O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Quero cumprimentar o nosso Presidente Renan Calheiros; nossos Ministros presentes à Mesa; o Ministro Edinho; o Ministro do Turismo, que aqui estava até poucos instantes, nosso querido Eduardo Alves; nosso Ministro da Micro e Pequena Empresa, do meu Partido, o PSD, Afif Domingos; e também o nosso querido Vice-Presidente Institucional e Editorial da Globo, o Sr. Roberto Marinho. Quero também cumprimentar o Toné e os artistas da Globo que fazem a alegria do povo brasileiro: o Coco; a Laura Cardoso, com suas interpretações maravilhosas, que nos alegra bastante; e a Malu Mader, eterno ídolo dos Anos Rebeldes. Quero cumprimentar também o Luis Antonik, da Abert, que me recebeu, há poucos dias, para um diálogo, e o Marcelo Campos, Diretor Executivo da Globo aqui no Distrito Federal.

            Eu sou Vice-Presidente da CCT, a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. A gente está vivendo um momento, Roberto, importante em que se está mudando o sinal de analógico para digital. Promovi uma audiência pública para discutir essa questão aqui. Conversava, na Abert, que Brasília, depois de um teste em Rio Verde, uma cidade grande no Estado de Goiás, vai ser a primeira capital do Brasil, no dia 3 de abril, a ter essa mudança completa.

            Nós sabemos o tanto que a Rede Globo atinge todos, e o que vai ser quando o pessoal ainda não estiver com as antenas preparadas, com a informação adequada, o caos de tantas TVs que não vão pegar sinal nenhum, ficarão só com aquele chuvisco. Então, é importante contar com a Globo, é importante permanecer com o diálogo com vocês, no sentido de promover mais audiências públicas, na Comissão de Ciência e Tecnologia. É importante divulgar, para a nossa população, a necessidade de todos se prepararem, para que essa mudança importante do sinal de qualidade, no Brasil, não pegue todos de surpresa e não haja essa dificuldade para todo mundo, para as transmissoras, para os anunciantes, para o Brasil, em geral, e para a população.

            Eu queria só chamar essa atenção antes de trazer minha palavra aqui.

            Estou falando aqui em nome do PSD, Partido Social Democrático, cujo Presidente é Gilberto Kassab e o Vice-Presidente é o Ministro Afif Domingos, que está ali. Nossos Senadores aqui, o Senador Otto Alencar; eu, Senador Hélio José, de Brasília, Distrito Federal; Senador Omar Aziz, do Amazonas; e o nosso Senador Petecão, do Acre.

            Nós não poderíamos deixar de nos pronunciar, aqui, neste importante evento para o Brasil, para nós todos e para o mundo. Eu acho que a Marta e o Cristovam deixaram clara uma série de questões. Quando viajamos pelo mundo inteiro, vemos vê a qualidade das outras programações e comparamos com a Globo. Vemos o tanto que a Globo é âncora, o tanto que a Globo é orgulho para nós, por fazer telenovelas, minisséries, uma programação com tanta qualidade, além de dar informação em primeira hora. Então, isso nos traz aqui para fazer mais um pronunciamento, talvez até enfadonho, mas é importante registrar aqui a posição do nosso Partido, a posição do povo brasileiro sobre essa questão.

            Sr. Presidente, Srªs. Senadoras e Srs. Senadores, estamos hoje aqui para celebrar o cinquentenário da maior e mais importante empresa de comunicação de nosso País, responsável por formatar um conteúdo televisivo que uniu o Brasil em torno de uma mesma tradição cultural.

            Ao completar 50 anos, Sr. Presidente, a Rede Globo de Televisão se consolida como uma grande protagonista da nossa indústria cultural, criando no Brasil uma estrutura de produção audiovisual que encontra poucos similares ao redor do Planeta.

            São dezenas de milhares de profissionais, meus caros e minhas caras colegas, treinados e capacitados com a melhor tecnologia disponível no mercado, sem deixar nada a dever para as melhores produções de Hollywood. Isso é importante, não é?

            No jornalismo, seu corpo tarimbado de repórteres espalhados pelo Brasil não deixa nenhum fato importante de nosso País sem cobertura jornalística, sempre incisiva e presente no local dos acontecimentos.

            Em seu núcleo de dramaturgia, encontramos os maiores e melhores atores e atrizes de nosso País. Damas do teatro e primorosos e consagrados intérpretes nos brindam, diariamente, com representações de dramas e comédias retratando, sobretudo, a realidade da nossa gente brasileira, que se vê representada nas novelas e nos seriados produzidos pela emissora.

            Nesses 50 anos, Sr. Presidente, pela telinha da Globo, aprendemos a nos emocionar com as corridas de Fórmula 1 e as fantásticas ultrapassagens de Ayrton Senna. Claro. Quem não tem saudade do Ayrton, não é?

            Vibramos com os dribles e os golaços de nossos craques pelos campos nacionais e internacionais, inclusive com a tristeza do 7 a 1 para a Alemanha. Torcemos por nossos atletas no basquete, no vôlei, no tênis e em qualquer outra modalidade esportiva em que o Brasil estivesse representado, revelando ídolos e cultivando o respeito às cores de nosso País.

            São 50 anos, minhas senhoras e meus senhores, em que o Brasil se descobriu na telinha da TV. Nesse tempo, mais do que conquistar uma das maiores estruturas de comunicação do Planeta, a Rede Globo permitiu o fortalecimento de uma produção cultural que forjou uma efetiva identidade nacional para o Brasil.

            Suas novelas, Sr. Presidente, assistidas maciçamente em todas as regiões e rincões de nosso Brasil, fazem parte do patrimônio cultural nacional, estabelecendo um elo que une brasileiros e brasileiras de todas as raças, credos, origens e classes sociais.

            Cobrindo 98% dos Municípios brasileiros e chegando a picos de audiência de até 170 milhões de telespectadores, sua programação representa, para muita gente, a única opção de lazer, cultura e informação de que dispõem.

            Através de suas adaptações de grandes obras de nossa literatura, o povo brasileiro pôde redescobrir o universo e as personagens criadas por Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Érico Veríssimo e tantos outros renomados escritores brasileiros. Como não lembrar a maravilhosa e divertidíssima série adaptada de O Auto da Compadecida, do inesquecível e saudoso Ariano Suassuna? Quem não lembra? Eu tenho no meu velho cassete, gravado lá na minha casa.

            Ao longo dessa história, suas produções influenciaram até mesmo momentos políticos importantes, como o seriado Anos Rebeldes, que marcou a geração cara pintada dos estudantes nos anos 90. Todos nós nos emocionamos com a interpretação da Malu e do Cássio Gabus Mendes. Foi muito boa a interpretação.

            O Brasil inteiro se perguntou, em uníssono, quem matou Salomão Ayala e Odete Roitman - lembra-se disso? Até eu perguntei, era jovem naquela época; torceu pelos Irmãos Coragem, como torcia; admirou a coragem da Malu, no seu seriado; apaixonou-se perdidamente pelas estrelas e protagonistas de suas tramas.

            Importantes temas sociais e de costumes foram introduzidos por inúmeras obras. Divórcio, eutanásia, consumo de drogas, direitos dos homossexuais, todas essas questões já foram levantadas e discutidas por personagens em suas novelas e séries, fazendo com que o próprio País também debatesse esses temas.

            Todo mundo sabe que a Globo incentiva, muda a moda, faz as pessoas usarem gargantilha. Quem não lembra do Mário Gomes, usando a gargantilha dos anos 70?

(Soa a campainha.)

            O SR. HÉLIO JOSÉ (Bloco Maioria/PSD - DF) - Quer dizer, a Globo é muito importante, Roberto, e vocês podem mudar costumes. Por isso, quero ousar em dizer, como católico que sou, como encontreiro de casal que sou, como defensor da família, que a grande inovação, neste momento, também é fortalecer essa instituição tão importante para a nossa sociedade que é a família. Acho que Rede Globo, que muda padrões, que discute assuntos tão importantes como esse que coloquei aqui, das minorias, quando ela fortalece esse núcleo que precisamos fortalecer cada vez mais, ajuda para um País melhor, para um País que vai para frente. Quero encorajar isso.

            E, terminando, quero dizer o seguinte: não há como discutir, Sr. Presidente, a importância da Globo para o nosso País não apenas como um dos mais importantes grupos empresariais e econômicos nacionais, mas, sobretudo, pela monumental obra de reunir o País em torno de uma identidade cultural e audiovisual genuinamente brasileira, e visceralmente identificada com a nossa gente.

            A sua inequívoca dimensão para a cultura nacional, portanto, nos leva a afirmar que a Rede Globo e suas produções são um patrimônio nacional, cuja importância para a formação de uma identidade cultural brasileira é absolutamente central.

            E, embora esteja presente em mais de cem países, com inúmeros prêmios conquistados e merecido reconhecimento internacional, a Rede Globo nunca deixará de ter a marca e a imagem do Brasil, indelevelmente conectada aos principais ícones de nossa cultura nacional.

            Que venham mais 50 anos, minhas senhoras e meus senhores, meus queridos Senadores aqui, de profunda e inestimável contribuição para a identidade audiovisual de nosso País!

            Era o que tinha a dizer, em nome do meu Partido. Quero agradecer ao nosso Presidente, a todos aqui, ouvintes.

            Muito obrigado.

            (Manifestação da galeria.)