Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio ao ataque com bomba ocorrido no Instituto Lula; e outros assuntos.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Repúdio ao ataque com bomba ocorrido no Instituto Lula; e outros assuntos.
SEGURANÇA PUBLICA:
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2015 - Página 16
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ARTHUR CHIORO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), MOTIVO, RESULTADO, PROGRAMA MAIS MEDICOS, COMENTARIO, SITUAÇÃO, SAUDE PUBLICA, BRASIL, CRITICA, EXTINÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), DESTINO, FINANCIAMENTO, SAUDE.
  • REPUDIO, ATENTADO, LOCAL, INSTITUTO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, SOLICITAÇÃO, IDENTIFICAÇÃO, CRIMINOSO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, RESPEITO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEMOCRACIA.

     O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do ora-

dor.) - Srª Presidenta, Senadora Vanessa Grazziotin, caros colegas Senadores e todos que nos acompanham, eu tenho de ser breve no uso do espaço, que, regimentalmente, seria de 20 minutos. Já falei até com o meu colega Fernando Bezerra que estou chegando de uma audiência agora e tenho de abrir os trabalhos, que vamos reto- mar daqui a pouco, da Comissão da Reforma Política, que funcionou muito bem no primeiro mês, quando de sua instalação. Acredito que vamos intensificar e objetivar o trabalho agora, a partir de hoje à tarde, acertando um calendário de trabalho que possa nos ajudar a deliberar sobre as matérias que já estão vindo da Câmara e também apreciarmos as matérias que tenham origem no Senado e que possam seguir, depois de aprovadas no Plenário, para a Câmara dos Deputados.

    Mas eu queria, primeiro, fazer um registro para cumprimentar a Presidenta Dilma, porque foi no seu Go- verno que o programa Mais Médicos foi criado. O Mais Médicos é um programa que tem, talvez, o maior per- centual de aprovação do ponto de vista dos brasileiros e das brasileiras, ou seja, é um programa que atende o interesse público, porque é um programa que enfrenta um dos mais graves problemas que temos em todo canto, em toda parte, em toda casa, em toda família, que é o problema de saúde.

    A saúde é cara em qualquer lugar do mundo. A maior economia do mundo ainda é a dos Estados Uni- dos. O Presidente Obama está há oito anos e seu projeto do sistema de saúde não consegue ser aprovado. Ele não consegue fazer a reforma do sistema de saúde americano, e há 50 milhões de americanos que não têm acesso à saúde.

    O Brasil tem o mais ousado programa de saúde pública, que é o SUS. Quem já foi prefeito, quem já foi governador, quem já ocupou cargo de gestão pública sabe o quanto é verdade o que vou falar: a falta de re- cursos para a saúde é uma realidade. Dizem sempre que isso é uma máxima: não há ninguém rico para a saú- de. Não adianta ter dinheiro para alguns e para a grande maioria não ter possibilidade de alcançar a saúde exatamente por não ter condições materiais e financeiras. E a Presidenta Dilma criou o Mais Médicos. São mais de 60 milhões de atendimentos.

    Hoje, houve uma celebração no Palácio do Planalto, onde pudemos ver como uma política pública acer- tada alcança a população, melhora a vida das pessoas e mexe na Federação. São mais de cinco mil Municípios brasileiros com o Mais Médicos. No meu Estado, se não fosse o Mais Médicos, a situação da saúde seria ainda muito mais grave.

    E eu queria aqui, nesse meio de tantas incertezas, de tantas preocupações, de tantas dúvidas, de tanto confronto, de tanta intolerância, de tanto enfrentamento, eu queria cumprimentar a Presidenta Dilma, o Ministro da Saúde, Chioro, e o próprio ex-Ministro Humberto Costa, que está aqui, que deu sua parcela de contribuição. Todos os Ministros que passaram criaram um ambiente para que o Governo da Presidenta Dilma, que sucedeu o Presidente Lula, pudesse criar o Mais Médicos. Se nós quisermos ser justos, se nós separarmos bem a coisa, só o programa Mais Médicos já merecia uma melhor avaliação, com todo respeito, do Governo da Presidenta Dilma.

    Sei que temos muitos problemas. O Governo tem sido cobrado, e não é sem razão. Quem vai para o Exe- cutivo tem que dar as respostas. Mas eu queria aqui cumprimentar a Presidenta Dilma pela criação do Mais Mé- dicos, que foi uma tentativa, de sucesso, de dar uma resposta ao clamor das ruas de junho de 2013. Claro que o programa já vinha sendo trabalhado pelo ex-Ministro Padilha, por uma equipe de profissionais. Mas, hoje, o Brasil tem um programa que vai melhorar ainda mais, quando implantarmos, definitivamente, a formação de mais brasileiros nessa área, que é tão necessária para que se possa, usando o conhecimento, a ciência, alongar ainda mais a vida média dos brasileiros - que tem melhorado nos últimos anos - e, com isso, dar uma resposta a todo o conjunto dos brasileiros.

Sei que foi, aqui, neste Plenário e no da Câmara, que se criou a CPMF - criação do acreano Adib Jatene

- e foi aqui, com a voz firme dos que a criaram, que se pôs fim à CPMF.

    Talvez a genialidade do grande médico humanista e grande cientista Adib Jatene tenha nos colocado diante de algo genial: todo mundo paga um pouquinho quando movimentar algum dinheiro e a saúde passa a ter muitos recursos para salvar vidas.

    Jogamos fora a CPMF por conta de uma elite perversa que confunde o atendimento universal com o aumento de imposto. Quem é que aprova aumento de imposto? Mas mexer na qualidade dessa arrecadação,

priorizar para onde ir...

Eu acho que este Pais não vai - aqui celebrando a questão do Mais Médicos - a lugar algum, enquanto

não encontrar o financiamento da saúde. Se não é a CPMF, tem que ser algo muito parecido com ela. Algo que todo mundo dê sua parcela de contribuição. Aquilo era tão genial que quem tinha mais, pagava mais; quem tinha menos, pagava bem pouquinho. Nada mais justo, nada mais adequado.

    Eu acho lamentável, porque poucos têm coragem de falar sobre isso. Mas eu acho que chegou a ser cri- minoso o embate político pondo fim à história da CPMF sem pôr algo no lugar, algo parecido que financie o atendimento à saúde, que financie as Prefeituras para que elas possam prestar o melhor serviço e a gente ter a eficácia tão desejada para o SUS, que é um programa ousado, corajoso. São poucos os países no mundo que podem dizer serviço único de saúde. Na maioria dos países, é opção: se tem dinheiro, segue vivo; se não tem, morre - como em muitos lugares do País, exatamente por falta de apoio.

Então, eu queria encerrar, porque falei que iria fazer apenas uma referência.

    Concluo meu discurso, chamando atenção - como fiz ontem - para o grave atentado que foi praticado, em São Paulo, agora, no final da semana passada, contra o Instituto Lula, endereço onde o ex-presidente Lula trabalha e onde trabalhou antes de ser Presidente, em que desenvolveu, nesses 25 anos de Instituto Lula, um número enorme de projetos, trabalhando com profissionais sérios, com funcionários dedicados.

    Talvez o Instituto seja uma das melhores referências do que um ex-presidente pode fazer, alguém que tem um compromisso humano como tem o ex-presidente Lula. E o que a gente viu? Marginais. Nessa onda de intolerância, lá passa um grupo em um carro e joga uma bomba. E logo setores da imprensa disseram: “É bomba caseira”. Para diminuir o quê? O potencial? Não existe essa história de bomba caseira ou não caseira. Ou é bomba ou não é. Mata ou não mata. E aquela bomba mata, arrombou a garagem. Se houvesse uma pessoa passando, como bem disse o jornalista Jânio de Freitas, se houvesse alguém próximo, ela teria morrido - como já ocorreu no Brasil.

    Agora, pergunto: e se fosse um instituto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um homem hon- rado, um ex-presidente? Aliás, este País não lida, não aprendeu a lidar ainda com ex-presidentes; e, talvez, por não estar acostumado com a democracia, que é tão recente, ainda não respeita quem ocupa a Presidência por oito anos, como ocuparam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente Lula, dois grandes brasileiros - e, ontem, eu falava aqui que eles não poderiam deixar de conversar, especialmente em momentos como este. E aí não interessa quem procura primeiro; quem diz não, quem diz sim.

    O Brasil precisa de diálogo, precisa de entendimento entre as instituições para pelo menos duas coisas: seguir dando força a todos os que estão envolvidos, e às instituições, no combate à corrupção, na apuração, sim, mas também fazer isso de uma maneira em que sejam as instituições atuando; e, ao mesmo tempo, fazer uma ação para que possa dar mais transparência à relação entre empresas e Governo, ao uso de dinheiro pú- blico em obras e investimentos em serviços públicos. Isso é possível ser feito por uma ação que se determine que seja feita pelo próprio Executivo. Isso para que o País siga em frente, para que a marca, na hora em que o Brasil decide enfrentar a corrupção, não seja o desemprego, a falência das empresas; que seja um período em que o Brasil busque ficar melhor, criar uma ambiente melhor, uma pátria melhor para todos os brasileiros.

    É nesse sentido que eu queria pedir, mais uma vez, aqui, da tribuna, uma ação enérgica, clara, declara- da. E, primeiro, do Ministro da Justiça, da Polícia Federal, da Polícia de São Paulo, do Governador de São Paulo, do Ministério Público Estadual, do Ministério Público Federal, e que possa ser uma ação exemplar na busca de identificar os criminosos que atentaram contra o ex-presidente Lula, seu instituto, seu local de trabalho, mas atentaram também contra a liberdade, contra os brasileiros que trabalham naquele instituto.

    Então, fica aqui esse apelo, esse registro, essa denúncia, porque, diante dessa crise enorme, alguns estão torcendo para que o Brasil tenha um cadáver. E eu estou aqui, como Senador, trabalhando, procurando ajudar, para que o nosso País reencontre o crescimento econômico, a busca de ampliar as conquistas sociais dos bra- sileiros que mais precisam e com as instituições funcionando harmonicamente e fortalecidas.

Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2015 - Página 16