Comunicação inadiável durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o desmembramento das investigações e processos relativos à Operação Lava Jato; e outro assunto.

Autor
Lasier Martins (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Preocupação com o desmembramento das investigações e processos relativos à Operação Lava Jato; e outro assunto.
ATIVIDADE POLITICA:
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2015 - Página 74
Assuntos
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • APREENSÃO, RELAÇÃO, DESMEMBRAMENTO, PROCESSO, ASSUNTO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COMENTARIO, PREJUIZO, APURAÇÃO, CRIME.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, INDICAÇÃO, REPRESENTANTE, FILIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OCUPAÇÃO, CARGO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), COMENTARIO, PREJUIZO, POLITICA NACIONAL.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, José Antônio Reguffe, meu correligionário do PDT, Senadoras, Senadores, telespectadores e ouvintes da Rádio Senado, eu quero falar sobre dois assuntos brevemente de inegável relação ao momento que estamos vivendo no País.

    Um deles, Presidente Reguffe, diz respeito à dispersão dos processos que estavam na Justiça Federal ou alguns que estavam a caminho da Justiça Federal de Curitiba, aqueles que tratam dos desvios de conduta na política.

    Ocorre que o Supremo Tribunal Federal decidiu desmembrar o processo referente ao escândalo da Petrobras e relações de processos ligados aos mesmos métodos. Em razão disso, convém assinalar que, desde logo, o Ministro do Supremo, Gilmar Mendes, disse que isso vai prejudicar as investigações. Não é um Senador ou um jornalista que está a dizer isso, mas um integrante do próprio Supremo tribunal Federal.

    Por seu turno, na mesma linha, o Procurador-Geral da República revelou sua preocupação, lembrando muito bem que são casos que têm os mesmos autores, têm os mesmos delatores, os mesmos métodos a respeito dos desvios de conduta e mesmos objetivos.

    Então, uma certa surpresa sobre esse desmembramento. Agora, nós queremos acreditar, apesar dessas desconfianças, que isso não esteja sendo uma manobra naquilo que a população brasileira acompanhava com tanto interesse e até com algum entusiasmo; que não seja uma manobra para embaraçar o andamento dos processos da Lava Jato. Nós queremos acreditar que essa redistribuição de processos não venha impedir que os novos juízes, que assumirão esses processos, muitos deles sendo cogitados para o Foro Federal de São Paulo. Nós não queremos acreditar que não trabalhem com a mesma diligência, a mesma responsabilidade, o mesmo labor com que vinha fazendo e com tanta coragem o Juiz Sérgio Moro, de Curitiba. Então, esta é nossa expectativa: nós queremos acreditar que os desdobramentos se propiciarão a que muitos outros juízes brasileiros, seja lá de que Estado forem, tenham esse mesmo desempenho no sentido de fazer essa depuração de que a política brasileira tanto precisa.

    O outro tema que abordo aqui, Sr. Presidente, é sobre a abertura do balcão de negócios no Palácio do Planalto. Aviva-se o velho e lamentável vício que sempre tem recebido, cada vez mais, a repulsa da população brasileira e tem feito desacreditar os políticos e a política: a política das barganhas, Sr. Presidente, a política do toma lá dá cá, a política da negociação por cargos e por poder.

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - E as grandes negociações estão evoluindo entre o Governo e o PMDB, ao que tudo indica, que começa por receber o privilégio dessa troca, desse apoio: aquele que é o mais importante orçamento da Esplanada, que é o Ministério da Saúde, que lida com R$110 bilhões.

    Então, lamentável é isso que começamos a ver, a coalizão fisiológica. Justamente no momento em que se prenunciava ou o partido anunciava o desembarque do Governo, eis que acontece justamente o contrário: assume, de todas as formas e cada vez mais, o Governo, inclusive ...

(Interrupção do som.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - ... ao que tudo se percebe, o PMDB assume espaços, Sr. Presidente, que eram do PT. Isso já faz supor que a gritaria haverá de acontecer, porque, curiosamente, nós estamos constatando uma nova realidade: o Governo eleito do PT está cedendo cada vez mais espaços, e, hoje em dia, temos praticamente um Governo do PMDB, e não um Governo do PT.

    Por que falo essas coisas? Porque não é essa a política que o Brasil quer, a política de que o Brasil precisa, a acomodação de interesses partidários. O que se quer no País não é a cogitação dos ministros buscando os seus interesses pessoais ou o poder. O que a população brasileira quer é uma política séria, transparente, onde prepondere a atenção às grandes necessidades do Brasil.

    Vejam que justamente o Ministério da Saúde, que é o Ministério presentemente em negociação, com seu orçamento de R$110 bilhões, é exatamente aquele que diz respeito à maior carência do Brasil na atualidade, a carência da saúde pública, que tende a se agravar, porque já se começa a tomar conhecimento - a imprensa tem sido pródiga nessas divulgações - do grande número de famílias brasileiras que começa a cancelar os seus planos de saúde, diante da crise que lhes está acometendo. Nessas condições, a saúde pública a ser prestada pelo Ministério da Saúde deverá ser ainda maior.

    E outro agravamento que nos preocupa, Sr. Presidente, é que, pelo que anunciam as primeiras notícias, nessa negociação, os ministérios serão entregues não a pessoas mais habilitadas, não àquelas que estejam acostumadas à lida com esses assuntos, e, sim, a interesses partidários, a interesses pessoais, o que poderá dificultar ainda mais a recuperação deste País.

    Agora, desde logo, brota uma dúvida: será que as ruas vão apoiar essas negociações, a barganha que começa a acontecer neste momento entre o Palácio do Planalto e um dos principais partidos do Brasil? Será que vão calar as ruas, ou voltarão com maior força? Sem aquela esperança que nós temos - e sobre a qual se pronunciou muitas vezes, desta tribuna, aquele a quem tive a honra de suceder, o ilustre Senador Simon -, o grito das ruas, sem a vinda dos jovens a protestar, este Brasil talvez não tenha solução. Por isso, fica ao menos esta esperança.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2015 - Página 74