Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

*Comentário sobre a carta PR 837/2015 do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais, acerca de um estudo técnico relativo à queda na arrecadação de tributos administrativos pela Receita Federal.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • *Comentário sobre a carta PR 837/2015 do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais, acerca de um estudo técnico relativo à queda na arrecadação de tributos administrativos pela Receita Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2015 - Página 425
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, CARTA, AUTORIA, SINDICATO, AUDITOR FISCAL, RECEITA FEDERAL, ASSUNTO, ESTUDO, REDUÇÃO, ARRECADAÇÃO, TRIBUTOS, REPASSE, FUNDOS DE PARTICIPAÇÃO, ESTADOS, MUNICIPIOS, APREENSÃO, RECESSÃO, AUMENTO, INFLAÇÃO, DEFESA, NECESSIDADE, INTERVENÇÃO, GOVERNO FEDERAL, NEGOCIAÇÃO, VALORIZAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL.

SEGUE NA ÍNTEGRA PRONUNCIAMENTO PROFERIDO PELO SR. SENADOR PAULO PAIM.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Deputado Edson Brum, encaminhou ao meu Gabinete, cópia da Carta PR 837/2015 do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais.

            Esta carta apresenta um estudo técnico relativo à queda na arrecadação de tributos administrativos pela Receita Federal do Brasil e seu reflexo nos repasses aos fundos de participação de Estados e Municípios, seguido de uma análise sobre as perspectivas a curto e médio prazo de tal conjuntura.

            Na carta consta que:

            O texto demonstra que a redução da arrecadação está, sobretudo, ligada ao declínio da atividade econômica no país, que desde o ano de 2013 apresenta sinais de recessão, aliada a um forte viés de alta da inflação.

            Adverte, porém, que o quadro poderá se agravar sobremaneira, uma vez que os Auditores Fiscais encontram-se, desde março deste ano, em campanha pela valorização do cargo e pelo fortalecimento da Receita Federal do Brasil.

            Ao final, solicita a intervenção de Vossa Excelência junto ao Governo Federal, de modo a evitar que tais perspectivas se concretizem e agravem, ainda mais, o combalido quadro fiscal dos estados e dos municípios brasileiros.

            Sr. Presidente, os Auditores Fiscais relatam que “a arrecadação tributária federal está experimentando, desde 2014, uma sensível redução quando os valores são confrontados com a inflação oficial medida pelo IPCA.

            No ano de 2013 o IPCA acumulado foi de 5,91% e em 2014, de 6,41%. Somente nos quatro primeiros meses de 2015 a inflação oficial já superou esses dois índices, tendo atingido 7,68%.

            Ao mesmo tempo, a atividade econômica tem desacelerado desde 2013. O crescimento real do Produto Interno Bruto daquele ano foi de 2,3%, enquanto que, em 2014, o crescimento foi de 0,1%. Em 2015, a previsão do Banco Central é de haja retração de - 0,5%.

            O aumento acelerado do nível de preços aliado à brusca queda da atividade econômica, com seus consequentes desdobramentos negativos sobre o emprego, a renda e o consumo, repercutem negativamente sobre a arrecadação tributária.

            Segundo os Auditores, abre aspas “as receitas administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil em 2014 cresceram, em valores nominais, 4,24%, porém, retraíram-se 1,91%, em termos reais.

            Nos últimos doze meses a situação se recrudesceu: crescimento de 3,89% nominal e 2,86% de retração em termos reais.

            Os números também mostram retração nos tributos incidentes sobre a renda (Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e sobre o consumo (Imposto sobre Importações; Impostos sobre Produtos Industrializados; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social; PIS/PASEP; CIDE Combustíveis e IOF).

            O resultado negativo no ano de 2014 foi influenciado especialmente pela redução da lucratividade das empresas, desoneração da folha de pagamentos, queda na produção industrial, na venda de bens e serviços e no valor em dólar das exportações, conforme análise da Receita Federal do Brasil.

            Os principais tributos que contribuíram para essa queda foram: IRPJ e CSLL (-4,58%); COFINS/PIS-PASEP (-3,47%); Imposto sobre Importações e IPI vinculado (-6,79%) e IOF (-4,79%)4.

            Praticamente as mesmas razões são apontadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para a queda ocorrida no primeiro quadrimestre de 2015.”

            Srªs e Srs. Senadores, os Auditores Fiscais afirmam que, ciente das dificuldades conjunturais, o governo federal tem imposto a eles um tratamento muito aquém do devido a um cargo.

            Eles pontuam ainda que sua atividade é essencial ao funcionamento do Estado, nos termos de dispositivo constitucional.

            Chamam a atenção para o fato de que a Lei Orgânica do Fisco (LOF), que estrutura o cargo e estabelece garantias e prerrogativas essenciais ao desempenho das atribuições legais dos Auditores Fiscais, prevista no art. 50, da lei 11.457/2007, oito anos depois, ainda não foi encaminhada ao Congresso Nacional pelo governo federal.

            Ademais, dizem eles na Carta 837/2015, a remuneração do cargo ocupa a 25ª colocação dentre os Auditores dos Fiscos estaduais.

            Segundo os Auditores, este é apenas um breve vislumbre das imensas dificuldades enfrentadas por eles, que tem desestimulado a classe a despender todas as suas potencialidades no exercício de suas atribuições.

            Consta também da Carta que:

             “O SINDIFISCO NACIONAL, entidade representativa dos Auditores Fiscais, alerta a Vossa Excelência acerca das consequências do movimento reivindicatório sobre o quadro já alarmante da arrecadação dos impostos e contribuições de competência da União, tendo em vista seu reflexo direto na repartição de receitas e repasses ao FPE e ao FPM.

            O aprofundamento da queda na arrecadação dos tributos federais é assunto de interesse de todos os entes federativos, uma vez que a Receita Federal do Brasil é responsável por 70% da arrecadação nacional, de cujo repasse, Estados, Municípios e Distrito Federal são, cada vez, mais dependentes para fazer frente aos seus compromissos financeiros e dar conta de suas prestações constitucionais.

            Comparando-se o primeiro quadrimestre de 2015 com o período equivalente de 2014, verifica-se uma queda no repasse para o FPE de (1,70%). De igual forma, o FPM perdeu (2,93%)6 no mesmo período. Verifica-se, assim, um viés de queda nas transferências de recursos para o FPM e para o FPE. Pesou nesses números, sobretudo, a perda de arrecadação do IRPJ e do IPI.

            No caso do IRPJ, a perda de janeiro a abril de 2015 em relação ao mesmo período de 2014 foi de (5,49%). Com respeito ao IPI, a perda de arrecadação chega a (22,51%)7. Ressalte-se que tais tributos estão entre os mais suscetíveis à ação fiscal direta.”

            Ao final da carta, Senhoras e Senhores Senadores, eles solicitam a intercessão do Presidente da Assembleia Legislativa junto ao Governo Federal e junto aos parlamentares da região, a fim de implementar uma efetiva negociação com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais - SINDIFISCO NACIONAL, com vistas ao restabelecimento da normalidade na Secretaria da Receita Federal do Brasil.

            Eles afirmam que isso, certamente, terá reflexos positivos não somente para a União, mas também para as administrações de todos os Estados e Municípios.

            Eu creio, Sr. Presidente, que eles apresentam argumentos muito bem embasados, que devem ser levados a sério.

            Essa situação prejudica o nosso País. É necessário que uma solução seja dada e que a categoria seja devidamente respeitada em seus direitos e em sua atividade.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2015 - Página 425