Comunicação inadiável durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Sr. José Luiz Jaborandi Júnior; e outro assunto.

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Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento do Sr. José Luiz Jaborandi Júnior; e outro assunto.
HOMENAGEM:
  • .
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2015 - Página 69
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, REQUERIMENTO, VOTO DE PESAR, MORTE, GENERAL DE DIVISÃO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ENFASE, ATUAÇÃO, MISSÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO, HAITI.
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, VOTO DE APLAUSO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, RETRANSMISSÃO, REDE GLOBO, LOCAL, REGIÃO AMAZONICA.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Senador Jorge Viana, cumprimento V. Exª.

            Sem dúvida nenhuma, não só tivemos uma audiência pública que tratou do custo da aviação para os passageiros que vivem no Norte do País, mas uma audiência pública diferenciada, porque os convidados, primeiramente, ouviram todas as Srªs e Srs. Senadores para, depois, responder a cada um dos questionamentos.

            V. Exª, em nome de todos nós, fez uma bela exposição, com demonstrativos contundentes. Não há como explicar. Espero que nós tenhamos sucesso nesse pleito e que nós consigamos estabelecer para a nossa região, para a região Norte, Amazônica, um preço de tarifa mais justo. Então, fica aqui o meu reconhecimento e os meus cumprimentos a V. Exª, Senador Jorge Viana.

            Senador Jorge Viana, eu venho à tribuna por duas razões, por dois motivos: um bom e o outro extremamente ruim e negativo. O motivo bom que eu quero aqui registrar que estou apresentando um requerimento, apresentando um voto de congratulações e aplausos pelos 43 anos da Rede Amazônica de Televisão. A Rede Amazônica de Televisão é a retransmissora da Rede Globo na nossa região, no meu Estado, no seu querido Estado do Acre, em Rondônia, em Roraima e no Amapá. Além de ser retransmissora da Rede Globo, a Rede Amazônica mantém um canal satélite, denominado Amazon Sat, que - eu costumo dizer - é o melhor canal a mostrar a Amazônia brasileira ao mundo inteiro, um canal através do qual transmitem programas educativos de defesa do meio ambiente, de defesa do desenvolvimento sustentável.

            Ficam aqui meus aplausos à apresentação do voto de congratulações ao Dr. Phelippe Daou, que é o fundador da Rede Amazônica, e a toda a sua equipe de colaboradores, que ele sempre faz questão de reconhecer.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - E o Moreira, que atua aqui em Brasília, figura muito querida.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - E o Moreira, diretor, muito obrigada, e é um grande homem, com muita dificuldade também ajuda a desenvolver tanto o trabalho da Rede Amazônica como do Amazon Sat. Ficam aqui meus cumprimentos.

            Mas, Sr. Presidente, o outro assunto que considero lamentável e, sinceramente, não gostaria de vir à tribuna para falar sobre isso, é que também estou encaminhando outro voto, um requerimento, de acordo com os arts. 218, 221, do nosso Regimento Interno do Senado Federal, apresentando um voto de pesar pelo falecimento, no dia de ontem, de forma prematura, do Exmo Sr. General de Divisão José Luiz Jaborandy Júnior, conhecido por todos nós como General Jaborandy, e, por muitos, como apenas Jaborandy.

            General Jaborandy não era apenas um grande homem, um grande brasileiro, mas, de minha parte e de tantos e tantas que tiveram oportunidade de conhecer e conviver com o General Jaborandy, era uma figura humana extraordinária, um amigo de todos aqueles que viviam próximos a ele. General de Divisão que cumpria, nesse momento - aliás, desde 2003 - uma missão importante, extremamente nobre, que era comandar o componente militar da Minustah, Missão de Estabilização da Nações Unidas da ONU no Haiti.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Também quero informar, Senador Jorge Viana, que o General Jaborandy faleceu de forma muito prematura aos 57 anos de idade - 57 anos de idade -, sofreu um infarto fulminante durante seu deslocamento do Haiti para Manaus; iria para Manaus, onde toda a sua família estava reunida e ele iria conhecer a sua netinha, nascida há poucos meses, iria conhecer e estava com uma alegria fenomenal, porque iria encontrar a família, que estava toda reunida em Manaus e iria conhecer a sua neta.

            Seu falecimento, sem dúvida nenhuma, Senador Jorge, nos priva de um brasileiro que construiu uma imensa contribuição sobre o papel das Forças Armadas na manutenção da paz e na efetiva presença do Estado brasileiro nas mais distantes regiões do País.

            Sobre a manutenção da paz, eu quero lembrar desta tribuna as palavras que ele proferiu quando concedeu uma entrevista à revista digital “Diálogo”. Dizia ele, o querido General Jaborandy - abro aspas: “É importante enfatizar que aqueles que pensam que as Forças Armadas existem para fazer a guerra estão equivocados. Elas existem para garantir a paz. Essa é a razão de ser das Forças Armadas. E garantir a paz, a solidariedade, a amizade entre os povos e a irmandade entre as nações é exatamente o que nós praticamos aqui, na Minustah”, no Haiti. - fecho aspas.

            Senador Paim.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senadora Vanessa, eu sei que não é adequado o aparte neste momento, mas quero cumprimentar V. Exª, que é uma Parlamentar do PCdoB, eu diria, se me permite, do centro para a esquerda, e, às vezes, neste País, nós - e eu me coloco na mesma posição política ideológica de V. Exª, do centro para a esquerda - criticamos as Forças Armadas, por exemplo, no caso do Haiti. Eu, presidindo a Comissão de Direitos Humanos...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... tive de sair em defesa das Forças Armadas no Haiti. Digo: “Olha, vocês vêm aqui criticar, mas, quando o caixão chega ao aeroporto, são as mães e filhos de brasileiros que vão recebê-los. Estão lá em missão de paz.” É o que V. Exª está fazendo neste momento, e tive muito orgulho de assinar o voto de pesar ao seu lado. Parabéns pela coragem, pela transparência e pela defesa da nossa gente. Sempre digo: para mim se é menino, é menina, é adulto, é policial, eu sempre vou defender os direitos humanos. E é nessa lógica que V. Exª está fazendo a defesa das Forças Armadas. Parabéns a V. Exª.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Eu agradeço e incorporo ao meu pronunciamento.

            Da mesma forma, Senador Paim, que nós nutrimos muito respeito por aqueles que atuam nas Forças Armadas - e eu aqui acabei de dizer - principalmente nas regiões mais remotas deste País, e assim é na Amazônia, grande parte da nossa gente que vive isolada no interior tem acesso a serviços médicos e odontológicos graças...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ... às Forças Armadas - e eu pediria, Senador Jorge Viana, só para (Fora do microfone.) poder concluir a leitura do meu pronunciamento -, mas, como nós nutrimos respeito a eles, eles nutrem respeito fenomenal. Assim era Jaborandy. V. Exª deve também lembrar do General Jaborandy, quando, em meu primeiro mandato, a partir de 1999, cheguei à Câmara dos Deputados. E ele estava lá na assessoria parlamentar do Exército, juntamente ao General Villas Bôas, que, hoje, é o Comandante do Exército do Brasil.

            Então, o General Jaborandy respeitava o Parlamento, respeitava os Parlamentares, sabia o quão nobre era a sua atividade, mas o quão nobre era a atividade dos Parlamentares brasileiros também. E essa postura de defesa da paz o credenciou para a complexa missão de comandar a missão no Haiti e o tornou referência nesse tipo de ação.

            Em razão do bom trabalho que vinha desenvolvendo com as Nações Unidas, com a ONU, foi reconduzido para o comando da missão de paz.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - O próprio Secretário-Geral das Nações Unidas divulgou, nesta segunda-feira, ontem, uma nota de pesar pelo falecimento do Comandante das Forças de Paz da Missão de Estabilização da ONU no Haiti, Minustah. Ban Ki-moon considerou a morte de José Luiz Jaborandy Júnior uma perda trágica. Ao enviar pêsames à família do General e ao Governo do Brasil, o Chefe da ONU afirmou ser muito agradecido pela liderança e dedicação de José Luiz Jaborandy Júnior à causa da paz. A Chefe da Missão da ONU no Haiti, Sandra Honoré, também ressaltou a liderança de General Jaborandy como comandante da Minustah, cargo que ele ocupava desde 2013.

            Mas, além do reconhecimento externo, Senadores, o General Jaborandy também tem o reconhecimento de militares e civis no Brasil e no meu querido Amazonas. Ele trabalhou na Região Amazônica...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - V. Exª sabe, eu peço mil desculpas, mas gostaria de fazer essa última homenagem, Senador Jorge Viana.

            Ele trabalhou na Região Amazônica com populações indígenas e ribeirinhas e com planejamento estratégico militar. Segundo seus amigos mais próximos, quando deixasse o cargo no Haiti, daqui a um ano, provavelmente retornaria para a nossa região. Antes de atuar no Haiti, a última missão de Jaborandy foi comandar a 8ª Região Militar, em Belém, no Pará, ligada ao Comando Militar do Norte.

            Valho-me das palavras do General Guilherme Theophilo para ilustrar a importância do Amazonas para o General Jaborandy: “Ele já tinha o Amazonas como o seu Estado natal. Seria, até o futuro, Comandante Militar da Amazônia.” E, por isso, sua família ficou lá; ele estava no Haiti, mas toda a sua família ficou no nosso Amazonas.

            De janeiro de 2010 a janeiro de 2012, o General Jaborandy foi o Comandante da Brigada de Infantaria de Selva de São Gabriel da Cachoeira - e lá eu o encontrei, quando estava numa dessas viagens maravilhosas que o Exército faz com Parlamentares, para que os Parlamentares conheçam o Brasil - localizado na tríplice fronteira com Colômbia e Venezuela. E demonstrou ser um profundo conhecedor de toda a nossa região.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - O General Jaborandy também foi Chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia e comandou o Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), localizado em Manaus. O Brasil tem o melhor soldado de selva do mundo, e o Cigs é o responsável pela formação desses soldados. Militares de diversas nações do mundo vêm se submeter a cursos que são realizados pelo Cigs e que, com muito orgulho, o General Jaborandy cuidou e dirigiu por bastante tempo.

            O General ingressou no Exército brasileiro em 1976 e se formou pela Escola de Comando e Estado-Maior Exército do Brasil e pelo Instituto de Estudos Superiores Militares de Portugal. Também serviu como assessor parlamentar do gabinete do Comandante do Exército. E, ainda, foi observador militar do Grupo de Observação das Nações Unidas, em 1991, e da Missão de Observação das Nações Unidas, em El Salvador, em 1992.

            Jaborandy amou a Amazônia, e o legado desse amor ele nos deixa naquilo que, soldado, fazia de melhor: na defesa da Amazônia e de seu povo, na sua integração à Nação brasileira, no desenvolvimento da doutrina militar de emprego na selva. E eu quero manifestar, mais uma vez, Sr. Presidente, a minha solidariedade à sua família e comunicar aqui que, no próximo domingo, na Igreja de Nossa Senhora do Sameiro, que fica no bairro da Ponta Negra, em frente a uma unidade do Exército brasileiro, será rezada a missa de sétimo dia em homenagem ao General José Jaborandy.

            Por fim, eu quero terminar e concluir essa pequena homenagem, lembrando as suas palavras na mesma entrevista que citei anteriormente, abre aspas, palavras do querido General Jaborandy: “Temos muito orgulho de ostentar as nossas bandeiras e representar os nossos povos na ajuda a este país [Haiti]. Não há tarefa mais nobre do que a missão de paz.”

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Então, Sr. Presidente, abraço à família de Jaborandy, à sua esposa, Liliane Maria Henrique Jaborandy e, em nome dela, abraço todos os seus familiares, inclusive, sua netinha recém-nascida, deixando aqui a minha mais profunda solidariedade. E, na pessoa do General Villas Bôas, Comandante do Exército Brasileiro, quero abraçar também todos os integrantes das Forças Armadas deste País.

            O General Jaborandy não está mais entre nós, mas o seu espírito de luta, seu espírito de defesa da paz, da integridade dos nossos povos continuará sempre presentes entre nós.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2015 - Página 69