Discurso durante a 172ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repúdio ao posicionamento de parte da mídia do País por supostos ataques ao ex-Presidente Lula; e outro assunto.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER LEGISLATIVO:
  • Repúdio ao posicionamento de parte da mídia do País por supostos ataques ao ex-Presidente Lula; e outro assunto.
IMPRENSA:
Aparteantes
Humberto Costa, José Medeiros, Lindbergh Farias, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 01/10/2015 - Página 199
Assuntos
Outros > PODER LEGISLATIVO
Outros > IMPRENSA
Indexação
  • CRITICA, EDUARDO CUNHA, DEPUTADO FEDERAL, MOTIVO, MARCAÇÃO, SESSÃO LEGISLATIVA, LOCAL, CAMARA DOS DEPUTADOS, IGUALDADE, HORARIO, SESSÃO, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, TENTATIVA, AUSENCIA, VOTAÇÃO, CONGRESSISTA.
  • COMENTARIO, PUBLICAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, JORNAL, O GLOBO, FOLHA DE S.PAULO, ASSUNTO, TENTATIVA, DESTRUIÇÃO, REPUTAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENFASE, ACUSAÇÃO, UTILIZAÇÃO, CARGO ELETIVO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERIODO, MANDATO, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, AFRICA DO SUL, FAVORECIMENTO, GRUPO, EMPRESA PRIVADA, CONTRATO, CRITICA, IMPRENSA, MOTIVO, MATERIA, AUSENCIA, VERDADE, DEFESA, DIGNIDADE, EX PRESIDENTE.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, colegas Senadores, eu queria cumprimentar todos que nos acompanham pela Rádio e pela TV Senado.

    Rapidamente, eu queria, até na condição de Vice-Presidente da Casa, dizer o quanto lamento o episódio que estamos vivendo desde ontem, quando se estabeleceu um impasse para realizar algo que é tão importante e que é parte da vida e do funcionamento do Legislativo brasileiro: uma sessão do Congresso Nacional.

    Nós marcamos, o Presidente Renan, que é o Presidente do Senado e do Congresso, na semana passada, foi publicado, e houve agora uma posição da Câmara dos Deputados marcando sessões para o mesmo horário. É lamentável. Agora pelo menos tivemos um posicionamento de Líderes buscando o entendimento.

    Eu quero dizer que este é o melhor caminho: um entendimento dos que dirigem o Senado. Nós estamos aqui com esse propósito. Que não haja uma posição radical da Câmara que possa, de alguma maneira, mesmo que não seja a intenção original, mudar, impedir o pleno funcionamento do próprio Congresso Nacional.

    Tomara que prevaleça o bom senso. Tomara que tenhamos, ainda hoje, a apreciação dos vetos, para concluirmos o processo legislativo e para que o debate - que parece ser tão importante para o Presidente da Câmara, para as Lideranças de partidos que têm influência na vida política brasileira - possa seguir.

    Todo esse episódio está vinculado à história de se tentar trazer de volta o financiamento empresarial para as leis brasileiras e tentar constitucionalizá-lo. O Supremo acabou de tomar uma decisão, uma decisão que diz que é crime, no País, o financiamento empresarial, que é ilegal, que é inconstitucional. Eu não consigo entender.

    Estou fazendo este preâmbulo, Senador Lindbergh, porque vou me referir à manchete do jornal O Globo de hoje, a uma importante matéria que saiu na Folha de S.Paulo e em outros veículos, agredindo o bom jornalismo e tentando atingir a figura do ex-Presidente Lula.

    É lamentável! Com tanta coisa grave acontecendo, essa sina de querer, a todo custo, destruir o Presidente Lula seguir adiante. Há coisas mais graves que deveriam estar em todas as manchetes. Eu não estou aqui querendo ditar nada para a imprensa, como essa posição da Câmara em relação ao Senado, impedindo o funcionamento do Congresso, por conta da defesa do financiamento empresarial.

    Agora, tudo é feito de maneira disfarçada. Não assumem que, para alguns, neste País, especialmente alguns que ocupam mandatos, a política é um negócio, um negócio sujo, que precisa de empresas sujas no meio. Não basta a Lava Jato! Não basta tantos escândalos que afrontam a dignidade dos brasileiros. Querem manter isso, mas o fazem de uma maneira sorrateira, disfarçada.

    Para entrar no tema do Presidente Lula, vou ler algo que foi dito por um ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos, o democrata Hubert Humphrey, que deu uma entrevista para o The New York Times sobre a questão do financiamento empresarial de campanha.

    Veja o que ele diz - aspas -: "O financiamento de uma campanha é uma maldição, é a mais nojenta, indigna e debilitante experiência na vida de um político. Fede. Repugna".

    Quem diz isso é um ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos no jornal The New York Times.

    Vou repetir: "O financiamento de uma campanha é uma maldição, é a mais nojenta, indigna e debilitante experiência na vida de um político. Fede. Repugna".

    Estou falando isso porque nós estamos vivendo uma quadra. Alguns são capazes de matar! São capazes de mudar, de desrespeitar a Constituição para tentar trazer de volta essa maldição que é o financiamento de campanha.

    Tomara que o entendimento aconteça, que os vetos que criam a mínima estabilidade política do País possam ser apreciados ainda hoje. A expectativa é que o bom senso prevaleça e que isso possa ocorrer.

    Mas, Sr. Presidente, eu queria, nestes cinco minutos que tenho, me referir à manchete do jornal O Globo de hoje: " O PR fez o lobby"; a Folha de S.Paulo também vai na mesma linha, assim como o telejornal Bom Dia Brasil de hoje.

    Uma vergonha! Tenho vergonha desse jornalismo praticado no Brasil. Um jornalismo que afronta a liberdade de imprensa. Tanta corrupção acontecendo, tanto fisiologismo sendo colocado como moeda em troca de apoio para o Governo, e o que vemos aqui é a tentativa de destruir a honra, a vida, a imagem, o capital político do ex-Presidente Lula.

    Que acusação o jornal O Globo faz aqui? Numa operação, creio que casada, como tem ocorrido, o jornal O Globo, que tenho vergonha de apresentar, de expor aqui no plenário do Senado ... Digo isso para que os dirigentes do jornal adotem uma postura que esteja à altura da história do próprio jornal, pelo menos do ponto de vista da idade desse jornal que faz parte da imprensa brasileira. Estou falando com indignação, sim. Fui governador por oito anos. O Presidente Lula é acusado de fazer lobby quando era Presidente, em 2009, porque foi à África, porque andou pelo mundo e defendeu, de maneira absolutamente democrática, que empresas brasileiras fossem valorizadas.

    Há países que fazem guerra, que destroem outro para defender os interesses de suas empresas. Nos Estados Unidos, eles não nomeiam embaixadores de carreira para qualquer país. Nomeiam empresários para serem embaixadores, para defenderem os interesses, os negócios de seus países.

    O Presidente Lula mudou a história deste País, incluiu 40 milhões de pessoas, consolidou o Brasil como uma grande nação. Agora, esse ódio ao Presidente Lula, essa ação de intolerância, isso tem que ter algum limite. É muita forçação de barra, para policiais federais, membros do Ministério Público, querer transformar uma ação... Ele deveria ser chamado de criminoso se não tivesse feito isso!

    O Presidente Lula - isso se vê em qualquer e-mail destes - é absolutamente republicano. A ação dele, quem diz aqui é o ex-Ministro Miguel Jorge... Como um Presidente leva à China 40 empresários e não vai defender os interesses das empresas brasileiras, os empregos, o desenvolvimento do País? Foi isso que o Presidente Lula tão somente fez. E agora, numa hora em que a gente tem tantas notícias, tantas situações graves aqui no Congresso, no Executivo, na vida nacional, tentam fazer do Presidente Lula alguém responsável por essa situação!

    O Presidente Lula é o responsável por ter mudado, através de uma política determinada, a vida dos brasileiros para melhor: os milionários ficaram bilionários; aqueles que não tinham carro têm carro; aqueles que não tinham salário têm um salário de carteira assinada. Todos ganharam no governo do Presidente Lula, mas os mais mal-agradecidos são aqueles que ganharam mais.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - V. Exª me concede um aparte?

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Com certeza. Com satisfação, eu o ouço.

    Agora, acho que nós todos temos que estar indignados com essa ação, que é uma ação criminosa. O crime é de quem está divulgando e de quem está tentando transformar em notícia uma ação legítima e correta de um grande Presidente, que foi o Presidente Lula.

    Ouço o Senador Lindbergh neste aparte e, em seguida, o Senador Humberto Costa.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Senador Jorge, eu quero parabenizar V. Exª pelo pronunciamento e pela indignação.

    Na verdade, eu sou Senador do Rio, e o jornal O Globo é do Rio de Janeiro, mas essa matéria de hoje, colocada na capa, do jeito que foi colocada, é um desrespeito aos brasileiros, é um desrespeito ao ex-Presidente Lula e, na verdade, tenta confundir as coisas. V. Exª explicou muito bem: é dever de um Presidente da República defender as empresas do seu país. É assim em todos os países do mundo. Não há nada de errado em tudo o que foi apresentado ali. Mas da forma como colocam, na capa, do jeito que fizeram, tentam criar uma situação de...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Criminalizar uma ação...

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Tentam criminalizar uma atividade que é para ser feita pelos presidentes, pelos diplomatas. É importante que se diga: nós aprovamos sempre aqui os embaixadores, e é tarefa dos embaixadores também defender as empresas brasileiras lá. Há mais uma coisa, Senador Jorge Viana...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - É tarefa dele fazer lobby, defender, lutar.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Como eles confundem as coisas! Por exemplo, V. Exª sabe que, no BNDES, há um setor - a forma como é abordado isso por alguns setores da imprensa é de uma ignorância enorme, muito pela revista Época, que já fez várias matérias sobre isso - que trata da exportação de serviços - extrema concorrência em todo o mundo. O que acontece? O BNDES, dos bancos de desenvolvimento, é o único banco que diz o seguinte: "Tudo bem, nós vamos financiar essas empreiteiras que vão fazer obras no exterior, mas todos os empregos têm que ser gerados no Brasil, todos os serviços têm que ser gerados no Brasil". V. Exª sabia que, numa obra dessas, até cimento eles têm que obter do Brasil? É o único banco de desenvolvimento que faz isso, mas, na verdade, não estão preocupados com o que é correto, estão preocupados em criar uma onda de suspeita, criminalizar o Presidente Lula, que tem um papel não só na história passada, mas na história presente e no futuro deste País. O Presidente Lula é o fiador de uma estabilidade política neste País. Eu acho que nós tínhamos que preservar minimamente esse respeito, da mesma forma que nós temos também que preservar o respeito a um ex-Presidente da República, como Fernando Henrique Cardoso, são figuras que, num momento de crise como este, têm que sentar à mesa. Mas não, parece que esse clima de radicalização política não está impregnado só aqui no Parlamento: está impregnado na imprensa, está impregnado em vários meios, e eu não sei aonde vai nos levar. Eu falava há pouco que tinha estado na Venezuela e tinha ficado muito mal impressionado com o grau de radicalização política entre as diversas forças - não existia diálogo algum, Senador Jorge Viana. Então, é com muita tristeza que eu vejo isto acontecendo no País: desrespeito às instituições, a uma figura como o ex-Presidente da República. Então, eu quero aqui parabenizar V. Exª pela contundência, pelo discurso claro, objetivo e corajoso do dia de hoje.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado.

    Eu ouço o Líder Humberto Costa e, depois, faço um comentário sobre esses dois apartes.

    Muito obrigado, Senador Lindbergh.

    O Sr. Humberto Costa (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Senador Jorge Viana, quero também parabenizar V. Exª por mais um pronunciamento marcado especialmente pela lucidez e pela indignidade dos justos. Isso que ora tentam fazer com o Presidente Lula é uma das coisas mais canhestras a que já tivemos oportunidade de assistir na República brasileira. Senador, o Brasil recentemente comprou um conjunto de aviões supersônicos bombardeiros para as suas Forças Armadas. Aqui estiveram, para defender o interesse da Boeing, empresa americana que era uma das que disputavam essa aquisição, simplesmente o Presidente Obama e o Vice-Presidente Joe Biden. Todas as vezes que o Presidente Lula e a Presidenta Dilma foram aos Estados Unidos foram abordados para que dessem preferência à Boeing. Vamos chamar ambos de lobistas? O ex-Presidente Sarkozy, da França, o Presidente Hollande, da França, dois governos diferentes, um de direita e um de esquerda, aqui estiveram para tentar convencer o Governo brasileiro a comprar os supersônicos franceses; o primeiro-ministro da Suécia esteve aqui para que o Brasil comprasse os supersônicos suecos. E eu ignoro que, naqueles países, onde o combate à corrupção...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Humberto Costa (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - ... e a transparência predominam, alguém, ainda mais um órgão de imprensa, tenha levantado a sua voz para dizer que eram lobistas ou que estavam cometendo qualquer tipo de atividade criminosa. Realmente, como disse V. Exª, é uma tentativa de forçar a barra. Errado estaria o Presidente Lula se não tivesse feito tantas missões levando empresários brasileiros para trabalharem lá fora, gerarem emprego para o País, trazerem divisas para cá. Portanto, o discurso de V. Exª é da mais absoluta propriedade, e nós aqui temos que fazer um pacto claro de não aceitarmos tentativas como esta que hoje aconteceu: de manchar, de macular alguém que apenas fez pelo bem do Brasil. Muito obrigado.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado, é uma honra para mim ouvir o aparte de V. Exª...

(Interrupção do som.)

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Vou ouvir também, com a compreensão da Casa, tendo em vista a gravidade do que estamos tratando, a Senadora Vanessa Grazziotin.

    O Presidente Lula andou o mundo inteiro - viajei algumas vezes com ele -, saía daqui à noite, passava a noite no avião, atravessando o Atlântico para ir a um lugar, passava o dia lá e à noite voltava para seguir trabalhando neste País.

    Nos 8 anos do governo de Fernando Henrique, o Brasil acumulou um saldo na balança comercial de US$30 bilhões. O Presidente Lula entrou e, em 8 anos, sabe de quanto foi o acúmulo? US$300 bilhões entraram no Brasil, fruto desse trabalho que ele fez com o Itamaraty e com as empresas nacionais para fazer com que o Brasil se firmasse diante do mundo.

    Esse é um trabalho que todo Presidente deve fazer. O Presidente Fernando Henrique Cardoso - concordo com isso e falo tranquilamente aqui - deveria estar sendo usado, consultado para nos ajudar a debater a crise do País, pela experiência e história de vida que tem, do mesmo jeito que o Presidente Lula. O Brasil tem de aprender a respeitar os ex-Presidentes e não a satanizá-los. Isso eu defendo. O Presidente Fernando Henrique montou um instituto, dá palestras, ganhou certamente milhões fazendo isso. Não há nenhum crime nesse episódio. A ex-ministra Marina, ex-candidata a Presidente, que é uma pessoa brilhante, da minha terra, de quem tenho orgulho, também: em algumas palestras é remunerada. O Presidente Lula também tem um instituto que faz um trabalho social fantástico com a África, no nosso País - comprovadamente, conheço bem o trabalho. Ele não pode fazer... O casal Clinton, em poucos anos, ganhou meio bilhão de reais com palestras pagas. Nos Estados Unidos, é bonito, é admirável; aqui no Brasil é crime.

    Eu, sinceramente, lamento profundamente esse tipo de ação coordenada para tentar destruir a figura do Presidente Lula. Não é justo! Não tem sentido! O Presidente Lula saiu do governo com aprovação, e não era uma aprovação mais ou menos, Senador Telmário, era uma aprovação recorde. Nenhum outro Presidente teve a aprovação dele, do mais pobre ao milionário. Aí, começaram um trabalho de destruição de sua imagem na tentativa de destruí-lo. Isso não é aceitável. Isso não é democracia. Isso é uma ação que mistura ingratidão com banditismo.

    Eu ouço a Senadora Vanessa e faço questão de ouvir os colegas Senadores que estão me pedindo aparte.

    Senador Telmário, compreensão para podermos concluir.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Senador Jorge Viana, primeiro, eu quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento equilibrado que V. Exª faz. Por mais que V. Exª seja do Partido dos Trabalhadores desde que eu o conheço, tenha sido Governador do Estado do Acre, seja amigo do ex-Presidente Lula, V. Exª faz um pronunciamento como Senador, um pronunciamento que merece ser aplaudido e assinado por todos nós, Senador Jorge Viana. Por isso, faço questão de pedir este aparte e dizer que V. Exª tem toda a razão. Aliás, qualquer pessoa menos desavisada, que não apenas veja o jornal exposto numa banca de revista, mas que tenha paciência de ler a matéria...

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - É, e olha: na GloboNews, o dia todo, Globo News, Bom Dia Brasil. Isso é uma vergonha.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Perfeitamente. Quem tem paciência de ler a matéria lê, em determinados trechos, o seguinte. Que o Presidente Lula fez lobby mais de meia dúzia de vezes vendendo empresas brasileiras a outros chefes de Estado de forma transparente. O Brasil inteiro sabe. Quantas vezes ficamos sabendo que o Presidente Lula ia à África, a todos os países do mundo?

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - À China...

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - À China, para abrir negócios para as empresas brasileiras. Isso é bom para o País. Então, veja, eu sou daquelas que acreditam, Senador Jorge Viana, que mentira tem perna curta. Não vai tardar a hora de a população brasileira enxergar o que está acontecendo no Brasil. Questões de princípios estão sendo invertidas completamente, como, por exemplo, o que está acontecendo agora: o Congresso Nacional está parado, foi impedido de se reunir pelo Presidente da Câmara. Sabe por quê? Porque ele quer forçar o Presidente do Senado a colocar na pauta o veto ao financiamento empresarial de campanha, ou seja, quer que essas empresas privadas continuem - abro aspas - "doando" recursos para as campanhas eleitorais. Mas sobre isso a imprensa não diz uma linha, nem uma linha, Senador Jorge Viana! Eu quero aqui me congratular com V. Exª, assinar embaixo e apresentar a minha solidariedade irrestrita àquele que foi um dos maiores Presidentes que este País já viu e que iniciou uma mudança de trajetória importante, uma trajetória voltada para os interesses da população brasileira. O Presidente Lula não merece o tamanho desrespeito com que foi tratado hoje pela imprensa, sobretudo pelo jornal O Globo. Cumprimento V. Exª, Senador Jorge.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Obrigado.

    Senador José Medeiros, para que eu conclua rapidamente.

    Muito obrigado também pelo aparte. Obrigado, Senadora Vanessa.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Senador Jorge Viana, não vou fazer a defesa do Presidente Lula porque ele já foi muito bem defendido aqui. Agora, nós temos realmente que avançar nessa questão - digo até cultural - da venda da imagem do Brasil, da venda do Brasil. Todos os países fazem isso, e isso é normal. Os Estados Unidos são um dos principais, os seus ex-presidentes faziam lobby para o país. Eu não vejo crime nenhum em fazer lobby para o País, em vender a imagem do País, em fazer lobby pelas empresas do País. V. Exª citou muito bem a questão dos aviões. Na verdade, os três estavam fazendo lobby: Suécia, França, Estados Unidos. Isso é totalmente normal, e nós, às vezes, temos esse preconceito de achar que o Brasil deve se comportar de forma franciscana. Não, nós temos de pensar que, entre países, não existe amizade, existem interesses comerciais. Se nós não pegarmos ... Não usar a imagem de um Presidente que tenha uma imagem internacional muito boa para vender, para potencializar a nossa economia, é jogar dinheiro fora até. Então, nesse quesito, eu queria concordar totalmente com V. Exª, porque isso soa como hipocrisia até. Todos os países do mundo fazem isso e querem o quê? Fortalecer a sua economia. Muito obrigado.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado, Senador José Medeiros.

    Eu só queria dizer, agradecendo a todos que me apartearam, que tomara que os editorialistas, os dirigentes desses veículos de comunicação, que são tão importantes para a vida democrática do País, reflitam qual é o ganho.

    O Presidente Obama diz que o Lula é o cara. Os setores da imprensa brasileira tentam amaldiçoar o Presidente, que inclusive ajudou a levantar esses jornais, essas empresas que estavam falidas e a gerar 23 milhões de empregos.

    Não temos só acertos, não. Aliás, um dos problemas do PT é não ter assumido os erros cometidos de, estando no Governo, repetir financiamento da campanha, como o PSDB fazia, como o PMDB e outras forças políticas faziam. Temos que assumir isso explicitamente. O nosso Governo atual tem que assumir os erros, os erros que ocorreram no primeiro mandato da Presidenta Dilma, para poder fazer o segundo. Agora, alguns estão querendo dizer que o segundo mandato da Presidenta Dilma é uma herança do primeiro mandato do Presidente Lula. O Presidente Lula terminou muito bem, com o Brasil crescendo. Os nossos erros que ocorreram no primeiro mandato da Presidenta Dilma, o segundo pode corrigi-los.

    Acho que temos que ter um ambiente de diálogo neste País. Essas matérias de hoje na capa do jornal O Globo, com tantos problemas acontecendo, com tantas situações graves, que parece que setores da imprensa fazem questão de não ver, levam qualquer um a uma reação como essa.

    Sinceramente, espero que o Presidente Lula, que é parte da história, de uma história bonita, de alguém que venceu na vida e que usou a política para melhorar a vida dos mais pobres, de alguém que venceu na vida e que, na Presidência, mudou a história do Brasil para melhor, possa receber o mínimo de respeito que um ex-Presidente, que tem uma história tão bonita como a dele, merece e deve ter.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Senador Jorge Viana, eu queria que V. Exª ficasse um pouco mais na tribuna, porque eu também queria fazer um aparte e só estava esperando V. Exª terminar.

    Lamento profundamente que parte da mídia, neste momento de crise no País, uma crise econômica, uma crise social, uma crise política, no lugar de apagar o fogo com os devidos produtos, queira apagar o fogo com gasolina. Pior do que isso: tenta satanizar, macular, incriminar e usar um forte preconceito contra um presidente, que, como aqui foi muito bem colocado, tanto por V. Exª como pelos demais Senadores que fizeram apartes, fez de tudo para este País crescer, para este País se desenvolver, para este País poder buscar seu espaço dentro do contexto mundial.

    Mais do que ninguém, Senador Viana, o Presidente Lula usou sua imagem positiva para poder levar nossas empresas a outras grandes nações para que ali elas pudessem ter reconhecimento. O Presidente Lula não praticou nenhum crime com isso. O Presidente Lula fez apenas o que todos os presidentes de grandes nações e de pequenas nações praticam: tentar levar o seu país, levar as empresas do seu país, levar o produto do seu país, para poder exportar e prestar serviços às demais nações. Então, é lamentável.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - É lamentável, Senador Jorge Viana, que neste momento a imprensa, a mídia, principalmente o jornal O Globo, use...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - ... abra uma manchete tentando macular o nome do Presidente Lula. O Presidente Lula não merece isso, como outros grandes presidentes que saíram com a maior popularidade deste País; um grande reconhecimento.

    Não é assim que você vai preservar, não é assim que você vai salvar uma nação, pegando seus políticos, as pessoas de bem, as pessoas que fizeram tanto por uma nação e jogar na vala comum da criminalidade.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Telmário Mota. Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - É lamentável que a mídia tente fazer isso com um presidente que deu de tudo para este País.

    O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Agradeço, Presidente Telmário, e devo dizer: agora mesmo, na compra dos aviões - o Senador Walter Pinheiro estava conversando aqui comigo -, não foram empresas estatais que vieram aqui. Foi o governo da Suécia que veio fazer lobby, trabalhar - lá não tem empresa estatal - pelas empresas privadas. Mas veio em uma ação direta, ousada; trabalhou, fez lobby. Nos Estados Unidos o lobby é regulamentado.

    Esse pessoal que gosta tanto da Europa maravilha, dos Estados Unidos maravilha, que se inspira, que acha que o Brasil deve seguir esse caminho, quando chega uma hora dessas não quer que o Brasil fique sequer parecido. Alguns países fazem guerra, destroem outro país para atender a seus interesses comerciais. Aí o Presidente Lula faz uma ação boa para gerar emprego, boa para defender o País, absolutamente republicana, e agora isso é vendido como se fosse um crime?

    Penso que tudo tem limite, e passaram do limite - passaram do limite! - na tentativa de criminalizar o Presidente Lula. Se querem fazer um país dividido, se querem que aqueles que se beneficiaram possam reagir, estão provocando, insistentemente provocando; esse não é o melhor caminho.

    O caminho é, com os defeitos, com os problemas que a vida democrática nos impõe, podermos possa levar este País em frente, mas com todos unidos, divergindo, sim, mas conversando sempre, sem essa ação dirigida de tentar destruir aqueles, e, principalmente, aqueles que mais fizeram pelo País.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/10/2015 - Página 199