Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as dificuldades do setor cacaueiro no Brasil, em especial no Estado da Bahia.

Autor
Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
Nome completo: Lídice da Mata e Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Preocupação com as dificuldades do setor cacaueiro no Brasil, em especial no Estado da Bahia.
SAUDE:
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2015 - Página 95
Assuntos
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Outros > SAUDE
Indexação
  • REGISTRO, APRESENTAÇÃO, SOLICITAÇÃO, MESA DIRETORA, ENCAMINHAMENTO, REQUERIMENTO, DESTINATARIO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), AUDIENCIA, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, KATIA ABREU, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), ANA AMELIA, VALDIR RAUPP, WELLINGTON FAGUNDES, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, ASSUNTO, REIVINDICAÇÃO, PRODUTOR, CACAU, REFERENCIA, NECESSIDADE, REVISÃO, DRAW BACK, SETOR, COMENTARIO, IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, CHOCOLATE, BRASIL, APREENSÃO, POSSIBILIDADE, ENTRADA, PRAGA, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, AFRICA.
  • COMENTARIO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ASSUNTO, OBRIGATORIEDADE, APRESENTAÇÃO, ROTULO, CHOCOLATE, QUANTIDADE, CACAU.

            A SRa LÍDICE DA MATA (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras Senadoras e Srs. Senadores, retornando à nossa atividade no Congresso Nacional, especialmente no Senado Federal, eu gostaria de voltar hoje a falar sobre as dificuldades do setor cacaueiro no Brasil, especialmente na Bahia, dos produtores de cacau do nosso País.

            A insistência no tema, Sr. Presidente, é porque, na última semana, houve um reforço ao apelo que já havíamos feito nesta tribuna no dia 9 de julho, último dia em que usei a tribuna antes do recesso, para que seja revisado o regime de importação de amêndoa do cacau, conhecido como regime de drawback. Há sobre a mesa um requerimento, de nossa autoria, de informações para o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) nesse sentido.

            Agora, no dia 29 de julho, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) pediu ao Conselho Consultivo do Setor Privado (Conex) que seja feita a revisão do regime de drawback para o setor de cacau. Por esse instrumento, o País importa insumos isentos de tributação para industrialização de produtos destinados à exportação. Acontece, Srs Senadores, que com a retomada do crescimento de produção de cacau pelo Brasil, faz-se necessário revisar tal política para garantir uma concorrência leal e evitar a desestruturação do nosso mercado interno.

            A decisão da CNA vai ao encontro do que reivindicaram os produtores à Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em reunião da qual participei com a Senadora Ana Amélia, Presidente da Comissão de Agricultura desta Casa, com os Senadores Valdir Raupp, Wellington Fagundes e José Medeiros, além do Deputado federal Bebeto Galvão, do nosso Partido e também da Bahia. Nessa reunião, que aconteceu no dia 17 de junho, encaminhamos diversos pleitos do setor, inclusive esse. Aliás, a Ministra demonstrou grande interesse nesse assunto.

            Na sequência, em 9 de julho, apresentei pedido de informação a ser encaminhado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para obter dados sobre os impactos do regime aduaneiro de drawback do cacau. Nesse sentido, Sr. Presidente, apelo a V. Exª para que agilize a liberação desta proposição que se encontra sobre a mesa desta Casa desde aquele período e que necessita ser encaminhada ao Ministério do Desenvolvimento para que possamos obter as respostas que nos interessam, que interessam à Comissão de Agricultura, aos Senadores cujos Estados são produtores de cacau, como é o meu caso no Estado da Bahia, e principalmente aos produtores de cacau do Brasil.

            Além disso, tratamos também de outras questões relacionadas à produção cacaueira que estão na ordem do dia do setor, como a necessidade de reestruturação da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), com a garantia de que possamos ter um novo concurso para recompor o quadro de pessoal. A Ministra nos garantiu que está rediscutindo todo esse setor da Ceplac, da Embrapa e de outras empresas da área da agricultura em nosso País, buscando dar-lhe um desenho mais harmônico e mais eficiente, certamente atenta à situação e à necessidade que temos de ter respostas ainda este ano, para que não se comece a ameaçar a existência de uma instituição com tantos serviços prestados ao Brasil, como é o caso da Ceplac.

            Já a análise de risco de pragas do cacau importado de países africanos é outro tema pelo qual a CNA também pediu ao Ministério da Agricultura que faça revisão e que também foi tratado por nós naquela audiência. Essa é uma preocupação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau. Nós estamos sempre em contato, através da nossa assessoria e diretamente, conversando com o Presidente da entidade, o Sr. Guilherme Moura, que lembra que a cacauicultura passa por um momento de retomada significativa de crescimento e que, assim, a possível entrada de uma nova praga “botaria por terra todo o trabalho do setor”, que não foi pequeno, para recuperar a produção de cacau em nosso País.

            Entre as pragas mais conhecidas que atingem a produção cacaueira, estão a monília, o broto inchado e a vassoura-de-bruxa, sendo que a última afetou grande parte da produção no final da década de 80. Nós da Bahia vivemos uma verdadeira situação de terror, com a expansão da praga da vassoura-de-bruxa exterminando grande parte da nossa lavoura em nosso Estado e levando à miséria milhares de trabalhadores do cacau e também de produtores de cacau em nosso Estado.

            E é neste momento em que essa recuperação se dá, agora agregando novos valores, com uma compreensão amadurecida do setor produtor de cacau, que nós estamos colocando essas questões e essa preocupação, com a necessidade de estarmos muito atentos, através da Vigilância Sanitária, à exportação de um cacau, que não pode permitir nenhum tipo de contaminação da nossa produção.

            Com este breve pronunciamento, Sr. Presidente, eu quero reiterar que estamos atentos, acompanhando a movimentação dos cacauicultores do nosso País e à disposição para continuar defendendo o que for melhor para o setor.

            É importante frisar que, além da retomada do crescimento da atividade, o cacauicultor baiano e brasileiro hoje tem um novo perfil, com foco empresarial, preocupado em agregar valor ao produto, visando à melhoria de renda de toda a cadeia produtiva. Prova disso é que hoje o chocolate brasileiro tem reconhecimento internacional. O Brasil é o quinto produtor mundial e o terceiro maior consumidor mundial do produto derivado da fruta.

            Foi nesse sentido que apresentei o PLS 93/2015, que estabelece o percentual mínimo de 35% de cacau nos chocolates e derivados e que torna obrigatória a informação sobre o percentual total de cacau nos rótulos desses produtos. É um projeto que vai ao encontro tanto de estimular a produção cacaueira em nosso País, quanto de defender o direito do consumidor de conhecer o produto que ele está consumindo.

            Por tudo isso, Sr. Presidente, eu reitero aqui a minha disposição de, neste segundo semestre, dar continuidade à nossa luta, para que esse debate sobre o percentual mínimo de cacau, de amêndoa de cacau no chocolate possa ser debatido e aprovado pelo Senado Federal, pela importância de darmos competitividade ao chocolate brasileiro na concorrência internacional.

(Soa a campainha.)

            A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA) - Temos visto o investimento de outros países que estavam atrás do Brasil na produção de cacau, países inclusive da América Latina, que hoje disputam, em igualdade de condições, com o Brasil e que têm garantias de uma de uma qualidade no chocolate que o nosso produto precisa também ganhar, para disputar esse mercado internacional.

            Sou testemunha da qualidade do produto, do chocolate produzido no meu Estado. Eu tenho trazido esse produto aqui, para o conhecimento e o prazer de degustação de todos os Senadores desta Casa, e tenho deles o testemunho da qualidade desse produto que nós estamos fazendo na Bahia. Porém, o nosso produto não pode continuar concorrendo, em condições de desigualdade, com chocolates...

(Soa a campainha.)

            A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA) - Já finalizo, agradecendo sua paciência.

            Nós precisamos garantir que o nosso produto, o produto nacional, tenha condições de concorrer com o produto importado de outros países que vêm fabricar aqui, no Brasil, um chocolate que, no seu país, ele não tem a coragem de vender.

            Portanto, Sr. Presidente, eu quero reiterar aqui a nossa disposição de luta em defesa do cacau brasileiro, especialmente do cacau da minha terra, da Bahia, e voltar a insistir com V. Exª, com o Presidente da Casa, o Presidente Renan, com quem falarei, para que encaminhe o mais rápido possível o nosso requerimento, do qual já tenho notícias de que já tem parecer favorável, para que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior possa nos responder a respeito das condições do drawback do cacau.

(Manifestação da galeria.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2015 - Página 95