Discurso durante a 139ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar os 60 anos da Apae Brasil – Federação Nacional das Apaes.

Autor
Wellington Fagundes (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Wellington Antonio Fagundes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar os 60 anos da Apae Brasil – Federação Nacional das Apaes.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2015 - Página 39
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, FUNDAÇÃO, ASSOCIAÇÃO DOS PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE), COMENTARIO, HISTORIA, CRIAÇÃO, ENTIDADE, IMPORTANCIA, AUXILIO, PESSOA DEFICIENTE, ELOGIO, APROVAÇÃO, ESTATUTO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA.

            O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT. Sem apanhamento taquigráfico.) -Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores. Superar preconceitos. Mais que isso: mostrar a capacidade humana de vencer os desafios.

            Ao longo da história, essa tem sido uma das mais ferrenhas lutas das pessoas portadoras de deficiência. Uma lição para todos nós.

            Quis a humanidade que em 1954, precisamente no dia 11 de dezembro, no Estado do Rio de Janeiro, um grupo de pais, amigos, professores e médicos criasse a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Brasil, com base no trabalho realizado pela Sociedade Pestalozzi do Brasil.

            Ali foi instalada, nos conta a história, uma escola para crianças excepcionais, conforme desejo do professor La Fayette Cortes.

            E desde então, essa busca pela inclusão tem avançado. Verdade que não da forma como se deveria.

            A ausência de promoção de políticas públicas sociais que garantam a inclusão dessas pessoas ao longo do tempo, é que, efetivamente, fizeram surgir famílias empenhadas em quebrar paradigmas e buscar soluções alternativas para seus filhos com deficiência intelectual ou múltipla, de forma que alcancem condições de serem incluídos na sociedade, com garantia de direitos como qualquer outro cidadão.

            Esperamos que agora, com o novo Estatuto da Pessoa com Deficiência, possamos dar grandes passos no resgate dessa que é uma das maiores dividas sociais que o Brasil acumulou, não apenas com aqueles que recebem os cuidados e atenção da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, mas, sobretudo, com os pais e amigos, aqueles que se dispuseram a fazer o enfrentamento contra o preconceito e pela busca da tão necessária inclusão.

            Promulgado no ultimo dia 6 de junho, o Estatuto corrige erros históricos ao tratar o portador de transtorno mental como incapaz, sob a justificativa da sua proteção. Lamentavelmente, na história, os portadores de deficiência foram segregados e em algumas situações até rubricados pela legislação como incapazes, com claro prejuízo à sua autonomia e, muitas vezes, dignidade.

            Sabemos, de antemão, que o Estatuto não é uma obra pronta e acabada. O caminhar da humanidade exige que estejamos atentos para eventuais correções de rumos. E esse tipo de ação, de trabalho que a APAE realizou ao longo de seus 60 anos, nos faz estar vigilantes para evitarmos que as falhas e os erros se perpetuem.

            Afinal, segundo dados da Federação Nacional das APAEs, o Brasil tem 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que equivale a 14,5% da população do País. Dessas, 48,1% foram declaradas deficientes visuais, 22,9% com deficiência motora, 16,7% com deficiência auditiva, 8,3% com deficiência mental e 4,1% com deficiência física.

            Srªs e Srs.!!! Me regozijo ante a tenacidade dos pais e amigos dos excepcionais. A histórica luta que empreenderam, por si só, se mostra comovente. Tão intensa e necessária. É uma aula permanente de humanidade, de demonstração de amor e carinho ao próximo.

            A atuação dos pais e amigos dos excepcionais no Brasil trás, em sua aspiração principal, algo que o brasileiro tem em sua essência, que é a solidariedade. Temos milhares e milhares de exemplos. Nos movemos diante das tragédias. Nos mobilizamos e nos transformamos, sempre que preciso, em agentes capazes de atenuar as dores e o sofrimento das pessoas, inclusive de maneira coletiva.

            O trabalho desenvolvido pelos "apaeanos" é baseado no voluntariado, movido essencialmente pela solidariedade que cada um de nós carregamos.

            Converter essa solidariedade em voluntarismo talvez seja algo que precisamos instituir com muito mais ênfase para que o Brasil consiga, sim, não apenas voltar a avançar no campo político, econômico e social, mas crescer e se desenvolver na sua capacidade natural, nas riquezas, mas sobretudo, com base na sensibilidade humana.

            Estamos diante de uma entidade civil sem fins lucrativos, conforme aqui já relatado, que é exemplo para o Brasil e para o mundo. Jamais envolvida em escândalos, cumpre com grande eficiência suas metas. Nos causa satisfação a forma como atua, com transparência peculiar.

            O trabalho da APAE faz com que possamos nos ver e refletir cada vez mais aquilo que desejamos. Por onde vamos, por onde passamos, lá está o seu símbolo para que não nos esqueçamos de quem somos.

            Parabenizando o senador Paulo Paim, um dos históricos batalhadores pela inclusão, e que recebe o reforço do senador Romário Faria nessa grande missão. Esta é uma grande iniciativa, um grande momento de reflexão.

            Nessa luta pelo respeito, pelo resgate, pelo crescimento e avanço em favor da inclusão, quero ser mais um, humildemente, a ombrear com os Srs..

            E termino evocando a frase do pensador Douglas Domingo Américo, que diz: "Amar é descobrir que a deficiência do próximo, faz parte do perfeito mosaico humano".

            Meu muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2015 - Página 39