Pela Liderança durante a 142ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comparação dos mandatos do PT e do PSDB no comando do Governo Federal

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Comparação dos mandatos do PT e do PSDB no comando do Governo Federal
SEGURANÇA PUBLICA:
Aparteantes
Sérgio Petecão.
Publicação
Publicação no DSF de 25/08/2015 - Página 127
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, JORNALISTA, ORIGEM, RIO GRANDE DO SUL (RS), ASSUNTO, COMPARAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CRITICA, PAUTA, REIVINDICAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DEFESA, REFORMA POLITICA, OBJETIVO, MELHORIA, SITUAÇÃO, POLITICA NACIONAL, PERMANENCIA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, ENTREGA, REQUERIMENTO, INSTAURAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), REFERENCIA, AMPLIAÇÃO, SEGURANÇA, FRONTEIRA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, PERU, COLOMBIA, BOLIVIA, OBJETIVO, CONTENÇÃO, TRAFICO, COCAINA.

            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco União e Força/PRB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, ilustre dama gaúcha, o PRB faz amanhã dez anos de vida. Fundado no dia 25 de agosto - Dia do Soldado - e para o qual, misteriosamente, o povo brasileiro reservou e consagrou o número 10! Eu acho que em homenagem ao José Alencar, que foi o seu fundador.

            Srª Presidenta, eu ocupo esta tribuna para fazer aqui um discurso em que presto homenagem à verdade, mas também a Mauro Santayana, um dos jornalistas mais ilustres do nosso País. E que escreveu um discurso antecedendo as manifestações do dia 16 de agosto e muito bem elaborado.

            Dizia ele o seguinte:

Esperam-se, para o próximo dia 16 de agosto - mês do suicídio de Vargas e de tantas desgraças que já se abateram sobre o Brasil - novas manifestações pelo impeachment da Presidenta da República, por parte de pessoas que acusam o governo de ser corrupto e comunista e de estar quebrando o país.

Se esses brasileiros, antes de ficar repetindo sempre os mesmos comentários dos portais e redes sociais, procurassem fontes internacionais em que o mercado financeiro normalmente confia para tomar suas decisões, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, veriam que a história é bem diferente, e que se o PIB e a renda per capita caíram, e a dívida pública líquida praticamente dobrou, foi no governo [anterior, do Presidente] Fernando Henrique Cardoso.

Segundo o Banco Mundial, o PIB do Brasil, que era de US$534 bilhões, em 1994, caiu para US$504 bilhões, quando Fernando Henrique Cardoso deixou o governo, oito anos depois.

Para subir, extraordinariamente, desses US$ 504 bilhões, em 2002, para US$2,346 trilhões, em 2014, último dado oficial levantado pelo Banco Mundial, crescendo [portanto] mais de 400% em dólares, em apenas 11 anos, depois que o PT chegou ao poder.

E isso, apesar de o senhor Fernando Henrique Cardoso ter vendido mais de 100 bilhões de dólares em empresas brasileiras, muitas delas estratégicas, como a Telebras, a Vale do Rio Doce e parte da Petrobras, com financiamento do BNDES e uso de “moedas podres”, com o pretexto de sanear as finanças e aumentar o crescimento do país.

Com a renda per capita ocorreu a mesma coisa. No lugar de crescer em oito anos, a renda per capita da população brasileira, também segundo o Banco Mundial, caiu de US$3.426, em 1994, no início do governo, para US$2.810, no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002. E aumentou, também, em mais de 400%, de US$2.810, para US$11.208, também segundo o World Bank, depois que o PT chegou ao poder.

O salário mínimo, que em 1994, no final do governo Itamar Franco, valia US$108, caiu 23%, para US$81, no final do governo FHC e aumentou em três vezes, para mais de US$250 [agora; na verdade, entre 200 e 250]. [...] As reservas monetárias internacionais - o dinheiro que o País possui em moeda forte -, que eram de US$ 31,746 bilhões, no final do governo Itamar Franco, cresceram em apenas algumas centenas de milhões de dólares por ano, para US$37,746 bilhões nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso.

Nessa época, elas eram de fato negativas, já que o Brasil, para chegar a esse montante, teve que fazer uma dívida de US$40 bilhões com o FMI.

Nessa época, elas eram de fato, negativas, já que o Brasil, para chegar a esse montante, teve que fazer uma dívida de US$ 40 bilhões com o FMI.

Depois, elas se multiplicaram para US$358,816 bilhões em 2013, e para US$370 bilhões, em dados [deste mês de agosto] [...], transformando o Brasil de devedor em credor [do FMI], depois do pagamento da dívida com [essa instituição] [...] em 2005, e de emprestarmos dinheiro para o Fundo Monetário Internacional [...], quando do pacote de ajuda à Grécia em 2008.

E, também, no terceiro maior credor individual externo dos EUA, segundo consta, para quem quiser conferir, do próprio site oficial do tesouro norte-americano [usatreasury].

O Investimento Estrangeiro Direto (IED), que foi de US$16,590 bilhões em 2002, no último ano do governo [do Presidente] Fernando Henrique Cardoso, também subiu mais de quase 400%, para US$80,842 bilhões, em 2013 [...], ainda segundo dados do Banco Mundial, passando de aproximadamente US$175 bilhões nos anos FHC [...] para US$440 bilhões [...] [nos anos Luiz Inácio Lula da Silva].

A dívida pública líquida (o que o País deve, fora o que tem guardado no banco), que, apesar das privatizações, dobrou no Governo Fernando Henrique para quase 60%, caiu para 35% agora, 11 anos depois do [...] [governo do Presidente Lula].

Quanto à questão fiscal, não custa nada lembrar que a média de déficit público, sem desvalorização cambial, dos anos FHC foi de 5,53%, e com desvalorização cambial, de 6,59%, bem maior que os 3,13% da média dos anos que se seguiram à sua saída do poder; e que o superávit primário entre 1995 e 2002 foi de 1,5%, muito menor que os 2,98% da média de 2003 a 2013 - segundo Ipeadata e o Banco Central [...].

E, ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil ocupa, hoje, apenas o quinquagésimo lugar do mundo, em dívida pública, em situação muito melhor do que os EUA, o Japão, a Zona do Euro, ou países como a Alemanha, a França, a Grã Bretanha - cujos jornais muitas vezes ficam nos ditando regras e “conselhos” - ou o próprio Canadá.

Também ao contrário do que muita gente pensa, a carga tributária no Brasil caiu ligeiramente, segundo o Banco Mundial, de 2002, no final do governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, para o último dado disponível, de dez anos depois, e não está entre as primeiras do mundo, assim como a dívida externa, que caiu mais de 10 pontos percentuais nos últimos dez anos, e é a segunda mais baixa, depois da China, entre os países do G20.

Não dá para, em perfeito juízo, acreditar que os advogados, economistas, empresários, jornalistas, empreendedores, funcionários públicos, majoritariamente formados na universidade, que bateram panelas contra Dilma em suas varandas no início do ano, acreditem mais nos boatos das redes sociais - reforçados por um verdadeiro estelionato midiático - do que no FMI ou no Banco Mundial, organizações que podem ser taxadas de tudo, menos de terem sido “aparelhadas” pelo governo brasileiro e seus seguidores.

Considerando-se estas informações, que estão há muito tempo publicamente disponíveis na internet, o grande mistério da economia brasileira, nos últimos 12 anos, é saber em que dados tantos jornalistas, economistas e “analistas”, ouvidos a todo momento por jornais, emissoras de rádio e televisão, se basearam, antes e agora, para tirar, como se extrai um coelho da cartola [...], o absurdo paradigma, que vêm defendendo há anos, de que o governo do Presidente Fernando Henrique foi um tremendo sucesso econômico e de que deixou de “presente” para a administração seguinte um país econômica e financeiramente bem-sucedido.

Nefasto paradigma, este, que abriu caminho, pela repetição, para outra teoria tão frágil...

(Soa a campainha.)

            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco União e Força/PRB - RJ) -

...quanto [...] [leviana], na qual acreditam piamente muitos dos cidadãos que vão sair às ruas no próximo dia seis: a de que o PT estaria, agora, jogando pela janela, essa - supostamente [...] - “herança” [...].

[...]

Está certo que não podemos ficar apenas olhando para o passado, que temos de enfrentar os desafios do presente, fruto de uma crise que é internacional e que é constantemente alimentada e realimentada por medidas de caráter jurídico que afetam a credibilidade e a estabilidade de empresas e por uma intensa campanha antinacional, que fazem com que estejamos crescendo pouco, neste ano, embora haja diversos países ditos “desenvolvidos” que estejam muito mais endividados e crescendo menos ainda do que nós.

Assim como também é verdade que esse governo não é perfeito, e que se cometeram vários erros na economia que poderiam ter sido evitados, principalmente nos últimos anos, como desonerações desnecessárias e um tremendo incentivo ao consumo que prejudicou - entre outras razões, [...] pelo aumento da importação de supérfluos e de [muitas] viagens ao exterior - a balança comercial.

Mas, pelo amor de Deus, não venham nos impingir nenhuma dessas duas fantasias, que estão empurrando muita gente a sair às ruas para se manifestar: nem [o Presidente] Fernando Henrique salvou o Brasil, nem o PT está quebrando um país que, em 2002, era a décima quarta maior economia do mundo, e que hoje [...] ocupa o sétimo lugar.

Muitos brasileiros também vão sair às ruas, mais esta vez, por acreditar - assim como fazem com relação à afirmação de que o PT quebrou o país - que o governo [...] é comunista e que ele quer implantar uma ditadura esquerdista no Brasil.

Quais são os pressupostos e características de um país democrático, ao menos do ponto de vista de quem "acredita" e defende o capitalismo?

a) a liberdade de expressão - o que não é verdade para a maioria dos países ocidentais dominados por grandes grupos de mídia pertencentes a meia dúzia de famílias, mas que, do ponto de vista formal, existe plenamente por aqui;

b) a liberdade de empreender, ou de livre iniciativa, por meio da qual um indivíduo qualquer pode abrir ou encerrar uma empresa de qualquer tipo, quando quiser;

c) a liberdade de investimento, inclusive para capitais estrangeiros;

d) um sistema financeiro particular independente e forte;

e) apoio do governo à atividade comercial e produtiva;

f) a independência dos poderes;

g) um sistema que permita a participação da população no processo político [...] e para a escolha [...] de representantes para o Executivo e o Legislativo, nos Municípios, Estados e União.

Todas essas premissas e direitos estão presentes e vigentes no Brasil.

Não é o fato de ter como símbolo uma estrela solitária ou vestir uma roupa vermelha - hábito que deveria ter sido abandonado pelo PT há muito tempo, justamente para não justificar o discurso adversário de que [...] [é um partido comunista] e não [..] “brasileiro” [...] [e não] “patriótico” - e aí estão os botafoguenses e colorados que não me deixam mentir - assim como o Papai Noel, que se saísse inadvertidamente às ruas, no dia 6, provavelmente seria espancado brutalmente, depois de ter o conteúdo de seu saco de brinquedos revistado e provavelmente "apreendido" à procura de dinheiro de corrupção.

Da mesma forma que usar uma bandeira do Brasil não transforma, automaticamente, ninguém em patriota, como mostrou a foto do Rocco Ritchie, o filho da Madonna, no Instagram, e os pavilhões nacionais pendurados na entrada do prédio da Bolsa de Nova Iorque, quando da venda de ações de empresas estratégicas brasileiras, na época da privataria.

Qualquer pessoa de bom senso prefere um brasileiro vestido de vermelho - mesmo que seja flamenguista ou são-paulino, que não são, por acaso, times do meu coração - do que um que vai para a rua, vestido de verde e amarelo, para defender a privatização e a entrega, para os EUA, de empresas como a Petrobras.

O PT é um partido tão comunista, que o lucro dos bancos, que foi de aproximadamente U$40 bilhões no governo Fernando Henrique Cardoso, aumentou para U$280 bilhões nos oito anos do governo Lula.

É claro que isso ocorreu também por causa do crescimento da economia, que foi de mais de 400% nos últimos 12 anos, isso no valor acumulado, claro, e considerado o câmbio.

O PT é um partido tão comunista, que grandes bancos privados deram mais dinheiro para a campanha de Dilma e do PT do que para os seus adversários nas eleições de 2014.

Será que os maiores bancos do País teriam feito isso se dessem ouvidos aos radicais que povoam a internet, que juram, de pés juntos, que Dilma era assaltante de banco na década de 1970, ou se desconfiassem que ela é uma perigosa terrorista, que está em vias de dar um golpe comunista no Brasil? [Aliás, o próprio Presidente do Itaú esses dias veio defender o mandato da Presidenta nos jornais.]

O PT é um partido tão comunista que nenhum governo apoiou, como ele, o capitalismo e a livre iniciativa em nosso País.

Foi o governo do PT que criou o Construcard, que já emprestou mais de R$20 bilhões em financiamento para compra de material de construção, beneficiando milhares de famílias e trabalhadores como pedreiros, pintores, construtores; que criou o Cartão BNDES, que atende, com juros subsidiados, milhares de pequenas e médias empresas e quase um milhão de empreendedores; que aumentou, por mais de quatro, a disponibilidade de financiamento para crédito imobiliário - no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso foram financiados 1,5 milhão de unidades, nos anos do presidente Lula, mais de 7 milhões - e o crédito para o agronegócio (no último Plano Safra de Presidente Fernando Henrique, em 2002, foram aplicados R$21 bilhões, em 2014/2015, R$180 bilhões, 700% a mais, e a agricultura familiar (só o Governo Dilma financiou mais de 50 bilhões de reais contra 12 bilhões dos oito anos de FHC).

Aumentando a relação crédito-PIB, que era de 23%, em dezembro de 2002, para 55%, em dezembro de 2014, gerando renda e empregos e fazendo o dinheiro circular.

As pessoas reclamam, na internet, porque o Governo Federal financiou, por meio do BNDES, empresas brasileiras como a Braskem, a Vale e a JBS.

Mas, estranhamente, não fazem a mesma coisa para protestar pelo fato de o Governo do PT, segundo eles, altamente "comunista", ter emprestado - equivocadamente a nosso ver [Mauro Santayana] - bilhões de reais para multinacionais estrangeiras, como a Fiat e a Telefônica (Vivo), ao mesmo tempo em que centenas de milhões de euros seguem para a Europa, como andorinhas, todos os anos, em remessa de lucro, para nunca mais voltar.

A questão militar.

Outro mito sobre o suposto comunismo do PT é que Dilma e Lula, por revanchismo, sejam contra as Forças Armadas, quando suas administrações, à frente do País, começaram e estão tocando o maior programa militar e de defesa da história brasileira.

Lula nunca pegou em armas contra a ditadura. No início de sua carreira como líder de sindicato, tinha medo "desse negócio de comunismo" - como já declarou uma vez -, surgiu e subiu como uma liderança focada na defesa de empregos, aumentos salariais e melhoria das condições de classe de seus companheiros de trabalho, operários da indústria automobilística de São Paulo, e há quem diga que teria sido indiretamente fortalecido pelo próprio regime militar para impedir o crescimento político dos comunistas em São Paulo.

Dilma, sim, foi militante de esquerda na juventude, embora nunca tenha pego em armas, a ponto de não ter sido acusada disso sequer pela Justiça Militar.

Mas se, por esta razão, ela é comunista, seria possível acusar desse mesmo "crime" também José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e muitos outros que antes eram contra a ditadura e estão, hoje, contra o PT.

Se o PT tivesse alguma coisa contra a Marinha, ele teria financiado, por meio do Prosub, a construção do estaleiro e da Base de Submarinos de Itaguaí, e investido 7 bilhões de dólares no desenvolvimento conjunto com a França de vários submersíveis convencionais e do primeiro submarino nuclear brasileiro, cujo projeto se encontra hoje ameaçado, porque suas duas figuras-chave, o Presidente do Grupo Odebrecht, e o Vice-Almirante Othon Pinheiro da Silva, figuras públicas, com endereço conhecido, estão detidos, no âmbito da Operação Lava Jato?

Teria, da mesma forma, o Governo do PT, comprado novas fragatas na Inglaterra, voltado a fabricar navios patrulha em nossos estaleiros, até para exportação para países africanos, investido na remotorização totalmente nacional de mísseis tipo Exocet, na modernização do navio aeródromo (porta-aviões) São Paulo, na compra de um novo navio científico oceanográfico na China, na participação e no comando por marinheiros brasileiros das Forças de Paz da ONU no Líbano?

Se fosse comunista, o Governo do PT estaria, para a Aeronáutica, investindo bilhões de dólares no desenvolvimento conjunto com a Suécia de mais de 30 novos caças-bombardeio Gripen, que serão fabricados dentro do País com a participação de empresas brasileiras e da SAAB, com licença de exportação para outras nações, depois de uma novela de mais de duas décadas sem avanço nem solução, que começou no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso?

Se fosse comunista - e contra as forças armadas - teria o Governo do PT encomendado à Aeronáutica e à Embraer, com investimento de R$1 bilhão do Governo Federal, o projeto do novo avião cargueiro militar multipropósito KC-390, desenvolvido com a cooperação da Argentina, do Chile, de Portugal e da República Tcheca, capaz de carregar até blindados, que já começou a voar neste ano, a maior aeronave já fabricada no Brasil?

Teria comprado para os Grupos de Artilharia Antiaérea de Autodefesa da FAB novas baterias de mísseis, ou feito um acordo com a África do Sul para o desenvolvimento conjunto de um projeto em que também participa a Odebrecht com a Denel sul-africana do novo míssil ar-ar A-Darter, que armará os nossos novos caças Gripen NG BR?

Se fosse um governo comunista, o Governo do PT teria financiado o desenvolvimento para o Exército do novo Sistema Astros 2020 e recuperado financeiramente a Avibras?

Se fosse um Governo comunista que odiasse o Exército, teria financiado e encomendado a engenheiros desta força o desenvolvimento e a fabricação com uma empresa privada de 2.050 blindados da nova família de tanques Guarani, que estão sendo construídos na cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais?

Ou o desenvolvimento e a fabricação da nova família de radares SABER e pelo IME e a IMBEL para as três armas da nova família de Fuzis de Assalto IA-2, com capacidade para disparar 600 tiros por minuto, a primeira totalmente projetada no Brasil?

Ou encomendado e investido na compra de helicópteros russos e na nacionalização de novos helicópteros de guerra da Helibras e mantido nossas tropas, em benefício da experiência e do prestígio de nossas Forças Armadas, no Haiti e no Líbano?

Em 2012, o novo Comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas, então Comandante Militar da Amazônia, respondeu da seguinte forma a uma pergunta, em entrevista à Folha de S.Paulo:

Lucas Reis:

"Em 2005, o então Comandante do Exército, General Albuquerque, disse: ‘O homem tem direito a tomar café, almoçar e jantar, mas isso não está acontecendo no Exército’. A realidade atual mudou?”

Resposta do General Eduardo Villas Bôas:

"Mudou muito. O problema é que o passivo do Exército era muito grande, foram décadas de carência. Desde 2005 estamos recebendo muito material, e agora é que estamos chegando a um nível de normalidade e começamos a ter visibilidade. Não discutimos mais se vai faltar comida, combustível, não temos mais essas preocupações.”

Deve ter sido, também, por isso, que o General Villas Bôas, já desmentiu, como Comandante do Exército, neste ano, qualquer possibilidade de "intervenção militar" no país, como se pode ver [...] [na sua mensagem] (O recado das armas).

[Finalmente] A questão externa.

A outra razão que contribui para que o governo do PT seja tachado de comunista, e muita gente saia às ruas, no domingo, é a política externa, e a lenda do “bolivarianismo” que teria adotado em suas relações com o continente sul-americano.

Não é possível, em pleno século XXI, que os brasileiros não percebam que, em matéria de política externa e economia, ou o Brasil se alia estrategicamente com os BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), potências ascendentes como ele; e estende sua influência sobre suas áreas naturais de projeção, a África e a América Latina - incluídos países como Cuba e Venezuela, porque não temos como ficar escolhendo por simpatia ou tipo de regime - ou só nos restará nos inserir, de forma subalterna, no projeto de dominação europeu e anglo-americano?

Ou nos transformarmos, como o México, em uma nação de escravos, como se pode ver aqui (O México e a América do Sul) que monta peças alheias para mercados alheios, pelo módico preço de 12 reais por dia o salário mínimo?

Jogando, assim, no lixo, nossa condição de quinto maior país do mundo em território e população e sétima maior economia, e nos transformando, definitivamente, em mais uma colônia-capacho [...] [das grandes potências]?

Ou alguém acha que os Estados Unidos e a União Europeia vão abrir, graciosamente, seus territórios e áreas sob seu controle, à nossa influência, política e econômica, quando eles já competem, [...], conosco, nos países que estão em nossas fronteiras?

Do ponto de vista dessa [...] [assertiva], que acusa o governo Dilma de financiar, para uma empresa brasileira, a compra de máquinas, insumos e serviços no Brasil, para fazer um porto em Cuba - a mesma empresa brasileira está fazendo o novo aeroporto de Miami, mas ninguém toca no assunto, como se pode ver aqui [...] - muito mais grave, então, deve ter sido a decisão tomada pelo Regime Militar no Governo do General Ernesto Geisel.

Naquele momento, em 1975, no bojo da política de aproximação com a África, inaugurada no Governo Médici, pelo embaixador Mario Gibson Barbosa, o Brasil dos generais foi a primeira nação do mundo a reconhecer a independência de Angola.  

Isso, quando estava no poder a guerrilha esquerdista do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola, comandado por Agostinho Neto, e já havia no país observadores militares cubanos, que, com uma tropa de 25.000 homens, lutariam e expulsariam, mais tarde, no final da década de 1980, o exército racista sul-africano, militarmente apoiado por mercenários norte-americanos, do território angolano depois da vitoriosa batalha de Cuito-Cuanavale.

Ao negar-se a meter-se em assuntos de outros países, como Cuba e Venezuela, em áreas como a dos “direitos humanos”, Dilma não faz mais do que fez o regime militar brasileiro, com uma política externa pautada, primeiro, pelo “interesse nacional”, ou do “Brasil Potência”, que estava voltada, como a do governo do PT, prioritariamente, para a América do Sul, a África e a aproximação com os países árabes, que foi fundamental para que vencêssemos a crise do petróleo. 

Também naquela época, o Brasil recusou-se a assinar qualquer tipo de Tratado de Não Proliferação Nuclear, preservando nosso direito de desenvolver armamento atômico, possibilidade essa que nos foi retirada definitivamente, com a assinatura de um acordo desse tipo no governo de Fernando Henrique Cardoso. 

Se houvesse, hoje, um golpe militar no Brasil, a primeira consequência seria um boicote econômico por parte do BRICS e de toda a América Latina, reunida na Unasul e na CELAC, com a perda da China, nosso maior parceiro comercial, da Rússia, que é um importantíssimo mercado para o agronegócio brasileiro, da Índia, que nos compra até mesmo aviões radares da Embraer, e da África do Sul, com quem estamos também intimamente ligados na área de defesa.

O mesmo ocorreria com relação à Europa e aos EUA, de quem receberíamos apenas apoio extraoficial, e isso se houvesse um radical do partido republicano na Casa Branca. [...]

A questão política.

A atividade política, no Brasil, sempre funcionou na base do “jeitinho” e da “negociação”. 

Mesmo quando interrompido o processo democrático, com a instalação de ditaduras - o que ocorreu algumas vezes em nossa história -, a política sempre foi feita por meio da troca de favores entre membros dos Três Poderes, e, principalmente, de membros do Executivo e do Legislativo, já que, sem aprovação - mesmo que aparente - do Congresso, ninguém consegue administrar este País nem mudar a lei a seu favor, como foi feito com a aprovação da reeleição para prefeitos, governadores e Presidentes da República, obtida pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso [sem ter uma base no Governo e com ela fazer sua aliança].

Toda estrutura coletiva, seja ela uma jaula de zoológico ou o Parlamento da Grã-Bretanha, funciona na base da negociação.

Fora disso, só existe o recurso à violência, ou à bala, que coloca qualquer machão, por mais alto, feio e forte que seja, na mesma posição de vulnerabilidade de qualquer outro ser humano. 

[.As negociações políticas] nos acompanham há milhares de anos e qualquer um pode perceber isto, se parar para observar um grupo de primatas. 

Ai daquele, entre os macacos, que se recusa a catar carrapatos nas costas alheias, a dividir o alimento ou a participar das tarefas de caça, coleta ou vigilância.

O problema ocorre quando, nesse jogo parlamentar, a cooperação e a solidariedade são substituídas pelo egoísmo...

(Soa a campainha.)

            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco União e Força/PRB - RJ) - Já vou concluir, Sr. Presidente.

(...) pelo egoísmo, pelo interesse de um indivíduo ou de um determinado grupo, e a negociação, dentro das regras usuais, é trocada por pura pilantragem ou o mero uso da ameaça e da pressão.

O corrupto, entre os primatas, é aquele que quer receber mais do que os demais, o que rouba, o que esconde. Esse, sim, deve ser censurado. O fascista é aquele que faz a mesma coisa, mas que se apropria do que pertence aos outros, pela imposição extremada do medo e da violência mais injusta.

Se não há futuro para os egoístas nos grupos de primatas, também não há para os fascistas. Uns e outros terminam sendo derrotados e expulsos dos bandos de chimpanzés, babuínos e gorilas ou da sociedade humana.

Já que a negociação é inerente à natureza humana, e que ela é sempre melhor do que a força, o que é preciso fazer para diminuir a corrupção, que não acabará nem com golpe nem por decreto?

Mudar o que for possível, para que, no processo de negociação, haja maior transparência, menos espaço para corruptos e corruptores e um pouco mais de interesse pelo bem comum do que pelo de grupos e corporações, como hoje ocorre no Congresso.

O caminho para isso não é impeachment nem golpe, mas uma reforma política, que mude as coisas de fato e o faça permanentemente, e não apenas até as próximas eleições, quando, certamente, partidos e candidatos procurarão empresas para financiar suas campanhas, se elas estiverem dispostas ainda a financiá-los, como se pode ver aqui.

O que é preciso saber é se essa reforma política será efetivamente feita, já que é fundamental e inadiável. Ou se a Nação continuará suspensa, com toda a sua atenção atrelada a um processo criminal que tem beneficiado principalmente bandidos identificados até agora, que, em sua maioria, devido a distorcidas delações, acabam tendo uma premiação que os coloca fora do alcance da lei.

Pessoas falam e agem, e sairão no dia 6 de agosto às ruas também por causa disso, como se o Brasil tivesse sido descoberto ontem e o caso de corrupção da Petrobras não fosse mais um de uma longa série de escândalos, a maioria deles sequer sem serem investigados antes de 2002.

Se a intenção é passar a limpo o País e punir de forma exemplar toda essa bandalheira, era preciso obedecer a fila e a ordem de chegada, e ao menos reabrir, mesmo que fosse simultaneamente, mas com a mesma atenção e empenho, casos como o do Banestado - que envolveu cerca de R$60 bilhões -, do mensalão mineiro, o do trensalão de São Paulo, para que estes, que nunca mereceram o mesmo tratamento da nossa Justiça nem da sociedade, fossem investigados e punidos, em nome da verdade e da isonomia, na grande faxina “moral” que se pretende estar fazendo agora.

Em um País livre e democrático - no qual, estranhamente, o governo está sendo acusado de promover uma ditadura - qualquer um tem o direito de ir às ruas para protestar contra o que quiser, mesmo que o esteja fazendo por falta de informação, por estar sendo descaradamente enganado e manipulado [...]

Esse tipo de circunstância facilita, infelizmente, a possibilidade de ocorrência dos mais variados - e perigosos - incidentes [...] Para os que estão ainda convencidos de que há uma ditadura comunista, é sempre bom lembrar que, em nome do anticomunismo, se instalaram Hitler e Pinochet, dois dos mais terríveis e brutais regimes da nossa história.

            Sr. Presidente, este aqui é um artigo publicado pelo grande jornalista Mauro Santayana, a quem presto reverente homenagem da tribuna do Senado Federal. Sem desconhecer erros e equívocos que foram praticados nos governos do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, coloca em uma perspectiva histórica razões pelas quais esta Casa e o povo brasileiro devem ponderar manter o mandato da nossa Presidenta, para que, na negociação, na ponderação - eu diria na negociação política, porque isso é uma característica dos povos cultos -, encontremos a solução pacífica das nossas controvérsias, sem agravar a crise econômica que nos aflige e aflige, sobretudo, aos mais pobres e ao povo trabalhador.

            É uma homenagem que presto a esse ilustre cidadão brasileiro, Mauro Santayana, jornalista querido, que fez desse artigo - eu diria - uma homenagem às grandes conquistas do governo do Presidente Lula e da Presidenta Dilma.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD - AC) - Senador, eu sou uma pessoa que admira muito V. Exª. Tenho acompanhado seu trabalho aqui como um dos grandes defensores do combate às drogas. Eu não sei se o senhor teve acesso ou viu o vídeo do Presidente Evo Morales, que está circulando na internet. Como eu sou do Acre, de uma região de fronteira, isso está muito forte lá no Acre. Se o senhor viu - se não, não há problema, não precisa falar -, como é que o senhor vê essa ameaça de que ele poderá invadir o Brasil, de preferência, pela região de fronteira? Como o senhor vê isso? O senhor ouviu falar disso?

(Soa a campainha.)

            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco União e Força/PRB - RJ) - Eu ouvi. Agora, sem dúvida, se é verdadeira, é uma atitude tão ridícula que nem merece os nossos comentários.

            Eu fiz, e espero que seja lido amanhã na Ordem do Dia, um requerimento para abrirmos uma CPI das fronteiras. Acho que devemos retomar imediatamente a nossa soberania. Todos os Líderes assinaram. E eu espero que possamos mudar as leis, concentrar grande parte da Polícia Federal e do Exército nas fronteiras brasileiras, para evitarmos que a gente sofra ataques como esse.

            Sem sombra de dúvida, Peru, Colômbia e Bolívia são os maiores produtores de cocaína, e nós, desgraçadamente, o maior destino deles. Agora, é bem verdade que o povo boliviano não pode pagar pelos arroubos verbais, pela falta de preparo de seus líderes. É um povo amigo, um povo humilde, que conosco comunga dos mesmos princípios e ideais de ter uma América do Sul próspera e digna.

            Faço aqui uma ponderação: se V. Exª pensar na União Europeia, imagine que Hitler bombardeava as áreas urbanas de Londres, imagine que ele destruiu grande parte da França, imagine que matou seis milhões de judeus, e nem por isso esse passado os impede de hoje estarem juntos, olhando as perspectivas de construir um mundo melhor.

            É bem verdade que tivemos episódios dramáticos com os nossos vizinhos e as disparidades econômicas nos trazem problemas. Mas acho que nada deve nos impedir de planejar nossa economia e de nos desenvolvermos para benefício do nosso povo.

            Muito obrigado, Senador Sérgio Petecão, pelo seu aparte.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/08/2015 - Página 127