Pela Liderança durante a 143ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a crise econômica existente no País.

Autor
Blairo Maggi (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: Blairo Borges Maggi
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Preocupação com a crise econômica existente no País.
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2015 - Página 484
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • APREENSÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, ENFASE, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), MOTIVO, REDUÇÃO, EXPORTAÇÃO, INVESTIMENTO, AUMENTO, INFLAÇÃO, JUROS, AUSENCIA, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), ELOGIO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CORTE, QUANTIDADE, MINISTERIOS.

            O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Presidente, Acir Gurgacz, Srªs e Srs. Senadores aqui presentes, eu quero falar um pouco sobre a crise econômica que vivemos, que é o assunto em voga. O assunto mais importante da Nação brasileira é o momento econômico e político que vivemos.

            Eu fui para o meu Estado no final de semana, como todos os finais de semana, com algumas exceções. Também ando no meu Estado. Na quinta-feira, quando cheguei a Várzea Grande, deslocando-me para Cuiabá, cidades próximas, fomos percebendo o movimento que está acontecendo na cidade, José Medeiros, meu colega de Senado e também da mesma cidade de origem, Rondonópolis, onde não é diferente o que está acontecendo em Cuiabá e Várzea Grande.

            Fiquei bem assustado ao ver essa cidade efervescente não só pelo sol, pelo calor que faz lá todos os dias, mas efervescente sempre nos negócios, uma cidade onde o negócio roda, onde as pessoas comercializam, onde as pessoas andam, onde o comércio é muito forte. É uma cidade que presta serviços para o resto do Estado de Mato Grosso, já que o interior do Estado é o grande produtor agrícola e pecuário, mas a capital, Cuiabá, é a nossa grande fornecedora de serviço. E a cidade de Cuiabá, como disse, vem sofrendo, nos últimos dias, também com a crise econômica que se abate no País. Como disse, fiquei muito preocupado e assustado porque, de uma cidade, de um mercado efervescente e de um trânsito sempre, posso dizer, caótico, agora temos um trânsito tranquilo na cidade. Parece que Cuiabá e Várzea Grande são cidades que vivem eternamente num domingo ou num sábado à tarde, tal a redução que temos na atividade econômica, que se reflete no trânsito da cidade. É claro que isso vai bater nos cofres, na arrecadação do Estado de Mato Grosso. Eu até tive oportunidade de ligar para o Governador Pedro Taques e, em tom de brincadeira, perguntei se ele estava andando pela cidade, se ele está observando o que está acontecendo, porque isso trará dificuldades, no mínimo uma redução dos recursos que o caixa do Governo tem para fazer os enfrentamentos lá pela frente.

            Portanto, a crise que se abate sobre o Brasil também se abate sobre o Estado de Mato Grosso e sobre a cidade de Cuiabá. E, lá ainda, no meu entender, ele é menor porque o grande negócio daquele Estado é o agronegócio, a produção agrícola, como já disse. O Estado do Mato Grosso tem uma pauta de exportação muito grande. A sua base de economia, posso dizer, é uma plataforma de exportação. Então, nós não deveríamos estar sofrendo tanto quanto já estamos sofrendo.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o nosso Ministro da Economia, Ministro Levy, já deve estar preocupado - se não está, esse é um problema muito grave - com o segundo passo que nós vamos dar na economia agora, depois do pacote que aprovamos aqui, no Senado Federal, e na Câmara Federal.Entregamos aquilo que o Governo pediu, que era o pacote de ajuste fiscal. Muito bem, foi feito, mas, e agora? O que vem pela frente?

            A economia está de marcha à ré, -2% ou -3% do PIB este ano, quer dizer, não teremos crescimento, teremos uma regressão. A inflação alta. Porém, não é uma inflação, no meu entender, de demanda. Nós não temos falta de automóveis, nós não temos falta de alimentos, nós não temos uma inflação de consumo. Nós temos uma inflação, nesse período, de 9,5%, 9,24%, ou coisa parecida, que vai ser este ano, mas é uma inflação provocada pelo reajuste dos preços controlados, porque o Governo deixou de tomar as providências necessárias no momento correto, há dois, três, cinco anos, e agora teve que fazer um reajuste de uma vez só. Então, sim, nós temos inflação. Aí, o Banco Central, para combater a inflação que, repito, não é uma inflação de demanda, mas uma inflação de preços controlados, sobe os juros de tal maneira que o consumo acaba, o consumo diminui, o comércio diminui, as pessoas perdem a oportunidade e a vontade de fazerem investimentos. As pessoas se retraem porque temos inflação.

            Então, além da inflação, temos os juros altos. Eu não vejo, sinceramente, como o Governo vai combater nesse momento a inflação com os juros altos, a que se propõe, e, ao mesmo tempo, achar que a economia voltará a crescer por si só, como se nada tivesse acontecido no dia de ontem. Não é assim, Sr. Presidente. E aí é o Governo, somos nós, no Senado, a Câmara, a sociedade. Todos nós estamos envolvidos nesse problema.

            O País é como se fosse um automóvel, como se fosse um barco, como se fosse um avião. Estamos todos dentro e, se isso acontecer bem, a viagem for bem, todos nós vamos juntos; mas, se essa viagem não terminar bem, todos nós sairemos feridos dessa viagem.

            Então, no meu entendimento, o Governo precisa retomar as rédeas da economia. O Ministro Levy precisa entender, ele precisa admitir, ele precisa fazer uma reflexão, ele precisa ter um plano B como saída para a nossa economia, porque, logo aqui na frente, logo daqui a 30 dias, sei lá, 90 dias, no máximo seis meses, no final do ano, o Brasil não terá o grau de investimento que nós temos hoje. Eu, para mim, isso são favas contadas, isso vai acontecer, porque a economia está mal, a arrecadação do Estado está caindo, porque a economia não reage.

            Muito bem, isso gera déficit. Se nós tínhamos uma proposta de um superávit de 1,2%, 1,3% lá atrás, em que votamos e achávamos que isso seria possível de ser feito. E, agora, não o é, e o Governo já admite ser 0,12%, 0,14%.

            No meu entendimento e no dos economistas, ou pelo que a gente lê e percebe, esse superávit já não existe mais. Eu achava que a diferença desse 1,4% para 0,14%, quase R$100 bilhões, fosse um colchão que o Governo tivesse, para fazer a retomada do crescimento. Mas ele não tem esse dinheiro, esse dinheiro foi consumido, porque a economia mergulhou, a arrecadação caiu, os juros subiram e a economia se estagnou, e nós não temos o que fazer.

            Então, nós precisamos ter os pés no chão, a cabeça no lugar. E o Governo tem que admitir as suas dificuldades de hoje e as dificuldades do amanhã, porque o amanhã é logo amanhã, ele não é daqui a muito tempo. E acontecerá que o Brasil perderá o grau de investimento, e nós perderemos bilhões e bilhões de reais aqui dentro.

            Quais são as consequências, Sr. Presidente, desse ato para a sociedade brasileira, para a economia brasileira? Ora, eu tenho uma opinião do que vai acontecer. Mas o Governo já tem essa opinião? O Governo já sentou e começou a negociar com os setores, com a sociedade e com o próprio Congresso? Ele já se manifestou para dizer qual será o próximo passo depois do grande problema que nós teremos que é a perda do grau de investimento?

            Não, o Governo ainda não se manifestou. O Governo ainda não disse: “A sociedade ainda não sabe como será feito esse enfrentamento, a que custo será feito esse enfrentamento.” Mas uma coisa é certa, não passaremos sem fazer esse enfrentamento.

            Então, meus amigos, o meu tempo já está finalizando, mas quero dizer que a crise que se abate em todas as cidades de Mato Grosso, que se abate em todas as cidades do Brasil trará consequências gravíssimas para os governos estaduais, municipais que já a enfrentam. Liguei para alguns prefeitos esta semana para conversar, e todos estão absolutamente parados, tentando - tentando! - fazer o pagamento da folha dos seus serviços durante este ano. Não há nenhuma expectativa além da de pagar as folhas que estão acontecendo.

            Então, o que vem pela frente é muito difícil, a perda do grau de investimento é muito grave e irá acontecer, não tenho dúvida de que irá acontecer. E todos nós devemos estar preparados. Mas me parece que o Governo não está preparado para isso.

            Hoje, foi solicitado pelo Senador Ricardo Ferraço - com a minha aquiescência e a dos demais colegas da Comissão de Assuntos Econômicos; o Senador Medeiros estava na Comissão também hoje - um convite ao Ministro Levy, para vir à Comissão, para que possa dizer, em alto e em bom som, para todos nós no Senado, no Congresso e à sociedade, como será feito o enfrentamento da grande dificuldade que virá pela frente depois da perda do investimento que o Brasil terá.

            Eram essas as minhas considerações. Preocupo-me com o que passou, mas estou muito mais preocupado com o que vem pela frente. E, infelizmente, vejo a inércia, e não vejo a atitude do Governo.

            Saúdo aqui o gesto da Presidenta, esta semana, de dizer que vai diminuir seus Ministérios. É uma coisa que todos nós aqui, acho que cada um dos Senadores já solicitou, criticou, e está vindo. E pode-se dizer: “Ah!, não há grandes economias!” Não há grandes economias, mas há um gesto e uma atitude simbólica, e é isso de que precisa a população brasileira, de gestos, de posições e a sinalização de como as coisas vão acontecer no futuro.

            Quero finalizar meu discurso, dizendo da minha preocupação, mas também dizendo que estarei aqui firme e forte para discutir o futuro do Brasil. Afinal de contas, essa é a nossa responsabilidade nesta Casa.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2015 - Página 484