Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato da participação de S. Exª em solenidade de comemoração dos dois anos do Programa Mais Médicos, realizada hoje no Palácio do Planalto .

Autor
Fátima Bezerra (PT - Partido dos Trabalhadores/RN)
Nome completo: Maria de Fátima Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Relato da participação de S. Exª em solenidade de comemoração dos dois anos do Programa Mais Médicos, realizada hoje no Palácio do Planalto .
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2015 - Página 98
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SOLENIDADE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PROGRAMA MAIS MEDICOS, ELOGIO, RESULTADO, PROGRAMA DE GOVERNO, ENFASE, EXPANSÃO, FACULDADE, MEDICINA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CARTA, AUTORIA, ALUNO, MEDICO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN), ASSUNTO, AGRADECIMENTO, PROGRAMA, OPORTUNIDADE, ESTUDO.

            A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Apoio Governo/PT - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente Donizeti, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, Sr. Presidente, há dias na vida de cada um de nós Parlamentares que nos sentimos extremamente gratificados por verificar que nosso trabalho está contribuindo para mudar a vida das pessoas. Hoje foi um desses dias. Fiquei bastante emocionada ao participar da solenidade de celebração de dois anos do Programa Mais Médicos, solenidade essa realizada lá no Palácio do Planalto.

            Fiquei bastante emocionada, Sr. Presidente, não só por ouvir os resultados exitosos do programa, que já beneficiam 63 milhões de pessoas - no meu Estado, são mais de 300 médicos beneficiando mais de 1,100 milhão de pessoas -, mas, principalmente, ao acompanhar o depoimento da jovem Ana Luiza Silva de Lima, minha conterrânea de Caicó, uma menina de origem muito simples, de família modesta, assim como eu e como também a origem e história de muitas meninas do Nordeste. Pois bem, essa menina de origem muito simples enfrentou muitas dificuldades na vida, mas hoje está realizada ao conquistar seu sonho de cursar Medicina no campus de Caicó, lá na querida região do Seridó, no meu Estado, o Rio Grande do Norte. Saiba, Senador Donizete, que essa menina, ao realizar o sonho de cursar Medicina no campus de Caicó, em breve, na condição de médica, se Deus quiser, estará ajudando a mudar o destino de outras pessoas.

            Fico feliz por ter me empenhado para garantir que o Rio Grande do Norte fosse incluído logo na primeira fase do programa do Governo para a expansão dos cursos de Medicina. Ainda à época, como Deputada, convocada que fui pela Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Professora Ângela Paiva, conseguimos naquela época, no MEC - o Ministro era o Dr. Henrique Paim -, que nós conseguimos, naquela época, que o Rio Grande do Norte fosse contemplado na primeira fase, exatamente instalando a Escola Multicampi de Medicina em Caicó, Santa Cruz e Currais Novos. A estudante Ana Luiza, que falou hoje, é aluna desse curso de medicina lá já instalado.

            Quero ainda também, Senador Donizeti, acrescentar que, igualmente em parceria com outro reitor competente lá do nosso Estado, o Professor Arimatéia, conseguimos incluir Mossoró e Assu. A Universidade Federal do Semiárido também vai oferecer 120 vagas para o curso de Medicina. Conseguimos também outra conquista extraordinária: expandir o curso de Medicina, via Ufersa, para a região do Vale do Açu. Já está tudo pactuado, Assu vai ter o seu campus Ciências da Saúde, começando exatamente com o curso de Medicina.

            Quero aqui, Sr. Presidente, destacar que, durante a solenidade, a Presidenta Dilma lembrou que o seu Governo vem priorizando a interiorização dos cursos de Medicina no País, para que sejam dadas mais oportunidades para aqueles que querem exercer a atenção básica. A Presidenta se disse realizada - e nós também -, porque, hoje, graças ao Mais Médicos, todos os brasileiros, principalmente os mais necessitados, estão tendo acesso aos serviços de saúde.

            Portanto, Sr. Presidente, quero pedir licença a V. Exª para ler, aqui no Plenário, o pronunciamento da menina Ana Luiza, hoje pela manhã, no Palácio do Planalto, pronunciamento esse que emocionou todos nós, a   Presidenta, os convidados e as convidadas. Aliás, o depoimento da jovem Ana Luiza emocionou o Brasil, o Brasil que, hoje, graças aos governos Lula e aos governos Dilma, está dando a oportunidade aos filhos do povo e aos filhos da classe trabalhadora de terem o direito de realizarem o seu sonho - assim como a Ana Luiza está tendo - de fazer Medicina e serem doutores.

            Ana Luiza, as suas palavras, na verdade, sintetizam a gratidão de milhares de jovens do interior deste País que, como você, Ana Luíza, estão tendo a oportunidade de realizar seu sonho de se tornar doutor e ajudar a dar mais esperança à vida de brasileiros e brasileiras que até há algum tempo não viam outro futuro à sua frente que não o de repetir a dura vida de seus pais de trabalhar de sol a sol para tirar seu sustento da terra em condições, muitas vezes, degradantes e sem nenhum tipo de assistência.

            Passo a ler, Sr. Presidente, o discurso da jovem Ana Luiza:

O sonho sempre despertou o fascínio da humanidade. Fazer Medicina sempre foi o meu sonho [disse Ana Luíza], mas, assim como para muitos outros jovens, eu presenciava o meu sonho distanciar-se de mim ao encarar as dificuldades para ingressar em uma faculdade tanto pública como privada. Além disso, o fato de morar no interior do Rio Grande do Norte distanciava-me ainda mais deste desejo.

Todavia, no meio de uma dessas reviravoltas que só a vida sabe fazer, deparei-me com o meu sonho ali, possível: uma escola de Medicina em minha cidade Caicó, em pleno sertão nordestino, terra da qual sou filha.

As escolas médicas, antes privilégio de grandes centros urbanos, tornaram-se realidade para cidades e cidadãos do interior, os quais, assim como eu, dificilmente acreditavam que um dia teria um médico sendo formado em suas próprias regiões. O processo de interiorização das escolas de medicina levou os olhos da sociedade para áreas remotas do País e, mais que isso, deu voz aos sertanejos, ribeirinhos, indígenas e tantas outras comunidades do Brasil. Lugares que há décadas estavam esquecidos e “calados à força” pelo discurso do “não faltam médicos” [entre aspas] hoje podem inflar o peito e bradar: teremos os médicos que a comunidade precisa! É isso o que acontece quando se põe em prática um dos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde: a equidade. Criam-se oportunidades, fomentam-se mudanças, promove-se a justiça e amenizam-se iniquidades. É, de fato, uma verdadeira revolução social.

Cara Presidenta Dilma [disse hoje Ana Luíza], neste momento me vem à memória seu primeiro discurso, quando foi eleita como a primeira mulher na Presidência da República do Brasil. 

Naquela ocasião, a senhora falou aos pais e mães de todo o Brasil para que olhassem nos olhos de suas filhas e lhes dissessem que elas também podiam ocupar o cargo mais importante do Brasil. Pois agora [Srª Presidenta], peço-lhe permissão para reconstruir sua afirmação dizendo...

(Soa a campainha.)

...que, no Brasil de hoje, a neta de um agricultor do sertão do Nordeste ou de qualquer região do interior do Brasil já pode também sonhar em ser doutora. Em meu nome, de meus colegas e de tantos que estão tendo acesso à universidade, eu lhe agradeço por contribuir para transformar as nossas realidades de vida.

É importante destacar também que os recém-criados cursos de medicina não são apenas meros centros de formação de mão-de-obra para a saúde. Muito além disso, eles são comprometidos com as necessidades da comunidade e com o fortalecimento do SUS. Nesse ponto, acho importante deixar claro que não pretendo desmerecer de forma alguma os cursos já existentes, haja vista também formarem profissionais de excelência comprometidos com a saúde e o social.

No entanto, é importante ressaltar que o modelo hegemônico de formação médica...

(Interrupção do som.)

            A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Apoio Governo/PT - RN. Fora do microfone.) -

... já não é suficiente para lidar com as necessidades de saúde da população de um país tão plural quanto o Brasil. Nessa perspectiva, as mudanças nas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de medicina assumiram o compromisso legal de uma verdadeira reforma na educação médica, reorientando o eixo do progresso para mais acesso, mais igualdade, mais saúde, Mais Médicos. Desse modo, as novas graduações médicas, a exemplo da que estou vivenciando na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Caicó, são baseadas na utilização de métodos de ensino inovadores, centrados na comunidade e no nosso sistema de saúde e que enfatizam uma participação ativa e protagonista do estudante em sua própria formação profissional.

            Sr. Presidente, quero aqui, já que o tempo já se esgotou, pedir que seja transcrita nos Anais desta Casa a fala dessa menina...

(Soa a campainha.)

            A SRª FÁTIMA BEZERRA (Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Repito, dessa menina que emocionou hoje o Brasil pela sua história de superação, pela sua história de desafios e de sonhos pelos quais ela sempre lutou. E quero terminar com a frase dela ao invocar o grandioso mestre Ariano Suassuna, que certa vez disse: “É muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos”. E acrescentou Ariano em outra ocasião: “O sonho é que leva a gente para a frente”.

            “Coragem, Presidenta Dilma, pois estamos certos de que nada nos impedirá de continuar sonhando.”

            Muito obrigada, Ana Luiza Silva de Lima, aluna do segundo ano do curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2015 - Página 98