Discurso durante a 172ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal pela diminuição do repasse de recursos às entidades do Sistema S; e outro assunto .

Autor
Dalirio Beber (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Dalírio José Beber
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao Governo Federal pela diminuição do repasse de recursos às entidades do Sistema S; e outro assunto .
HOMENAGEM:
Publicação
Publicação no DSF de 01/10/2015 - Página 229
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMENTARIO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, POLITICA NACIONAL, ENFASE, POLITICAS PUBLICAS, AUTORIA, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, CRESCIMENTO, TAXA, DESEMPREGO, PAIS, DESAPROVAÇÃO, CORTE, ORÇAMENTO, DESTINAÇÃO, SISTEMA S, REGISTRO, IMPORTANCIA, SISTEMA, MOTIVO, FORNECIMENTO, ESTUDO, CURSO TECNICO, OBJETIVO, MELHORIA, QUALIDADE, MÃO DE OBRA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, ECLESIASTICO, IGREJA CATOLICA, ORIGEM, MUNICIPIO, BLUMENAU (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

    O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a sucessão de fatos destes últimos meses, todos muitos negativos para a sociedade brasileira, nos remete ao jargão dito reiteradas vezes por personagens de destaque da política nacional dos últimos anos. Pois bem: "Nunca antes na história do País" se constatou tanto desacerto na condução da política econômica, atestando a incapacidade de gestão do Governo.

    Os desacertos hoje constatados são consequência de medidas mal concebidas ao longo destes últimos 13 anos, bem como a falta de determinação de adotar medidas que pudessem assegurar a continuidade sólida do desenvolvimento do País.

    As questões de hoje não são conjunturais, se agravaram enormemente por falta de visão e de ações estruturantes, pois não era difícil de antever que o período de bonança teria fim, e um governo previdente toma medidas com antecipação, até porque dispõe de todas as informações e projeções relativas à evolução da economia da nação.

    A falta de atitude do Governo destes últimos anos levou o Brasil a este estado de coisas que todos os brasileiros passaram a conhecer mais claramente neste ano de 2015.

    Aliado às más notícias de todos os dias, o atual Governo Federal é o mais impopular da história da democracia. Uma crise política sem precedentes, causada, principalmente, pela falta de credibilidade, condição indispensável para que qualquer autoridade possa liderar o processo necessário à superação dos problemas enfrentados.

    A popularidade pode oscilar, ocasionalmente, pela necessidade da adoção de determinadas medidas que podem impactar segmentos da sociedade. No entanto, a credibilidade é de difícil recuperação. A queda de credibilidade do Governo Federal tomou conta dos brasileiros que se sentem enganados, pois todas as afirmações que emanaram da Presidente da República, há poucos meses, são olimpicamente dribladas.

    O Governo faz exatamente o contrário do que disse ao povo brasileiro. Por isso o descontentamento dos brasileiros está registrado nas pesquisas que têm aferido o sentimento da sociedade, apresentando índices de desaprovação nunca antes vistos na história deste Brasil.

    A taxa de desemprego ficou em 8,6% nos três meses até julho. É a maior taxa da série histórica do indicador que tem início em 2012. Nos três meses anteriores, o desemprego havia ficado em 8%. Já, no mesmo período de 2014, a taxa era de 6.9%.

    O IBGE estimou em cerca de 8,6 milhões o número de pessoas desocupadas no trimestre encerrado agora em julho. Três meses antes, eram 8 milhões, o que aponta para uma alta de 593 mil pessoas desempregadas.

    No confronto com os meses de julho de 2014, o número de desocupados cresceu em 1,8 milhão, estimativa também do IBGE, ou seja, uma alta de mais de 26%. O mercado continua dispensando pessoas, a perder carteira de trabalho assinada. A perda de carteira de trabalho significa perda de estabilidade, perda de dignidade de milhões de mantenedores e de famílias.

    Na contramão de tentar frearmos essa queda e de promover o desenvolvimento, o Governo Federal ataca o Sistema S. Entre as medidas anunciadas pelo Governo Federal, em 14 de setembro, está a apropriação de recursos das contribuições do setor privado ao Sistema S. É um corte significativo no orçamento destas instituições: Sesi, Senai e outras.

    Atuando em sinergia com essas entidades, comandadas pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - falando do meu Estado -, estão voltadas à promoção de um ambiente favorável aos negócios, à qualidade de vida, à educação dos trabalhadores das empresas de cada setor, bem como ao estímulo, à inovação e ao emprego.

    Essas instituições, principalmente em Santa Catarina, onde conheço e, por isso, tenho o dever de testemunhar a seriedade do trabalho desenvolvido pelas federações, têm uma história de sucesso a favor de trabalhadores e empresas. São um dos principais alicerces da competitividade industrial catarinense.

    O bem-sucedido modelo de desenvolvimento do Estado de Santa Catarina, com certeza, se deve à conjugação de esforços e ações do setor público, do setor produtivo, dos trabalhadores, da estrutura de ensino em todos os seus níveis e, nesta, é imperioso citar a atuação das federações, que operam fortemente na preparação e qualificação da mão de obra que permite que as empresas se inovem e se reinventem, todos os dias, para estarem sempre em condições de serem competitivas, tanto no mercado interno, quanto internacionalmente.

    O resultado é devastador: menos oportunidade de ensino para jovens, menos qualificação para o trabalhador, menos benefícios para as comunidades. É, mais uma vez, o Governo Federal atacando justamente quem pode ajudar o País a voltar a crescer, ou seja, as empresas e os trabalhadores.

    Segundo a Fiesc, a diminuição dos recursos repassados ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e ao Serviço Social da Indústria vai causar o fechamento de mais de 40 mil vagas de cursos profissionais e de educação básica oferecidos pela Federação.

    Mais de 50 unidades das duas instituições fecharão as portas e elas terão de demitir cerca de 3,3 mil trabalhadores no Estado.

    Em todo o País, mais de 300 escolas profissionais do Senai vão fechar as suas portas. Outros 735 mil alunos vão deixar de estudar no ensino básico e na educação de jovens e adultos oferecidos pelo sistema, que vai fechar cerca de 450 unidades escolares no Brasil.

    As duas instituições estimam, ainda, que terão de demitir cerca de 30 mil trabalhadores em todo o País.

    A gravidade da crise exige ação e nós aqui, nesta Casa, sabemos muito bem disso. Precisamos de uma agenda que, efetivamente, apresente os rumos futuros da sociedade brasileira e da sua economia.

    Porém, o que não entendemos é por que cortar recursos daquilo que está dando certo e que é um dos responsáveis pela competitividade do setor produtivo brasileiro?

    O Governo Federal começou o ano de 2015 sob o lema "Brasil, Pátria Educadora". Esse lema, se levado a sério, não é compatível com os já significativos cortes promovidos no Orçamento deste exercício, e, agora, com mais esta medida de confiscar os recursos históricos dessas instituições que tão bem fazem para a elevação dos níveis de ensino e que tanto significado têm no desenvolvimento do Brasil.

    A recuperação da confiança da sociedade brasileira passa, necessariamente, pelo resgate da credibilidade do Governo Federal, e para isso é imperioso que as autoridades primem pela coerência entre seu discurso e sua prática. O Brasil e os brasileiros clamam por isso.

    Portanto, manifestamo-nos frontalmente contrários a qualquer medida do Executivo que venha retirar recursos que estão sendo muito bem aplicados por parte do Sistema S, sobretudo na capacitação e educação de trabalhadores, na educação de seus filhos e em programas de saúde e segurança do trabalhador.

(Soa a campainha.)

    O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - Santa Catarina quer a manutenção da totalidade dos recursos do Sistema S, pois estão, comprovadamente, sendo geridos com seriedade, eficiência, com resultados eficazes para o povo barriga verde.

    Por isso, conclamo a todos os Parlamentares catarinenses a fazerem a defesa dessa causa, bem como a todos os Parlamentares brasileiros a também defenderem a manutenção dos recursos até então assegurados ao Sistema S, pois imagino que o bem que eles representam para Santa Catarina também se reproduza nos demais Estados brasileiros.

    Presidente, quero aproveitar...

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Meus cumprimentos...

    O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - Quero aproveitar a oportunidade. É que, na verdade, no último dia 26, sábado, tivemos a infelicidade de perder uma pessoa de muita importância na cidade de Blumenau. Gostaria de apenas citar aqui.

(Soa a campainha.)

    O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - É um frei franciscano.

    Edgar Weist, franciscano, faleceu no último dia 26, depois de mais de 20 anos dedicados à nossa cidade como pároco de três paróquias. Atuou no Santuário Nossa Senhora Aparecida, da cidade de Blumenau, até o último sábado, quando partiu para a eternidade.

    Depois de ter atuado em diversas missões importantes como membro da Ordem Franciscana, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, quis o destino levar o Frei Edgar para passar os últimos anos de sua vida na cidade de Blumenau, justamente uma cidade fundada por um alemão, que, em 1850, deixou a Alemanha para colonizar uma parte do Brasil, que foi Hermann Bruno Otto Blumenau.

    Pelas mãos do Dr. Hermann Blumenau, nasceu nossa cidade e, para homenageá-la, adotou o seu nome, hoje conhecida nacional e internacionalmente.

(Soa a campainha.)

    O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - Digo isso, porque Frei Edgar, ainda jovem, tinha apenas 18 anos, em que pese ser de família abastada, deixou o continente europeu, a desenvolvida Alemanha, para, seguindo os ensinamentos do fundador da Ordem Franciscana, São Francisco de Assis, vir para o Brasil, com ânimo e disposição de se inserir em nossa sociedade para servir como orientador espiritual nas comunidades a ele confiadas pelos seus superiores.

    Homem virtuoso, conselheiro, amigo, fraterno, que sempre tinha tempo e disposição para ouvir a quem o procurasse. Frei Edgar Weist partiu cedo, tinha 81 anos de idade, nunca tendo apresentado qualquer mal maior. Tombou rapidamente ao se constatar, há menos de três meses, a existência de um tumor em seu cérebro.

    Deixa entre nós da cidade de Blumenau um profundo vazio. Por isso, quero homenageá-lo com esta manifestação.

(Soa a campainha.)

    O SR. DALIRIO BEBER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - Finalizo dizendo da minha gratidão por ter tido a oportunidade de conviver com ele nestes mais de 20 anos na cidade de Blumenau. Quero, em meu nome, bem como de todos aqueles com quem ele conviveu, agradecer aos dirigentes da Província Francisca da Imaculada Conceição do Brasil por nos terem presenteado com a designação de um homem de tamanha qualificação e preparo, para nos orientar espiritualmente e, por fim, agradecer aos seus familiares da Alemanha, por terem oferecido ao Brasil e a Blumenau o Frei Edgar Weist, que marcou a vida de todos nós.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/10/2015 - Página 229