e pesquisadores brasileiros nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

            Os Estados Unidos, Sr. Presidente, foram por décadas o principal parceiro comercial do Brasil, posto que perderam com a ascensão chinesa. Porém, num quadro em que nossa maior importadora, a China, reduz seu apetite por nossas commodities e em que ainda não resolvemos os impasses com a Argentina, torna-se imperioso o fortalecimento dos laços com os americanos, sobretudo porque as alternativas escasseiam, dadas a fraca recuperação europeia e a acentuada crise russa.

            É com prazer que recebo a notícia de que o Governo brasileiro está alerta a essa necessidade e já tem agido para reverter o esfriamento das relações bilaterais. Ao mesmo tempo, o destaque ao comércio demonstra a natureza pragmática dessa nova etapa nas relações Brasil-EUA. Os dois países definiram que a facilitação de negócios e a convergência regulatória seriam objetivos prioritários - uma escolha, a meu ver, acertada.

            Srªs e Srs. Senadores, como Segundo Secretário da Frente Parlamentar Mista Brasil-Estados Unidos, tenho de saudar essa notícia. A pauta de nossas exportações para os EUA sempre foi mais variada e de maior valor agregado do que a atual.

            Exatamente por esse motivo, ela traz mais oportunidades para nossa indústria, incluindo importante acesso a tecnologias e processos, contribuindo para modernizar o nosso parque industrial e gerar importantes ganhos de competitividade.

            No final de março, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Ministro Armando Monteiro Neto, do meu Estado, Pernambuco, e o Departamento de Comércio dos Estados Unidos finalizaram mais uma rodada de reuniões do Diálogo Comercial. O Brasil e os Estados Unidos se comprometeram a identificar os setores econômicos promissores - isto é, que tenham condições de avançar comercialmente por meio de políticas de facilitação - e adotarão ações concretas em parceria com o setor privado para simplificar ou reduzir exigências e burocracias. Os governos dos dois países pretendem, assim, reduzir custos e prazos do comércio bilateral.

            Com efeito, o défíct comercial com os americanos já diminuiu, passando de US$11,4 bilhões, em 2013, para menos de US$8 bilhões no ano passado. A Confederação Nacional da Indústria estima que novos acordos e ajustes pontuais possam significar, no curto prazo, um potencial mínimo de mais US$2,3 bilhões.

            Iniciativas e avanços dessa natureza nos sugerem que nossa ligação umbilical com o Mercosul não pode tornar-se um empecilho para a ampliação dos horizontes comerciais brasileiros. Os acordos bilaterais não devem ser esquecidos ou relegados a um segundo plano, sob pena de engessarmos a participação brasileira na cadeia de comércio mundial.

            Talvez seja a hora, Sr. Presidente, de rever a Decisão 32, de 2000, do Conselho do Mercado Comum, que não permite que um país-membro do Mercosul assine acordos comerciais com outras nações sem o consentimento prévio do bloco. Essa cláusula, de claro teor protecionista, tem-nos custado a perda de inúmeras oportunidades.

            No dia 30 de junho, a Presidenta Dilma Rousseff realizará viagem de trabalho oficial aos Estados Unidos. Os Estados Unidos têm uma tarifa de importação considerada baixa, em média de 5%, mas resta, ainda, uma complexa agenda para equacionar.

            O Brasil está interessado em diversificar o comércio, aumentar os investimentos mútuos e ampliar a cooperação em defesa e no setor aeronáutico.

            Interessa-nos, também, firmar parcerias para o desenvolvimento de tecnologias na área de energias alternativas, sobretudo a energia solar, na qual os americanos estão consideravelmente adiantados.

            O Governo e o empresariado nacional ressaltam a importância do Acordo para Registro de Patentes, o qual pretende reduzir substancialmente o tempo para o registro de patentes no Brasil e aumentar a atratividade do País para o desenvolvimento de tecnologias e produtos.

            De acordo com o Presidente da Câmara Americana de Comércio, Gabriel Rico, logo após o acordo para o setor de cerâmica, que estamos finalizando, será a vez de avançar as tratativas para o setor têxtil e para o setor de máquinas e equipamentos. No setor agropecuário, espera-se a simplificação de medidas fitossanitárias e a redução das dificuldades na exportação de carne bovina brasileira para o mercado americano.

            A oportunidade, portanto, se entremostra para ambos os interessados. Os Estados Unidos continuam a ser a maior economia global. Para nós, é conveniente nos associar a uma economia gigante, que dá evidentes mostras de recuperação. Para eles, a parceria com o Brasil constitui uma alternativa concreta para promover a integração das Américas.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.

            O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Senador Fernando Bezerra Coelho, quero parabenizar V. Exª pelo não sei se discurso ou mensagem de reflexão.

            V. Exª foi extremamente coerente com a realidade e aí me trouxe uma lembrança antiga: não se troca parceiro velho por parceiro novo; não se troca amor velho por amor novo. Principalmente os Estados Unidos, como bem disse V. Exª, que é uma economia que se recupera, uma economia que ainda é a balizadora do mercado internacional, é um parceiro próximo das Américas e sempre esteve ao lado do grande comércio do Brasil.

            Então, V. Exª nos chama a atenção para o Governo Federal exatamente focar nisso. E a ida, agora, no dia 30, da Presidenta, sem dúvida, pode proporcionar ainda mais essa proximidade, o que é importante para as duas nações.

            Parabéns a V. Exª.

            O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2015 - Página 87