A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador Jorge Viana.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, companheiros e companheiras, nesse último final de semana, na sexta-feira à noite e durante todo o dia de sábado, eu tive a alegria de poder participar de uma atividade importante e que envolveu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, por meio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), várias instituições de ensino e de pesquisas, não só da Amazônia brasileira, mas de todas as regiões, como a Universidade de São Paulo, Universidade do Ceará, Universidade do Pará, Universidade do Oeste do Pará, enfim, de inúmeras instituições de pesquisas do Brasil inteiro. As atividades foram em torno da inauguração de um projeto denominado ATTO, que significa Torre Alta da Amazônia, por sua sigla em inglês.

            Aliás, Senador Jorge Viana - V. Exª que é um grande amazônida de nascimento, de coração e de incentivo -, hoje eu vejo uma belíssima matéria publicada no Caderno Ciência do jornal Correio Braziliense, que dá um retrato de tudo aquilo que aconteceu nesse último final de semana.

            Este projeto denominado Torre Alta da Amazônia (ATTO) envolve investimentos em torno de R$30 milhões. A metade desses recursos foi aportada pelo Governo brasileiro, através do Ministério de Ciência e Tecnologia, e a outra metade, através da Alemanha, via Centro de Pesquisa e de Investigação do Instituto Max Planck. Estão envolvidos - repito aqui - inúmeros pesquisadores, não só pesquisadores alemães do Instituto Max Planck ou pesquisadores brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, mas também pesquisadores de várias outras instituições, formando como um consórcio para o desenvolvimento de um estudo que considero um dos mais importantes em andamento, para descobrir o exato papel, a exata função que exerce a Floresta Amazônica no que diz respeito às mudanças climáticas.

            Essa torre, Sr. Presidente, está localizada no Município de São Sebastião do Uatumã, que fica em torno de 350 quilômetros de Manaus. Depois de efetivamente inaugurada e estar funcionando, a torre tem o objetivo de dar continuidade a um estudo cujo objetivo é compreender melhor as fontes de produção e o consumo dos gases de efeito estufa, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. O principal objetivo dos estudos desenvolvidos, repito, é estabelecer a relação da Floresta Amazônica com as mudanças climáticas, a relação da Floresta Amazônica com o regime de chuvas não apenas na nossa região, mas no Planeta, porque nós já sabemos que a Floresta Amazônica exerce um papel fundamental, um papel decisivo no regime de chuvas e também do clima de boa parte do Planeta, Sr. Presidente. Esse é o objetivo.

            Esses estudos já vêm sendo realizados no Brasil há algum tempo através do projeto LBA, que é uma parceria entre o Governo brasileiro e o governo norte-americano. O projeto LBA significa Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia.

            Com essa etapa do ATTO, ele será qualificado de forma significativa, porque, até então, as torres utilizadas para esse tipo de levantamento de estudo eram torres de 50 metros ou, no máximo, 80 metros. A torre que nós inauguramos no último sábado, com a presença do Ministro da Ciência e Tecnologia do Brasil, Aldo Rebelo, é uma torre de 325 metros. Para que V. Exª tenha uma ideia, a Torre Eiffel, em Paris, na França, tem um pouquinho mais de 300 metros, acho que 301 metros. Essa torre científica tem 325 metros, o que significa um prédio de aproximadamente 110 andares. O estudo e as pesquisas envolverão todas as alturas, porque a altura da torre está 300 metros acima da copa das árvores da Floresta Amazônica.

            O Projeto LBA já tem dado os seus primeiros resultados. Havia uma polêmica muito forte no mundo inteiro, sobretudo no seio do Painel de Mudanças Climáticas, sobre o verdadeiro papel e a verdadeira contribuição da Floresta Amazônica para as mudanças climáticas. Havia pesquisadores, Srs. Senadores, que diziam que a Floresta mais emitia gases de efeito estufa do que absorvia, do que consumia. Os primeiros resultados obtidos através das pesquisas do LBA já mostram que não, que há um superávit, Senador Blairo Maggi, na Floresta Amazônica. Ou seja, as árvores mais retiram gases de efeito estufa da atmosfera do que emitem esses gases, o que nos coloca em uma posição fundamental, crucial, perante o mundo.

            Esses estudos abrangerão todos os níveis, desde o solo até 300 metros acima da copa das árvores, e o raio de atuação com essa torre, que tem mais de 320 metros, será de 1km. Até então, todas as torres existentes em operação permitiam um raio de apenas 10 metros, e essas são 1000 metros, o que dá um raio de 1km de estudo nas florestas, Sr. Presidente.

            Então, eu quero aqui cumprimentar o Ministério da Ciência Tecnologia e dizer que esses recursos aplicados nesse projeto são pequenos diante do custo, diante de tantos outros trabalhos e projetos de pesquisa, em torno de R$30 milhões somente.

            Cumprimento aqui o Coordenador pelo lado brasileiro do projeto, o Dr. Antônio Manzi, que é pesquisador do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), mas já, há mais de uma década, está atuando no Inpa (Instituto de Pesquisas da Amazônia), e ele tem sido...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente.

            Ele tem sido um grande estimulador do desenvolvimento dessas pesquisas e não tem dúvida nenhuma ao afirmar que os resultados dessas pesquisas são cruciais para a mobilidade, ou seja, para orientar todas as ações de defesa e de tentativa de cessarem as mudanças climáticas.

            Repito aqui o que disse, com muita ênfase, o Ministro Aldo Rebelo: que esse projeto é importante para o Planeta, para o ambiente, e, sobretudo, para as pessoas; que o objetivo principal dele é garantir qualidade de vida a nossa geração e às futuras gerações, e garantir, principalmente, a possibilidade do desenvolvimento sustentável.

            Então, é um projeto muito importante. O prazo de pesquisas é em torno de três décadas, 30 anos, mas serão 30 anos profícuos...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ... em que a Ciência deverá apontar o rumo que nós devemos seguir. E, eu repito, a Amazônia talvez seja a maior riqueza do nosso País, a maior riqueza da nossa Nação, mas precisa ser compreendida, e, para ser compreendida, precisa ser estudada, e esse, sem dúvida nenhuma, Senador Jorge Viana, é um grandioso projeto.

            Penso que deveríamos ir lá, membros, sobretudo, da Comissão de Mudanças Climáticas, fazer uma visita, subir a torre e ver já os primeiros resultados que inúmeras instituições de pesquisas brasileiras e da Alemanha já estão colhendo através desse estudo tão importante.

            Muito obrigada, Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu cumprimento V. Exª, Senadora Vanessa Grazziotin, e assumo o compromisso. Estou muito interessado em conhecer esse trabalho, que faz o estudo da conexão entre a floresta e as mudanças do clima.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Eu agradeço, Senador Jorge Viana, e dizer que vou voltar para uma segunda etapa e falar...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - RS. Fora do microfone.) - ...dos comunitários que vivem na região.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito bem.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Todos eles lá, Sr. Presidente, não tiveram ainda acesso ao Luz para Todos. Não podemos permitir, um projeto tão grandioso como este, sendo desenvolvido sem que a comunidade seja beneficiada diretamente, principalmente com a garantia do fornecimento de energia elétrica.

            Muito obrigada.