Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a visita de S. Exª a assentamentos rurais no Município de Sidrolândia-MS; e outro assunto.

Autor
Waldemir Moka (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Waldemir Moka Miranda de Britto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO:
  • Considerações sobre a visita de S. Exª a assentamentos rurais no Município de Sidrolândia-MS; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2015 - Página 117
Assunto
Outros > AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, LOCAL, MUNICIPIO, SIDROLANDIA (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, AUMENTO, PRODUÇÃO, AGRICULTURA FAMILIAR, ABASTECIMENTO, ENTE FEDERADO, NECESSIDADE, GOVERNO, EMISSÃO, TITULO DE PROPRIEDADE, ASSENTAMENTO RURAL.

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu ocupo a tribuna, senhores, primeiro para dizer que na semana passada eu estive em São Gabriel do Oeste, numa belíssima festa da Cooperativa Aurora.

            Eu vi, ainda há pouco, a Senadora Ana Amélia falando da importância que tem o associativismo e o cooperativismo. Eu tive o privilégio, a honra de presidir a Frente Parlamentar do Cooperativismo aqui por mais de dois anos: um ano em que assumi no lugar do nosso eterno Presidente, o Deputado Zonta; e, depois de dois anos de mandato, passei o comando da Frente para o Deputado Osmar Serraglio, um Deputado Federal do Paraná extremamente competente, que hoje à frente da Frente faz um grande trabalho.

            Mas eu dizia que a Cooperativa Aurora fez, lá em São Gabriel do Oeste - aliás, um Município muito próspero da nossa região, a região norte do Estado -, uma expansão para vender apenas...

            Para vocês terem uma ideia, a capacidade de abate da Cooperativa Aurora, hoje, é de três mil suínos/dia - isso, em Mato Grosso do Sul. Vejam a potência que é a Cooperativa Aurora!

            Essa é a parte do agronegócio, forte. Mas eu tive a oportunidade, Senadora Ana Amélia, na sexta-feira próxima passada, de ir a Sidrolândia, Município próximo de Campo Grande, qualquer coisa em torno de 160km, 170km, não mais que isso. Lá fui visitar assentamentos rurais.

            Nas nossas discussões, na Comissão de Agricultura, a gente tem falado muito em agricultura familiar. E, há algum tempo, eu, já como Senador, fui autor de uma emenda - naquela época, se pagava emenda de Bancada, hoje não se paga nem emenda individual. Fiz uma emenda de Bancada para atender, com patrulha mecanizada, todos os assentamentos do meu Estado. E os trabalhadores desses assentamentos, após esse tempo, me levaram lá, meu caro Presidente, para mostrar, através do presidente da Federação da Agricultura Familiar, Sr. Paulo César, e a sua diretoria, o que produziram a partir daquela patrulha, os insumos que acompanhavam a patrulha mecanizada. E eu confesso que saí positivamente impressionado.

            Senadora Ana Amélia, tempos atrás, a nossa capital era abastecida com hortaliças, legumes de outros Estados. Hoje, 90% das hortaliças, nos supermercados chamados atacadão, são fornecidas por um grupo de famílias, mais especificamente por 250 famílias, lideradas pelo popular Alemão, que tem lá um grupo... Ele me disse que, por dia, saem de lá cinco caminhões de hortaliças para abastecer a nossa capital.

            Aí fui a um produtor de frutas, e é impressionante o que ele é capaz de fazer com nove hectares: é limão, é laranja, é abacaxi. É impressionante! E eles mesmos diziam - o Alemão me disse que várias vezes foi criticado: “O que nós vamos fazer com nove hectares?” E ele dizia: “É muita terra. Veja o que é isso”.

            Além dessa visita à propriedade do Seu Zé, da fruticultura lá - claro que não é uma fruticultura dos Coelhos lá de Petrolina...

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senador Moka, se V. Exª permitir, eu gostaria de registrar a presença, no nosso plenário, da delegação de diplomatas de países da África de língua inglesa. São todos muito bem-vindos ao plenário do Senado Federal!

            Com a palavra, o Senador Waldemir Moka.

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Sejam bem-vindos. Muito obrigado pela presença.

            Eu dizia, então, que a fruticultura lá é impressionante e, para o meu espanto, eles precisam de calcário para a correção da terra. E são investimentos que, para os nossos ministérios, eu diria, muito pequenos, pequenos mesmo, em função do que eles podem fazer.

            Além disso, fui também a uma propriedade de bacia leiteira, e os produtores de leite me diziam que ele já está na casa de que uma vaca dele é capaz de produzir 10 litros de leite/dia. Sendo que o ideal de uma produção profissional é acima de 15 litros por dia.

            É claro que eles precisam desde forragem, de calcário, um capim melhor...

            Mas é tão pequena a propriedade, é tão pequeno o investimento, que me comprometi com eles que, num prazo de 60 dias, estaria lá a Agraer - costumo fazer isso.

            Temos que conversar, mas temos que dar um prazo para que não fique só no “conversê”, na conversa fiada, na promessa. Tem que haver o compromisso de retorno, de prestar conta. Olha, do que vocês me encaminharam isso é possível, isso não é possível. E foi exatamente o que fiz.

            Passamos lá um dia inteiro, na sexta-feira. Chegamos lá pela manhã, ouvimos, primeiro, todas as lideranças presentes, assistimos a um vídeo - tamanha é a organização deles - do que era produzido. Depois, almoçamos lá - tudo produzido nesses assentamentos - e fomos fazer visita às propriedades.

            Eu disse a eles que traria este assunto à tribuna, como uma demonstração... Porque eu sou conhecido no Mato Grosso do Sul e, aqui, no Congresso, também: “Ah! Esse Moka é um grande latifundiário lá do Mato Grosso do Sul.” E confesso que nem produtor rural eu sou. Sou um humilde médico e professor, sim, por 15 anos, do que me orgulho muito. Vários profissionais liberais, hoje, em todo o Mato Grosso do Sul, passaram pelo Prof. Moka no Colégio Objetivo Dom Bosco.

            E digo do orgulho que tenho daquelas mulheres, aqueles homens de mãos calejadas, em cima do trator, do guatambu, que é a madeira do cabo da enxada, produzindo. E esse Alemão, de uma forma especial, me chamou a atenção - uma família linda: ele, a esposa dele e os três filhos, todos produzindo. Sabem qual foi a reclamação dele? Sabem o que eles mais me pediram? O que já enjoei de debater aqui: o conceito de agricultura familiar não pode mais ser somente os agricultores em que a família, só a família, trabalha.

            Eles têm condição hoje de contratar gente para aumentar a sua produção. Vejam como isso é importante. É claro que esse conceito de agricultura familiar, em algum tempo, foi importante, e talvez ainda seja; mas eu ouvi deles que eles gostariam da modificação dessa legislação.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Uma outra coisa que me chama a atenção: esse assentamento tem mais de nove anos, dez anos, e eles não têm título. Detêm a terra, mas não são proprietários. E quando eles vão a um banco, eles não têm a garantia da terra, que de direito e de fato é deles.

            Então eu acho que isso é importante. Eu acho que para o Governo é importante fazer assentamento. E, em determinado tempo, aquele assentamento teria que ser autossuficiente. Ele não teria mais que depender de governo, ele teria que depender da produção, a exemplo do que faz esse assentamento ali na minha querida Sidrolândia.

            De forma que eu queria dar este testemunho e dizer a todos eles - poderia citar aqui vários nomes: o Cido, o Paulo César, tantos outros lá, os técnicos da Agraer, da Crescer, que dão assistência técnica lá... É uma coisa organizada, posso testemunhar isso e dizer a eles que é com muito orgulho que faço isto da tribuna do Senado. E registro, mais uma vez, que eu saí de lá feliz da vida. Foi um desses dias em que eu me orgulhei. Eu contribuí para que isso acontecesse.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2015 - Página 117