Discurso durante a 127ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o cinquentenário das atividades da TV Globo.

Autor
Randolfe Rodrigues (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AP)
Nome completo: Randolph Frederich Rodrigues Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar o cinquentenário das atividades da TV Globo.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2015 - Página 29
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, ELOGIO, ALCANCE, TRANSMISSÃO, PROGRAMAÇÃO, INCENTIVO, TEATRO, COMENTARIO, INFLUENCIA, EMPRESA, ENFASE, CONSOLIDAÇÃO, LINGUA PORTUGUESA.

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, quero cumprimentar também o Senador Ronaldo Caiado, meu caríssimo amigo, primeiro signatário e quem teve a ideia desta especial sessão. Cumprimento também o Senador Eunício Oliveira, o Sr. Edinho Silva, Ministro-Chefe de Estado da Secretaria de Comunicação, e meu caríssimo Sr. João Roberto Marinho, Vice-Presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, que nesta Mesa representa a empresa que está sendo homenageada por todos nós Senadores, pelo Senado Federal, no dia de hoje.

            A Rede Globo, Dr. João Roberto, é uma empresa de superlativos. Tenho pouco a acrescentar depois das falas dos colegas Senadores, mas, se há algo que considero importante destacar são os superlativos da empresa que é motivo de regozijo para todos nós brasileiros. Eu acho que em poucos países do mundo existe uma emissora de televisão que chega a 100% do território nacional, como a Globo, que chega a 100% da população brasileira.

            O Senador Jorge Viana, que falou ainda há pouco, vem de uma terra na Amazônia onde os rios nascem, como ele mesmo costuma dizer; eu sou do canto da Amazônia onde os rios deságuam, que é o Estado do Amapá.

            Certa vez, estive - o Senador Davi deve conhecer - em visita a uma aldeia indígena no interior do Amapá, a Aldeia Uaçá, no extremo norte.

            Nós brigamos com Roraima, Dr. João Roberto, para definir qual é o extremo norte do País. Como o marco territorial indica que o Oiapoque é o ponto extremo, nós continuamos reivindicando esse pré-requisito para o Amapá.

            Estive no extremo norte, na Aldeia Uaçá. Chegando lá, Malu e Francisco - permitam-me falar assim -, havia a dificuldade de a população uaçá identificar todos os representantes do Amapá no Senado e na Câmara, mas todos vocês eles conheciam. O povo uaçá, galibi, galibi-marworno e waiãpi podem não conhecer seus representantes na Câmara Federal e no Senado, mas eles não têm dúvida sobre os atores de Vale Tudo, sobre os atores das inúmeras novelas, porque entre os superlativos há isso. E isso tem que ser requisitado para nós como motivo de orgulho. Nenhum outro canto do mundo tem uma emissora de televisão que é produtora não só de novelas - a maior do mundo -, mas também incentivadora de novos talentos.

            O que vejo na formação da Rede Globo - e isso é importante e especial destacar - é o espaço de sempre surgir o novo. Isso abriu espaço para a teledramaturgia, para o teatro brasileiro, que tem que ser reconhecido e ter o registro de agradecimento de todos nós.

            O Projac é o segundo maior complexo televisivo da América Latina e um dos maiores complexos televisivos do Planeta. A própria rede de televisão é a segunda maior do mundo, atrás apenas - e espero, Dr. João Alberto, que em pouco tempo empate ou até mesmo ultrapasse - da ABC norte-americana.

            Isso tem que ser motivo de regozijo para nós, porque é uma emissora brasileira. Às vezes, como disse Nelson Rodrigues, temos o complexo de vira-lata, de sempre estar por trás, de sempre estar abaixo. Quanto nós temos um patrimônio superlativo, isso tem que ser reconhecido pelo Brasil e tem que ser espalhado como motivo de orgulho.

            Ainda muito jovem, estive em Cuba, em 1997, no XIV Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. Havia um horário em Cuba que era sagrado, coincidentemente, o das oito da noite. Todas as atividades do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes ocorriam até aquela hora e voltavam depois daquela hora, porque todos os cubanos estavam ligados em Vale Tudo e na programação. É lógico que eu não contei para ninguém quem matou Odete Roitman, pois já havia, na sociedade cubana, um suspense geral e esse era um dos principais temas questionados.

            Há uma identidade dos povos latinos quando nos veem nas novelas, quando nos veem nas matérias de exportação da Rede Globo, como são as novelas, como é a sua teledramaturgia.

            E há o papel, temos de reconhecer, de integração nacional.

            Ainda há pouco, o meu querido amigo Jorge Viana, ao vir à tribuna, falou da dificuldade de encontrar e de identificar um acriano no Rio de Janeiro.

            Jorge, também é difícil encontrar um amapaense. Nós, que somos os Estados mais antigos, temos essa dificuldade com o Centro-Sul. Há essa distância característica de um País continental, com 8,511 milhões de quilômetros quadrados. As distâncias percorridas no interior do País são maiores do que muitas das distâncias percorridas em toda América Latina.

            A Constituição, nos anos 60 e 70, não há dúvida de que foi um instrumento concreto para a aproximação, para a unidade nacional. E não há fator nenhum que consolide a unidade de uma Nação do que a sua língua.

            Falar é estimular o português, estimular através de um Jornal Nacional, através da sua teledramaturgia, propagandear, ampliar espaços, o que torna essa  rede de televisão um elemento fundamental para discutir os destinos do País.

            Como diria o bom e velho Gramsci, o papel da cultura é o papel da superestrutura da sociedade. Hoje, não tenho dúvida de que o papel cumprido pela Rede Globo é indispensável na formação da cultura e na formação da opinião pública nacional.

            Por isso, em momentos como os de hoje, em momentos de crise política, moral e econômica - que o País atravessa e que hão de ser reconhecidos -, é fundamental, é indispensável o papel de uma rede de televisão que cumpra o papel sagrado da integração nacional e que estabeleça espaços de debates públicos.

            Além de tudo isso, a  existência de uma emissora com essa natureza mostra o quanto é fundamental para nós a democracia e um dos principais valores da democracia: o valor da liberdade de expressão. O valor da liberdade de expressão, o valor da liberdade de investigação, característico do jornalismo investigativo, é um valor indissociável de qualquer regime democrático.

            Isso tem sido - e tem que ser reconhecido por nós - um patrimônio defendido pela Rede Globo e pelas Organizações Globo.

(Soa a campainha.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP) - Por mais que haja contestações, controvérsias e questionamentos, o espaço aberto para o debate, o espaço aberto para as diferentes opiniões é o que consolida e faz avançar a nossa democracia.

            Quero cumprimentar o Dr. João Alberto pelo aniversário e que a Rede Globo continue sendo esse superlativo para nós brasileiros! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2015 - Página 29