Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reafirmação do vínculo entre a insatisfação popular contra o Governo Federal e as manifestações ocorridas no domingo.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Reafirmação do vínculo entre a insatisfação popular contra o Governo Federal e as manifestações ocorridas no domingo.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2015 - Página 140
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COMENTARIO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, AUTORIA, PARCELA, POPULAÇÃO, OBJETIVO, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, SITUAÇÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, INDICIO, CORRUPÇÃO, GOVERNO, SOLICITAÇÃO, PEDIDO, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Oposição/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside a sessão do Senado neste momento, Sras Senadoras, Srs. Senadores, pela terceira vez uma multidão tomou as ruas das capitais e cidades brasileiras para se manifestar em relação ao atual cenário de crise econômica e política, escândalos de corrupção e para pedir o impeachment da Presidente Dilma. Alguns quiseram reduzir o movimento social do último domingo, Senador Paim, comparando-o aos números da primeira manifestação popular, ocorrida no dia 15 de março. No entanto, neste último domingo, em todas as cidades brasileiras, foram 800 mil brasileiros que foram às ruas vestidos de verde e amarelo, cores da Bandeira brasileira, para se posicionarem contra a crise econômica, política e ética por que passa, lamentavelmente, o nosso Brasil. Equivoca-se quem parte desse princípio para analisar as pressões sociais.

            Não é possível que alguns ignorem a insatisfação da população brasileira, descontente com as pedaladas do Governo do PT. Sim, pois o que ficou bastante evidente nas últimas manifestações de domingo é que a sociedade entende que não é a Presidente Dilma Rousseff a única culpada pela atual crise que vivemos. Eu tenho dito desta tribuna repetidas vezes, Senador Paim, que a crise que vivemos começou a ser construída há quase 13 anos. Ela vem lá de trás para eclodir agora, lamentavelmente, fazendo o brasileiro passar pelas dificuldades presentes. A figura do ex-Presidente Lula foi bastante combatida nos protestos do dia 16 de agosto. Numa imagem que rodou o Brasil e o mundo, o ex-Presidente Lula ganhou vestes de presidiário, um desejo dos brasileiros para pôr fim à corrupção e colocar na cadeia os culpados pelo mensalão, pelo petrolão e por outros “ãos” que lamentavelmente virão.

            Nestes cinco meses que separam a primeira grande manifestação popular até a do último domingo, a indignação dos brasileiros só cresce. Vejamos as pesquisas que destacam a maior reprovação que um Presidente eleito já obteve na história democrática do Brasil.

            Ora, se 71% da população brasileira acha o Governo Dilma ruim ou péssimo, qual seria então o argumento de sustentação de alguns para julgar um enfraquecimento nas manifestações populares?

            Se os números não superaram os da primeira manifestação, é preciso que analisemos os fatores para tal. Lembremos, por exemplo, que o dirigente da CUT, Vagner Freitas, chegou a afirmar que os apoiadores da Presidente Dilma Rousseff iriam defender o Governo "com armas na mão". A ameaça, certamente, afastou muitos brasileiros que pretendiam participar dos protestos, contudo, não conseguiu calar a voz do povo brasileiro e novamente, de maneira pacífica, famílias brasileiras foram às ruas de verde e amarelo para exigir um basta nos casos de corrupção que dragaram a economia e a política brasileira para o fundo do poço.

            De maneira completamente legítima e espontânea, as famílias brasileiras caminharam pelas ruas do País na tentativa de retomar a dignidade à política. Sem terem sido cooptadas ou estarem recebendo um centavo para entoar gritos de protesto, as manifestações têm origem bastante diferente daquelas que contam com a organização e o financiamento do Governo Federal. Como forma de minimizar este fenômeno democrático que só tende a se fortalecer na Pátria brasileira, o Governo Dilma aplica recursos públicos para criar uma polarização na sociedade brasileira. Sempre na tentativa de dividir os brasileiros entre pobres e ricos, entre brancos e negros, o Governo do PT busca fazer a cisão da sociedade brasileira, dividir os brasileiros, só que não vai conseguir, porque a história do Brasil demonstra que, sempre que há uma crise em nosso País, a grande maioria dos brasileiros se une para que a crise seja vencida.

            Tenta-se criar uma realidade fantasiosa, quando, na verdade a única realidade que é possível perceber em nosso País é a do descontentamento, da frustração, da indignação com tantos casos de corrupção e de crimes que assaltam duramente a economia deste País.

            Comungo da opinião do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Na tentativa de reverter os efeitos nocivos da crise que atacam todos os setores da sociedade brasileira, o expoente do PSDB sugeriu que a Presidenta Dilma Rousseff renuncie ao mandato ou que faça mea-culpa e seja digna para confessar que mentiu no período pré-eleitoral e que foi a causadora para a inflação atingir os dois dígitos, o desemprego alcançar níveis assustadores e o PIB retrair como há muito tempo não se via na história deste País.

            Caso a Presidente continue vivendo enclausurada em sua realidade paralela, sem compreender o que quer a sociedade brasileira, prevejo que ainda virão muitas outras manifestações, legítimas, espontâneas e pacíficas. A sociedade não se cansará e tenho certeza de que irá alcançar o seu intento em moralizar a política e pôr fim aos escândalos de corrupção deste Governo. Exercendo o direito cívico, estamos marchando pelo fortalecimento da democracia brasileira. É a oposição a favor do Brasil.

            Em meu Estado, em várias cidades, em especial na capital, Belém do Pará, a população foi às ruas. Estimada em mais de 5 mil pessoas que marcharam, caminharam desde a Escadinha no Cais do Porto, pela Avenida Presidente Vargas, Avenida Nazaré, Doca de Souza Franco, onde terminaram com uma grande concentração. Lá, todos os segmentos da sociedade paraense estavam representados. Ninguém ali foi cooptado, como disse anteriormente, ninguém recebeu qualquer vantagem para estar naquele evento cívico, que marcou a indignação do povo paraense, que é a mesma indignação do povo brasileiro com este Governo que aí está, que perdeu a credibilidade e a legitimidade de exercer a função de Presidente do Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2015 - Página 140