O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, escutei com muita atenção o pronunciamento de V. Exª. Também tomei conhecimento desse projeto Brasil na data de hoje, com 27 propostas ali elencadas e lidas por V. Exª.

            Nenhum Senador, nenhum cidadão de mente sã se coloca contra o País. É o objetivo maior nosso independentemente das nossas posições político-partidárias. Mas o que é importante deixar claro neste momento, Sr. Presidente, é que a agenda proposta por V. Exª é uma agenda de uma amplitude que nós sabemos que, se nós não construirmos um acordo entre os Líderes, entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, isso passa para a sociedade como sendo mais um teatro com o objetivo de desviar o foco num momento de grave crise que atinge toda a população brasileira.

            Eu quero realçar aquilo que foi dito pelo Senador Cássio. Quando a Presidente da República, em reuniões e também em comícios no interior do Maranhão e de Roraima, disse que nós precisávamos agora de pensar no Brasil; nós precisávamos agora de deixar nossos projetos de ordem pessoal e nos preocuparmos com a recuperação da nossa Nação.

            Sr. Presidente, é importante que seja dito que quem quer desviar o foco, neste momento, é exatamente o Executivo. A preocupação que eu tenho é porque a maneira como o PT e os governos do PT - Lula e Dilma - a vida toda trabalharam foi no sentido de jogar um contra outros, foi de alimentar a cizânia, foi de alimentar a discórdia, foi de pousar de pacificador ou, muitas vezes, de defensor das pessoas mais humildes e mais pobres, quando, na verdade, foram as pessoas mais utilizadas por eles para que esse populismo desenfreado tomasse conta do País nesses últimos anos. Um populismo acompanhado de algo jamais visto. Uma corrupção avassaladora, numa escala que atinge todos os órgãos do Governo, inviabilizando este País, neste momento, porque, na agenda proposta, nós não ouvimos do Executivo, hora alguma, medidas que pudessem, aí, sim, mostrar ao País o interesse em diminuir o número de Ministérios.

            Qual é a proposta do Governo para poder fazer o saneamento nos gastos? Qual é a proposta do Governo em conter esse aumento de cargos comissionados a cada momento? Como nós Parlamentares aqui vamos dizer à população que a causa da crise, neste momento, são os aposentados, são as viúvas, são os trabalhadores? São essas as pessoas que levaram o País à crise? Não! Da crise, Sr. Presidente, como médico que sou, sei fazer corretamente o diagnóstico, e a sociedade também.

            Não adianta quererem jogar a crise no Senado Federal. Nós não podemos admitir essa queda de braço entre o Senado e a Câmara, quando V. Exª faz uma leitura, apresenta um projeto, e o Presidente da Câmara, do Partido de V. Exª, diz: “Não se governa apenas em uma Casa; governa-se nas duas Casas.” Se não há convergência entre o partido de V. Exª, que preside as duas Casas, como a sociedade brasileira vai absorver essa pauta de 27 itens, dentre os quais 12 não constam sequer como projeto nem no Senado nem na Câmara Federal?

            É importante, Sr. Presidente, que não maquiemos a realidade. É importante que não... Vamos aqui apelidar aquilo que é fundamental: descrever a crise que vive neste momento o País.

            A crise - eu pergunto a V. Exª - são os itens elencados por V. Exª como projeto para serem votados ou a crise é de credibilidade? Ou a crise é de legitimidade? Esse é o ponto que nós temos que discutir.

            Se um governo induz a população a votar nele, fraudando dados, impedindo que documentos oficiais pudessem transmitir a realidade da inflação e do desemprego no País à população brasileira e utilizando-se da boa-fé da sociedade brasileira para desenhar que não haveria aumento da conta de energia elétrica, dos combustíveis, da inflação, como, de repente, quer cobrar de nós a crise aí instalada?

            Ora, Sr. Presidente, preocupa-me esse pronunciamento. Se o Senado Federal não votar essa pauta apresentada, que nós sabemos que é uma pauta complexa, impossível de ser votada num curto espaço de tempo, a responsabilidade da crise é do Senado Federal? Não, Srª Presidente! A causa, a responsabilidade, a origem de tudo isso é o projeto que foi montado pelo PT, originário na época de Lula, quando se propuseram a governar o País, nos próximos anos, usando esta metodologia de mensalão, petrolão e tantos outros que virão pela frente, para manter um projeto de poder, voltando as costas para quem trabalha e produz nesta Nação. Essa é a realidade. Não vamos aqui tergiversar da verdade que deve ser debatida nesta Casa.

            Discordo de V. Exª quando diz que esta Casa não pode discutir impeachment. Por que não? Nós temos que revogar, então, essa cláusula da Constituição brasileira que prevê o afastamento da Presidente da República? Nós temos que revogar todos os crimes que foram praticados porque o resultado das urnas absorve cem por cento aquilo que foi feito anteriormente?

            Ora, Srª Presidente, é importante que tenhamos aqui uma posição clara. Esta Casa não é responsável pela crise. A crise foi produzida dentro do Palácio do Planalto. Foi lá que eles hospedaram essa prática vinda de sindicatos, principalmente do ABC Paulista, que praticaram o que existe de mais nocivo neste País e que foi implantado na política brasileira: a corrupção, a ameaça, o crime, a violência, a utilização da máquina pública como benefício pessoal.

            Sr. Presidente, eu encerro para dizer da posição do Democratas. Está preparado para votar todos os temas, mas nós não podemos admitir que a crise no País seja provocada pela ausência da votação dessas matérias. A crise neste País é provocada única e exclusivamente por um fator. A crise neste País vai ser resolvida imediatamente, tão logo o PT e a Presidente Dilma saiam do comando do País.

            Nesse momento, Presidente, a população brasileira vai se encorajar, vai acreditar no País, vai voltar a investir, vai existir a tranquilidade, vai existir o momento de o cidadão dizer: “Agora, sim, nós temos um governo responsável, nós temos um governo que não vai utilizar a boa-fé do cidadão brasileiro para fazer projeto de governo para ganhar as eleições.”

            Essa tese do vale-tudo, ela é praticada pelo Governo do PT para poder ganhar as eleições a qualquer custo. Não mede as consequências, levando o País a essa situação com a perspectiva de um PIB negativo de 3%, um desemprego chegando a mais de 10% no País, uma inflação extrapolando 10%.

            Isso é responsabilidade da Presidente da República e do Governo do PT, que não tiveram capacidade para poder dar aos ministérios pessoas capazes de ali gerir os interesses do Estado. Estavam ali para gerir interesses de alguns partidos e muito mais para poder tentar dar base a um projeto que apodreceu, a um projeto que humilhou a população brasileira, assaltou a população brasileira e desencantou este País nesses últimos anos.

            Srª Presidente, o momento é grave. Essa pauta aí pode ser seguida pelo Senado Federal, mas posso garantir a V. Exª que, a partir do dia 16 de agosto, nós teremos o Brasil todo mobilizado, em todos os quadrantes, de ponta a ponta, para dizer em alto e bom som: a crise no País, ela  tem nome, tem CPF, ela tem o fator determinante, que é exatamente a Presidente Dilma Rousseff e o PT no comando do País nesses últimos 12 anos.

            Muito obrigado, Srª Presidente. Era o que tinha a dizer.