Discurso durante a 139ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar os 60 anos da Apae Brasil – Federação Nacional das Apaes.

Autor
Romário (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Romario de Souza Faria
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar os 60 anos da Apae Brasil – Federação Nacional das Apaes.
Outros:
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2015 - Página 20
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, FUNDAÇÃO, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE), COMENTARIO, HISTORIA, CRIAÇÃO, ENTIDADE, IMPORTANCIA, AUXILIO, PESSOA DEFICIENTE, REGISTRO, INICIO, SEMANA, VALORIZAÇÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA.

            O SR. ROMÁRIO (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Bom dia, Presidente; bom dia, Senador Cássio Cunha Lima; bom dia, Senador Telmário Mota; bom dia a todos os que compõem a Mesa, e a todos os presentes, hoje, nesta solenidade tão importante de uma instituição que, com certeza, pelo menos para mim, se não for a mais importante do País, é uma delas.

            É uma grande honra e um grande orgulho poder estar aqui, hoje, participando desta solenidade, homenageando essa entidade tão maravilhosa como a Apae, que tive a honra e o prazer de conhecer nesses últimos dez anos da minha vida.

            Homenageando essa entidade tão maravilhosa como a Apae, que tive a honra e o prazer de conhecer nesses últimos dez anos da minha vida.

            Sr. Presidente, senhoras e senhores, é com muita honra e com muita alegria que ocupo esta tribuna para saudar os 60 anos da Apae Brasil, uma das instituições mais queridas e respeitadas de todo o País. Sessenta anos é uma vida inteira, e não foram poucas as pessoas, voluntários da Apae, que dedicaram suas vidas a essa causa.

            Todo mundo sabe da minha luta, como cidadão e como político, em favor das pessoas com deficiência. Como cidadão, comecei essa luta dez anos atrás, quando nasceu a minha princesa, Ivy, que tem síndrome de Down. Minha luta como político começou quando assumi o mandato de Deputado Federal, cinco anos atrás, e hoje, nesses últimos sete ou oito meses, como Senador.

            Pois bem: eu nem havia nascido e a Apae já carregava essa bandeira por todo o País. Nem este prédio, nem esta cidade existiam e a primeira Apae já estava nessa batalha.

            O Brasil era muito diferente nos anos 50, quando nasceram as primeiras Apaes. A participação das pessoas com deficiência na sociedade era um tabu. Pouco se falava sobre isso. O preconceito e a falta de oportunidades as condenavam a ficar restritas às suas casas. O acesso à assistência médica e à educação, que hoje ainda é limitado, era quase inexistente. O Governo lavava as mãos, como ainda lava, ignorando completamente as necessidades dessas pessoas. Mas havia quem se importasse, e muito: as mães, sempre as mães; e os pais, os irmãos, a família. Foi através do amor e da luta incansável das famílias que nasceu isso tudo. Foi uma mãe que começou essa bela história, como já havia dito nosso Presidente da Mesa, Senador Paulo Paim.

            Beatrice Bemis, cidadã americana que tinha um filho com deficiência, chegou ao Rio de Janeiro em 1954 e ficou impressionada ao constatar que não havia uma única entidade especializada na assistência a pessoas com deficiência no Brasil. Ela, que já havia ajudado a criar entidades semelhantes nos Estados Unidos, juntou suas forças às de várias outras famílias e assim nasceu a primeira Apae.

           Hoje, são mais de 2 mil em todo o Brasil, que se dedicam à atenção integral a mais de 250 mil pessoas com deficiência. O movimento Apaeano é hoje o maior movimento social do mundo em sua área de atuação. O trabalho da APAE na educação, na saúde e na defesa dos direitos das pessoas com deficiência atravessou fronteiras e hoje é reconhecido em todo o Planeta.

           Tão importante quanto a assistência prestada a cada família foi o avanço da sociedade, que aos poucos foi se abrindo e entendendo os benefícios da convivência. Todo mundo ganha com a inclusão. Se hoje vemos, no Brasil, pessoas com deficiência trabalhando, competindo no esporte, aparecendo em programas de televisão, isso acontece porque a sociedade mudou, e a Apae teve um papel fundamental nessa conscientização. Essa mudança de percepção abriu caminho para avanços como a Lei Brasileira da Inclusão, de autoria do Senador Paulo Paim, um projeto que eu tive a honra de relatar no Senado. São conquistas que se somam, e muitas outras ainda são necessárias.

           Elogiar a APAE é fácil: eu poderia ficar horas aqui citando números e feitos. Mas eu prefiro destacar um lado menos visível. Queria falar do trabalho amoroso e incansável dos milhares de voluntários da Apae que dedicam o seu tempo a cuidar de quem mais precisa. Faça chuva ou faça sol eles estão lá: recebendo, alimentando e fazendo sorrir. (Palmas.)

           O símbolo da APAE é uma flor, protegida por duas mãos. Nada mais apropriado, porque ao mesmo tempo em que uma flor requer cuidados, ela também traz beleza, também ilumina a vida. O símbolo da Apae mostra as mãos dos voluntários, cuidando e protegendo. Então eu queria deixar aqui o meu agradecimento e a minha homenagem a essas pessoas. Que Papai do Céu continue abençoando vocês com muita saúde e muita alegria.

           Eu gostaria de renovar, hoje, o meu compromisso de apoiar a Apae nessa luta de tantas décadas. A gente sabe que cada avanço é construído com muito suor, muita luta, muita paciência, então é preciso unir esforços. Agradeço à Apae, na figura de seus dirigentes, por essa parceria que vem desde o meu mandato de Deputado Federal, desejando que ela continue por muitos anos.

           Gostaria de aproveitar para divulgar que, entre os dias 21 e 28 de agosto - a partir de amanhã, portanto -, estaremos comemorando a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência intelectual e Múltipla, promovida pela Apae Brasil.

            A deficiência intelectual, infelizmente, ainda é vista com muito preconceito, e o objetivo dessa campanha é combater isso através da inclusão.

            Sr. Presidente, o lema de 2015 é "inclusão se conquista com autonomia". É o que nós precisamos e que essas pessoas precisam. As pessoas com deficiência intelectual podem e querem ter uma vida mais autônoma, em que possam contribuir através do trabalho e ter uma vida ativa nas comunidades a que pertencem. Elas só precisam de uma chance, e essa campanha é um apelo para que essa chance seja dada. Haverá muitas atividades de comemoração em todo o Brasil e eu convido todos a participarem dos eventos.

            Por fim, queria deixar aqui o meu caloroso abraço de parabéns, de coração, à Apae. Que essa jovem senhora de 60 anos receba de presente um apoio cada vez mais forte do Congresso Nacional e de toda a sociedade, nessa nobre missão de construir um Brasil mais justo para os mais de 45 milhões de brasileiros que têm alguma deficiência. É uma obrigação de todos nós.

            Era tudo que eu tinha a dizer. Para finalizar, eu queria que todos soubessem que podem contem comigo, com o cidadão Romário, com o pai de uma criança com deficiência e com o Senador da República.

            Muito obrigado. Aproveitem bem este dia. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2015 - Página 20