Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio à iniciativa do Presidente Renan Calheiros de criação da Agenda Brasil.

Autor
Jader Barbalho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Jader Fontenelle Barbalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Apoio à iniciativa do Presidente Renan Calheiros de criação da Agenda Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2015 - Página 153
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • APOIO, RENAN CALHEIROS, PRESIDENTE, SENADO, CRIAÇÃO, PROPOSTA, MODERNIZAÇÃO, ECONOMIA, COMBATE, CRISE, BRASIL, CRITICA, PRIORIDADE, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DISCUSSÃO, ELEIÇÃO, COMENTARIO, DOAÇÃO, EMPRESA, SITUAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, DESTINAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AECIO NEVES, SENADOR.

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Marta Suplicy, eu gostaria apenas de registrar os meus cumprimentos ao Presidente do Senado, o Senador Renan Calheiros, pela apresentação dessa proposta de colaborar para que possamos sair da crise em que o País se encontra.

            Eu não gostaria - até porque a esta altura o plenário já está, de certa forma, esvaziado, e não está aqui o nosso Presidente - de polemizar, particularmente em relação à última eleição presidencial, e polemizar a respeito do passado. Porque, se nós formos falar em crise do passado - e eu já passei por esta Casa e pelo Congresso -, eu teria que falar do Proer - não é isso? -, o que é que aconteceu à época, eu teria que falar da privatização das companhias telefônicas, como é que foi montada neste País.

            Eu não tomei conhecimento, até aqui, que nenhum ministro tenha telefonado para a Presidente Dilma para dizer a ela que chegara ao limite da irresponsabilidade, mas eu estava aqui no Senado quando isso ocorreu. Haviam chegado ao limite da irresponsabilidade. E mais: quando fizeram as privatizações, que dividiram em quatro lotes, era um lote certo para cada um dos licitantes.

            Então, eu não gostaria, francamente, porque acho que a esta altura não colabora - certo? - nós ficarmos voltando ao passado, principalmente no campo da ética, para relembrar determinados fatos, determinadas circunstâncias, nem também sobre os métodos usados na eleição.

            Eu, por exemplo, fico de certa forma assustado quando dizem que toda a colaboração financeira da última eleição para a Presidente Dilma beira o ilícito. E eu pergunto: não se questiona que são as mesmas empreiteiras, os mesmos grupos econômicos que também repassaram para o nosso ilustre colega Aécio Neves colaboração na última eleição? Será que só os recursos dirigidos à Presidente Dilma são contaminados pelo petrolão? Se nós fizermos um levantamento para verificar quem foi que colaborou com a campanha dela e quem colaborou com a campanha do Aécio - não é isso? -, nós vamos verificar que praticamente são os mesmos, só que se questiona que a origem dos recursos para ela são recursos que derivaram do ilícito, para o Aécio não.

            Então, eu não gostaria, francamente, porque acho - e concordo com aqueles que abordaram aqui - que a questão do País é muito maior do que essas picuinhas de natureza política. E eu, que no passado aqui fui obrigado a me envolver em debates em que, olhando para trás, acho que eu não deveria absolutamente ter ingressado nesses debates, apesar de não ter perdido o entusiasmo ainda pela vida pública e a coragem pessoal e política para participar dela.

            Por isso, eu quero festejar, neste momento, que o Presidente do Senado diga que nós temos uma proposta, até porque, quando a Presidente Dilma foi eleita, a imprensa, todo mundo cobrava uma solução do mercado, uma solução do mercado. Acusava-se a Presidente de ela comandar a economia, e precisaram de quê? Aí arranjaram um banqueiro - é do Bradesco -, e colocaram-no para encontrar a solução econômica. Está aí o Dr. Levy, e nós estamos torcendo que ele dê certo. Não creio que a cabeça dele seja muito diferente da cabeça daquele que o Aécio dizia que ia ser o comandante da Fazenda e da Economia, caso ele fosse eleito. Não creio, não creio. Conheço também a história dessa outra figura, e não creio. Eu acho que ia ser muito pior. Agora, cabe ao Dr. Levy apresentar, em nome do tal do mercado, a solução para os problemas econômicos, financeiros e fiscais do País.

            Hoje, o Presidente do Senado leu as nossas sugestões para análise do Dr. Levy. Ele é o técnico, ele é o entendido, ele é o representante do mercado, deste mercado fantástico, em que vemos os bancos, cada vez mais, lucrarem neste País. Estamos em crise, mas o Bradesco acaba de comprar por 18 bilhões o acervo do HSBC, o Itaú ter 25% de lucro... E o Dr. Levy é um homem do mercado, deste mercado...

(Soa a campainha.)

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA) - ... que foi apresentado à opinião pública brasileira como uma salvação. Cabe a nós, da classe política - a esta altura, permito-me dizer -, apoiar o que seja bom para o Brasil.

            Agora, quem ficou de dar a solução foi o representante do mercado. Como o representante do mercado não encontrou - pelo menos até aqui, que eu tenha conhecimento - a solução para os nossos problemas, nós estamos apresentando uma série de sugestões para que sejam examinadas por ele. Serão examinadas por ele essas sugestões. Essa é a atitude correta, essa é a atitude política, porque a opinião pública, o povo brasileiro que está lá fora não quer saber absolutamente de pauta-bomba, não quer saber de pessoas que querem resolver as suas questões de natureza pessoal...

(Soa a campainha.)

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA) - ... misturando com a questão política grave que o País está a enfrentar.

            Não posso imaginar, Srª Presidente, que seja possível, quando está se queixando do déficit público, dar 75% de aumento para uma categoria do funcionalismo público. Não sou contra o funcionalismo público. No meu Estado, não há um ex-governador que tenha o prestígio que eu tenho junto ao funcionalismo público. Mas não entendo como o Congresso Nacional, ignorando - como a história da Maria Antonieta, na sacada do Palácio de Versalhes, “por que não comem brioches, se não têm pão?” -, esteja a dar aumentos, elevando a despesa pública deste País de forma irresponsável.

            Então, não querendo me alongar, até porque os pronunciamentos que aqui foram oferecidos à Casa...

(Soa a campainha.)

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA) - ... pelos que me antecederam são pronunciamentos que merecem o maior respeito da minha parte. Agora, acho que hoje o Senado cumpriu a sua obrigação. Quem está lá fora, o povo, quer é proposta, coisa concreta para tirar o País da crise. É isso que o povo lá fora deseja, porque o mundo de Brasília é diferente do mundo que está lá fora. Quem está lá fora está preocupado com o seu emprego, quem está lá fora está preocupado com a sua empresa, quem está lá fora está preocupado em pagar os financiamentos que obteve, quem está lá fora está preocupado com o futuro.

            Eu encerro, Sr. Presidente, no momento em que V. Exª retoma a Presidência.

(Soa a campainha.)

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA) - Evidente que a paisagem da mesa era muito mais bonita com a presença da nossa querida Senadora Marta Suplicy. Mas eu quero aproveitar para cumprimentar V. Exª. Não sei se as 20 medidas são as mais acertadas, mas tinha esta Casa e tem o Congresso a obrigação de oferecer a sua contribuição e, amanhã, vamos ver o representante do mercado. Já que o representante do mercado, segundo a imprensa brasileira, segundo vários atores da vida brasileira, que diziam que ele é que tinha a solução, amanhã, eu estarei atento para ouvir o Dr. Levy. Ele tem a obrigação de apresentar as soluções técnicas e, repito, não imagino que o outro, que era oferecido ao País pelo Aécio, fosse melhor do que ele não. Até pelo que conheço, seria muito pior. Seria muito pior.

            Então, Sr. Presidente, os meus cumprimentos. Cabe à classe...

(Interrupção do som.)

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA) - ... e o Senado faz neste momento, oferecendo uma proposta concreta para o debate, para sair da crise. E vamos torcer para sairmos da crise, porque saídas de governo, se criticar governo, dizer que governos foram os mais éticos... Mais éticos, coisa nenhuma!

            Foi aquilo que eu disse há pouco: eu não tomei conhecimento, até hoje, de nenhum Ministro ligando para a Presidente Dilma para dizer a ela que havia chegado ao limite da irresponsabilidade, mas quem quer dar lição hoje, invocando o passado como referência, recebeu o telefonema! Recebeu o telefonema, conversou. Chegaram ao limite da irresponsabilidade, entregaram a telefonia no Brasil para ser paga com moeda podre e com financiamento de...

(Interrupção do som.)

            O SR. JADER BARBALHO (Bloco Maioria/PMDB - PA) - ... fundo de pensão. Entregaram a telefonia. Aconteceu tanta coisa, que não é bom entrar no campo da ética, porque fica muito difícil fazê-lo. O que eu quero é cumprimentar V. Exª e esperar que a contribuição (Fora do microfone.) do Senado faça com que o País possa sair da crise.

            Amanhã estarei muito atento à conversa com o Dr. Levy, representante do mercado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2015 - Página 153