Discurso durante a 16ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Destinada à a comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo e os 45 anos da Organização das Cooperativas Brasileiras.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Destinada à a comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo e os 45 anos da Organização das Cooperativas Brasileiras.
Publicação
Publicação no DCN de 05/08/2015 - Página 14
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • REGISTRO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, COOPERATIVISMO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS, IMPORTANCIA, SISTEMA COOPERATIVISTA, CORREÇÃO, DISPARIDADE, CAPITALISMO.

     O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Oposição/PSDB-PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Quero saudar a Senadora Ana Amélia, que preside esta sessão em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo e aos 45 anos da Organização das Cooperativas do Brasil -- OCB, e que é autora do requerimento

desta sessão conjunta e Vice-Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo.

     Quero saudar o Deputado Federal Osmar Serraglio, Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo.

     Quero saudar o Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, Sr. Márcio Lopes de Freitas; o Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Sr. Caio Rocha; o Diretor da Secretaria da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Sr. Marcelo Botton Piccin; o Secretário Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, Sr. Paul Singer; o Sr. Luiz Edson Feltrim, Diretor do Banco Central; e a Senadora Gleisi Hoffmann, que falou há pouco e fazia parte da Mesa.

     Quero saudar todos os representantes de várias cooperativas de todo o Brasil, os Srs. Embaixadores aqui presentes, os Srs. Senadores, em especial aqueles que já foram citados pela Senadora Ana Amélia -- o Senador Waldemir Moka, que foi Presidente da Frente Parlamentar até então; o Senador Blairo Maggi; o Senador Ronaldo Caiado --, os Srs. Deputados, os senhores membros do Corpo Diplomático e os colaboradores da Organização das Cooperativas Brasileiras. Quero saudar todos os senhores, em nome do Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Pará, companheiro Ernandes Raiol da Silva.

     Sra. Senadora Ana Amélia, este é um tema que une todos nós. Aqui, Deputado Osmar Serraglio, tanto Deputados quanto Senadores do Brasil inteiro estão num momento festivo, na comemoração dos 45 anos da OCB, porque tenho certeza absoluta de que este é um dos pontos que une o Congresso brasileiro.

     Eu cumprimento, então, a Organização das Cooperativas Brasileiras por todos esses anos de relevantes serviços prestados ao País e por desenvolver, desde 1969, uma cadeia de estudos e fortalecimento do cooperativismo no País.

     O Deputado Lelo Coimbra falou há pouco, Deputado Osmar Serraglio, dos projetos que estão em andamento e que precisamos agilizar. Eles já foram aprovados no Senado e foram encaminhados à Câmara. Tenho certeza, Deputado Lelo Coimbra, de que o Deputado Osmar Serraglio, como Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo, junto com V.Exa., irão agilizar o andamento dos projetos que estão tramitando no Congresso Nacional.

     Quero trazer às senhoras e aos senhores uma breve, mas profunda, reflexão sobre a importância das cooperativas como a terceira via para as correntes do pós-Segunda Guerra Mundial, que opunham capitalismo e socialismo. Dito de outra forma, a dicotomia entre uma organização social fundada na livre iniciativa e uma organização social sustentada pela incondicional igualdade entre todos teria sua síntese no cooperativismo.

     Vimos, desde a queda do Muro de Berlim, a prevalência das liberdades sobre a igualdade, mas as garantias de igualdade não foram esquecidas e passaram a sustentar os mais numerosos direitos fundamentais em todas as sociedades capitalistas.

     Essa reflexão não é só minha. O livro Cooperativas: uma alternativa de organização popular, de autoria do estudioso Daniel Rech, insere esse debate logo nos primeiros capítulos e cita a importância do cooperativismo na correção das distorções do sistema capitalista.

     Não é por outra razão que vejo as cooperativas como uma alternativa de organização popular ao sistema individualista que vigora, uma alternativa que dá segurança ao trabalhador, porque está ancorada no trabalho conjunto, na solidariedade, na ajuda mútua. Isso é muito importante neste período da história em que as ações individuais são tão valorizadas.

     Não questiono a relevância da livre iniciativa para o desenvolvimento econômico e da proteção às liberdades individuais, mas também considero necessário o incentivo à fraternidade, ao associativismo, como forma de melhorar os resultados econômicos e, mais do que isso, como instrumento de organização popular para um futuro mais fraterno.

     Mas a dicotomia entre o capitalismo e o socialismo já se tornou uma questão anacrônica. Não vejo nosso Estado fundado exclusivamente em bases de liberdade ou igualdade. Percebo, sim, a necessidade que temos de acompanhar a legislação de outros países que estimulam e protegem as cooperativas. Aqui, ao contrário, as cooperativas parecem ser desestimuladas.

     Nesse sentido, quero dizer uma vez mais aos amigos da Organização das Cooperativas Brasileiras que eles não estão isolados na promoção de um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras.

     Esse é um desafio que tenho, pessoalmente, o interesse direto em ver superado e que o Congresso, como um todo, sob a luz dos colegas da Frente Parlamentar para o Cooperativismo, tem se empenhado em superar.

     Sou um entusiasta das cooperativas, por tudo o que já mencionei e também porque elas reúnem pessoas com interesses comuns e fortalecem os agrupamentos em todos os aspectos: social, político, econômico.

     No entendimento do cientista social Robert Owen, a cooperativa favorece, inclusive, a felicidade, Senadora Ana Amélia. Ele entende que -- abro aspas -- “o objetivo primordial e necessário de toda a existência deve ser a felicidade, mas a felicidade não pode ser obtida individualmente; é inútil se esperar pela felicidade isolada; todos devem compartilhar dela ou então a maioria nunca será capaz de gozá-la.

     Mas, além dos ganhos sociais, percebam que as características do cooperativismo estão presentes no aspecto econômico. Podemos considerar que o trabalho conjunto é um modo de grupos sociais ganharem importância econômica, pois o potencial de produção daquele grupo tende a subir exponencialmente.

     O filósofo Bertrand Russell certa vez mencionou que -- abro aspas -- “a cooperação é o que redimirá a humanidade de seus erros”. Ele expressou, assim, a crença na força coletiva dos homens. E devo dizer que compartilho com ele desse pensamento. O cooperativismo se realiza a partir da reunião da autonomia individual

e promove ganhos econômicos no trabalho em grupo. Há um salto qualitativo representado por um valor superior à soma das forças individuais, em que os sócios veem realizado o seu desejo de igualdade.

     O trabalhador é ao mesmo tempo empregado e sócio do empreendimento. O cooperativismo alcança o que os sistemas de convivência entre as pessoas se propuseram, mas falharam em: conciliar o associativismo à liberdade, preservar a independência individual e visar à igualdade, sem sacrifícios nem revoluções, pois não é uma igualdade imposta pelo poder estatal, mas uma igualdade conquistada pelo desejo individual de reunião.

     Sra. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Sras. e Srs. Deputados, era essa a reflexão que queria realizar como forma de homenagem às cooperativas de todo o País. Aproveito para saudar, de forma especial, os cooperados do meu Estado, o Pará, que muito têm contribuído para o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado.

     Encerro parabenizando todo o movimento cooperativista, na pessoa do Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras e do Sistema Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, o Sr. Márcio Lopes de Freitas, pela passagem do Dia Internacional do Cooperativismo e pelo aniversário da organização. A OCB representa hoje cerca de 11,5 milhões de pessoas e cerca de 7 mil cooperativas. Portanto, é inquestionável sua relevância para todo o País, em todos os aspectos: social, político ou econômico.

     E termino saudando, novamente, o Deputado Osmar Serraglio, como Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo, e a Senadora Ana Amélia, como Vice-Presidente da Frente e propositora desta justa homenagem aos cooperados do Brasil.

     Muito obrigado, Sra. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 05/08/2015 - Página 14