Discurso durante a 127ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o cinquentenário das atividades da TV Globo.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar o cinquentenário das atividades da TV Globo.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2015 - Página 16
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, COMENTARIO, INFLUENCIA, CONSOLIDAÇÃO, IDENTIDADE, POPULAÇÃO, DIVULGAÇÃO, BRASIL, EXTERIOR, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, ENFASE, FUNDAÇÃO, ROBERTO MARINHO.

     O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão

do orador.) - Uma boa tarde a cada uma e a cada um dos presentes. Quero cumprimentar o Senador Ronaldo Caiado, que tomou a iniciativa; o Senador Eunício Oliveira; o Sr. Ministro de Turismo, Henrique Eduardo Alves; Ministro Edinho Silva; Ministro Guilherme Afif; o Vice-Presidente Institucional e Editorial do Grupo, Roberto Marinho e, obviamente, o Presidente Renan Calheiros, que aqui preside esta sessão.

    Eu quero dizer, a cada um aqui presente, que faz algum tempo, eu creio que muito, eu estava em uma conversa com adolescentes em uma escola, e uma delas me perguntou quais as razões que eu tinha para me orgulhar do Brasil. Eu poderia ter dado aquelas respostas tradicionais, que a gente costuma dar: o espírito do povo, a riqueza do território, a língua portuguesa. Mas, de repente, eu decidi dizer que eu me orgulhava do ponto de vista de empreendedorismo, da energia brasileira.

    E aí começaram a surgir os temas, como a represa de Itaipu e sua energia; como a Embrapa; o ITA e a Embraer; a Ponte Rio-Niterói; obviamente, Brasília, como um dos grandes empreendimentos da Nação brasi- leira; as gotinhas e a capacidade do Brasil de erradicar a poliomelite; a capacidade de apurar 120 milhões de votos em poucas horas. E, claro, surgiu a Globo, que eu coloquei como um dos orgulhos que nós temos razão de ter no Brasil.

    Obviamente, alguns fizeram ressalvas do ponto de vista político, e é natural. Mas ninguém duvidou que essa é uma das razões de orgulho do Brasil. Porque o que foi feito, graças a Rede Globo, tem pelo menos três características fortes que eu imagino que nos podem dar satisfação, orgulho.

    A primeira é a construção da unidade nacional. A Globo teve um papel importante nisso. O próprio português seria mais diferenciado se não fosse a Globo unificando, graças a vocês, falando para todos os brasileiros. E eu não falo de sotaque, Senador Eunício, eu falo da correção da maneira de falar.

    Foi a unidade conseguida, pelas rádios em geral, obviamente, pelas outras redes, também, de televisão, não podemos esquecer, mas a Rede Globo teve um papel fundamental na unidade, pelas notícias, que nós sabemos instantaneamente, pela divulgação da arte, nomes como Ariano, como Jorge Amado, lá do meu Nordeste, se fizeram universais dentro do Brasil graças, sobretudo, à Rede Globo.

    A segunda é a capacidade de divulgar o Brasil no exterior. E aí, talvez, não tenha nada que divulgue mais o Brasil no exterior - nossa cultura, eu falo, não só as cores, porque aí o futebol pode levar - do que a Rede Globo. E aí é o primeiro lugar, e não há o que dividir, na verdade, porque se temos alguns escritores que chegam lá fora, é para um público pequeno. O grande público mundial que conhece o Brasil é através das telenovelas, é através dos programas levados para o mundo pela Rede Globo.

    Além disso, creio que temos uma outra razão para ter esse orgulho: é o papel da Rede Globo na educação no Brasil. E isso o Senador Caiado, que é quem teve a iniciativa aqui, citou. E citou especialmente a Fundação Roberto Marinho, de cujo conselho tive o prazer de ser membro por muitos anos. E só tomei a iniciativa de sair porque, ao virar Presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação, senti que poderia haver certo

choque de interesses em ser membro do conselho. Pedi para sair pelo menos no período em que eu for Presi-

dente. Se depois quiserem, posso até voltar.

    A Fundação Roberto Marinho tem o Telecurso, que o Senador Caiado citou, mas tem muitos outros progra- mas de assistência aos prefeitos, aos governadores, que fazem com que haja um papel importante na educação.

    Três razões, portanto, que creio que justificam dizer que a Globo, ao lado de Itaipu, da Ponte Rio-Niterói e de todos esses atos de empreendedorismo justificam um orgulho no Brasil.

    Mas, além disso, quero colocar dois pontos mais. Um é o exemplo do Dr. Roberto, que, quase aos 70 anos, como disse o Senador Caiado, decide fazer algo que para nós hoje pode parecer simples, óbvio: criar uma te- levisão no Brasil. Mas imaginem a loucura que representava naquele instante, 50 anos atrás, imaginar uma te- levisão em cadeia nacional. Não havia satélites. E ele teve a capacidade de fazer isso.

    É por isso que creio que ele merece o respeito e a comemoração aqui, sobretudo porque não apenas fez, aos 70 anos quase, esse empreendimento, mas porque foi capaz de criar uma coisa chamada “padrão Globo”.

    A ideia “padrão Globo”é algo que fica na história de quem conseguiu fazer. E aí o meu desafio para a Glo- bo nos próximos 50 anos, para que, quando venham aqui comemorar o primeiro centenário da Rede Globo, possa-se incluir, entre esses outros itens, mais um: terem sido capazes de enfrentar o desafio de fazer o Brasil ser um País com uma educação padrão Globo, que nós não conseguimos ter.

    Porque educação, a gente pensa em escola, mas educação é escola, é família e é mídia. Não há mais edu- cação sem a mídia. O menino sai da escola, Ministro Edinho, e cai na televisão, cai na rádio, cai na internet, cai nas diversas mídias sociais. E quando eu digo cai, é no sentido de mergulhar, que tanto pode ser um belo gesto ou pode afogar. O papel da televisão na educação é fundamental. E além disso, na divulgação da criação no Brasil de um sentimento educacionista, de que nós possamos enfrentar, por exemplo, e usando a Rede Globo, o desafio de erradicar o analfabetismo no Brasil.

    Eu não pude dizer àqueles meninos que um dos meus orgulhos era que o Brasil não tinha analfabetos adultos. Não pude dizer isso. São 13 milhões ainda. É preciso a gente construir isso.

    O desafio de assegurar educação de qualidade, e qualidade igual para todos. Que uns sejam mais do que outros, tudo bem, pelo talento, pela persistência, pela vocação, mas não porque tiveram a chance de estudar numa escola boa, porque todas deveriam ser boas, ou não serem chamadas de escola.

    O desafio de provocar o gosto pela leitura, que a Fundação Roberto Marinho tem feito, mas ainda po- demos fazer mais.

    Finalmente, para resumir, esse desafio de fazer uma educação padrão Globo, para que o País possa ser e ter um padrão global, no sentido das coisas boas que o mundo global tem hoje.

    É isso que eu deixo aqui como o meu sentimento de satisfação, de orgulho, como brasileiro, de ver a ca- pacidade empreendedora que teve o Dr. Roberto e todos que o sucederam e o ajudaram.

    Por isso eu tenho a satisfação de ter sido escolhido ontem, pelos meus colegas Senadores, como Presi- dente desse conselho que vai escolher quem receberá o Prêmio Roberto Marinho do Mérito Jornalístico. Esse prêmio já foi criado algum tempo atrás, e o Presidente Renan Calheiros tirou-o da gaveta onde estava a ideia e fê-lo realidade. E me nomeou entre os membros, e os membros me colocaram como Presidente, tendo a Ana Amélia, minha querida Senadora, como a Vice-Presidente.

    Nós vamos escolher, daqui até dezembro, no máximo, como diz o estatuto, os que vão receber o Prêmio Roberto Marinho do Mérito Jornalístico, e aí eu creio que vai ser possível a gente, por meio daqueles que re- ceberem esse prêmio, ter nomes tão bons que possam orgulhar o Dr. Roberto Marinho e a Rede Globo, juntos, querendo fazer um Brasil com um padrão Globo para servir ao povo brasileiro.

Muito obrigado por terem sido capazes de fazer isso que orgulha o Brasil, que é a Rede Globo e tudo

aquilo que o Brasil tem graças a esse grande empreendimento. Muito obrigado a vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2015 - Página 16