A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES. Sem revisão da oradora.) - Srª Presidente, eu experimento neste momento um misto de expectativa, esperança, receio. Ouvi com muita atenção o discurso do ex-governador, hoje Senador, Cássio Cunha, em que ele interpretava exatamente a noção, até estabelecendo um cronômetro de ação, ele interpretava todos os episódios que nós conseguimos... E particularmente também, porque participei historicamente desse processo todo ao longo da convivência com o PT. Experimentamos ter o PT na oposição.

            Hoje, o PT é Governo, nós somos Governo, mas eu confesso que, ao ler, e eu espero que haja o entendimento de que sair dessa crise não é uma atitude de um bloco de base do Governo ou uma colaboração parcial, unilateral de quem sustenta ou não sustenta o Governo. Ao contrário, eu entendo que a oposição tem um papel fundamental, até na discussão desse documento, no qual não vejo a redução dos Ministérios, que era uma proposta debatida e apoiada por muitos membros do Senado Federal.

            Quero dizer também que, na Comissão de Orçamento, eu vi, pelos relatórios que eu pude compartilhar e debater, as inúmeras obras inacabadas que este País tem. Eu acho que, quando nós condicionamos algumas iniciativas, propomos alguns regulamentos, algumas reformas, medidas, nós devemos também olhar para este Brasil parado, que até hoje não tem um cronograma que permita dizer que essas iniciativas, seja onde for, na educação, na saúde, no plano rodoviário, possam terminar. Como é que você pode estar pensando...

            E eu elogio a iniciativa do Presidente Renan Calheiros. Não sei se todos participaram desse debate. Considero fundamental que todos, oposição e situação, estejam incluídos nesse debate.

            Eu quero dizer que, para que possamos construir... Acho que hoje já não dá mais para torcer... Para mim, não existe isso mais, de torcer para pior. É melhor para quem?

            Não é melhor para ninguém. É pior para o Brasil, é pior para o povo brasileiro! Portanto, é importante que esse documento aqui proposto, aceito ou não pelo Ministro Levy, possa estar condicionado a um debate que invista nos esforços da oposição e da situação, a fim de que possamos superar essa crise. Não sei se esse documento está acabado ou não, mas gostaria de sugerir que não se deixe de retomar a discussão sobre a contenção dos gastos públicos e também sobre a diminuição do número de Ministérios, fato que aporta bastante musculatura nesse processo de gastos do Governo Federal.

            Não vou deixar nenhuma desesperança aqui, Presidente Marta, pois não há como oferecer isso ao País já cheio de inseguranças e dúvidas. Não adianta torcer contra a Presidente Dilma ou contra qualquer outro que estivesse no poder, pois isso é contra o Brasil. Temos, sim, que discutir com responsabilidade, e saber se isso é exequível, se não estamos falando das mesmas esperanças que podem se diluir daqui a pouco se a resposta do Ministro Levy, por acaso, for no sentido contrário.

            Eu gostaria até de propor que esse documento fosse discutido bastante com as oposições e com os partidos que podem colaborar e aperfeiçoar esse projeto, antes de debatermos com o Ministro Levy, a fim de caminharmos no sentido de encontrarmos a saída dessa crise que magoa e fere tanto o povo brasileiro.

            Muito obrigada.