Discurso durante a 18ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a reverenciar o transcurso dos 61 anos da morte de Getúlio Vargas.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Sessão solene destinada a reverenciar o transcurso dos 61 anos da morte de Getúlio Vargas.
Publicação
Publicação no DCN de 26/08/2015 - Página 4
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

     O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT-RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Elmano Férrer, representante legítimo do Piauí. O Piauí hoje é um Estado bem desenvolvido. Pode acreditar. Só na capital são quatro universidades de Medicina.

    Quero cumprimentar a Mesa, saudando o Deputado Federal Paes Landim, o Deputado Federal Afonso Motta. Olha como é. Há Mota em Roraima e Motta no Rio Grande do Sul. Viu, Ministro?

    Quero saudar o Ministro Manoel Dias, meu amigo, uma pessoa que orgulha o meu partido. Eu entrei na política pelas mãos do Manoel Dias. O primeiro partido ao qual eu me filiei foi o PDT. E sempre me espelhei nele. Sempre foi um grande conselheiro. É uma grande amizade que eu tenho, que eu construí. E me orgulho muito disso.

    Quero também saudar o João Vicente Goulart que está ali. Hoje nós tivemos uma sessão na Comissão de Direitos Humanos em homenagem ao trabalhismo.

    Quero saudar, a Ministra Cynthia Filártiga Lacroix, representante da Embaixada da República do Paraguai. A Sra. Cynthia rejeitou compor a Mesa. Esta Mesa não é machista, não. É que a Cynthia não quis participar. Queria fazer este registro.

Quero cumprimentar o Sr. Rafael Fernandez, Conselheiro Político da Embaixada de Cuba.

Quero cumprimentar o Sr. Rodrigo Costa e Lima, da CUT, representante da Central Única dos Trabalhadores.

Quero cumprimentar o Sr. José Augusto Ribeiro, autor da trilogia “A Era Vargas”, e o Sr. Chico Castro, autor do livro “João Goulart, o tabu da ditadura”.

Cumprimento a todos.

    Quero aqui, telespectador da TV Senado, telespectadora, ouvinte da Rádio Senado, senhores e senhoras, Sr. Presidente, dizer que hoje é um dia de alegria e, ao mesmo tempo, é um dia saudosista porque o povo brasileiro está aqui lembrando a data de morte daquele que pensou, lutou e morreu pelo povo brasileiro, principalmente pelos mais pobres.

    Como surge uma vocação? Em que momento um menino, um adolescente descobre quais são os seus valores e qual é a missão da sua vida? Difícil prever, mas o certo é que, na maioria dos homens que transformaram o mundo, daqueles que fizeram uma diferença nos destinos da humanidade, a vocação se revela sempre muito cedo. E foi exatamente assim na vida de Getúlio Dornelles Vargas.

Quero registrar a presença do Senador e ex- Presidente da República Collor de Mello.

    Já em 1903, com 21 anos, numa carta enviada de Corumbá a um amigo gaúcho, Getúlio confessa seu desencanto com a carreira militar e revela o desejo de voltar ao Rio Grande do Sul para estudar Direito. O jovem moldado pelas guerras e pelas disputas, tão em voga no seu Estado, decidia que o seu caminho seria diferente. E o Direito, naquele tempo, era a porta de entrada para a política. Nascia aí uma das mais longas e marcantes vidas públicas do País.

    Vargas não foi só o maior Presidente brasileiro. Tendo começado sua vida pública em 1909, como Deputado Estadual, ele conseguiu um feito considerado impossível. Eleito Governador em 1928, que na época chamava-se Presidente, Vargas conseguiria a pacificação política do Rio Grande do Sul, primeiro passo para chegar à Presidência do Brasil.

    Forjado na política guerreira, na luta fratricida das famílias e dos interesses que só eram resolvidos na bala no Rio Grande do Sul, Getúlio era um grande conciliador, Senador Collor de Mello. Foi um verdadeiro mestre na arte de negociar. Ouvia muito e ouvia muito bem. Invariavelmente, sabia unir e tirar o melhor de interesses contraditórios. Perguntado, certa vez, por um jornalista se tinha muitos inimigos, respondeu que sim, nem tão inimigos, no entanto, que amanhã não pudessem ser amigos.

    Soube entender a realidade brasileira como ninguém. Por isso chefiou a Revolução de 1930 e virou Presidente da República. Por isso, e pela habilidade desenvolvida no manejo do poder, pressentindo a proximidade da guerra, assumiu a responsabilidade de implantar uma ditadura em 1937. Deposto por um golpe militar em outubro de 1945, voltaria ao poder nos braços do povo e legitimado pelo voto popular em 1950.

    Compreender Vargas, Sr. Presidente, é compreender o Brasil. Nunca, nenhum homem público fez tanto pelo País como fez Getúlio Vargas. Ele foi o artífice da mudança entre o Brasil rural, atrasado e arcaico; e o Brasil moderno, justo e civilizado.

    Vargas criou a Justiça do Trabalho em 1939. Instituiu o salário mínimo. A Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT, é dele. Os direitos trabalhistas também são frutos de seu Governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e férias remuneradas.

     Também são da era Vargas a instituição do voto secreto, em 1932, e do voto feminino, em 1934.

     Suas obras de infraestrutura são pouco lembradas, mas foram importantíssimas para a história brasileira. Em 1938, criou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Criou a Companhia Siderúrgica Nacional, em 1940; a Vale do Rio Doce, em 1942; e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco, em 1945.

    Poderia aqui citar tantas outras, mas o Senador Elmano Férrer me disse: “A parte do Nordeste deixe comigo”. E ali tem tantos bancos, e o Banco do Nordeste criado por Vargas.

    No seu Governo, iniciou a reconstrução da Rodovia Fernão Dias, ligando São Paulo a Belo Horizonte. E, depois de 4 anos de exílio em sua estância, em São Borja, no Rio Grande do Sul, em 1950 Vargas voltou ao poder através de eleições democráticas. E, nesse Governo, continuou uma política nacionalista. Depois da campanha O petróleo é nosso, em 1953, no Governo Vargas seria assinada a criação daquela que hoje é a maior, a mais cobiçada, a que mais fortalece, a quem mais emprega e a que tem o maior PIB brasileiro: a nossa PETROBRAS.

    Ao assumir o Governo em 1950, com 68 anos, Vargas parecia homem talhado para finalizar, estabilizar e implantar uma verdadeira democracia no nosso Brasil. Maduro, mas intransigente, aceitando os limites que o regime democrático impõe ao exercício do poder, o conciliador, no entanto, sofreria as consequências da história. O País não havia curado as feridas do que acontecera entre 1930 e 1945 com a Revolução, com a dita- dura. Setores da direita, que o aplaudiam pelas ideias de progresso, agora desconfiavam do trabalhismo, que atendia às ideias das esquerdas. Entre os chefes militares havia verdadeira guerra interna. O fim de Getúlio seria fortemente influenciado pelas Forças Armadas, que ele reaparelhou e modernizou.

    E havia uma imprensa antigetulista muito forte, que queria a todo custo que a PETROBRAS não prosperasse. Atacado por todos os lados, Vargas ainda sofreria com os atos desmedidos daqueles que o cercavam. O atentado a Carlos Lacerda, na Rua Tonelero, foi o estopim de críticas e ataques que Vargas achava que não merecia. A morte, no atentado, do Major Rubens Vaz, oficial da Aeronáutica que acompanhava Lacerda em seus deslocamentos, colocaria os militares ainda mais radicalmente contra o Governo de Getúlio. Decepcionado ao saber que o atentado a Lacerda havia sido perpetrado por integrantes de sua guarda pessoal, Vargas então disse: “Lacerda tomou um tiro no pé; eu levei dois tiros nas costas”. Em agosto de 1954, pressionado pelos militares e por seus Ministros, que lhe sugeriam a renúncia, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um

tiro no peito. Deixou uma carta testamento com uma frase que é lembrada até hoje: “Deixo a vida para entrar na História”. Alguém tem dúvida?

    Como faz falta o Getúlio! Como faz falta termos hoje, em nossos meios, num momento de tamanha crise que passamos, um homem da envergadura de Getúlio Vargas. Precisamos de um estadista que possa unir os nossos interesses, que possa dar credibilidade, que possa reconstruir o nosso caminho!

    Mas, voltando à minha terra natal, Ministro Manoel Dias, lá tem um tipo de animal de rebanho, chama- do porco caititu. Eles são guiados por um guia. Todo o rebanho. Ao perder esse guia, eles se dispersam. Mais tarde, eles se unem e escolhem um novo guia. Estamos dispersados. O nosso guia foi morto há 61 anos atrás. Cabe-nos nos unirmos, Senador Collor de Mello, e encontrarmos o caminho de que precisamos para o nosso País. Lacerda, naturalmente, foi aquela pessoa que infernizou a vida de Getúlio. Mas eu queria concluir a minha fala, saindo do discurso formal, para colocar aqui o meu sentimento.

    Desde cedo estamos aqui nesta Casa, no Senado Federal -- com a presença do nosso Presidente do Se- nado, o Renan, que nos orgulha aqui --, ouvindo depoimentos, relatos de pessoas fazendo uma reflexão sobre este País, fazendo uma reflexão sobre a história brasileira, fazendo uma reflexão sobre a luta que envolveu Getúlio e tantos outros estadistas, como o ex- Presidente João Goulart, como Leonel Brizola, como Pasqualini e tantos outros brasileiros ilustres que hoje, sem nenhuma dúvida, fazem parte do balizamento na condução desta Casa.

    Quero aqui aproveitar a presença do nosso Presidente, Renan Calheiros, que teve essa lucidez, que observou que o Senado é a Casa da pacificação, que o Senado é a Casa da conciliação, que o Senado é o mediador entre o povo e as nossas crises. Senador Renan, quero aqui parabenizá-lo por ter criado uma pauta de reconstrução do nosso Estado, uma pauta que não só favoreça os já favorecidos, mas, principalmente, que não tire daqueles que, a duras penas, tiveram conquistas, que são os nossos trabalhadores.

    Portanto, encerrando aqui, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, público presente, telespectadores, ouvintes da Rádio Senado, este, sem nenhuma dúvida, é o dia da nossa reflexão, é o dia de a gente incorporar esse espírito nacionalista, patriota, de brasilidades daquele que foi, para o nosso orgulho, o maior estadista, o maior Presidente de toda a história: Getúlio Vargas!

Muito obrigado. (Palmas.)

SEGUE, NA ÍNTEGRA, O PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR TELMÁRIO MOTA

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT-RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs.Senadores.

Como surge uma vocação?

    Em que momento um menino, um adolescente descobre quais são os seus valores e qual a missão de sua vida?

Difícil prever.

    Mas o certo é que, na maioria dos homens que transformaram o mundo, daqueles que fizeram uma diferença nos destinos da humanidade, a vocação se revela sempre muito cedo.

E foi exatamente assim na vida de Getúlio Dornelles Vargas.

    Já em 1903, com 21 anos, numa carta enviada de Corumbá a um amigo Gaúcho, Getúlio confessa seu desencanto com a carreira militar e revela o desejo de voltar ao Rio Grande do Sul para estudar Direito.

    O jovem moldado pelas guerras e pelas disputas tão em voga no seu Estado decidia que o seu caminho seria diferente.

E o direito, naquele tempo, era a porta de entrada para a política. Nascia aí uma das mais longas e marcantes vidas públicas do país.

    Deposto por um golpe militar em outubro de 45, voltaria ao poder nos braços do povo e legitimado pelo voto popular em 1950.

Compreender Vargas e compreender o Brasil.

Nunca nenhum homem público fez tanto pelo país como Getúlio Vargas.

    Ele foi o artífice da mudança entre o Brasil rural, atrasado e arcaico; e o Brasil moderno, justo e civilizado.

Vargas criou a Justiça do Trabalho em 1939. Instituiu o salário mínimo.

    A Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT é dele.

    Os direitos trabalhistas também são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas.

    Também são da era Vargas a instituição do voto secreto em 1932 e do voto feminino em 1934.

    As suas obras de infra-estrutura são pouco lembradas, mas foram importantíssimas para a nossa história.

Em 1938, criou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Criou a Companhia Siderúrgica Nacional em 1940. A Vale do Rio Doce em 1942. Hidrelétrica do Vale do São Francisco em 1945.

E havia uma imprensa antigetulista muito forte.

    Atacado por todos os lados, Vargas ainda sofreria com os atos desmedidos daqueles que o cercavam.

    O atentado a Carlos Lacerda, na rua Toneleros foi o estopim de críticas e ataques que Vargas achava que não merecia.

    A morte no atentado, do Major Rubens Vaz, oficial da aeronáutica que acompanhava Lacerda em seus deslocamentos colocaria os militares ainda mais radicalmente contra o governo de Getúlio.

    Decepcionado ao saber do atentado a Lacerda havia sido perpetrado por integrantes de sua guarda pessoal, Vargas diria: “Lacerda tomou um tiro no pé; eu levei dois tiros nas costas”.

    Em agosto de 1954, pressionado pelos militares e por seus ministros, que lhe sugeriam a renúncia, Vargas suicidou-se no Palácio do Catete com um tiro no peito.

    Deixou uma carta testamento com uma frase que é lembrada até hoje: “Deixo a vida para entrar na História.

    Embora tenha sido ditador e tenha governado com medidas controladoras e chamadas de populistas, Vargas foi um presidente que teve seu governo marcado pelo investimento no Brasil.

“Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.” Por isso Viva Getúlio Vargas.

Porque a luta de Getúlio e o seu legado continuam vivos na bandeira do trabalhismo e na

alma do grande povo brasileiro.

     Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 26/08/2015 - Página 4