Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da importância da amamentação para a saúde da criança.

Autor
Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Registro da importância da amamentação para a saúde da criança.
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2015 - Página 179
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, ALEITAMENTO MATERNO, MOTIVO, AMPLIAÇÃO, NUTRIÇÃO, CRIANÇA, REDUÇÃO, HIPOTESE, DOENÇA, DEFESA, NUCLEO, ARMAZENAGEM, LEITE, OBJETIVO, AUXILIO, MULHER, AUSENCIA, POSSIBILIDADE, ALIMENTAÇÃO, FILHO.

            A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. presidente, Srªs senadoras e Srs. senadores, em 1º de agosto comemora-se o Dia Mundial da Amamentação, data criada em 1992 pela Aliança Mundial de Ação Pró-amamentação. Seu objetivo é promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para crianças em todo o mundo.

            A data se inclui na Semana Mundial de Aleitamento Materno, comemorada anualmente em 120 países, inclusive o Brasil, entre os dias 1º e 7 de agosto.

            Quando deputada federal, aprovei em Comissão especial PEC que amplia a licença maternidade de 4 a 6 meses, com o duplo objetivo de garantir prazo mais longo para a amamentação e proporcionar maior convivência entre mãe e filho nesse período crucial para o desenvolvimento dos bebês.

            Essa proposta, reforçada por projeto originado do Senado, tornou-se lei e ganhou reconhecimento, internacional inclusive, como medida capaz de produzir efeitos extremamente benéficos para as crianças e suas mães.

            Sr. presidente, Srªs senadoras e Srs. senadores, de acordo com estudos conduzidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a amamentação é a forma mais adequada de fornecer ao bebê os nutrientes necessários para sua sobrevivência e seu desenvolvimento.

            É por esse motivo que, nos primeiros seis meses de vida, o ideal é contar com o aleitamento materno exclusivo, sem a complementação com nenhum alimento. Após o período de seis meses, outros alimentos podem ser oferecidos à criança.

            Faço aqui um registro: há também estudos sugerindo que crianças devem ser alimentadas com leite até, pelo menos, os dois ou três anos de idade. Seria uma forma de lhes garantir anticorpos que proporcionam maior resistência a agentes externos e a doenças, em especial infecciosas.

            Nesses casos há muitas crenças populares que se revelam errôneas. Costuma-se afirmar-se que o leite de uma pessoa pode ser fraco. Esse fato não é realidade. A quase totalidade das mulheres apresenta leite capaz de nutrir e proteger a criança. Portanto, salvo as exceções que confirmam a regra, não é necessário adicionar produtos à alimentação no início da vida de um bebê. O leite materno já está na temperatura ideal para a criança, não necessita de esterilização e pode ser usado sem medo.

            No leite materno, a criança encontra não só as substâncias necessárias para a sua nutrição, mas também, como dizíamos, os anticorpos fundamentais para protegê-la no início da vida.

            Estudos comprovam que a mortalidade por doenças infecciosas é menor em crianças que são amamentadas. O princípio é válido especialmente como proteção contra infecções respiratórias, além de evitar casos de diarreia e o seu agravamento.

            Também há estudos mostrando que, a médio e longo prazo, a amamentação faz com que as crianças apresentem pressões arteriais mais baixas, menores níveis de colesterol e uma redução do risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2. Em vários desses casos, a mulher que amamenta também apresenta esse risco reduzido.

            Para a mulher, o aleitamento também traz benefícios. O maior de todos, provavelmente, é a convivência mais longa e intensa com seu bebê, o que estimula um desenvolvimento saudável, cria forte vínculo afetivo e leva a uma interação extremamente positiva.

            Do ponto de vista médico, o aleitamento comprovadamente ajuda na proteção contra o câncer de mama e de ovários, assim como a diminuição dos riscos de artrite reumatoide.

            Nos primeiros seis meses, o ato de amamentar pode garantir ainda uma proteção contra nova gestação. Estudos indicam que a ovulação está relacionada com o número de mamadas diárias do bebê. Dessa forma, ocorre mais antecipadamente em mulheres que amamentam menos vezes.

            Sr. presidente, Srªs senadoras e Srs. Senadores, é preciso reconhecer que vários motivos impedem determinadas mulheres de amamentar, ou dificultam esse processo. Por isso mesmo precisamos definir mecanismos capazes de contornar esse tipo de problema.

            É o caso dos chamados Bancos de Leite Humano. Esses bancos são mantidos graças às mulheres na fase de amamentação que apresentam excesso de leite e realizam a doação, garantindo, assim, qualidade de vida para outras crianças. Cabe ao Poder Público investir nesses serviços, cumprindo sua obrigação de trabalhar para um futuro melhor dos nossos cidadãos.

            Tudo isso mostra como a amamentação é fundamental para a saúde da criança. Iniciativas como a Semana Mundial de Aleitamento Materno e o Dia Mundial da Amamentação são essenciais para garantir a conscientização da sociedade sobre essa questão.

            Além disso, é importante investir em campanhas que desmistifiquem conceitos errôneos e preconceituosos a respeito da amamentação, ao mesmo tempo em que ensinam como realizá-la da maneira adequada.

            Tudo isso garantirá, de forma simples e natural, mais saúde para nossas crianças e para suas mães, além de uma convivência que terá benéficos resultados para ambas e para a sociedade.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2015 - Página 179