Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque à necessidade de investimentos em matrizes energéticas alternativas, como a energia eólica e a solar.

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MINAS E ENERGIA:
  • Destaque à necessidade de investimentos em matrizes energéticas alternativas, como a energia eólica e a solar.
Publicação
Publicação no DSF de 23/09/2015 - Página 89
Assunto
Outros > MINAS E ENERGIA
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ENCONTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, JOÃO LEÃO, VICE-GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), SECRETARIO, PLANEJAMENTO, ENTE FEDERADO, MOTIVO, DISCUSSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, LOCAL, BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO, ENFASE, CRISE, UTILIZAÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, MATRIZ ENERGETICA, CIRCUNSTANCIAS, AUSENCIA, CHUVA, REGIÃO, COMENTARIO, ELABORAÇÃO, POLITICAS PUBLICAS, AUTORIA, GOVERNO ESTADUAL, OBJETIVO, INVESTIMENTO, DESENVOLVIMENTO, ENERGIA SOLAR, ENERGIA EOLICA, DEFESA, NECESSIDADE, EXPANSÃO, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, OBTENÇÃO, ENERGIA ELETRICA, PAIS.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Sem revisão do orador.) - Senador Otto Alencar, V. Exa que preside esta sessão, quero fazer aqui uma saudação até muito especial a V. Exa, que cumpre um papel importante nesta Casa e que teve a coragem, inclusive, de destacar um tema dos mais espinhosos e, eu diria até, do ponto mais decisivo principalmente para o Nordeste brasileiro, em especial para a nossa Bahia. E me refiro ao São Francisco.

            Portanto, quero fazer aqui uma saudação. Tive a oportunidade de falar isso hoje durante uma conversa que tive com o nosso Secretário de Planejamento do Estado da Bahia, o Vice-Governador João Leão, que nos procurou para discutir um tema sobre o orçamento e nós chegamos a conversar exatamente sobre esse tema do São Francisco, fazendo essa lembrança importante do trabalho que V. Exa abraçou e como, de forma tão competente, V. Exa tem tocado esse trabalho e chamado esse desafio.

            E esse é um debate, Senador Otto, que cai exatamente em um período em que todos nós discutimos a grave situação da nossa matriz de hidroeletricidade. O São Francisco alimenta, ou melhor, abastece os nossos principais lagos  para o provimento de energia e, particularmente - e aí é a parte que eu diria que nos toca -, a nossa querida Bahia e, claro, o nosso Nordeste.

            E esse é um tema que nós temos enfrentado no Estado da Bahia de maneira a criar as condições buscando um conjunto de alternativas.

            A Bahia, Senador Otto, deu um salto enorme, ou melhor, caminhou com o vento, ou foi arrastada pelos bons ventos da energia eólica, sendo hoje uma das melhores experiências e, sem dúvida nenhuma, terá em breve um dos maiores parques eólicos de toda a América Latina, numa política muito bem ajustada, ainda no governo de Jaques Wagner, agora encampada pelo Governador Rui Costa.

            A Bahia ousou fazer a expansão de sua matriz energética, colhendo do vento a melhor experiência. E aí, bebendo nessa experiência de construir e consolidar parques alternativos, a Bahia se destacou, no último dia 28 de agosto, no leilão de solar, sendo inclusive o Estado com o maior número de ofertas naquele leilão.

            No próximo dia 9 de outubro, estaremos na cidade de Stuttgart, na Alemanha, com a presença do Governador de Estado e de diversas lideranças do setor e a Federação das Indústrias da Bahia. Nós teremos a oportunidade de apresentar para diversos empresários alemães o que é oportunidade de negócios de energia solar no Estado da Bahia, no Brasil, até porque também nós teremos a presença de figuras de outros Estados brasileiros, a convite do governo alemão. Também o Governador fará uma caminhada pela Itália, apresentando a empresários italianos essa imensa oportunidade, ou melhor, esse clarão que se abriu na economia e que é, ao mesmo tempo, a força do sol do Nordeste brasileiro, principalmente da Bahia, apostando numa das melhores alternativas para a geração de negócios, para a geração de oportunidades e principalmente para suprir as nossas carências.

            Eu diria, Senador Otto, que o encontro entre essas duas matrizes, ou melhor, a junção dessas duas matrizes, essa junção nos permitirá um aproveitamento ao extremo das condições para o provimento de energia, não só no Estado da Bahia, mas também no Brasil.

            Eu digo isso a partir de uma leitura muito simples para que as pessoas possam entender. Meu pai brincava muito, Senador Otto, e dizia, toda vez que não chovia lá na roça, e V. Exª é um sujeito que veio do sertão... Meu pai tinha uma pequena propriedade num lugar chamado Tertuliano Sampaio, ou Cacimba, como era o nome mais conhecido, ali, numa das localidades do Município de Itiúba. Meu pai adquiriu essa propriedade porque por ali, exatamente em Tertuliano Sampaio, antes de Itiúba, passava o trem, onde meu pai trabalhava. E nós saíamos sempre, nas férias, para esse lugar, um lugar cheio de lajedos. A expectativa nossa era a chuva, para encher aqueles buracos no lajedo, transformando-o em fontes de água. Todas as vezes que estava muito seco, o meu pai olhava para nós no terreiro e dizia assim: “Está vendo aí ó, quanto mais seco, mais vento.” Porque não caía água, não ventava no terreiro, mas nós olhávamos para cima e não havia uma nuvem.

            Esses são os locais ideais hoje para a adoção das duas matrizes. Quanto mais seco, mais vento. Se há mais vento, portanto, nós plantamos ali um moinho, para colher desse vento a energia. E quanto mais seco, mais vento, porque o vento leva a nuvem e, portanto, não cai a chuva, Senador Otto. É o local ideal para a placa solar. No local onde há o sol mas não há a nuvem, nós não convivemos com um dos fenômenos que a natureza também adota, que é exatamente o sombreamento da placa, com a incidência do sol sobre a nuvem e a sombra da nuvem nessa placa. Portanto, esse é o local ideal - colher o vento à noite e colher, durante o dia, a incidência dos raios solares.

            E por que juntar, inclusive, essas duas matrizes a estruturas existentes? Porque, se nós plantarmos, Senador Otto, as placas solares - e o termo “plantar” que eu estou usando é exatamente porque nós precisamos cravá-la no chão -, no lugar onde já temos toda uma estrutura de eólica, nós vamos economizar no uso das linhas de transmissão já existentes. E se fizermos isso numa combinação na proximidade dos lagos ou dos locais onde nós temos geração de hidroeletricidade, nós podemos colher as três matrizes utilizando da sua saída uma única e somente única linha de transmissão.

            Portanto, com a experiência de, na região, colher energia do vento, extrair das placas solares as incidências desse nosso rei sol e ao mesmo tempo colher, com a abertura das comportas, a hidroeletricidade, nós vamos poder fazer a compatibilização dos três sistemas.

            Num momento de crise hidrológica, onde o manejo d’água que V. Exª tanto discute, de um rio que já não tem vazão e, portanto, não consegue chegar à foz, assim como também não consegue chegar ao lago, é a partir daí que se dá a oportunidade de manejar essa água sem perder a possibilidade de gerar energia por outras fontes.

            No momento em que assegura a comporta, poder-se-ia, a partir dessa nova política, adotar o sistema de utilização de placas ou de energia eólica.

            Portanto, este é um desejo, um sonho que projetamos para frente e que não está longe de acontecer. No Lago Sobradinho, já começam a ser colocadas algumas placas sobre o lago.

            Em Juazeiro, ali perto de Sobradinho, Senador Otto, nós já temos algumas experiências de placas solares nas edificações do Minha Casa, Minha Vida.

Então, portanto, naquela região ali, próxima a Sento Sé, temos diversas torres de eólica já plantadas ali.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Portanto, colhendo a energia do vento.

            Esse é o desafio, o desafio de adotar essa política. Do ponto de vista eólico, creio que é bem provável que, já em 2015, nós tenhamos oportunidade de contribuir com mais de 11 mil mega na questão da cobertura de eólica no País. Espero, bem em breve, com a geração distribuída, tanto fotovoltaica quanto termo, na solar, tenhamos a capacidade de contribuir com esse nosso Brasilzão.

            Portanto, é uma oportunidade sem igual, é um desafio grande que se coloca neste momento de necessidade e que, portanto, pauta definitivamente essa questão, para que tenhamos, de uma vez por todas, no Brasil, a possibilidade de fazer o bom debate, o debate da energia como fator de desenvolvimento, a capacidade de, inclusive, continuarmos atraindo a indústria. Nós vivenciamos isso, Senador Otto, recentemente, com a questão da renovação dos contratos para alimentar o que nós chamamos de indústria eletrointensiva do Estado da Bahia, fruto do custo elevado da energia, em decorrência, efetivamente, da crise hidrológica e da nossa redução de produção de energia, num dos momentos mais difíceis da nossa história.

            Ainda que as usinas térmicas tenham, de certa forma, segurado a onda, a um custo muito elevado, nós sabemos também que não é uma energia tão limpa, até porque todas essas unidades precisam de um momento para a sua manutenção, então, é preciso adotarmos medidas, para que possamos, de uma vez por todas, resolver o problema.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - E aí, sim, usar, de forma agressiva, uma política de atração de investimentos.

            Eu me lembro de que eu estive com V. Exª na campanha, ali, em Teixeira de Freitas, Senador Otto, em 2014, e a maior reclamação ali, em nível local, das pessoas era exatamente não ter a capacidade de fornecer energia para novos empreendimentos no extremo sul.

            Imagine, naquele período, o absurdo que se vivenciava. A Coelba nos respondia que não adiantava atrair investimentos para aquela região do Estado, porque não teria como suprir a necessidade daquelas pessoas com a energia para o funcionamento.

            Portanto, creio que este seja um debate importante, principalmente neste momento de dificuldades, que tanto trabalhamos para recuperar, de uma vez por todas...

(Soa a campainha.)

(Interrupção do som.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Trabalhamos a necessidade de cobrir essa crise econômica que se estabeleceu com a atração de investimentos. Portanto, essa é uma matriz decisiva, assim como energia, o fator telecomunicações ou o fator tecnologia da informação e comunicação.

            A Bahia se preparou, Senador Otto, para esse crescimento na área de energia, na área de mineração, na petroquímica; até na indústria naval, estamos enfrentando uma crise brutal com o nosso Estaleiro Enseada do Paraguaçu. É importante que essas medidas possam, de certa maneira, ser direcionadas para uma solução, buscando retomar o perfil de crescimento da Bahia, gerar oportunidade de trabalho, superar a crise, e colocarmos a Bahia, novamente, na rota de crescimento, como vínhamos fazendo, numa escalada, diria, extremamente positiva.

            Conversava com o Governador, no domingo, Senador Otto, e discutíamos muito a crise de mais de 80 mil postos de trabalho perdidos na Bahia, neste período.

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Portanto, é esse desafio da infraestrutura, da logística, mas principalmente de uma política de atração de investimentos que temos, para continuarmos colocando a nossa Bahia na rota de crescimento, para que a nossa Bahia possa cada vez mais fazer mais e melhor pelo povo baiano.

            Era isso, Senador Otto.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/09/2015 - Página 89