Discurso durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do pacto de governabilidade em prol da superação da crise política do País.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Defesa do pacto de governabilidade em prol da superação da crise política do País.
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/2015 - Página 145
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, PACTO, GESTÃO, GOVERNO, OBJETIVO, RESOLUÇÃO, CRISE, POLITICA, PAIS, ENFASE, ELIMINAÇÃO, CORRUPÇÃO.

            O SR. ACIR GURGACZ (Bloco Apoio Governo/PDT - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nossos amigos que nos acompanham pela TV Senado e pela Rádio Senado, o momento que vivemos, nossa crise política, desde as eleições do ano passado, encontrou esta semana um ponto de convergência na direção de construirmos a governabilidade necessária, para superarmos, também, a crise econômica que ameaça o emprego, as empresas, a estabilidade de nossa moeda, o crédito, a indústria, os investimentos em infraestruturas e todas as conquistas que a população brasileira teve nas últimas décadas, principalmente a população mais carente, a que mais precisa das ações sociais do Governo, tanto o Federal, quanto os Estaduais e os Municipais também.

            É o que tenho falado sempre: construirmos um pacto de governabilidade é a nossa obrigação. Não fazemos mais do que a nossa obrigação quando pensamos no Brasil e na nossa população, porque a população não aguenta mais perder empregos e ver a economia piorar e vários serviços do Governo serem diminuídos. Além de muitos deles já serem ruins, ainda estão querendo cortá-los em definitivo. Precisamos acabar, de uma vez por todas, com brigas entre políticos e partidos. Isso tem que ser deixado para a época das eleições. E, nas eleições, todos os caros colegas aqui sabem, precisamos pensar na população, e não em interesses partidários.

            Por isso, fazer esse pacto pelo Brasil realmente é a nossa obrigação. Esse pacto, que passa certamente pela agenda positiva que o Senado apresentou ao Executivo e a todos os brasileiros e que colocaremos em discussão e em votação a partir já da próxima semana, passa também pela tomada de consciência das principais forças econômicas e principalmente das forças políticas do País para o risco de ferirmos gravemente a nossa democracia, a vontade soberana do voto, as nossas instituições e principalmente a nossa economia, que é a sétima maior economia do mundo.

            O Brasil acordou, acordou para os riscos que essa crise política traz para a nossa economia, para os riscos sobre as conquistas da nossa gente. E até mesmo aqueles que bradavam pela derrubada do Governo ou pelo retorno do governo militar estão tomando o rumo de uma terceira via, de um caminho alternativo, que envolve um esforço de todos os poderes para assegurarmos a estabilidade econômica e política que conquistamos a duras penas.

            É evidente que essa agenda positiva, esse pacto pela governabilidade também precisa da aprovação popular. Ele tem que estar em sintonia com as ruas, com a realidade e as necessidades da população, com o sentimento da Nação brasileira. Neste atual momento da política nacional e da modernidade, quando pesquisas e mobilizações nas redes sociais são um retrato de parte da realidade social, o melhor termômetro para avaliarmos a vontade da população e o sentimento da Nação brasileira ainda são as mobilizações nas ruas, nas praças e também aqui no Parlamento.

            Além da apresentação dessa agenda positiva para o País aqui no Senado, também houve nesta semana uma grande mobilização de mulheres trabalhadoras rurais em Brasília, a chamada Marcha das Margaridas. Para domingo, está prevista a realização de grandes mobilizações a favor e contra o Governo em diversas capitais do País e aqui, no Distrito Federal. Eu também vou participar e acompanhar essas manifestações. Eu quero ouvir a voz das ruas, quero sentir de perto a manifestação do povo brasileiro, mas terei, com bom senso e responsabilidade, as minhas próprias decisões. Eu torço para que essas manifestações sejam pacíficas e ordeiras, o que tem sido uma característica positiva dessas mobilizações aqui no Brasil, ao contrário do que acontece no mundo árabe ou em alguns países da Europa, onde a violência tem prejudicado a instalação de governos democráticos e agravado a divisão social.

            Há quem julgue que essas manifestações, que iniciaram em junho de 2013 e que até o ano passado não tinham um foco bem definido, após as eleições do ano passado, foram canalizadas contra o Governo. No meu ponto de vista, a insatisfação está bem definida: os brasileiros estão indo às ruas por estarem cansados com a corrupção. Para mim, essas manifestações estão deixando uma mensagem bem clara aos políticos, aos gestores públicos, secretários, prefeitos, Deputados, Senadores, governadores, ministros de Estado ou Presidente da República: a população brasileira não está mais tolerando a corrupção que há muito tempo está instalada nas entranhas do poder de todo e qualquer governo que se instalou neste solo brasileiro nos últimos 500 anos. Basta de corrupção! Fora aos corruptos! Esta é a voz das ruas brasileiras. Isso é muito bom e positivo para a nossa Nação. Precisamos, de fato, passar o Brasil a limpo. É muito bom quando vemos que isso está acontecendo diante dos nossos olhos.

            Pela primeira vez na história do Brasil, nós estamos vendo corruptos e corruptores de alto escalão sendo presos e condenados pela Justiça. Nós estamos vivendo uma verdadeira cruzada contra a corrupção, e isso não pode parar. Aqui, no Senado, nós já aprovamos uma lei que torna a corrupção crime hediondo. Eu apresentei um projeto de lei acabando com o foro privilegiado de políticos e gestores públicos. Nós não podemos mais tolerar que se apropriem dos recursos do povo brasileiro sem que nada aconteça. A corrupção rouba a escola dos nossos filhos e a moradia das nossas famílias, rouba melhores hospitais e melhores serviços para a população, rouba o nosso presente e o futuro do nosso País.

            Com o dinheiro que escoa a cada ano para a corrupção no Brasil, que corresponde a 2,3% de todas as riquezas produzidas no País, seria possível erradicar a miséria e elevar a renda per capita em R$443,00 para cada brasileiro, além de reduzir a taxa de juros e reduzir a carga tributária, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

            A corrupção tem que continuar sendo combatida com todas as forças. O que não podemos é agir com irresponsabilidade, para que, nessa nobre missão de limpar a política e a gestão pública no Brasil, não transformemos uma crise política numa grande crise econômica. Eu tenho dito, reiteradamente, que quem mais perde nesse jogo político de usar uma operação de combate à corrupção para acabar com o Governo é o Brasil e os brasileiros. Nós precisamos ter mais responsabilidade com o País e com sua população.

            Eu, particularmente, vou continuar cumprindo com a minha responsabilidade para com a Nação brasileira. Nós precisamos nos dedicar a blindar a gestão pública contra a corrupção, e isso significa eliminar as chances de atuação do corrupto. A corrupção afeta a todos nós, e o Brasil inteiro tem que tomar para si a responsabilidade de participar dessa luta, pois, enquanto houver um cidadão que se cale, na espreita de obter alguma vantagem, existirá o vírus da corrupção.

            Por isso, a punição para o crime de corrupção tem que ser rigorosa. Só assim, nós vamos passar o Brasil a limpo e construir um presente e um futuro melhor para nós e nossos filhos.

            Eram essas as minhas colocações, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/2015 - Página 145