Pela Liderança durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com as manifestações realizadas no último domingo e considerações sobre a perda de credibilidade do Governo Federal.

Autor
Dalirio Beber (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Dalírio José Beber
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Satisfação com as manifestações realizadas no último domingo e considerações sobre a perda de credibilidade do Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2015 - Página 309
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, BLUMENAU (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), OBJETIVO, CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, SITUAÇÃO, PERDA, PRESTIGIO, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, estamos nos aproximando do final de semana, e é importante que façamos uma reflexão sobre tudo o que aconteceu desde o último domingo.

            Por isso, dirijo a todos a seguinte mensagem: como cidadão brasileiro, juntei-me aos milhares de manifestantes que foram às ruas no último domingo. Repeti o gesto que fiz em abril e março. A energia sentida nos abraços e apertos de mão que recebi, enquanto caminhava pela minha querida Blumenau, foi a mesma que constatei ao ver na TV as manifestações por todo o Brasil. Foi, de fato, bonito ver e sentir o amadurecimento e o fortalecimento da nossa democracia.

            Só neste ano foram três grandes manifestações, todas democráticas e totalmente pacíficas. A cada manifestação, mais claras foram as intenções dos que saíram às ruas: dizer o seu não à corrupção e ir contra os desacertos do Governo Federal, da Presidente Dilma e de seu Partido.

            O que vem das ruas é o reflexo do baixíssimo índice de aprovação da Presidente da República, constatado em muitas pesquisas divulgadas em toda a mídia. A reprovação ao Governo atingiu o maior, o mais alto patamar desde que tomou posse em 2011.

            É cada vez menor o percentual dos que ainda aprovam o seu Governo: apenas 8%. O índice de rejeição coloca Dilma Rousseff como a Presidente mais impopular na série do Datafolha, que teve início em 1987. A nota média atribuída a seu desempenho à frente da Presidência, atualmente, é de apenas três, nota mais baixa registrada durante o seu Governo. Para 66% dos brasileiros, o Congresso Nacional deveria abrir um processo para afastar Dilma da Presidência da República.

            Existem inúmeros pedidos de impeachment para serem votados pela Câmara Federal. O impeachment é o instrumento que a democracia confere ao Parlamento para decretar o afastamento da autoridade que perde a condição de governar. É a decretação da interdição da autoridade que deixa de ter a condição de liderar o processo de gestão do País, por ter perdido, por sua culpa, a credibilidade indispensável para o bom e profícuo desempenho da elevada função pública.

            A Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nota oficial, neste domingo, na qual a entidade cobra de Dilma pedido de desculpa ao País. Na nota, o Presidente da OAB diz que a Presidente Dilma deve se desculpar, porque apresentou, na campanha eleitoral do ano passado, realidade econômica inexistente. Para o Presidente da OAB, a petista deveria revelar à sociedade o engano, assumir os equívocos e demonstrar humildade. A Presidente Dilma Roussef, disse o Presidente da OAB, necessita pedir desculpas ao Brasil. Ela apresentou, na campanha eleitoral, uma realidade econômica inexistente. É chegada a hora de revelar esse engano, assumir os equívocos e conclamar a união da sociedade brasileira, para superação da crise ética, política e econômica, disse o Presidente.

            As manifestações deste ano levaram às ruas as pessoas que se sentiram e que continuam a se sentir traídas, enganadas. Mais grave do que perder a popularidade é um governo perder a credibilidade em suas ações. A eleição presidencial produziu um cenário totalmente diferente do Brasil em que se vive hoje.

            Cada vez mais os brasileiros querem ver nos homens públicos seriedade, que sejam coerentes entre o que dizem e o que fazem no seu dia a dia.

            A Nação, com certeza, não se furtaria a um sacrifício para a superação de dificuldades da conjuntura econômica se pudesse contar com a franqueza, com a seriedade e o comprometimento da autoridade que lhe faz a convocação. Mas, para que isso aconteça, é preciso que o governante tenha credibilidade, o que está faltando à Presidente e a seu Partido.

            Tudo o que aconteceu até agora é exatamente o contrário do que se pregou na eleição passada. Quem ousasse dizer alguma coisa sobre a situação real do País era duramente criticado e tido como alguém que estava conspirando contra o Brasil, pois o Brasil da eleição era maravilhoso, não tinha qualquer problema e não padecia de nenhum mal.

            Hoje, quem está carregando esse peso das inconsequentes inverdades são os brasileiros.

            O próprio Parlamento foi criticado pelo Governo, quando se dispôs a votar matérias que poderiam beneficiar determinados setores da sociedade. Isso foi considerado uma pauta-bomba, mas, a verdadeira pauta-bomba foi aquela criada na eleição presidencial e que deixou o País nessa condição. Quem estava pilotando a economia do País naquele momento poderia ter evitado essa situação tão ruim, a ponto de qualquer melhoria que se possa desejar ou promover para determinados setores da sociedade e do funcionalismo passe a ser vista e considerada como algo que conspira contra os interesses do País. Quem conspirou contra os interesses do País foi quem o levou à bancarrota.

            O setor público se tornou um fardo muito pesado para a sociedade. A elevada carga tributária, a falta de crescimento econômico, o desemprego crescente e o descaso com o setor produtivo não estão tendo por parte do Governo a atenção necessária.

            As despesas dessa gigante máquina chamada "Brasil" continuam crescendo, independentemente de se estar em período de crescimento ou recessão.

            As medidas até agora adotadas pelo Governo não têm produzido qualquer efeito positivo. As empresas estão diminuindo consideravelmente suas atividades, gerando como consequência demissões e menor arrecadação. O índice de desemprego já se aproxima dos 8%, portanto os desempregados brasileiros são cada dia mais numerosos.

            Os reflexos dessa grave crise são sentidos enormemente pelas administrações municipais.

            Lá na ponta está a grande dificuldade para fazer o atendimento mínimo à população, especialmente naquilo que lhe é mais essencial...

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Senador Dalirio, permita-me porque os visitantes aqui são do seu Estado, são turistas de Urussanga e Içara, de Santa Catarina.

            Quem está falando é o Senador Dalirio Beber, de Santa Catarina.

            Bem-vindos, catarinenses!

            O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - De Urussanga. Sejam bem-vindos. E lá é a terra do vinho Goethe, vinho famoso, vinho da uva Goethe. E um dos poucos lugares do Brasil onde se cultiva essa uva e se produz vinho.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Mais uma informação importante para todos, Senador.

            Desculpe-me a interrupção.

            O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - E no sábado vamos ter o privilégio de ter a Senadora Ana Amélia também lá em Florianópolis. Vamos recebê-la com todo o carinho na nossa querida Florianópolis e no nosso querido Estado de Santa Catarina.

            Os Municípios estão em graves dificuldades. Por mais que se deseja rever as condições do Pacto Federativo, ainda assim, é um caminho muito lento para recuperar aquilo que se perdeu ao longo de quase duas décadas.

            A Agenda Brasil se constitui em uma carta de propósitos. Vai demorar para se tornar realidade, nem tudo vai ser aprovado como se pode imaginar hoje, e muito mais tempo vai ser necessário, para produzir algum efeito.

            Na ausência da verdade, onde inexiste credibilidade, fracassa o diálogo. Um Governo que não pratica o diálogo não pode colher bons resultados.

            O diálogo prometido pela Presidente em diversas oportunidades, desde que foi reeleita, nunca aconteceu. O diálogo ficou no vazio. E agora, só terá espaço se vier acompanhado de uma atitude de humildade, da Presidente e de seu Governo, ao realizar o seu mea-culpa.

            Nesse sentido, deve ser ouvida a voz de um grande estadista, Fernando Henrique Cardoso.

            Fernando Henrique, nessa última segunda-feira, deu seu mais duro recado ao Governo Dilma Rousseff e seu Partido, em artigo escrito ao jornal Folha de S.Paulo, um dia após as manifestações contra o Governo tomarem conta das ruas de inúmeras cidades de nosso Brasil.

            Para FHC, “o mais significativo das demonstrações, como a de ontem - domingo, dia 16, - é a persistência do sentimento popular de que o Governo, embora legal, é ilegítimo”.

            Fernando Henrique vai além e diz que “Dilma precisa ter um gesto de grandeza”, e cita a renúncia como um dos caminhos a se seguir.

            O ex-Presidente da República ainda prevê que assistiremos à desarticulação crescente do Governo. Para mim, é a situação a que já estamos assistindo.

            A oposição está fazendo o papel que a democracia lhe determinou, que é fiscalizar e cobrar aquilo que foi prometido durante o processo eleitoral. A oposição, da qual faço parte, representa os mais de 51 milhões de eleitores que votaram em Aécio Neves. E, agora, também esta mesma oposição representa todos os eleitores que votaram na Presidente Dilma, por terem acreditado no que disse durante a campanha eleitoral e que estão frustrados, decepcionados e indignados por terem sido induzidos a acreditar no Brasil maravilhoso que o marketing eleitoral produziu.

            As promessas que foram feitas naquela época com certeza não são as mesmas que hoje estão sendo praticadas pelo atual Governo. O Governo encontra grandes dificuldades de dialogar até mesmo com sua própria Base. As propostas de ajuste fiscal foram contestadas por Parlamentares governistas. Assim, o Brasil vai mal, e a tendência é de que as coisas ainda continuarão a piorar. Os reflexos da reoneração, ontem aprovada pelo Senado Federal, com certeza agravarão ainda mais o quadro de dificuldades das empresas e, como consequência, vai aumentar o desemprego, para tristeza de muitos brasileiros.

            Nunca tantos perderam tanto em tão pouco tempo.

            Obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2015 - Página 309