Pela Liderança durante a 138ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à oposição por pedir a renúncia da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas à oposição por pedir a renúncia da Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 20/08/2015 - Página 11
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, MISSÃO OFICIAL, ORADOR, REPRESENTAÇÃO, BRASIL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), ENFASE, DEFESA, DEMOCRACIA, LOCAL, AMERICA DO SUL, CRITICA, PROPOSTA, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AGRAVAÇÃO, CRISE.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, estive em missão oficial, até ontem, como representante brasileiro no Mercosul, juntamente com Deputados e outros Senadores brasileiros, e dos países que integram o bloco, para fazermos a defesa enfática dos regimes democráticos e dos governos legitimamente eleitos no nosso continente, valores que assombrosamente estão em cheque no Brasil de hoje, atacados até mesmo por algumas mentes que se julgam privilegiadas, neste País.

            Acompanhei, no domingo, os protestos de rua e, sem qualquer demérito a quem participou - mesmo aqueles portadores de faixas e cartazes fascistas e criminosos, que prefiro classificar aqui como aberrações -, ficou muito claro que ali estavam pessoas que querem mudança de Governo, e não no Governo.

            Foram manifestantes insistentemente convocados pelos partidos de oposição, que têm uma cor partidária muito definida. Oitenta por cento deles, aliás, declaradamente eleitores do PSDB. Mas são legítimos esses protestos. São legais e merecem ser recepcionados e ter todo o reconhecimento de um Estado democrático de direito como o Estado brasileiro.

            Respeitamos esses 800 mil, esse milhão de pessoas que os protestos reúnem, mas o último domingo deixou evidente que os manifestantes que foram às ruas não são representantes dos brasileiros que estão insatisfeitos. Os brasileiros insatisfeitos querem mudanças no Governo. Querem mudanças no Brasil. Mas rechaçam o golpismo, rechaçam o impeachment, rechaçam qualquer saída que flerte com a ruptura da ordem democrática. Os brasileiros insatisfeitos com a atual conjuntura querem saídas sérias para a crise. Não querem agravá-la.

            Essa constatação ficou muito clara, porque - mesmo com todo o dinheiro que irrigou esses protestos, mesmo com todo o apoio prestado pela oposição, que viajou pelo País afora tentando inflamar a população - as manifestações foram menores do que as de 15 de março, ou seja, os brasileiros que querem sair da crise entenderam que é trabalhando, é construindo, é somando esforços - e não empacados nas ruas - que vamos ajudar o Brasil a superá-la.

            Isso desesperou a oposição, especialmente o PSDB. A mudança de conjuntura, o início de uma grande concertação nacional em favor do País, apoiada por todos os setores mais responsáveis da nossa sociedade, a inauguração de uma agenda positiva para o povo brasileiro, tudo isso fez bater um enorme desespero entre os tucanos, o desespero de ter perdido quatro eleições presidenciais consecutivas e de ver se esvair a oportunidade que julgavam ideal para golpear a democracia brasileira, impedir uma Presidenta legitimamente eleita de governar e chegar ao poder pela contramão da história.

            O Lexotan parece ter acabado em Higienópolis. Só pode ser essa a justificativa para a escalada de ansiedade e agitação inaugurada nesse ninho tucano, onde não se choca outra coisa que não o ovo da serpente.

            O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que sempre apresentou certa lucidez e ponderação quando avaliava a conjuntura nacional, foi tomado por uma extrema irresponsabilidade ao pedir a renúncia da Presidenta Dilma. Logo ele, que, no início do seu segundo mandato, amargou péssimos índices de popularidade, teve problemas terríveis com a base de sustentação no Congresso e se viu envolvido em várias denúncias de corrupção, como a compra de votos em favor da própria reeleição e a escandalosa privatização das nossas estatais, hoje episódio conhecido como "privataria tucana".

            Por que Fernando Henrique Cardoso, então, não buscou essa grandeza de renunciar ao próprio mandato, como hoje sugere à Presidenta Dilma que o faça? Não vejo outra explicação que não o oportunismo e a conveniência política.

            Sua fala passou a ser reproduzida por muitos dos próceres do PSDB, que, desesperados com o isolamento para onde estão seguindo, tentam a todo custo dar novo gás ao caos político em que insistem em colocar o Brasil, gerando um factoide a cada dia;

            São, realmente, o maior partido de oposição ao Brasil, como bem disse, em ato falho, o presidente nacional da legenda, o Senador Aécio Neves.

            Muitas são as entidades políticas, econômicas e sociais que têm pedido altivez e responsabilidade de todos, para que possamos trabalhar para manter o País nos trilhos. As duas maiores federações de indústrias brasileiras - Fiesp e Firjan - já o fizeram. Assim também agiram grandes empresários do Brasil. Hoje, tivemos manifestação semelhante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e das Confederações Nacional da Indústria (CNI), dos Transportes (CNT) e da Saúde (CNS), que formaram um fórum permanente para trabalhar pela correção de rumos.

            Assim se posicionaram grandes jornais no Brasil e no exterior, como o americano The New York Times, que, em editorial nessa terça-feira, elogiou a força das nossas instituições democráticas e a postura da Presidenta Dilma de submissão à lei e de não interferir ou constranger quaisquer investigações em curso, atinjam elas quem atingir.

            Forçar a saída da Presidenta Dilma do cargo sem qualquer evidência concreta de malfeito traria sério prejuízo para uma democracia que tem ganhado força ao longo de 30 anos, sem nenhum benefício em troca. E não há nada que indique que qualquer líder da mesma ala faria trabalho melhor na economia, diz o editorial do jornal. E concluiu: “a solução não deve ser minar as instituições democráticas que são, no fim das contas, o que garante estabilidade, credibilidade e um governo honesto”.

            Então, seja internamente, seja externamente, não há - entre os que têm responsabilidade - quem defenda a quebra da ordem constitucional, a ruptura da ordem democrática como saída de uma crise não mais grave, aliás, do que qualquer outra pela qual tenhamos passado.

            Mas o PSDB apequena o Brasil e a nossa democracia e faz ouvidos moucos a toda uma linha que prega a estabilidade institucional no País.

            Não adianta querer travestir de legalidade o que fica evidente para todos - no Brasil e no exterior - como um vergonhoso golpe que se quer aplicar à nossa democracia.

(Soa a campainha.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Deixo aqui, então, o meu repúdio a essa nova quartelada do PSDB, que, tenho certeza, deve envergonhar muita gente da boa cepa do partido.

            Lamentavelmente, entre essas pessoas não se encontra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, autor dessa triste nota da última segunda-feira, que mancha a sua biografia e passará para a História do Brasil como um documento em que um ex-presidente dito democrata assume o discurso golpista que nós julgávamos página virada na América Latina.

            Mas não há de ser nada. Fernando Henrique já nos disse uma vez que esquecêssemos tudo o que ele escreveu. Pois essa nota, Srª Presidenta, será mais uma entre as tantas obras do ex-presidente que os brasileiros mandarão solenemente para o esquecimento.

            Agradeço a tolerância de V. Exª e de todos os nossos Senadores e Senadoras.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/08/2015 - Página 11