Discurso durante a 133ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a reverenciar a memória de Eduardo Campos, em razão do transcurso de um ano de seu falecimento, nos termos do Requerimento nº 841, de 2015, do Senador Roberto Rocha e outros Senadores.

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a reverenciar a memória de Eduardo Campos, em razão do transcurso de um ano de seu falecimento, nos termos do Requerimento nº 841, de 2015, do Senador Roberto Rocha e outros Senadores.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/2015 - Página 19
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EDUARDO CAMPOS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO, POLITICA, CRIAÇÃO, OLIMPIADAS, MATEMATICA, ESCOLA PUBLICA, PERIODO, GESTÃO, MINISTERIO DA CIENCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (MCTI), APRESENTAÇÃO, SUGESTÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), NOMEAÇÃO, EVENTO, NOME, EX-DEPUTADO.

            O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Cumprimento, como signatário desta sessão, o Senador Roberto Rocha; o Senador Fernando Bezerra, nosso companheiro de Bancada; o Presidente do nosso Partido, Carlos Siqueira; o querido companheiro Casagrande, membro desta Casa durante muitos anos; querida Márcia, esposa do Governador Rollemberg.

            Acho que o Senador Pedro Simon esqueceu os óculos por aqui.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Fora do microfone.) - Ele não precisa de óculos.

            O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP.) - Srs. Senadores, Srªs Senadoras, convidados a esta sessão solene, o ano passado, 2014, foi de muita dor para o Partido Socialista Brasileiro, para Pernambuco e para o Brasil. Primeiro, perdemos Ariano Suassuna e, depois, Eduardo Campos. Perdemos dois entes que se amavam. Para Eduardo, Ariano era mais um avô, e, para Ariano, Eduardo era mais um neto.

            Eduardo, Ariano, assim como Miguel Arraes, são três expoentes do nosso Partido. São mortos que nunca morrem. É preciso honrar suas memórias, merecer seus legados, saber entendê-los. Eles precisam ser lembrados nos sonhos, nas esperanças, nas certezas, para que eles não morram jamais. A perenidade de Eduardo ficou evidente com a consternação unânime que varreu o País, naquele fatídico dia de agosto, um ano atrás, com a sua trágica morte.

            Comecei a minha convivência com a família Arraes na volta do exílio. Na verdade, antes da volta do exílio. Nós estávamos em meados de 1979, pouco tempo antes da Lei de Anistia, e Miguel Arraes visitou Moçambique. Uma companheira nossa, fantástica, Marluza, convidou-nos para um jantar, para ouvirmos Miguel Arraes, em Maputo. Arraes fez uma análise de conjuntura, como se tivesse acabado de chegar ao Brasil. Ele estava há 16 anos exilado na Argélia e nos falou com tanto entusiasmo que eu e minha companheira, Janete, naquele dia, tomamos a decisão de morar em Recife e trabalhar com Arraes. Isso aconteceu menos de um ano depois. Em janeiro de 80, nós nos estabelecemos em Olinda e fomos trabalhar em um centro com o Dr. Arraes. Miguel Arraes, para mim, virou Dr. Arraes, porque era assim que o povo pernambucano o chamava.

            Por dois anos, trabalhei com o Dr. Arraes nessa organização, em Pernambuco. Em março de 1990, já no PSB, no qual ingressei logo após a refundação do Partido, em 1987, nós recepcionamos Dr. Arraes no seu retorno ao PSB.

            São mais de 35 anos de relacionamento pessoal e político com a família Arraes, com a família do grande líder, do ícone do nosso campo ideológico da minha geração Miguel Arraes. 

            Eduardo, herdeiro político do avô, falecido coincidentemente em um mesmo 13 de agosto, deu sequência à obra de Arraes e trouxe novamente Pernambuco ao centro do cenário econômico e político. Com o avô, aprendeu a fazer articulação política e gestão pública. Eduardo pregava ao País, principalmente às novas gerações, que há formas originais, e não viciadas, de fazer política e que, em uma sociedade democrática, sem fazer política, não há mudança consistente possível. A política é um instrumento da transformação e da mudança.

            Dudu, como era chamado pelo avô e por nós, internamente, dentro do Partido, tinha uma face não tão conhecida: o compromisso com a transparência, a educação, a modernização administrativa, a ciência e tecnologia. Eduardo consolidou um dos principais polos de desenvolvimento de software do País, dando continuidade a um programa do seu antecessor, Jarbas Vasconcelos, cujo candidato ele derrotou em 2006. A consequência desse compromisso aparece na forma dos indicadores econômicos de Pernambuco, superiores à média nacional.

            Eduardo, em sua passagem pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, criou as Olimpíadas de Matemática das escolas públicas, um projeto para estimular o estudo da Matemática entre alunos e professores de todo o País e que é realizado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (INMPA) desde 2005, com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática, voltada para a escola pública, seus estudantes e professores.

            A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas tem o compromisso de firmar a excelência com o valor maior no ensino público. Suas atividades vêm mostrando a importância da Matemática para o futuro dos jovens e para o desenvolvimento do Brasil. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas atingiu, neste ano de 2015, um novo recorde de número de escolas e de Municípios participantes. Foram 47.582 escolas, em 5.538 Municípios brasileiros, e 17.970.745 alunos inscritos e que fizeram as provas da primeira fase, em 2 de junho.

            Quero deixar aqui a sugestão, dada a importância da política pública e dos números que acabei de citar, de que pudéssemos homenagear Eduardo dando o seu nome às Olimpíadas de Matemática. A Bancada vai encaminhar ao MEC essa sugestão, porque essa é uma política pública que veio pra ficar.

            Eduardo Campos, o nosso Dudu, é dos mortos que nunca morrem e que, mesmo ausente, continuará influenciando os nossos destinos, influenciando o destino do nosso País, pois sua última mensagem continua a pairar sobre nós: “Não vamos desistir do Brasil, é aqui que vamos criar nossos filhos.”

            Muito obrigado.

            Saúdo o Presidente Renan, que acaba de chegar a esta sessão solene para prestigiar esta homenagem à memória deste grande líder brasileiro que faz uma enorme falta neste momento, Eduardo Campos.

            Obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/2015 - Página 19