Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do desenvolvimento de matrizes energéticas alternativas no País; e outros assuntos.

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Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MINAS E ENERGIA:
  • Defesa do desenvolvimento de matrizes energéticas alternativas no País; e outros assuntos.
CIENCIA E TECNOLOGIA:
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SAUDE:
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Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2015 - Página 337
Assuntos
Outros > MINAS E ENERGIA
Outros > CIENCIA E TECNOLOGIA
Outros > SAUDE
Indexação
  • COMENTARIO, EVENTO, ASSUNTO, ENERGIA RENOVAVEL, DEFESA, NECESSIDADE, AUMENTO, INVESTIMENTO, ENERGIA EOLICA, ATRAÇÃO, INDUSTRIA, UTILIZAÇÃO, ENERGIA SOLAR, IRRIGAÇÃO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, AUMENTO, ALCANCE, INTERNET, BANDA LARGA, MOTIVO, CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO, PAIS.
  • COMENTARIO, REUNIÃO, SECRETARIA DE SAUDE, ESTADO DA BAHIA (BA), ASSUNTO, CRIAÇÃO, PROGRAMA, TELEFONE CELULAR, OBJETIVO, COMBATE, DOENÇA, TRANSMISSÃO, MOSQUITO.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, Presidente desta sessão, Srªs e Srs. Senadores, eu quero aqui abordar um tema que vimos trabalhando há muitos anos, particularmente no Estado da Bahia. Esse processo que se refere às políticas alternativas na área de energia se iniciou na gestão do Governador Jaques Wagner e ganha hoje um reforço muito grande na gestão do Governador Rui Costa. Portanto, esse é um dos debates mais importantes no mundo.

            Eu estive agora, no mês de junho, na cidade de Munique, no evento Intersolar Europe, meu caro Senador Garibaldi. Vai haver agora, do dia 1º ao dia 3 de setembro, um dos eventos mais importantes da América Latina, que se chama Intersolar South America, e o Brasil será a sede desse evento. Nos mesmos dias até, haverá outro evento de suma importância para a área de energias alternativas, que é o Windpower, ou seja, o mais importante evento de eólica do Brasil. Portanto, uma demonstração clara de que o Brasil tem se deslocado para uma direção importantíssima, não só como alternativa, mas efetivamente como fontes limpas, corretas e o aproveitamento dessas potencialidades.

            Meu pai, que era um homem que vivia no campo, Senador Garibaldi, dizia uma coisa muito interessante sobre o vento e a chuva. Meu pai usava a seguinte expressão: quanto mais seco, mais vento. A referência de meu pai ali era exatamente a ausência da chuva, o vento levando a chuva para adiante.

            O pesquisador na área, principalmente de busca de novos horizontes para a geração de energia, obviamente, faz a pesquisa ao contrário: quanto mais vento mais seco. É a partir da constatação de em que altura, em que posicionamento e em que local há um vento de boa qualidade. Não adianta só o vento intenso, é importante o vento constante. Não adianta avaliar um vento quase tempestade, porque, senão, ele introduz a turbulência na geração de energia.

            Esses componentes foram os componentes com que, ao longo de toda uma trajetória no Governo Jaques Wagner, da Bahia, nós fomos aproveitando a chamada linha do vento ou as oportunidades trazidas pelo vento. Implantamos na Bahia uma verdadeira revolução nessa área de geração de energia eólica, atraindo grandes indústrias, como indústrias de aerogeradores e de torres.

            Agora, há uma discussão em curso na Bahia para a atração das indústrias de pás ou de palhetas. Eu tive a oportunidade de ver, inclusive, uma experiência na Espanha e em outros lugares, em que se estuda a possibilidade de seccionar uma pá eólica até para facilitar o seu transporte. Uma pá, meu caro Elmano, dessas lá em cima no cata-vento, tem 65m de comprimento. A sua fabricação é extremamente simples, mas é necessária uma área com complexidade de tamanho e, ao mesmo tempo, de técnica para a fabricação dessa ferramenta importante para a geração de energia. Essas pás são fabricadas usando resina com fibra de vidro. A estrutura para a construção de uma pá dessas é como calcula, por exemplo, um bom engenheiro calculista qualquer estrutura de uma casa, até porque ela vai suportar pressão, ou seja, uma pá de 65m de comprimento, ainda que de fibra, também pesa. A 120m de altura ou a 100m em relação ao solo, a própria força peso dá a essa pá uma consistência para ela se tornar algo extremamente perigoso, capaz de, em um simples giro, através da sua força peso, conseguir fazer com que o nosso rotor do aerogerador possa se movimentar e, consequentemente, gerar energia.

            Esse debate não é um debate qualquer. Esse é um debate que está no âmago da questão mundial. E, como eu falei aqui anteriormente, eu estive na Intersolar Europe, até acompanhado do Senador Fernando Bezerra, e nós assistimos a uma política traçada pelo governo da Alemanha. É uma política traçada, primeiro, para se livrar, Senador Otto, do gás que a Alemanha consome da Rússia e para atender às exigências e demandas de políticas traçadas pela Alemanha para se libertar do uso de energia nuclear. Então, a Alemanha adotou uma política na área de energia solar tanto na microgeração quanto na minigeração e na geração em uma escala um pouco maior.

            É isso, Senador Moka, que, neste exato momento, representa a maior fonte não só de geração de energia - estou falando da solar - como de geração de postos de trabalho nos Estados Unidos. Foi agora - essa é uma leitura inclusive do governo americano - a maior fonte de geração de postos de trabalho a energia solar.

            Ora, se há microgeração, Senador Moka, tem de haver unidades instaladas em casas. Aí vão a venda de placas, o trabalho para a instalação, a venda de inversor e a venda de componentes. Então, há toda uma indústria no entorno que é acionada. Ao mesmo tempo, consegue-se usar isso para superar os graves problemas.

            Uma outra escala, Senador Moka, que vai ao encontro do que nós aprovamos ontem, é a utilização de energia solar para a irrigação, com uma redução de custo brutal. Este é um drama que nós estamos enfrentando agora no Brasil: o custo para irrigação. A turma da energia que alimenta esses nossos irrigantes aí pelo Brasil afora está reclamando muito do preço d energia. Então, não adotar a energia solar nesses parques, nessas grandes unidades de irrigação é um erro. Essa é uma política importante que temos que abraçar.

            Vai haver agora, Senador Moka, um dos leilões mais importantes da área de solar no final do mês de agosto no Brasil. Eu poderia dizer até, sem medo de errar, que será o grande leilão de solar no Brasil. Esse vai ser um leilão que vai marcar história. Senador Otto, o nosso Estado terminou apresentando propostas para mais de 4 mil mega dos 12 que estarão disponíveis.

            É adotar uma política que mais que alternativa é, eu diria, uma política, inclusive, para solucionar os graves problemas. Nós não temos mais como, Senador Elmano, construir grandes lagos. É, inclusive, a energia mais limpa? É vero. A hidroeletricidade ainda é a mais limpa, a mais barata, mas, em compensação, nós enfrentamos agora, com as unidades que foram construídas no Norte do País, Belo Monte, Jirau, Santo Antônio, os problemas ambientais. E mais: com todo o respeito aos técnicos da área, eu diria que foi uma adoção errada para a hidroeletricidade. Ali é geração a fio d’água: passou, gerou. A história do lago não é por acaso, não é para transformar uma área em área mais bonita. Na Bahia, houve uma situação que gerou até uma das músicas bem cantadas no País por Sá e Guarabyra, que dizia o seguinte: “Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé, Pilão Arcado, Sobradinho, adeus... O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Portanto, essa coisa do lago tem o agravante de você ter que inundar áreas e áreas imensas e, ao mesmo tempo, o lago ser uma interrupção do rio. O Senador Otto tem brigado aí como um leão em relação a essa questão dos problemas de vazão do nosso São Francisco, da sua nascente até a foz. O Lago de Sobradinho, que construímos com muitas lutas no Brasil, Otto, foi e é importante, mas ele é uma interrupção. E o lago é construído, como eu disse, não por beleza, meu caro Paim, mas por ser o centro de armazenamento. Eu não armazeno energia, eu guardo água. Já imaginou se fosse para guardar toda aquela energia? Você teria que construir capacitores ou estruturas de armazenamento com baterias e, inclusive, o custo seria muito mais alto. Então, o lago é isso. Eu guardo água, meu caro Capi, exatamente para o manejo. No momento de necessidade, eu abro as comportas para que a água passe e gere energia. Uma vez gerada, ganha a linha de transmissão e vai embora.

            Portanto, num momento de seca como este com que estamos convivendo agora ou, numa linguagem mais técnica, num momento de risco hidrológico, o controle, o manejo do lago é essencial para preservar, para fazer bom uso da água e para, ao mesmo tempo, também gerar energia.

            Aí é que entra, inclusive, a questão que muita gente está acompanhando hoje, a chamada bandeira vermelha nas contas de energia. Essa é uma forma de racionamento, porque se faz, usando a linguagem popular, pela dor: aumenta-se o preço, para o sujeito economizar. Então, esse é um racionamento, para alertar o consumidor de que, se ele puder economizar, ele vai aliviar seu bolso e também vai resolver um problema nosso, que é o problema hidrológico. Assim, vou ter de gerar menos, porque agora há um consumo mais eficiente e controlado.

            O mundo inteiro tem feito esse debate das fontes alternativas. O Reino Unido, Paulo Paim, no ano passado, fez uma das maiores licitações do mundo para discutir a chamada eficiência energética, para fazer com que o cidadão pudesse ter informação. Só que o Reino Unido juntou a fome com a vontade de comer, vamos dizer assim, e aproveitou que ia entrar em cada casa, com a informação da eficiência energética. Nós fizemos isso no Brasil aqui muito. Não foi à toa que as companhias de energia no Estado, meu caro Elmano, foram até cedendo geladeiras para um número grande de consumidores, para eles usarem equipamentos com capacidade de consumo bem menor,  com eficiência energética. O Reino Unido está fazendo o seguinte: a informação chega à casa de cada cidadão, e essa mesma informação não leva só o dado da energia. Eles acoplaram a essa questão duas outras fontes importantes que também são escassas, minha cara Regina: a água e o gás. Portanto, aproveitaram o mesmo caminho e enfiaram três coisas: gás, energia e água.

            Agora, em outro debate importante - aliás, é um debate que a gente faz no Brasil e não conseguiu botar para andar até hoje -, na história da banda larga, o Reino Unido chegou à seguinte conclusão: “Ora, se através de um par de cobre, de um par de fibra ótica, com a chegada em cada residência, levo informação sobre água, energia e gás, por que não aproveitar esse caminho e fazer o caminho de volta para o acesso?”

            O cidadão pode acessar, por exemplo, informações sobre saúde, pode acessar sua conta de banco, usar a internet, baixar filme, ver o que ele quiser ver, ter a liberdade de uso.

            Portanto, é a sinergia dos meios. Eu não estou falando de nada de Odisseia no Espaço. Aliás, a Odisseia no Espaço foi em 2001, já passou. Estou falando de algo que é palpável, de algo que nossas universidades laboram, bem como nossos centros de pesquisa, como o Cimatec, na Bahia, que está ultra-avançado.

            Agora, nós precisamos botar isso para andar. É preciso que isso seja transformado em políticas públicas. É preciso fazer isso chegar à ponta, como solução para a irrigação, para a produção agrícola, para a educação, para a saúde! Nada adianta falar em botar a banda larga nas escolas, quando a escola não tem nem energia! Mas vai funcionar? De certa forma! Não adianta falar em banda larga nas escolas se não conseguimos definir qual é o padrão didático. Portanto, nós vamos comprar equipamento de forma desvairada, sem planejamento ajustado.

            Portanto, estou falando de algo cujos players mundiais são os mesmos que atuam no Brasil. A Vivo, no Brasil, que todo o mundo conhece, do celular...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ...é uma das empresas da Telefónica de España no mundo. Foi exatamente essa empresa que ganhou a licitação no Reino Unido para prover a chegada à casa de cada cidadão inglês.

            Portanto, esse é um debate importante que a Bahia adotou.

            Nós estivemos com o Ministro das Comunicações, em março deste ano, na cidade de Barcelona. Eu disse ao Ministro: “Banda larga só é possível se fizermos parcerias”.

            Cidade inteligente só é possível se houver cidadão inteligente, se houver atendimento a cada pessoa. Não adianta falar de smart city quando eu não consigo chagar à casa do cidadão. No Brasil, não sei se temos dois milhões de usuários atendidos por fibra ótica, e todos eles estão na cidade de São Paulo. E o resto do Brasil? Que dirá o Piauí, minha cara Regina?

(Interrupção do som.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - E a região do interior do Piauí? Na realidade, trata-se de condenar essas (Fora do microfone.) pessoas ao atraso.

            Estamos falando de serviços. É como chegar, meu caro Cristovam, com serviço. Na Bahia, por exemplo, nós fizemos agora uma PPP da imagem.

            O que é a PPP da imagem, Cristovam? É uma central de laudos, em Salvador, meu caro Moka, com radiologistas do mais alto gabarito, que vão poder analisar uma imagem feita a distância. Não tenho radiologistas para espalhar pela Bahia inteira, mas posso espalhar a captação dessa imagem pela Bahia, meu caro Lira, e colocar, em Salvador, numa central de laudos, os melhores médicos. Estamos discutindo com o Hospital das Clínicas, na Bahia, meu caro Lira, para fazer uma central para atendimento aos doentes renais crônicos.

            Hoje, na Paraíba, na Bahia, em Pernambuco, a gente assiste muito a isto: o sujeito sai do interior...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ...três vezes por semana para ir à capital tomar diálise. Por que ele não pode fazer essa diálise na sua cidade?

            Um bom nefrologista, no centro em Salvador ou em Recife ou em João Pessoa, tem condição de acompanhar a distância. Por mais que o Mais Médicos tenha se espalhado, o Mais Médicos não gerou mais nefrologistas! Não temos essa especialidade de sobra. A Universidade Federal da Bahia, meu caro Moka, tem um conjunto de nefrologistas, e posso dizer que esse conjunto é um dos melhores do Brasil, mas não posso dizer que dá para espalhar isso pelos 417 Municípios. Mas posso fazer chegar a máquina à ponta, para o nefrologista, numa central de laudos em Salvador, acompanhar isso on-line. Isso vale para a saúde, isso vale para a educação, isso vale para a agricultura, isso vale para a atividade comercial.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Portanto, consolidar políticas alternativas de energia solar e de energia eólica e associar isso a um processo de banda larga é estimular o crescimento local, é prover as condições para o desenvolvimento. É isso que chamo de debate de infraestrutura! Não é lançar um plano, um PIL de R$190 bilhões!

            Quando falo que vou duplicar a BR-101, pergunto, cara pálida: será que é importante para a Bahia hoje duplicar esse trecho ou ampliar nossa capacidade de oferta de energia e de banda larga por todo o interior? Com isso, podemos botar o hospital para funcionar, botar escola em tempo real, Cristovam, para que a escola não fique recebendo refugo, para que a gente possa fazer chegar o ensino nesse mesmo tempo. O que chega a Brasília tem de chegar a todos os cantos deste País!

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Foi por isso que nós avançamos! Para que serve essa história de dizer que avançamos tecnologicamente? Inovar é isso.

            Inovar é tentar superar essas barreiras e pôr, ao mesmo tempo, todos os cidadãos com acesso ao que é possível ser disponibilizado hoje nos grandes centros. O custo disso baixou.

            Há uma palavrinha que os economistas usam muito, Cristovam, que se chama “escala”. O Brasil tem 270 milhões desses trocinhos espalhados pelo Brasil afora. Para quê, se você não consegue usar?

            O Brasil vai fazer uma modificação no sistema de televisão, vai desligar o sistema analógico e ligar o sistema digital. Ora, se eu não aproveitar a faixa de frequência de 700MHz, onde estava a TV analógica, para usar em larga escala para os serviços, esse vai ser um grande erro!

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Ela é, inclusive, a faixa mais importante, Cristovam, porque, com ela, posso aumentar o meu raio de cobertura. Hoje, usamos isto aqui numa faixa de, por exemplo, 2,5GHz. É por isso que tem de colocar torre em tudo quanto é lugar, Cristovam, porque, com 2,5GHz, meu raio de cobertura é de quatro quilômetros. Com 700MHz, posso chegar a um raio de 20 quilômetros. Portanto, além de reduzir custo, aumento minha capacidade de abrangência.

            Por que não compatibilizar e não compartilhar a utilização das torres eólicas para servirem como torres para esses sistemas de rádio? Por que não compatibilizar a estrutura de placas solares em cima dos lagos, para, inclusive, aproveitarmos, meu caro Capi, a geração dessas placas e a linha de transmissão?

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Enquanto a comporta, meu caro Cristovam, está fechada, porque não há água, está se gerando energia a partir das placas. A linha de transmissão é a mesma. Eu não preciso mais dar desculpa de que não vou ter a linha de transmissão, como aconteceu recentemente com a geração da energia eólica.

            Portanto, é esse desafio que se apresenta para este tempo de escassez na economia e para este tempo de necessidade de expansão.

            Concedo um aparte ao Senador Cristovam e vou encerrar, Senador Paulo Paim.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Paim, serei bem rápido.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Fique tranquilo, Senador. Sempre é uma satisfação ouvi-lo. V. Exª sabe disso.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Sei disso! Senador Walter, veja bem que o que o senhor está trazendo aqui é algo de que o Brasil precisa mais do que qualquer outra coisa: uma mentalidade nova de como enfrentar os problemas. Isso me lembra de uma coisa que inventaram há pouco mais de cem anos, uma coisa chamada cinema. Muitos achavam que isso não fazia sentido. Era preciso levar teatros, para os atores irem de cidade em cidade. Até hoje, a gente estaria esperando para ver Charlie Chaplin no teatro. Não! Passamos a trazer todos os atores para a tela de cinema.

            Isso mudou tudo. O teatro continuou, é claro, presencial. Isso é fundamental. Mas houve a possibilidade de o cinema levar a arte. Ou a gente pode levar o médico, o professor, o político. A gente pode levar qualquer coisa, Senador Capiberibe, mas de forma interativa, não como na tela de cinema. À tela de cinema a gente assiste, e pronto. Ou a gente pode fazer de maneira interativa, como o médico nefrologista de que o senhor falou. Não é mais necessária a convivência física entre quase todos os profissionais e aqueles que necessitam dele. Isso exige uma mentalidade nova. É que ela está demorando, mas está chegando. E a pressão que vem da realidade fará com que isso chegue. E, quando isso chegar, a gente vai se lembrar desse seu discurso, dessa sua ênfase, dessa sua força, defendendo uma mudança na mentalidade de como enfrentarmos os problemas, muitos deles velhos, usando tecnologia nova.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - É isso aí! Senador Paulo Paim, é isso que o Senador Cristovam está falando.

            Nessa sexta-feira agora, Senador Cristovam, vou participar de uma reunião na Secretaria de Saúde da Bahia. A Bahia topou esse desafio. Nós vamos fazer o piloto. No seu desenvolvimento, até há uma participação minha. Em minhas horas de não Senador, sou profissional dessa área. Produzimos um aplicativo e, junto com a Fiocruz, vamos entregar ao Estado da Bahia uma proposta para atuar nessa área de combate à dengue, à chikungunya ou à tal da zika, como todo mundo fala em relação a esses novos mosquitos.

            Eu até brinquei com o Subsecretário de Saúde na segunda passada. Eu disse a ele: “Nós vamos fazer um Waze da saúde, para que os agentes comunitários, portando aparelhos simples, possam chegar a cada casa.”

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Com dois movimentos, um educacional...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Walter, todos nós estamos encantados, encantados mesmo, com seu conhecimento.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Então, deixe-me concluir.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Se puder concluir, a gente agradece.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Vou concluir.

            Senador Cristovam, de forma educativa, esses agentes comunitários vão poder se informar em cada casa e projetar na parede do próprio celular um filmezinho de um minuto e trinta segundos, para dizer como é que as pessoas devem se comportar. De outra forma, do próprio aparelho dele, ele vai poder detectar situação de focos e jogar para um mapeamento feito pela Secretaria de Saúde.

            Então, estamos tentando fazer isso como piloto e trazer para o Ministério da Saúde, para ver se dá para espalharmos isso para o Brasil inteiro. Usando uma técnica, os agentes comunitários entram em todas as casas todo dia. Portanto, há como eles fazerem isso. Basta essa boa vontade de que V. Exª diz e, ao mesmo tempo, abrir a cabeça para isso.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2015 - Página 337