Discurso durante a 142ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da Sessão Solene do Congresso Nacional, a ser realizada amanhã, destinada a homenagear os 61 anos da morte de Getúlio Vargas; e outros assuntos

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro da Sessão Solene do Congresso Nacional, a ser realizada amanhã, destinada a homenagear os 61 anos da morte de Getúlio Vargas; e outros assuntos
GOVERNO ESTADUAL:
Publicação
Publicação no DSF de 25/08/2015 - Página 144
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • ANUNCIO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, LOCAL, COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS (CDH), OBJETIVO, DEBATE, ASSUNTO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM POSTUMA, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, IMPORTANCIA.
  • SOLICITAÇÃO, DIALOGO, SINDICATO, PROFESSOR, GOVERNO ESTADUAL, RORAIMA (RR), OBJETIVO, ACORDO, ESTABELECIMENTO, PLANILHA, REPOSIÇÃO, SALARIO, RETOMADA, TRABALHO.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Elmano Férrer, grande representante do Piauí, telespectador, telespectadora da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, na verdade, hoje eu venho a esta tribuna fazer um convite. Amanhã, na Comissão de Direitos Humanos, nós vamos ter uma audiência pública para tratar das questões do trabalhismo, porque amanhã nós vamos comemorar os 61 anos da morte de Getúlio Vargas.

            Amanhã de manhã, várias pessoas que são correlatas ao trabalhador, ao trabalhismo vão estar ali. O Ministro Manoel Dias, do meu Partido, já confirmou, e representantes de partidos, inclusive do PTB de V. Exª. A Presidenta foi convidada, mas, naturalmente, se ela não puder vir, por força maior, porque, às vezes, há isso, vai alguém do partido, e V. Exª já estará lá também conosco amanhã - eu espero -, para que possamos tratar desse assunto tão importante neste momento. O Brasil inteiro está passando por essa crise, principalmente essa crise em relação de trabalho, em que o Judiciário, há quase dez anos, está nessa luta longa, num calvário, em busca dos seus objetivos, dos seus justos reajustes salariais.

            A partir das 11 horas, nós vamos ter uma sessão especial, solene, pelos 61 do falecimento, da morte do ex-Presidente Getúlio Dornelles Vargas, que não foi só o maior Presidente do Brasil. A vida de Getúlio se confunde com a vida brasileira. Getúlio Vargas era um homem conciliador, tão necessário neste momento, uma pessoa conciliatória. Getúlio Vargas era um homem que fazia uso, com muita profundidade, do diálogo. E é importante. Você veja que os muçulmanos e os cristãos reconhecem que, com Abraão, pela fé cristã, ocorreu o primeiro diálogo entre Deus e o homem. Então, o diálogo é uma qualidade muito especial da humanidade, que nós temos que explorar bastante, principalmente quem exercita a política, como nós.

            É muito importante que façamos esse exercício. Getúlio tinha essa maior qualidade. Getúlio, naturalmente, foi o cara que tirou o Estado brasileiro, um Estado rural atrasado, arcaico, para botar um Estado moderno, de indústria, de justiça. Getúlio criou a CLT, o Ministério do Trabalho; temos aí o IBGE, a Petrobras, a Vale. São muitas as obras que Getúlio deixou. As obras de infraestrutura dele são muito importantes. Deixou também a Siderúrgica Nacional, a hidrelétrica do Vale do São Francisco. Getúlio deixou obras de infraestrutura muito grandes, de interligações de todo o nosso País; a campanha “O Petróleo é Nosso”, o voto secreto, o voto feminino. Getúlio foi Governo da transformação brasileira.

            Convidamos todos aqueles que não viveram essa experiência, que não conheceram essa história, para amanhã virem a esta Casa prestigiar aqui essa solenidade, em nome desse brasileiro que tanto nos orgulhou. Como ele bem disse em sua carta testamento, saiu da vida e entrou para a história. Eu acho que essa foi a frase mais forte. Que, amanhã, possamos aqui reviver esse momento - olha como a vida se encontra - importante em que Getúlio se entregou de corpo e alma ao Brasil, dando essa demonstração de amor, de compromisso de não ir para o retrocesso. Quem sabe, amanhã, possamos nos espelhar nele, abrir um novo caminho, um novo norte, um novo horizonte; que possamos nos encontrar politicamente aqui, oposição e situação; que a vaidade, os interesses pessoais não ultrapassem as necessidades da população, não atrapalhem o crescimento, a retomada do desenvolvimento do nosso País, porque hoje, de certa forma, ficamos preocupados com a crise.

            Os Estados Unidos, ainda em convalescença da sua crise; A Europa, toda ela ainda enferma, e agora a China está dando os primeiros sinais febris dessa doença econômica, que também pode estar atingido-a.

            Vivemos em um mundo globalizado. Não há como o Brasil ficar livre de uma situação dessas. Ele será afetado, sim. Não há como o Brasil não ser afetado. Ele até navegou bem na crise. Em todas as crises mundiais, ele conseguiu dar uma boa caminhada sem ser atingido. Mas, agora, nós estamos vivendo essa crise econômica e política, que são superáveis.

             A Presidente Dilma está muito firme no propósito. Eu reitero aqui meus parabéns ao Vice-Presidente Michel Temer, pela grandeza de ajudar a República, de ajudar a Presidenta nas coisas mais macros e de deixar as coisas mais periféricas, as coisas mais “varejo” para o outro escalão cuidar, esse segmento entre Governo, Legislativo, empresas, trabalhadores, enfim.

             Então, eu queria aqui fazer esse convite para amanhã. Você que está nos ouvindo pela Rádio Senado, você que está nos assistindo pela TV Senado, pode ligar sua televisão, amanhã, a partir das 11h, porque nós vamos reviver um momento histórico das nossas vidas, que, às vezes, nem conhecemos, Senador Elmano. Hoje mesmo eu assisti a um documentário sobre João Goulart e confesso que saí dali muito emocionado pela firmeza, pela responsabilidade, pelo compromisso, pelo amor ao povo brasileiro.

            Muitos, talvez, não entenderam. Muitos entendiam que o João Goulart teria até se acovardado, quando, na verdade, ele evitou sangue, mostrou que o poder é bom, mas não é maior  do que o povo brasileiro. Ele teve essa grandeza de não permitir que houvesse derramamento de sangue naquele momento, porque tinha uma tropa fiel a ele, tinha o povo do lado dele. Ele poderia ter feito uma resistência muito grande, mas, não. Preferiu caracterizar que aquilo era um golpe - e deixou bem caracterizado, porque ele não foi embora. Ele esperou a posse do outro Presidente, que foi nomeado pelo golpe, e, a partir daí, sim, foi embora para o asilo, onde ficou até a sua morte. Exilado, ele foi o único Presidente que morreu fora do Brasil, lamentavelmente.

            Hoje, ainda, pairam algumas dúvidas sobre a verdadeira causa de sua morte: se foi de forma natural ou se foi provocada, para evitar, quem sabe, um retorno ou coisa dessa ordem.

            De forma que hoje nós tivemos oportunidade de ver esse documentário, e fiquei muito emocionado. Com certeza, a gente tirou uma lição, para que a gente possa estar aqui dentro, de forma muito humilde, buscando a compreensão, buscando o caminho da construção de um Brasil melhor, um Brasil que possa gerar emprego, que possa gerar renda, um Brasil que possa oportunizar o nosso povo, a nossa gente, apesar de todas essas aflições que nós estamos vivendo aí. Temos alguns vetos que têm de ser discutidos: a questão do Judiciário, a questão dos servidores do nosso ex-Território de Roraima, Amapá, Rondônia. Nós temos uma série de coisas.

            Falando em meu Estado agora, eu queria aqui também trazer uma grande reflexão. O meu Estado de Roraima passou por uma gestão desastrosa, uma administração irresponsável, corrupta, uma gestão que abalou as finanças do nosso Estado, comprometeu o bom andamento, o investimento no nosso Estado. Mas estamos aí. A Governadora, com muita luta, com muita paciência, com muita sabedoria, está tentando construir. Hoje os professores estão em greve, uma grande greve que já perdura muitos dias. Eu reconheço a greve, ela é justa, é verdade que os professores estão sacrificados. Mas não foi a atual Governadora que fez isso. Ela tem um governo de quatro anos, ela não tem um governo só de seis meses, de oito meses.

            Então, eu queria aqui fazer um apelo aos presidentes do sindicato, à própria Governadora e à própria secretária: embora a greve tenha sido considerada ilegal, que reabrissem o diálogo, que buscassem o entendimento, que estabelecessem uma planilha de reposição dos salários dos professores, de ordem que nós precisamos buscar a paz, porque quem vai perder com tudo isso é a sociedade. Quem perde são os alunos, quem perde são os próprios professores, quem perde é o Governo.

            Enfim, o momento de greve é um momento extremado, são as forças que já estão estremecidas. Então, é preciso conduzir para o diálogo, buscar o entendimento e pacificar essa situação, para que os professores possam voltar para a sala de aula, os alunos possam voltar a ter suas aulas normalmente e o Estado possa voltar ao seu curso normal, para que o Estado respire e possa levar para lá novos investidores. Inclusive, eu estive recentemente em Goiânia, no sábado, e tive a oportunidade de conversar ali com representantes de mais de 100 empresas que querem ir para Roraima, querem investir no Estado de Roraima, acreditam no Estado de Roraima.

            Agora, é preciso também que nós amadureçamos o suficiente para entender que nem Roraima nem outro Estado podem viver só do contracheque. Nenhum Estado pode viver só do dinheiro público. Nós temos que viver da nossa produção, da nossa capacidade de produzir.

            Então, é este o apelo que faço aos professores e ao Governo do Estado: que retomem o diálogo, busquem o entendimento, busquem uma planilha que possa pacificar essa situação, que, hoje, deixa todo mundo com muita tristeza.

            Era o que eu queria dizer, meu Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu queria também me somar às palavras de V. Exª e dizer que, amanhã, nós estaremos na Comissão de Direitos Humanos, às 8h30, e, em seguida, neste plenário, às 11 horas, para a solenidade alusiva aos 61 anos de morte e suicídio de Getúlio. Inclusive hoje é o dia exato do suicídio dele, que abalou e comoveu o Brasil.

            Nesta oportunidade, eu queria só lembrar também dos 15 anos do primeiro grande governo de Getúlio, governo constitucional e, depois, o Estado novo.

            Ele lançou, realmente, a indústria de base no Brasil, com a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Vale do Rio Doce; e, do ponto de vista político, o voto feminino, a criação da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho, do Ministério do Trabalho. Então, digamos, foram ações e atos importantes da vida política do nosso imortal Getúlio Vargas.

            Ele retornou, depois de 1945, já em 1951, 1954, quando do seu suicídio, e criou instituições importantes para a vida econômica nacional. Criou o BNDES - BNDE, à época; não havia o “S”, de Social -, a Petrobras e, na Região Nordeste, o Banco do Nordeste, que ainda hoje é uma agência de desenvolvimento importantíssima para o desenvolvimento regional.

Acho muito justa a proposta de V. Exª, da qual nós também fomos signatários, para a realização, amanhã, neste plenário, de uma sessão em memória ao nosso imortal Getúlio Vargas, quando faremos mais uma justa homenagem nesta Casa e na Comissão de Direitos Humanos, com os trabalhadores, os sindicatos, enfim, com a sociedade civil devidamente organizada, na Comissão, presidida pelo nosso importante Senador e poderíamos dizer sucessor, do ponto de vista da luta trabalhista do Getúlio, do Pasqualini, do João Goulart, que é sua e de todos nós: parece-me que, nesta Casa, o nosso Senador Paulo Paim é o herdeiro natural dos ideais e do ideário do Getúlio Vargas.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Incorporou bem. Incorporou bem. Mas, Senador, muito obrigado.

            Sem nenhuma dúvida, amanhã será um dia de muita expectativa, porque nós vamos dali sair, naturalmente, com grandes depoimentos. Eu chamei o Waldir Pires, que, na época, era Ministro de João Goulart, foi Ministro naquele momento. Chamamos algumas pessoas ilustres, que viveram aquele momento muito de perto, porque eram ministros, tinham cargos importantes.

            Enfim, tenho certeza de que amanhã a gente vai sair daqui com uma lição de vida muito grande, no sentido de que possamos nos fortalecer, possamos nos muscular politicamente para enfrentar todas as batalhas que virão pela frente. A gente tem de estar sempre preparado, porque - como disse ainda agora o Senador Raimundo Lira com muita propriedade - esta Casa é a Casa moderadora, é uma Casa amadurecida. Há momentos em que é no Congresso, é no Senado que você mantém o equilíbrio. Como disse o ex-Presidente Sarney, aqui é o pires que esfria esse café quente.

            Então, é hora de estarmos muito racionais, conscientes e muito moderados, para, amanhã, aqui vermos essa lição de vida de um grande estadista que foi Getúlio Dornelles Vargas.

            Meu muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/08/2015 - Página 144