Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque à necessidade de valorização do conhecimento técnico para o aperfeiçoamento da infraestrutura logística do País.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Destaque à necessidade de valorização do conhecimento técnico para o aperfeiçoamento da infraestrutura logística do País.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2015 - Página 188
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PAPEL, BRASIL, LOCAL, ECONOMIA INTERNACIONAL, REGISTRO, NECESSIDADE, DESENVOLVIMENTO, PESQUISA, AREA, ENGENHARIA, OBJETIVO, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, PAIS, MOTIVO, MELHORAMENTO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, senhoras e senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minhas senhoras e meus senhores, mesmo com os graves econômicos por nós enfrentados, o Brasil - sétima economia mundial - ainda é considerado, no contexto global, como um país de grandes oportunidades de investimento. Entretanto, no que diz respeito à competitividade, num conjunto de 148 países, estamos na 56a posição, segundo o Fórum Econômico Mundial. Esse é um alerta vermelho para a necessidade de elevarmos nossos padrões.

            Por um lado, nosso bom conceito se deve tanto à pujança do mercado interno e das potencialidades de nossos recursos naturais; mas, por outro, as deficiências se devem a fragilidades como as das nossas rodovias, ferrovias e portos.

            Por exemplo, a malha rodoviária brasileira, por onde circulam cerca de 60% das cargas nacionais, é constituída por apenas 203 mil km de rodovias pavimentadas, o que representa apenas 12% de toda a extensão da malha nacional. Não chega a ser motivo de orgulho saber que 60% dessas estradas estão em estado regular ou péssimo, segundo a Confederação Nacional de Transportes. E o que isso implica de mais grave? Simplesmente eleva em 36% o custo operacional do transporte por caminhão.

            Nem vou falar da pouca expressividade de nossas rodovias e da falta de duplicação delas. E o que dizer dos portos, tão fundamentais para a competitividade do País?

            As projeções, Srªs e Srs. Senadores, é de que precisamos investir um R$1 trilhão para expandir e aperfeiçoar a infraestrutura logística do País. Com tais recursos, poderemos movimentar dois mil projetos que ainda não começaram a ser executados por falta de investimentos. Mas, além do aporte de recursos da iniciativa privada, precisamos qualificar essas futuras obras do ponto de vista tecnológico.

            Para superar os entraves, devemos voltar a valorizar um setor que tem sido relegado, uma área que está diretamente ligada à dimensão mais preciosa, que é a do conhecimento e da tecnologia.

            Particularmente no campo da engenharia, o Brasil já deu mostras suficientes de sua capacidade de planejamento e de execução. Obras como a Ponte Rio-Niterói, a Itaipu Binacional, a autoestrada dos Bandeirantes, os novos terminais aeroportuários e outras tantas maravilhas representam apenas alguns dos exemplos dessa capacidade de nossos técnicos e das empresas desse setor.

            O Brasil dispõe de conhecimento de ponta que, infelizmente, anda esquecido. Por isso, venho propor a retomada de uma prática que foi capaz de alavancar o desenvolvimento do País. Trata-se, Sr. Presidente, de promover a recuperação da engenharia consultiva, uma área que já foi de expressão internacional, com exportação de serviços, e que hoje vê seus quadros se perderem em função de uma política que não valoriza o patrimônio técnico acumulado ao longo de décadas.

            Eu estive, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente na China e lá pude visitar uma empresa que tem 200 mil funcionários, mas tem dois mil engenheiros. Dois mil engenheiros em uma única empresa que constrói ferrovias na China. Por isso eles construíram a ferrovia de trem de alta velocidade de Xangai a Pequim de 1.300km em apenas três anos. O Brasil é capaz de demorar 30 anos para construir 1.000km de ferrovias. Aí está a diferença da valorização da engenharia nos países como China, Estados Unidos e outros.

            As concessões recentemente anunciadas já representam um sinal de que o Brasil quer dar um salto para aperfeiçoar seus sistemas de transportes. Entretanto, somente com a confirmação efetiva das declarações de intenções poderemos ver as empresas se lançarem em projetos estruturantes nos diversos modais para movimentar o País.

            Um bom sinal de que o Governo está empenhado nisso será a adoção de padrões de alta qualidade para seus projetos de engenharia, com planejamento e prazo que traduzam funcionalidade, certeza executiva e elevada qualidade às nossas obras. Em outras palavras, os recursos orçamentários só terão boa destinação se, antes de se lançar a pedra fundamental de qualquer obra, for feito um planejamento adequado.

           É mais do que urgente, Srªs e Srs. Senadores, que os projetos de engenharia sejam elaborados com padrões à altura da grandeza e da riqueza de nosso País. Não se pode lançar qualquer edital de licitação sem antes obter a garantia de que as obras a serem contratadas terão a qualidade técnica exigida, com previsão de custos e prazos realistas. E isso precisa valer para União, Estados e Municípios.

           Um bom começo seria constituir um banco de projetos altamente qualificados, os quais serviriam de instrumento seguro para economizar os difíceis recursos orçamentários. Lembramos que os investimentos em projetos de qualidade são de baixo custo, variando entre 2% e 5% do valor total empreendimento. Por outro lado, seu benefício é garantido na fase da execução das obras.

            Sr. Presidente, precisamos também, para encerrar o meu pronunciamento... E agradeço ao Senador Walter Pinheiro por ter invertido a ordem para que eu pudesse fazer este pronunciamento, porque eu vou receber daqui a pouquinho o Governador, que já está na minha sala, ali na sede do PMDB, o Governador do meu Estado, Confúcio Mouro.

            Eu queria fazer um apelo também ao Governo Federal, às universidades federais e às reitorias das universidades federais e das universidades estaduais, que priorizem não só o Direito, não só a Medicina - é importantíssima a Medicina, estamos precisando de médicos -, mas também os cursos de Engenharia. E que esse profissionais, após a sua formação, sejam valorizados como na área do Direito. Nada contra o Direito, mas hoje todas as carreiras jurídicas são altamente valorizadas. Precisamos, então, que a engenharia tenha também o seu valor e que ela possa cumprir o seu papel.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2015 - Página 188