Discurso durante a 133ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a reverenciar a memória de Eduardo Campos, em razão do transcurso de um ano de seu falecimento, nos termos do Requerimento nº 841, de 2015, do Senador Roberto Rocha e outros Senadores.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a reverenciar a memória de Eduardo Campos, em razão do transcurso de um ano de seu falecimento, nos termos do Requerimento nº 841, de 2015, do Senador Roberto Rocha e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/2015 - Página 34
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EDUARDO CAMPOS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO, POLITICA.

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Oposição/PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a conversa permanente entre "vida" e "história" nos coloca, mais uma vez, nessa Sessão Especial, frente ao evento da passagem do nosso querido Eduardo Campos, morto tragicamente há exatamente um ano, numa queda de avião. Ele - ainda tão jovem -- teria completado 50 anos de idade na última segunda-feira (10/08/2015) e era, reconhecidamente, uma das maiores promessas políticas do Brasil. Sua condição de candidato promissor à Presidência da República - e sua passagem por inúmeros cargos de relevo - evidenciou, na ocasião da sua morte, que o debate sobre o Brasil perdia uma voz importante e desequilibrava a disputa, com os reflexos que conhecemos e vivenciamos hoje.

            Lembrar de Eduardo Campos é também a oportunidade de exercitar nosso desejo comum de cultivar uma sociedade justa e solidária, que garanta o equilibrado desenvolvimento nacional. Homenageá-lo é acompanhar a todos os colegas parlamentares que partilham o ideal do bem comum e da igualdade entre todas as pessoas humanas, com a vida e a história de todos mediadas pela liberdade. Quem acompanhou minimamente a vida de homem público de Eduardo Campos sabe que não exagero ao dizer que um de seus principais "nortes" era a busca pelas estrelas polares da liberdade e do bem comum.

            Por acreditarmos na vida assumimos, no nosso País, como fundamentos do Estado Democrático de Direito - entre outros -, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. As pessoas se empenham na labuta cotidiana que lhes dá o pão da vida. Essa é a batalha de todos nós, e se é de batalhas que se vive a vida, é necessário vencer e viver cada batalha. É assim que tecemos o futuro. Homens do quilate de Eduardo Campos, na sua atuação política, deixam o exemplo de como o poder público pode auxiliar o povo a manter seus sonhos. A queda da criminalidade em seu Estado -- Pernambuco -, resultado de sua ação no governo estadual, demonstra que é possível um futuro mais tranqüilo para o povo.

            Essa tranqüilidade dá a todos a certeza de que são partícipes da invenção permanente da sociedade, de que as decisões são fruto do partilhamento e, seguramente, do correto exercício da cidadania. Tudo isso conduz ao empoderamento do povo, que é, para mim, um elemento de base imprescindível ao bom governo. Daí os sucessos eleitorais que Eduardo Campos obteve na sua carreira, com todo o merecimento.

            Mas, ai de nós!, essa vida - que é a nossa vida e a nossa história! - é ameaçada permanentemente por um sem número de flagelos, como a fome, a doença, a ignorância, os desastres naturais e suas sombras. O direito à vida é o mais alto direito existente, e todo o arcabouço jurídico se configura de modo a assegurar tal direito. É pela garantia da manutenção da vida - em seus variados planos - que tudo o mais que existe de humano se manifesta. O político precisa dar ao povo, como fez Eduardo Campos, os elementos que afastem tais flagelos, sobretudo pelo desenvolvimento em múltiplas frentes.

            O governo precisa implantar com urgência urgentíssima uma política de transparência, em tempo real, dando à população uma posição real de participação política, que fortalece a democracia e combate a corrupção no nascedouro. Eduardo Campos foi transparente e certamente continuaria a seguir esse caminho, simplesmente porque é um caminho que permite mais justiça social.

            A política como vocação ultrapassa a política como mera ocupação ou exercício de um métier temporário, ou a política como projeto de partidos que procuram se manter na arena do poder. O político não é simplesmente um administrador, embora também deva sê-lo. Eduardo Campos soube dosar a boa administração da coisa pública com a visão diferenciada do político que vê a vida se desdobrar como história. Apesar do seu carisma, não considero que Eduardo Campos tenha sido mágico ou profeta - figuras carismáticas por excelência -, mas um homem antenado com seu povo e seu tempo, excelente leitor dos sinais sociais e econômicos, que o deixavam ver para mais além desse imediatismo cotidiano.

            De par com essa homenagem renovamos nosso pesar e lamentamos que um homem tão promissor e brilhante - e carecemos tanto disso! - tenha partido tão cedo da vida. É preciso enfatizar a condição de protagonista que Eduardo Campos exerceu por onde passou como homem público. Que sua memória permaneça como paradigma de atuação e de comportamento político. Que saibamos aprender dele, do seu exemplo, a vivência da política de alto nível.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/2015 - Página 34